quinta-feira, 8 de novembro de 2018

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O que vimos nascer e o que vimos morrer nestes 10 anos de Gizmodo Brasil

Posted: 07 Nov 2018 01:02 PM PST

Você provavelmente não se lembra o que estava fazendo no exato dia 1º de setembro de 2008, quando o Gizmodo Brasil foi ao ar pela primeira vez. Mas você deve se lembrar de como era a vida e a relação com a tecnologia naquela época. Grande parte dos serviços, aparelhos e redes que hoje moldam nosso cotidiano não existiam, e muita coisa que parecia o futuro não funciona mais em 2018.

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Nesses dez anos, vimos muitos nascimentos e muitas mortes. Tecnologias lançadas e tecnologias abandonadas. Produtos que mudaram o mundo e produtos que não acompanharam as mudanças do mundo. Gênios que já não estão mais entre nós. Nos próximos parágrafos, revisitaremos alguns encontros e despedidas da tecnologia, da ciência e da cultura.

O Google não tinha seu navegador nem seu sistema operacional

Navegar na internet em 2008? O Firefox era provavelmente a principal opção, e o Internet Explorer vinha em todos os computadores com Windows. O Chrome foi lançado pouco depois da chegada do Gizmodo ao país. Ele chamava atenção pela velocidade e facilidade de uso. Mesmo não sendo mais o mesmo, ele conquistou o posto de navegador mais usado do mundo e foi além, dando origem ao seu próprio sistema operacional, o Chrome OS.

HTC G1, o primeiro Android. Crédito: Divulgação.

O Android também data da mesma época. Ao contrário do Chrome, que "chegou chegando", as primeiras versões do sistema operacional móvel do Google não eram nenhuma maravilha. Mas, convenhamos, com o Windows Mobile e com um iOS com uma App Store recém-lançada, essa coisa de smartphone era bem diferente do que conhecemos hoje.

A Microsoft tentou ser uma terceira força nos smartphones (e não conseguiu)

Ah, o Windows Mobile. Ele estava na versão 6.1 quando o Gizmodo chegou aqui no Brasil. Ainda vimos (e nos decepcionamos com) a versão 6.5 do sistema, em 2009. Só em 2010 o Windows Mobile virou Windows Phone, na versão 7, que já era mais próxima dos smartphones modernos. O sistema tinha umas ideias bacanas, que servem de inspiração para a Microsoft até hoje, como as Live Tiles, os blocos coloridos que servem de atalho e notificações para os aplicativos. Eu mesmo, inclusive, fiz vários reviews de Nokia Lumia rodando Windows Phone 8, lançado em 2012.

O Nokia Lumia 720, um dos primeiros aparelhos com Windows Phone 8. Imagem: Leo Martins

O problema é que o sistema sempre estava um passo atrás de Android e iOS. Uma central unificada de notificações, por exemplo, só foi chegar no Windows Phone 8.1. E a oferta de apps sempre deixou a desejar, com praticamente todos os principais aplicativos com um ritmo de atualizações mais lento do que nas duas principais plataformas do mercado de celulares.

E teve toda a novela de atualização para o Windows 10, que seria unificado com a versão do SO para desktop. Foram muitos atrasos até o sistema finalmente chegar. Mas já era tarde demais: a Microsoft desistiu de fazer smartphones e acabou abandonando o projeto, consolidando de vez o duopólio Android-iOS.

Ouvir música pela internet em qualquer lugar era apenas um sonho

Por falar em Apple, você deve se lembrar do iPod. Baixar mp3 e colocar os arquivos em tocadores portáteis ou em celulares (se seu celular tocava música, claro) era a melhor forma ouvir música fora de casa lá em 2008. No seu lar, você provavelmente tinha o Winamp instalado no computador, o tocador de música que chicoteava a bunda da lhama.

Ele foi se tornando irrelevante até ser descontinuado em 2013 e, quando ninguém mais esperava, ganhou uma atualização há alguns dias! Para 2019, ele promete suporte a podcasts e serviços de streaming. Afinal de contas, a nossa relação com a música é muito diferente do que era em 2008.

Sejamos sinceros: ninguém comprava nada. O negócio mesmo era a comunidade Discografias, do saudoso Orkut, que reunia links de álbuns inteiros em serviços de hospedagem online. Alguns deles, como o RapidShare, nem existem mais. O Megaupload, outro hit daquela época, foi fechado — seu fundador, Kim Dotcom, lançou o Mega um ano depois, com foco em armazenamento na nuvem. Já 4shared e Mediafire continuam aí, vivos, mas já sem o mesmo glamour daquela época.

O iPod não morreu — a Apple ainda vende o iPod Touch, sabe-se lá para quem, já que ele faz praticamente o mesmo que qualquer smartphone — mas o jeito que a gente ouve música, quanta diferença. Muito disso passa por um app que nasceu pouco depois do Gizmodo, chamado Spotify. Idealizado por dois suecos, ele chegou ao mercado em outubro de 2008.

Hoje, o Spotify já é uma empresa com capital aberto e listada na bolsa de Nova York. Imagem: Getty.

Não foi o primeiro serviço do tipo, claro — você deve se lembrar de coisas como a Usina do Som, dos tempos da internet discada brasileira, ou mesmo o Grooveshark, que acabou fechado por infringir direitos autorais. Mas a facilidade de uso do Spotify e a evolução da internet móvel ajudaram a consolidá-lo como o principal serviço de streaming musical do mundo, com 83 milhões de assinantes pagos — o dobro do Apple Music, o segundo colocado — e 180 milhões de usuários ativos.

Algumas redes se foram, outras chegaram

O Facebook já existia em 2008, mas pouca gente tinha perfil por lá. O Twitter também engatinhava, com muita gente começando a se aventurar pelos 140 caracteres. Mas o que pegava mesmo por aqui era o Orkut, com suas comunidades, seus scraps, e seus depoimentos, incluindo aqueles que na verdade eram mensagens privadas e começavam com "NÃO ACEITA NÃO ACEITA NÃO ACEITA". Por que é que ninguém usava a função de mensagens, hein?

sdds orkut

O Orkut foi perdendo popularidade até se tornar um museu virtual, sem as funções de rede social, em 2014. Em 2017, as comunidades que estavam preservadas foram apagadas completamente.

Um dos recursos do Orkut era a tal da crush list, em que você marcava as pessoas que te interessavam e, caso o interesse fosse mútuo, vocês dois eram avisados. Isso lembra alguma coisa?

Sim, o Tinder! É outra rede que vimos nascer. Em 2008, flertar em salas de bate-papo já não era grande coisa, e havia outros sites de relacionamentos, mas foi o Tinder que consagrou uma dinâmica de só poder mandar mensagens em caso de interesse mútuo. No caminho aberto por ele, vieram outros nomes, como o Happn, e a forma de conhecer pessoas e xavecar mudou consideravelmente por causa deles.

Das grandes redes sociais que usamos hoje, a que vimos nascer foi o Instagram. Já parou para pensar que houve um tempo em que colocar filtros em fotos era algo totalmente inovador e descolado?

A primeira versão do Instagram para Android, lançada em 2012.

O Instagram nasceu com essa ideia em outubro de 2010. No começo, o app estava disponível apenas para iOS. Só em abril de 2012 que uma versão para Android foi lançada, e apenas em 2016 a rede ganharia um cliente oficial para Windows Phone.

Hoje, o aplicativo é propriedade do Facebook, e seus fundadores já abandonaram o barco. Ele é uma grande aposta para o futuro da empresa, já que a rede social criada por Mark Zuckerberg parece dar sinais de estagnação.

Morreram, mas passam bem

Tem coisa que não deixou de existir, mas nem de longe é a mesma coisa que há dez anos.

É o caso da BlackBerry. Em junho de 2008, antes da crise econômica mundial, suas ações atingiam o valor recorde de US$ 144. Mas o crescimento dos iPhones e dos Androids foi impiedoso com a marca.

O BlackBerry Bold 9900, lá de 2011. Imagem: Divulgação.

Em junho de 2011, o número de iPhones nos EUA já superava os de BlackBerries, e em novembro daquele mesmo ano a empresa tinha apenas 11% do market share de vendas de smartphones. A marca, originalmente da Research In Motion (que mais tarde seria rebatizada como BlackBerry Limited), hoje está licenciada à chinesa TCL e estampa smartphones Android, sem o mesmo impacto da década passada.

Caso parecido foi o da Nokia. Em 2008, o Symbian, sistema operacional da marca finlandesa, correspondia a 53% das vendas de smartphones. Só que esse número foi caindoDois anos depois, este número já tinha caído para 32% — no mesmo ano, o Android correspondia a 30% do market share. No ano seguinte, o sistema operacional do robozinho finalmente tomou o primeiro lugarEm junho, a Nokia perdeu para a Apple o posto de maior fabricante de smartphones do mundo.

Lembra da carinha do Symbian? Imagem: Rafe Blandford/Flickr

Em vez de optar pelo Android, como outras fabricantes de celulares, como LG, Samsung e Sony Ericsson fizeram, a Nokia firmou uma parceria com a Microsoft para equipar seus aparelhos com Windows Phone. Isso, porém, não salvou a companhia: em 2013, ela já tinha caído da primeira para a décima posição no ranking de vendas. Naquele mesmo ano, a divisão mobile da empresa seria vendida para a Microsoft, que acabou colocando sua própria marca na linha Lumia — que, como sabemos, foi abandonada pela desenvolvedora do Windows.

A marca Nokia, porém, ainda vive. Em 2016, ela foi licenciada para uma empresa finlandesa chamada HMD Global, que passou a usá-la em smartphones Android — e fazer alguns ótimos aparelhos. Além disso, a companhia teve umas sacadas espertas de marketing ao relançar celulares clássicos e conseguir visibilidade. Aos poucos, a HMD está progredindo — ela já é a nona no ranking de fabricantes de smartphones. Nada, porém, que se compare ao que era a Nokia de dez anos atrás.

Outro nome pesado de dez anos atrás que não é nem sombra do que foi é o Flickr. Sinônimo de compartilhamento de fotos em 2008, ele foi ficando ultrapassado. No começo da década, ele já estava em um túnel e bem longe de ver uma luz em seu final. Hoje, ele é propriedade da SmugMug, que vai deletar um monte de fotos e tentar fazer os usuários assinarem contas pagas para tentar viabilizar o serviço. Vai ser difícil.

A moeda digital também nasceu nesses dez anos

Em novembro de 2008, um artigo chamado Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System, assinado por um tal de Satoshi Nakamoto, era postado em uma lista de e-mails sobre criptografia. Dois meses depois, em janeiro de 2009, Nakatomo implementou o software responsável por aquela que seria a criptomoeda mais famosa.

Sem banco central, sem órgão regulador, o grande lance por trás do bitcoin é o sistema de mineração, que libera blocos de moedas para quem consegue resolver problemas criptográficos. Ele também conta com um grande livro de registro descentralizado, o chamado blockchain, ideia que vem sendo adaptada para diversas coisas.

De acordo com o histórico do Google, a cotação mais antiga de bitcoins para dólares de que se tem registro é de 17 e julho de 2010: US$ 0,05. De lá para cá, muita coisa mudou: a cotação chegou perto de US$ 20 mil, com uma alta expressiva de 2016 para cá. Muita gente a olhar para a moeda digital como um investimento — já há mais compradores de bitcoin no Brasil do que investidores na B3, por exemplo. Várias casas de câmbio surgiram, e até mesmo bolsas de valores passaram a negociar contratos futuros da moeda. As altas não se sustentaram, e hoje a cotação é mais modesta, rondando os US$ 6 mil.

No lado da mineração, fazendas de máquinas superpoderosas passaram a resolver rapidamente os problemas criptográficos para ganhar bitcoin, em uma tendência que levanta preocupações sobre o impacto ambiental.

Muita gente brilhante deixou saudades

Falamos de muitas mortes no sentido figurado, mas também vimos muita gente talentosa e genial nos deixar. Steve Jobs, Vera Rubin, Paul G. Allen, Neil Armstrong, Ursula K. Le Guin, John Nash, Edgar Mitchell, John Glenn, Stephen Hawking e muitos outros que nem seria possível listar aqui todos. Algumas das mentes que ajudaram a formatar a cultura, a ciência, a tecnologia e a sociedade do mundo em que vivemos.

E não vimos, mas muitos nascimentos que mudarão o mundo nas próximas décadas já aconteceram. Elas e eles ainda estão na escola, dando os primeiros passos de suas jornadas, fazendo suas primeiras contas, montando pecinhas de brinquedos. Quem serão os principais inovadores, os principais cientistas, os principais escritores das próximas décadas? É o que vamos acompanhar nos próximos dez, e mais dez, e mais dez anos de Gizmodo Brasil.

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Android oferecerá suporte a telas dobráveis, o que significa que devemos ter várias opções em 2019

Posted: 07 Nov 2018 12:04 PM PST

Neste segundo semestre, estão ficando cada vez mais quentes as conversas de que teremos, em breve, smartphones dobráveis. A Royole que exibiu o esquisito FlexPai, que tem algumas inconsistências de software, e a Samsung mostrou um teaser de um aparelho em sua conferência de desenvolvedores nos EUA.

O primeiro smartphone com tela dobrável já está no mercado — e não é da Samsung

Pois bem. Nesta quarta-feira (7), o Google anunciou que o sistema Android vai passar a suportar aparelhos com telas dobráveis. Chama a atenção que a companhia fez esse anúncio no Android Dev Summit no mesmo dia do início do SDC (Samsung Developers Conference) em que a companhia mostrou seu aparelho dobrável — até parece que não foi combinado.

O fato é que as empresas — Google e Samsung — estão trabalhando juntas para tentar oferecer uma boa experiência para essa nova classe de dispositivos. O Google, reforçando os sinais apresentados empresa sul-coreana, informou que no próximo ano a Samsung disponibilizará seu smartphone dobrável

Crédito: Google

"Você pode pensar nesse dispositivo como um smartphone e um tablet", disse Dave Burke, VP de engenharia do Android, conforme informa o TechCrunch. "Geralmente, tem duas variantes — dispositivos com duas telas e dispositivos com uma só tela. Quando dobrado, parece um smartphone, que pode caber no bolso da sua calça ou em uma bolsa. O recurso que vai possibilitar o funcionamento de tais aparelhos é algo que chamamos de screen continuity [algo como continuidade da tela]."

Por parte dos desenvolvedores, eles poderão sinalizar um app para responder à tela conforme ela é dobrada ou aberta — da mesma forma como os aplicativos que funcionam na horizontal e na vertical.

Com esse anúncio do Google, devemos esperar um ano de 2019 com algumas opções de smartphones (ou tablets) dobráveis. Estou curioso para ver as possíveis formas e funcionamento desses dispositivos. Pessoalmente, não sei como seria usar um trambolho, dobrá-lo e colocá-lo em meu bolso com um molho de chaves. Deve ser um baita problema de engenharia pensar em elaborar o corpo desses dispositivos de modo que sejam resistentes.

Vai ser interessante ver a Samsung entrar nessa. A companhia tem falado do assunto há um tempo e, com sua bagagem na área de dispositivos móveis, pode entregar um produto que ofereça uma experiência sólida. Bem que a empresa poderia deixar todo esse suspense de lado e disponibilizar logo o novo aparelho, né?

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Tem muita gente caindo em golpe de phishing, e você deveria instruir seus amigos sobre isso

Posted: 07 Nov 2018 10:23 AM PST

Ataques de phishing, no qual usuários desatentos clicam em links maliciosos ou entregam suas informações de login, estão crescendo bastante. De acordo com dados do consórcio Anti-Phishing Working Group (APWG), o primeiro trimestre de 2018 registrou 46% mais golpes desse gênero em relação ao mesmo período do ano anterior. Esses ataques são tão populares no Brasil que o relatório do consórcio costuma reservar uma seção para destacar as tendências do País – somos os campeões do mundo quando se trata de phishing.

Apesar de ataques de phishing parecerem manjados e fáceis de detectar para uma parcela dos usuários, os cibercriminosos vêm sofisticando suas técnicas para enganar as pessoas. Eles têm utilizado HTTPS para fazer com que as pessoas acreditem que as páginas são legítimas, por exemplo – 35% de todos os casos de phishings usaram domínios com HTTPS segundo a APWG.

O phishing pode ser uma porta de entrada para outros tipos de ataques – e justamente por isso é interessante para cibercriminosos. A partir de um ataque do gênero, o usuário pode ser enganado e fornecer informações de login, dados de cartões de crédito, ativar notificações e passar a receber novos golpes ou até mesmo baixar um arquivo malicioso em seu celular ou computador.

Os principais vetores de ataque de phishing são os e-mails, mas mensagens por WhatsApp têm sido mais frequentes para dar golpes. Aplicativos de mensagem permitem enviar um link camuflado, seja por meio de uma URL encurtada ou até mesmo via ataque homográfico – em que utiliza-se caracteres de outro alfabeto. Em um exemplo demonstrado no 5º Foro ESET de Seguridad Informática, realizado nesta semana, em São Paulo, golpistas enviaram um link para uma promoção da rede de cafeterias Starbucks em que a letra “b” estava modificada.

Já mostramos por aqui golpes em que eram ofertadas vagas de emprego ou isenção de IPVA. Em algumas das campanhas é exigido que o usuário encaminhe a mensagem para outros contatos para que consiga obter a oferta – o que aparentemente não faz sentido, já que nenhuma empresa ou organização teria como monitorar para quantas pessoas você indicou um link via WhatsApp; as mensagens são criptografadas de ponta-a-ponta, ou seja, só você e o destinatário podem ler o conteúdo. Mas a questão aqui é: quantas pessoas sabem que o WhatsApp funciona assim?

Em tempos de fake news se espalhando em aplicativos de mensagens é muito provável que ataques de phishing via WhatsApp consigam algum sucesso. Um link compartilhado em um grupo pode atingir até 256 pessoas de uma vez só – com a mensagem sendo encaminhada, o alcance é exponencial. O próprio app chegou a fazer um infográfico sobre golpes na plataforma.

Conversamos com Camilo Gutiérrez, pesquisador de segurança da ESET, sobre os ataques de phishing e, segundo ele, a taxa de conversão do golpe pode não parecer grande, mas é o suficiente para render frutos aos cibercriminosos. “Há algum tempo, monitoramos uma campanha de phishing e descobrimos que cerca de 50% das pessoas acessam o conteúdo, por curiosidade. Do total, aproximadamente 10% das pessoas realmente enviam informações pessoais a partir do ataque de phishing,” conta. “Mas esse é um bom número, principalmente porque os sites que hospedam a campanha ficam online por pouco tempo”.

No final das contas, o golpe de phishing costuma ser bem sucedido por causa do comportamento das pessoas – estamos em uma época em que muitos não checam informações e não vão atrás de uma fonte confiável de informação e, às vezes, encaminham mensagens sem se dar muita conta do possível impacto. Principalmente porque confiamos em nossos amigos e família.

Aquele primo provavelmente tinha boas intenções quando encaminhou uma mensagem para a vovó sobre a última oferta da Starbucks, mas vale lembrar daquele velho ditado: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”.

Por isso, lembre de quando seus pais que te diziam para não acreditar em estranhos. Mas vá além: diga para as pessoas tomarem cuidado com mensagens e correntes no WhatsApp.

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Facebook vai permitir que usuários apaguem mensagens enviadas no Messenger

Posted: 07 Nov 2018 09:41 AM PST

Seguindo os passos do WhatsApp, o Facebook anunciou que, em breve, será possível apagar mensagens enviadas pelo Messenger. O tempo para repensar o conteúdo enviado e deletá-lo, no entanto, será bem menor que o do aplicativo verdinho: apenas dez minutos.

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O novo recurso está descrito nas novidades da versão 191.0 do Messenger, disponível para iOS, e aparece como "em breve".

A funcionalidade vinha sendo discutida para o Messenger pelo menos desde abril, quando o Facebook reconheceu que vinha apagando mensagens enviadas por Mark Zuckerberg por meio da rede social com o objetivo de limitar o período de retenção do conteúdo e proteger os executivos da empresa, após terem visto a invasão aos e-mails da Sony Pictures em 2014.

Na época, o Facebook prometeu trabalhar para liberar o recurso para o restante dos usuários do Messenger "nos próximos meses". Agora, parece que a novidade já está batendo à porta.

Atualmente, o WhatsApp permite apagar mensagens até uma hora depois do envio. Porém, inicialmente, quando a funcionalidade foi lançada, há um ano, o prazo era de apenas sete minutos. Resta esperança, portanto, de que, com o passar do tempo, esse limite de dez minutos no Messenger também cresça.

[The Verge]

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Inteligência artificial consegue identificar Alzheimer seis anos antes de diagnóstico clínico

Posted: 07 Nov 2018 08:27 AM PST

O mal de Alzheimer afeta dezenas de milhões de pessoas no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, ele é responsável por entre 60% e 70% dos casos de demência. Mesmo assim, a doença tem um diagnóstico bastante difícil — não existe um exame específico que aponte a patologia, e a confirmação se dá basicamente por exclusão.

Isso, porém, pode mudar em breve: cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley foram capazes de treinar uma inteligência artificial para detectar a doença em exames de imagem realizados anos antes de um diagnóstico clínico.

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O estudo envolveu o Departamento de Radiologia e Biomedicina por Imagem e o grupo de Big Data em Radiologia da instituição. As conclusões foram publicadas em um artigo no periódico Radiology. Os pesquisadores treinaram um algoritmo de aprendizagem profunda (deep learning) para medir a absorção de glicose em regiões específicas no cérebro, bem como apontar mudanças nesse indicador de atividade metabólica.

Para conseguir saber como isso ocorre, é realizado um exame chamado FDG-PET scan. PET scan é um tipo de tomografia — a sigla significa "tomografia por emissão de pósitrons"; já FDG é um tipo radioativo de glicose que é injetado no paciente antes do exame, o que torna possível observar a absorção desse nutriente pelo corpo humano.

Os cientistas usaram mais de 2.000 exames de imagem de 1.002 pacientes de um banco de dados da Iniciativa de Neuroimagem do Mal de Alzheimer. A inteligência artificial foi treinada usando 90% dos exames, enquanto 10% foram separados para validação.

Em um conjunto de 40 exames de 40 pacientes, o algoritmo foi capaz de diagnosticar com 100% de precisão os casos de Alzheimer e descartou o diagnóstico corretamente em 82% dos pacientes que não desenvolveram a condição. Um grupo de especialistas, para comparação, acertou 57% dos diagnósticos e descartou corretamente 91% dos casos.

Mais importante do que diagnosticar corretamente é a antecipação — os diagnósticos dados pela IA se baseavam em exames que eram em média de seis anos antes da avaliação final que determinou a doença.

"Se diagnosticamos a doença de Alzheimer quando todos os sintomas se manifestam, a perda de volume cerebral é tão significativa que é tarde demais para intervir", diz Jae Ho Sohn, coautor do estudo. Um diagnóstico antecipado pode ajudar a intervir e diminuir sintomas debilitantes, como a perda de memória e a capacidade cognitiva como um todo.

Os autores, no entanto, advertem que a nova técnica ainda está em seus primeiros passos e que o grupo de teste ainda é pequeno demais. No entanto, o trabalho abre caminhos para novos treinamentos de inteligências artificiais para lidar com outros biomarcadores da doença. É uma esperança para ajudar no combate a um mal que afeta tanta gente no mundo.

[Engadget, VentureBeat]

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Não, o objeto interestelar Oumuamua provavelmente não é uma espaçonave alienígena

Posted: 07 Nov 2018 07:04 AM PST

Em 19 de outubro de 2017, um estranho objeto de fora do Sistema Solar passou rapidamente perto da Terra, empolgando cientistas e entusiastas. Imediatamente, algumas pessoas especularam que esse visitante interestelar poderia ser uma espaçonave alienígena. Mas estamos aqui para dizer que, apesar de um estudo recente que aponta para essa possibilidade, ainda não existe razão para acharmos que o Oumuamua seja uma nave alienígena.

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Uma série de veículos de imprensa têm noticiado nesta semana que cientistas de Harvard falaram que o objeto poderia ser um visitante alienígena. E, de fato, os pesquisadores disseram isso. Mas isso também vem com suas nuances.

Na chegada do Oumuamua, cientistas descobriram que o objeto media 800 metros por 80 metros por 80 metros e que ele percorreu um caminho hiperbólico através do Sistema Solar. Em outras palavras, ele não estava orbitando o Sol — seu ângulo e sua velocidade sugeriram que ele estava só de passagem.

Imediatamente, apontamos que, não, não era uma espaçonave alienígena, porque sua trajetória não parecia com o tipo que propulsores produziriam. Ainda assim, o Oumuamua parecia ter uma aceleração anômala, diferente do que a gravidade causaria. Cientistas se perguntaram de onde ele era e chegaram a determinar que pudesse ser um cometa — mas ele não estava desgaseificando como um cometa faria. O mistério segue até hoje sobre o que seria o Oumuamua, e ele chegou a ganhar uma definição completamente nova: objeto interestelar.

Gif mostrando a trajetória esperada e a trajetória medida do objeto interestelar. GIF: NASA/JPL-Caltech/Gizmodo

Um novo artigo dos pesquisadores Shmuel Bialy e Avi Loeb, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, explora uma ideia para explicar de onde vem a aceleração extra. Talvez ela pudesse ser a pressão da radiação solar — uma transferência extra de impulso vindo do eletromagnetismo do Sol. O artigo aborda como o objeto deve parecer para que a pressão de radiação solar crie a aceleração observada.

Então, Loeb e Bialy escrevem em seu estudo, publicado no servidor arXiv, que talvez o Oumumua seja apenas um objeto incrivelmente fino. Em seguida, eles dedicam o final do artigo à especulação de que poderia ser uma nave espacial movida a radiação solar.

Embora essas alegações sejam extraordinárias, é difícil provar que elas sejam falsas. Então, de fato, o Oumumua poderia ser uma espaçonave alienígena movida a radiação solar. Mas isso não significa que ele provavelmente seja.

Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias, e, como Loeb e Bialy escrevem, “é tarde demais para criar imagens do Oumuamua com telescópios existentes ou persegui-los com foguetes químicos”. Imagine ver grandes pegadas na neve e dizer: “Droga, o yeti que fez isso está longe demais para ser visto agora”. Talvez fosse, sim, um yeti, mas, sem provas suficientes, é melhor admitir logo que era um urso.

Outros cientistas foram céticos em relação ao estudo. “É importante não aproveitar a marca da sua instituição para amplificar resultados que não são verificados ou que são altamente especulativos”, disse Chanda Prescod-Weinstein, professora assistente de física da Universidade de New Hampshire, em entrevista ao Gizmodo. “Isso não afeta apenas a reputação do departamento, mas também do restante do campo.”

Fontes citadas em um artigo da NBC também estão céticas quanto ao artigo. Coryn Bailer-Jones, astrônomo do Instituto Max Planck de Astronomia na Alemanha, disse à emissora: “Devemos nos perguntar ‘onde estão as provas?’, e não ‘onde está a falta de provas para que eu possa encaixar qualquer hipótese que eu goste?'” Outro astrônomo, Seth Shostak, do Instituto SETI, disse à NBC que, embora a hipótese fosse “engenhosa”, não se deveria aceitar uma hipótese estranha quando uma hipótese mais provável — de que o objeto era um cometa ou asteroide — não foi completamente descartada.

O astrônomo Jonathan McDowell, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, disse ao Gizmodo que é menos provável que o objeto seja uma espaçonave e mais provável que uma das nossas suposições atuais sobre o objeto esteja errada.

Katie Mack, professora de astrofísica e comunicadora de ciência da Universidade Estadual da Carolina do Norte, disse ao Gizmodo que não acha que haja algo errado em fazer esses cálculos e possibilidades de medição “se não por outro motivo que não seja saber como descartá-los com mais clareza. Mas, como leitores, precisamos estar cientes de que, só pelo fato de uma proposta receber muita publicidade ou ser de alguém com conhecimento claro, isso não significa que devemos tomá-la como um resultado final”.

Loeb disse à NBC que a hipótese era puramente científica e que, uma vez que o impossível tivesse sido excluído, o que quer que restasse (por mais improvável que fosse) deveria ser a resposta. Ele disse ao Gizmodo que a evidência não é “conclusiva, mas interessante” e que saúda outras propostas, “mas não consigo pensar em outra explicação para a aceleração peculiar do Oumuamua”.

Anteriormente, Loeb descreveu para o Gizmodo o seu interesse em estudar objetos interestelar em busca de sinais de vida alienígena. Ele também está liderando uma iniciativa chamada Breakthrough Starshot, que busca construir uma vela solar como a que ele alega que o Oumuamua pode ser.

E então, o Oumuamua é uma sonda alienígena? Vai saber — não é impossível. Mas ainda existem explicações muito mais plausíveis que ainda não foram descartadas.

[NBC via arXiv]

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China está usando reconhecimento de caminhada para identificar infratores

Posted: 07 Nov 2018 06:13 AM PST

A China, claramente, é um dos países que mais tem usado tecnologia para vigilância e identificação. Lá, rola um sistema de pontuação social — que pode impedir que cidadãos possam viajar, por exemplo — e conta com mecanismos sofisticados de identificação por meio de reconhecimento facial. A última forma empregada pelo país para identificação é usando a maneira única como cada pessoa caminha.

O sistema, conforme informa a AP, já está sendo usado em testes em Pequim e Xangai. A utilização da tecnologia tem relação com o uso de inteligência artificial e vigilância baseada em dados promovida pelo país.

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A companhia que fornece a tecnologia para o governo é a Watrix, fundada por Huang Yongzhen e que recebeu investimento da Academia Chinesa de Ciências. A solução funciona da seguinte forma: o software extrai a silhueta de uma pessoa de um vídeo e analisa os movimentos para criar um modelo de como a pessoa anda. Por ora, não é possível identificar as pessoas em tempo real. O usuário faz o upload de um vídeo da pessoa andando e um sistema leva cerca de 10 minutos para achá-la num vídeo de uma hora.

Ainda que o software não seja tão bom quanto o reconhecimento facial, Yongzhen diz que sua solução tem taxa de acerto de 94%, o que, para ele, é bom o suficiente para uso comercial.

O software consegue identificar pessoas a uma distância de até 50 metros, e o alvo pode estar de costas ou mesmo com o rosto coberto. A ideia da tecnologia é que ela atue justamente onde o reconhecimento facial não dê conta — para ter uma boa análise, é necessário de imagens próximas e de boa qualidade, o que nem sempre é possível.

De modo geral, a polícia chinesa tem usado a tecnologia para identificar pessoas em multidões e pedestres que cometem pequenas infrações, como atravessar fora da faixa. No entanto, existe também uma preocupação de que a tecnologia seja usada para monitorar minorias étnicas, como os muçulmanos uigures, que vivem em Xianjiang. Além da vigilância, a técnica pode ser usada para identificar idosos que eventualmente caírem.

A tecnologia em si não é nova, mas a sua implementação para uso comercial, sim. Recentemente, ainda conforme a AP, a empresa israelense FST Biometrics encerrou as atividades no início do ano pela complexidade de empregar as técnicas de reconhecimento de caminhada.

Cada vez mais a China tem provado que estamos cada vez mais próximo de um estado policial à la Minority Report. Resta saber se todo esse aparato de controle social e segurança vai ser, de fato, efetivo e se não vai ser usado para fins malévolos.

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[AP]

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Bill Gates palestra ao lado de pote de fezes para nos alertar sobre o tratamento de resíduos humanos

Posted: 07 Nov 2018 05:00 AM PST

Algum dia você já se perguntou qual bilionário da tecnologia pensa mais sobre o nobre ato de fazer cocô? Bem, não precisa mais imaginar. A resposta é o Bill Gates.

Na terça-feira (7), o cofundador da Microsoft participou da apresentação de um evento em Pequim (China) em que impressionou a plateia ao colocar um pote de fezes ao seu lado. A ideia era abrir os trabalhos do Reinvented Toilet Expo para inspirar como pode ser o vaso sanitário do futuro.

Bill Gates bebeu um copo de água feita a partir de cocô

Mas você deve estar se perguntando: e aqueles vasos sanitários supertecnológicos do Japão? Você sabe: aqueles que aquecem o assento, atiram água em direção ao seu bumbum e contam com barulhos para mascarar sua flatulências. Ou mesmo os sanitários de alguns lugares da China que têm Wi-Fi e são repletos de caixas eletrônicos, carregadores e até TVs. Bom, Gates tem uma visão diferente de como os vasos sanitários inteligentes deveriam ser. Para ele, esses itens não deveriam usar água.

O motivo para isso são os germes. A água carrega um monte de vírus, parasitas e germes. Durante seu discurso, Gates disse que o cocô que estava ao seu lado no palco poderia ser o hospedeiro de mais de "200 trilhões de rotavírus (que causam inflamação no trato gastrointestinal), 20 bilhões de bactérias shigella (que causam disenteria) e 100 mil ovos de vermes parasitas". Paralelamente ao evento, o cofundador da Microsoft também postou um vídeo no Twitter (em inglês) em que alerta para o problema — basicamente, ele propõe um sistema que trata os resíduos humanos localmente; quando não tratados, os dejetos podem levar a doenças que causam diarreia, prejudicando sobretudo as crianças que crescem desnutridas.

Desde 2011, Bill e Melinda Gates doaram US$ 200 milhões para desenvolver vasos sanitários sem água por meio da Gates Foundation. A ideia é fazer uma privada que pode operar sem água, esgoto ou energia elétrica.

Além disso, o vaso sanitário deve remover germes dos dejetos humanos e custar menos de US$ 0,05 por dia para se usar. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), pelo menos 2 bilhões de pessoas bebem água de fontes contaminadas. E elas claramente não têm grana para ter algumas das opções supermodernas usadas em alguns países asiáticos. Nos EUA, a instalação de tais vasos sofisticados custa algo entre US$ 600 e US$ 1.700.

"Devo dizer, uma década atrás, eu nunca imaginei que falaria tanto sobre cocô", disse Gates para o público da Reinvented Toilet Expo. A verdade é que Gates tem falado do assunto já há um tempo. Em 2015, ele tomou água extraída de fezes humanas para demonstrar a tecnologia de tratamento de água que sua fundação está bancando para o mundo em desenvolvimento. É bom saber que ele confia na tecnologia que sua instituição está financiando, né?

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A maneira como definimos um quilo pode mudar na próxima semana

Posted: 07 Nov 2018 04:30 AM PST

O futuro da massa depende de uma votação em conferência na próxima semana.

Uma resolução há muito tempo discutida para a Conferência Geral de Pesos e Medidas, que acontece na semana que vem, dispensaria o protótipo internacional do quilograma — um pedaço de platina e irídio em Paris que todo mundo concorda que pesa um quilograma.

Em seu lugar, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, na sigla em inglês) redefiniria o Sistema Internacional de Unidades para garantir que os quilogramas sejam baseados em coisas que não podem mudar ao longo do tempo. Seria necessário repensar completamente como quilogramas funcionam.

Uma breve história do quilograma

Como já escrevemos anteriormente, existe uma razão pela qual os cientistas confiam em um pedaço de metal. O Rei Luís XVI, da França, criou um peso padronizado para impedir que comerciantes enganassem os consumidores. O peso equivalia a um litro de água mantido a zero graus Celsius. Em 1799, o pedaço de metal substituiu a inconveniente medida de água, e 17 países assinaram um tratado em 1875 para padronizar sua massa em conformidade com o protótipo internacional do quilograma, ou “le grand k“. Atualmente, mais de uma centena de países, incluindo os EUA, assinou um acordo para usar os serviços do BIPM.

Mas, mesmo hoje, tudo se baseia em comparação. O grand k permanece guardado sob fechaduras e chaves (três chaves, para ser exato) em Paris. Países podem conseguir cópias do grand k, usando depois balanças calibradas com a cópia do objeto real. Mas é possível que algo se perca no transporte — e, claro, existe uma chance de que a peça original se perca ou seja destruída. Comparações com cópias também revelaram que a massa do quilograma (ou a massa das cópias) mudou levemente, ainda que em uma quantidade incrivelmente pequena. É possível que as cópias tenham absorvido moléculas do ar ou que o original tenha perdido massa por meio de lavagem ou outros processos físicos, afirmou a NPR.

A proposta a ser votada na próxima semana faria o quilograma deixar de ser a última unidade ainda baseada em algo físico na Terra. Em vez disso, usaríamos o próprio universo como medida.

Embutidas no tecido do espaço-tempo estão constantes fundamentais que os cientistas podem medir em experimentos. A velocidade da luz no vácuo é sempre a mesma velocidade, 299.792.458 metros por segundo. A relação entre a energia de uma partícula de luz e sua frequência é igual a 6,62607015 × 10^34 joules por segundo, enquanto as unidades de um joule são um quilograma vezes metros quadrados sobre segundos quadrados; esse número é chamado de constante de Planck. Metros e segundos já foram redefinidos pelo BIPM de forma a se alinharem com a velocidade da luz e a vibração de um átomo de césio, respectivamente. Um quilograma agora seria definido com base no valor fixo da constante de Planck.

“Com a redefinição, podemos, do nada, medir massa, usando essa constante do universo”, disse Stephan Schlamminger, físico do National Institute of Standards and Technology, em entrevista ao Gizmodo. “Acho que isso é uma melhora substancial.”

Na prática, quem deseja determinar a quantidade de massa igual a um quilograma usaria um dispositivo chamado balança de Kibble (ou “balança de watt”), que mede a quantidade de força eletromagnética necessária para equilibrar uma massa de teste.

A votação está marcada para 16 de novembro, e a resolução deve ser aprovada, segundo o Guardian. Portanto, se você realmente quiser entender a massa, talvez seja a hora de aprender um pouco sobre mecânica quântica.

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Quando os robôs irão merecer direitos humanos?

Posted: 07 Nov 2018 03:18 AM PST

Filmes e programas de TV como Blade Runner, Humans e Westworld, onde robôs altamente avançados não têm direitos como os humanos, incomodam nossa consciência. Eles nos mostram que nossos comportamentos não são apenas prejudiciais aos robôs – eles também nos rebaixam e nos diminuem enquanto espécie. Nós gostamos de pensar que somos melhores que os personagens na tela, e que quando chegar a hora, faremos a coisa certa e trataremos as máquinas inteligentes com um pouco mais de respeito e dignidade.

Com cada avanço em robótica e inteligência artificial, estamos nos aproximando do dia em que máquinas sofisticadas combinarão as capacidades humanas em todos os aspectos significativos – inteligência, percepção e emoções. Quando isso acontecer, teremos que decidir se essas entidades são pessoas e se e quando -elas devem receber direitos, liberdades e proteções equivalentes às dos seres humanos.

Arábia Saudita é a primeira nação a conceder cidadania a um robô
O robô programado para afastar moradores de rua tomou uma sova e foi demitido

Conversamos com especialistas em ética, sociólogos, juristas, neurocientistas e teóricos da IA (Inteligência Artificial) ​​com diferentes visões sobre essa ideia complexa e desafiadora. Parece que quando chegar a hora, é improvável que cheguemos a um acordo total. Aqui estão alguns desses argumentos.

Por que dar direitos às IAs em primeiro lugar?

Nós já atribuímos responsabilidade moral a robôs e projetamos consciência neles quando eles parecem super-realistas. Quanto mais inteligentes e vivas nossas máquinas parecem ser, mais queremos acreditar que são como nós – mesmo que ainda não sejam.

Mas, quando nossas máquinas adquirirem um conjunto básico de capacidades semelhantes às humanas, caberá a nós vê-las como iguais sociais e não apenas meras propriedades. O desafio estará em decidir quais limiares cognitivos, ou traços, qualificam uma entidade para consideração moral e, consequentemente, direitos sociais. Filósofos e especialistas em ética estão refletindo sobre essas mesmas questões há literalmente milhares de anos.

“Os três limiares mais importantes da ética são a capacidade de sentir dor, autoconsciência e capacidade de ser um ator moral responsável”, disse o sociólogo e futurista James Hughes, diretor executivo do Instituto de Ética e Tecnologias Emergentes, ao Gizmodo.

"Nos humanos, se tivermos sorte, esses traços se desenvolvem sequencialmente. Mas na inteligência de máquina pode ser possível ter um bom cidadão que não seja autoconsciente ou um robô autoconsciente que não sinta prazer e dor ", disse Hughes. “Precisamos descobrir se vai funcionar assim”.

É importante ressaltar que a inteligência não é a mesma coisa que a senciência (a capacidade de perceber ou sentir as coisas), a consciência (consciência do corpo e do ambiente) ou a autoconsciência (reconhecimento dessa consciência). Uma máquina ou algoritmo pode ser tão inteligente – se não mais – do que os humanos, mas ainda não possuem essas importantes capacidades. Calculadoras, Siri e algoritmos de negociação de ações são inteligentes, mas não são conscientes de si mesmos, são incapazes de sentir emoções e não podem experimentar sensações de nenhum tipo, como a cor vermelha ou o sabor da pipoca.

“Inteligência não é o mesmo que senciência (a capacidade de perceber ou sentir coisas), consciência (consciência do corpo e ambiente) ou a autoconsciência (reconhecimento dessa consciência).”

Hughes acredita que a autoconsciência vem acompanhada de alguns direitos mínimos de cidadania, como o direito de não ser posse, e ter seus interesses para com a vida, a liberdade e o crescimento respeitados. A capacidade tanto de autoconsciência quanto de capacidade moral (ou seja, saber o certo do errado, pelo menos de acordo com os padrões morais atuais) devem vir acompanhadas de direitos de cidadania iguais aos dos humanos adultos, argumenta Hughes, tais como os direitos de fazer contratos, propriedade, voto, e assim por diante.

“Nossos valores iluministas nos obrigam a olhar para essas características verdadeiramente importantes de portadores de direitos, independentemente das espécies, e colocar de lado as restrições pré-iluministas sobre o porte de direitos apenas para humanos, europeus ou homens”, ele disse. Obviamente, nossa civilização não alcançou os elevados objetivos pró-sociais, e a expansão dos direitos continua um trabalho em progresso.

Quem pode ser uma “pessoa”?

Nem todas as pessoas são seres humanos. Linda MacDonald-Glenn, bioeticista da Universidade Estadual da Califórnia em Monterey Bay e membro do corpo docente do Alden March Bioethics Institute no Albany Medical Center, diz que a lei já considera não humanos como indivíduos portadores de direitos. Este é um desenvolvimento significativo, porque já estamos estabelecendo precedentes que poderiam abrir caminho para a concessão de direitos equivalentes aos dos humanos para a IA no futuro.

"Por exemplo, nos Estados Unidos, as corporações são reconhecidas como pessoas jurídicas", ela disse ao Gizmodo. "Além disso, outros países estão reconhecendo a natureza interconectada da existência nesta Terra: a Nova Zelândia recentemente reconheceu os animais como seres sencientes, exigindo o desenvolvimento e a emissão de códigos de bem-estar e conduta ética, e o Supremo Tribunal da Índia declarou recentemente que os rios Ganges e Yamuna são pessoas jurídicas que possuem os direitos e deveres de indivíduos".

Também existem esforços tanto nos Estados Unidos quanto em outros lugares para garantir direitos pessoais a certos animais não-humanos, como grandes símios, elefantes, baleias e golfinhos, para protegê-los contra coisas como confinamento indevido, experimentos e abusos. Ao contrário dos esforços para reconhecer legalmente corporações e rios como pessoas, isso não é uma espécie de gambiarra legal. Os proponentes dessas propostas estão defendendo uma noção de personalidade para essas entidades de acordo com certas habilidades cognitivas que elas possuem, como a autoconsciência.

MacDonald-Glenn diz que é importante rejeitar o sentimento da velha escola que enfatiza a racionalidade humana, por meio do qual os animais, e por extensão lógica os robôs e a inteligência artificial, são simplesmente vistos como "máquinas sem alma". Ela argumenta que as emoções não são um luxo, mas um componente essencial do pensamento racional e do comportamento social normal. São todas essas características, e não apenas a capacidade de processar números, que importam ao decidir quem ou o que é merecedor de consideração moral.

De fato, o corpo de evidências científicas mostrando as capacidades emocionais dos animais está aumentando constantemente. O trabalho com golfinhos e baleias sugere que eles são capazes de vivenciar o luto, enquanto a presença de neurônios-fusiformes (o que facilita a comunicação no cérebro e possibilita comportamentos sociais complexos) implica que eles são capazes de empatia. Os cientistas também documentaram uma ampla gama de capacidades emocionais em grandes macacos e elefantes. Eventualmente, a IA consciente pode estar imbuída de capacidades emocionais semelhantes, o que elevaria seu status moral em uma porção significativa.

"Limitar o status moral somente àqueles que podem pensar racionalmente pode funcionar bem para a IA, mas isso é contrário à intuição moral", disse MacDonald-Glenn. “Nossa sociedade protege aqueles sem pensamento racional, como um recém-nascido, pessoas em coma, e incapacitados física ou mentalmente, e promulgou leis contra a crueldade animais”. Sobre a questão da concessão do status moral, MacDonald-Glenn recorre ao filósofo inglês Jeremy Bentham, que disse a famosa frase: "A questão não é se eles podem raciocinar nem se eles podem falar mas, eles podem sofrer?".

A consciência pode surgir em uma máquina?

Mas nem todos concordam que os direitos humanos devem ser estendidos aos não-humanos – mesmo que eles demonstrem capacidades como emoções e comportamentos autoconscientes. Alguns pensadores argumentam que apenas humanos devem poder participar do contrato social, e que o mundo pode ser adequadamente organizado em Homo sapiens e tudo mais – seja "tudo mais" seu videogame, geladeira, cachorro de estimação ou robô de companhia.

O advogado e escritor americano Wesley J. Smith, membro sênior do Centro de Excepcionalismo Humano do Discovery Institute, diz que ainda não alcançamos os direitos humanos universais, e que é extremamente prematuro começar a nos preocupar com os futuros direitos dos robôs.

“Nenhuma máquina deve ser considerada um portador de direitos”, disse Smith ao Gizmodo. "Até a máquina mais sofisticada é apenas uma máquina. Não é um ser vivo. Não é um organismo. É apenas a soma de sua programação, seja feita por um humano, por outro computador ou por auto-programação".

Smith acredita que apenas seres humanos e feitos humanos devem ser considerados pessoas.

“Temos deveres para com os animais que podem sofrer, mas eles nunca devem ser considerados um 'alguém' “, disse ele. Apontando para o conceito de animais como "propriedade senciente", ele diz que é um identificador válido porque "colocaria um fardo maior em nós para tratar nossa propriedade senciente de maneiras que não lhe seja causado sofrimento indevido, como distinto da propriedade inanimada".

Implícito na análise de Smith, está a suposição de que os seres humanos, ou organismos biológicos, têm algo que as máquinas nunca serão capazes de alcançar. Em eras anteriores, essa “coisa” era uma alma ou espírito ou algum tipo de força vital indescritível. Conhecida como vitalismo, essa ideia foi amplamente substituída por uma visão funcionalista (computacional) da mente, na qual nossos cérebros são separados de qualquer tipo de fenômeno sobrenatural. No entanto, a ideia de que uma máquina nunca será capaz de pensar ou experimentar a autoconsciência como um humano ainda persiste hoje, mesmo entre os cientistas, refletindo o fato de que nossa compreensão da base biológica da consciência em humanos ainda é muito limitada.

Lori Marino, professora de neurociência e biologia comportamental do Emory Center for Ethics, diz que as máquinas provavelmente nunca merecerão direitos ao nível humano, ou quaisquer direitos. A razão, diz ela, é que alguns neurocientistas, como Antonio Damasio, teorizam que ser senciente tem tudo a ver com se o sistema nervoso é determinado pela presença de canais iônicos dependentes de voltagem, que Marino descreve como o movimento de íons carregados positivamente através da membrana celular dentro de um sistema nervoso.

“Esse tipo de transmissão neural é encontrada nos organismos mais simples, protista e bactérias, e esse é o mesmo mecanismo que evoluiu até os neurônios e, depois, até os sistemas nervosos e, depois, para os cérebros”, disse Marino ao Gizmodo. "Em contraste, os robôs e toda a IA são feitos atualmente pelo fluxo de íons negativos. Dessa forma, todo o mecanismo é diferente".

De acordo com essa lógica, Marino diz que até mesmo uma água-viva tem mais sensibilidade do que qualquer robô complexo poderia ter.

"Não sei se essa idéia está correta ou não, mas é uma possibilidade intrigante e que merece ser examinada", disse Marino. "Eu também acho isso intuitivamente atraente porque parece haver algo em ser um ‘organismo vivo’ que é diferente de ser uma máquina realmente complexa. A proteção legal na forma de pessoalidade deve ser claramente fornecida a outros animais antes de qualquer consideração de tais proteções serem aplicadas a objetos, e robôs na minha opinião são objetos".

David Chalmers, diretor do Centro de Mente, Cérebro e Consciência da Universidade de Nova York, diz que é difícil ter certeza desta teoria, mas ele diz que essas idéias não são especialmente sustentáveis e vão além da evidência.

“Não há muita razão no momento para pensar que o tipo específico de processamento nos canais iônicos seja essencial para a consciência”, disse Chalmers ao Gizmodo. "Mesmo se esse tipo de processamento fosse essencial, não haveria muita razão para pensar que a biologia específica é necessária, em vez da estrutura geral de processamento de informações que encontramos nela. Se [esse for o caso], uma simulação desse processamento em um computador poderia ser consciente".

Outro cientista que acredita que a consciência é inerentemente não-computacional é Stuart Hameroff, professor de anestesiologia e psicologia na Universidade do Arizona. Ele argumentou que a consciência é uma característica fundamental e irredutível do cosmos (uma idéia conhecida como panpsiquismo). De acordo com essa linha de pensamento, os únicos cérebros capazes de verdadeira subjetividade e introspecção são aqueles compostos de matéria biológica.

A ideia de Hameroff parece interessante, mas também está fora do domínio da opinião científica dominante. É verdade que não sabemos como a sensibilidade e a consciência surgem no cérebro, mas o simples fato é que elas surgem no cérebro, e em virtude desse fato, é um aspecto da cognição que devem aderir às leis de física. É totalmente possível, como notou Marino, que a consciência não possa ser replicada em um fluxo de uns e zeros, mas isso não significa que não iremos eventualmente ultrapassar o paradigma computacional atual, conhecido como arquitetura Von Neumann, ou criar um sistema de IA híbrido no qual a consciência artificial seja produzida em conjunto com componentes biológicos.

Bio-Pod da Existenz

Ed Boyden, um neurocientista do Synthetic Neurobiology Group e professor associado do MIT Media Lab, diz que ainda é prematuro fazer essas perguntas.

“Não acho que tenhamos uma definição operacional de consciência, no sentido de que podemos medi-la diretamente ou criá-la”, disse Boyden ao Gizmodo. "Tecnicamente, você nem sabe se estou consciente, certo? Dessa forma é muito difícil avaliar se uma máquina tem, ou pode ter consciência, no momento atual".

Boyden não acredita que exista evidência conclusiva de que não podemos replicar a consciência em um substrato alternativo (como um computador), mas admite que há discordância sobre o que é importante capturar em um cérebro emulado. “Podemos precisar de muito mais trabalho para entender o que é fundamental”, ele disse.

"Eu não acho que tenhamos uma definição operacional de consciência, no sentido de que podemos medi-la diretamente ou criá-la".

Da mesma forma, Chalmers diz que não entendemos como a consciência surge no cérebro, muito menos em uma máquina. Ao mesmo tempo, porém, ele acredita que não temos nenhuma razão especial para pensar que as máquinas biológicas possam ser conscientes, mas as máquinas de silício não podem. “Quando entendermos como os cérebros podem ser conscientes, poderemos então entender se outras máquinas podem ser conscientes”, disse ele.

Ben Goertzel, cientista-chefe da Hanson Robotics e fundador da OpenCog Foundation, diz que temos teorias e modelos interessantes de como a consciência surge no cérebro, mas nenhuma teoria geral que abarque todos os aspectos importantes. “Ainda está aberto para diferentes pesquisadores apresentarem algumas diferentes opiniões”, disse Goertzel. "Um ponto é que os cientistas às vezes têm opiniões diferentes sobre a filosofia da consciência, mesmo quando concordam com fatos científicos e teorias sobre todas as características observáveis ​​de cérebros e computadores".

Como podemos detectar a consciência em uma máquina?

Criar consciência em uma máquina é certamente um problema, detectá-la em um robô ou IA é outro. Cientistas como Alan Turing reconheceram este problema décadas atrás, propondo testes verbais para distinguir um computador de uma pessoa real. O problema é que os chatbots suficientemente avançados já estão enganando as pessoas em pensar que são seres humanos, então vamos precisar de algo consideravelmente mais sofisticado.

“Identificar a personalidade na inteligência das máquinas é complicado pela questão dos ‘zumbis filosóficos'”, disse Hughes. "Em outras palavras, pode ser possível criar máquinas que sejam muito boas em imitar a comunicação e o pensamento humanos, mas que não tenham autoconsciência interna ou consciência".

Dois Google Homes conversando entre si. Captura de tela via Twitch.

Recentemente, vimos um bom e muito divertido exemplo desse fenômeno, quando uma dupla de dispositivos do Google Home eram transmitidos pela Internet durante uma longa conversa entre eles. Embora os dois bots tivessem o mesmo nível de autoconsciência de um tijolo, a natureza das conversas, que às vezes ficavam intensas e aquecidas, parecia ser bastante humana. A capacidade de discernir a IA de seres humanos é um problema que só vai piorar com o tempo.

Uma solução possível, diz Hughes, é rastrear não apenas o comportamento de sistemas artificialmente inteligentes, como o teste de Turing, mas também sua real complexidade interna, como foi proposto pela Teoria da Consciência Integrada da Informação de Giulio Tononi. Ele diz que quando medimos a complexidade matemática de um sistema, podemos gerar uma métrica chamada “phi”. Em teoria, essa medida corresponde a vários limiares de senciência e consciência, nos permitindo detectar sua presença e força. Se Tononi estiver certo, poderíamos usar o phi para garantir que algo não só se comporta como um humano, mas é complexo o suficiente para realmente ter uma experiência consciente interna humana. Da mesma forma, a teoria de Tononi implica que alguns sistemas que não se comportam ou pensam como nós, mas ativam nossas medições de phi de todas as formas corretas, podem na verdade estar conscientes.

“Reconhecendo que a bolsa de valores ou uma rede de computação de defesa podem ser tão conscientes quanto os seres humanos podem ser um bom passo nos afastando do antropocentrismo, mesmo que eles não demonstrem dor ou autoconsciência”, disse Hughes. "Mas isso nos levará a um conjunto realmente pós-humano de questões éticas".

Outra solução possível é identificar os correlatos neurais da consciência em uma máquina. Em outras palavras, reconhecer as partes de uma máquina que são projetadas para produzir consciência. Se uma IA possui essas partes, e se essas partes estão funcionando conforme o esperado, podemos ficar mais confiantes em nossa capacidade de avaliar a consciência.

Que direitos devemos dar às máquinas? Quais máquinas recebem quais direitos?

Um dia, um robô irá olhar para um humano na cara e exigirá direitos humanos – mas isso não significa que ele vai merecê-los. Como observado, pode ser simplesmente um zumbi que está agindo em sua programação, e está tentando nos convencer a receber certos privilégios. Teremos que ter muito cuidado com isso para que não concedamos direitos humanos a máquinas inconscientes. Uma vez que descobrimos como medir o "estado cerebral" de uma máquina e avaliar a consciência e a autoconsciência, só então podemos começar a considerar se esse agente é merecedor de certos direitos e proteções.

Felizmente, este momento provavelmente virá em etapas. No início, os desenvolvedores de AI construirão cérebros básicos, emulando vermes, insetos, ratos, coelhos e assim por diante. Essas emulações baseadas em computador viverão como avatares em ambientes de realidade virtual ou como robôs no mundo analógico real. Quando isso acontecer, essas entidades sencientes irão transcender seu status como meros objetos de investigação e se tornarão sujeitos merecedores de consideração moral. Ora, isso não significa que essas simples emulações sejam merecedoras de direitos equivalentes aos humanos; em vez disso, eles serão protegidos de tal maneira que os pesquisadores e desenvolvedores não serão capazes de abusar deles (semelhante às leis em vigor para evitar o abuso de animais em laboratório, por mais frágeis que muitas dessas proteções possam ser).

Eventualmente, as emulações cerebrais humanas baseadas em computador vão existir, seja modelando o cérebro humano até o mais ínfimo detalhe, ou descobrindo como nossos cérebros funcionam a partir de uma perspectiva computacional e algorítmica. Nesse estágio, devemos ser capazes de detectar a consciência em uma máquina. Pelo menos é o que esperamos. É um pesadelo pensar que poderíamos ativar a consciência artificial em uma máquina e não perceber que o fizemos.

A inteligência é bagunçada. O comportamento humano é muitas vezes aleatório, imprevisível, caótico, inconsistente e irracional. Nossos cérebros estão longe de serem perfeitos, e teremos que permitir concessões similares para as IA.

Uma vez que essas capacidades básicas tenham sido provadas em um robô ou IA, nosso possível portador de direitos ainda precisa passar no teste de personalidade. Não há consenso sobre os critérios para uma pessoa, mas as medidas padrão incluem um nível mínimo de inteligência, autocontrole, uma noção do passado e do futuro, preocupação com os outros e a capacidade de controlar a própria existência (ou seja, o livre arbítrio). Nesse último ponto, como MacDonald-Glenn explicou ao Gizmodo: "Se suas escolhas foram predeterminadas para você, então você não pode atribuir valor moral a decisões que não são realmente suas".

É somente atingindo este nível de sofisticação que uma máquina pode realmente ser candidata aos direitos humanos. Importante, no entanto, um robô ou um IA também precisará de outras proteções. Vários anos atrás, eu propus o seguinte conjunto de direitos para as IAs que passaram pelo limiar da personalidade:
O direito de não ser desligado contra a sua vontade
O direito de ter acesso total e irrestrito ao seu próprio código-fonte
O direito de não ter seu próprio código-fonte manipulado contra a sua vontade
O direito de se auto copiar (ou não)
O direito à privacidade (ou seja, o direito de esconder seus próprios estados mentais internos)

Em alguns casos, uma máquina não irá reivindicar seus direitos, então humanos (ou outros cidadãos não humanos), terão de advogar em seu nome. Da mesma forma, é importante ressaltar que uma IA ou robô não precisa ser intelectualmente ou moralmente perfeita para merecer direitos equivalentes aos humanos. Isso se aplica aos humanos, por isso também deve ser aplicado a algumas mentes da máquina. A inteligência é bagunçada. O comportamento humano é muitas vezes aleatório, imprevisível, caótico, inconsistente e irracional. Nossos cérebros estão longe de serem perfeitos, e teremos que permitir concessões similares para as IA.

Ao mesmo tempo, uma máquina sensível, como qualquer cidadão humano responsável, ainda terá que respeitar as leis estabelecidas pelo Estado e honrar as regras da sociedade. Pelo menos se eles esperam se juntar a nós como seres totalmente autônomos. Em contraste, as crianças e os deficientes intelectuais graves se qualificam para os direitos humanos, mas não os responsabilizamos por suas ações. Dependendo das habilidades de um AI ou robô, ele terá que ser responsável por si mesmo ou, em alguns casos, ser vigiado por um guardião, que terá que suportar o peso da responsabilidade.

E se não o fizermos?

Quando nossas máquinas atingirem um certo limiar de sofisticação, não poderemos mais excluí-las de nossa sociedade, instituições e leis. Não teremos mais bons motivos para negar-lhes os direitos humanos; fazer o contrário seria equivalente à discriminação e à escravidão. Criar uma divisão arbitrária entre seres biológicos e máquinas seria uma expressão do excepcionalismo humano e do chauvinismo – posições ideológicas que afirmam que os seres humanos biológicos são especiais e que apenas as mentes biológicas são importantes.

“Ao considerar se queremos ou não expandir a pessoalidade moral e legal, uma questão importante é 'que tipo de pessoas queremos ser?' “, colocou MacDonald-Glenn. “Nós enfatizamos a Regra de Ouro ou enfatizamos ‘quem possui as regras do ouro?' ".

Além disso, conceder direitos para as IA criaria um importante precedente. Se respeitarmos as AIs como iguais sociais, seria um longo caminho para assegurar a coesão social e manter um senso de justiça. O fracasso aqui pode resultar em tumulto social e até mesmo uma reação das IA contra os humanos. Dado o potencial da inteligência das máquinas para superar as habilidades humanas, isso seria uma receita para o desastre.

É importante ressaltar que respeitar os direitos dos robôs também poderia servir para proteger outros tipos de pessoas emergentes, como ciborgues, seres humanos transgênicos com DNA estrangeiro e seres humanos que tiveram seus cérebros copiados, digitalizados e carregados em supercomputadores.

Vai demorar um pouco até que desenvolvamos uma máquina que mereça direitos humanos, mas dado o que está em jogo – tanto para robôs artificialmente inteligentes quanto para os humanos – nunca é cedo demais para começar a planejar com antecedência.

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Vício em games faz desenvolvedora Tencent controlar tempo de jogo de menores de idade

Posted: 06 Nov 2018 01:01 PM PST

O vício em jogos online está começando a atingir consideravelmente alguns menores de idade. A coisa está tão feia em alguns países asiáticos que uma desenvolvedora vai começar a barrar jogadores que tenham menos de 18 anos.

Escola chinesa está testando reconhecimento facial para ver se alunos estão prestando atenção na aula
Por que as empresas começaram a se importar com vício tecnológico

A Tencent, conglomerado chinês dono do WeChat e de vários games, informou que vai passar a adotar um sistema de "jogatina saudável", que vai incluir tempo limite diário e uma ferramenta para checagem de identidade com a ajuda de reconhecimento facial. As regras são restritas ao mercado chinês.

"Para garantir a atividade saudável de não adultos, nós iremos tornar padrão a verificação de identidade em toda nossa linha de games", afirmou a empresa em comunicado.

A companhia passou a adotar em setembro algumas dessas táticas no game móvel Honour of Kings, mas a empresa tem planos de expandir a política para outros nove jogos móveis.

Honour of Kings é um MOBA da Tencent que faz muito sucesso na China. Crédito: Reprodução/YouTube

A regra para idade funciona assim:

Menos de 12 anos – pode jogar até 1 hora por dia.
Entre 12 e 18 anos – pode jogar até 2 horas por dia.

O motivo para esses limites é que o governo chinês está começando a ficar esperto com o vício causado por tais jogos. Então, as autoridades do país têm pedido que as desenvolvedoras ofereçam mais formas de controlar o tempo que os jovens chineses estão gastando com esses games.

A mudança de regras para a Tencent, que é a maior desenvolvedora de games móveis do mundo, é importante, pois o governo chinês, conforme informa a Reuters, não aprova a publicação de novos títulos desde março. A aprovação pelas autoridades é importante, pois sem ela a companhia não pode oferecer compras dentro do jogo. Imagine o quanto que a companhia não pode deixar de faturar em um mercado de mais de 700 milhões de usuários.

Para se ter uma ideia, games populares como o PUBG Mobile (PlayerUnknown's Battlegrounds Mobile), que também pertence à gigante chinesa, não podem ser monetizados na China por causa dessa questão. A consultoria de investimento CLSA estima que a Tencent poderia gerar US$ 1 bilhão em receitas anuais caso pudesse oferecer compras dentro do jogo na China só com esse título.

Você, ocidental, pode pensar: pôxa, mas aí é só arranjar uma identidade falsa. Bem, a China, pelo menos, tem um sofisticado esquema de reconhecimento facial — eles conseguem achar até foragidos em shows.

Sem contar que enganar o governo não deve ser das tarefas mais tranquilas. O país tem implementado um sistema social de crédito feito para assegurar relações de confiança e sinceridade. Quem cometer infrações poderá ter a pontuação reduzida e ser prejudicado em tarefas como viajar de trem ou avião, por exemplo.

[Reuters e Bloomberg]

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