segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Gizmodo Brasil

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YouTubers populares não são penalizados mesmo depois de violarem regras, dizem moderadores

Posted: 11 Aug 2019 02:22 PM PDT

Criadores de conteúdo possuem muitas reclamações sobre o YouTube, mas uma delas é bastante frequente: como a plataforma parece dar às contas mais famosas mais leniência quando se trata de moderação. A reclamação procede, como quase uma dúzia de moderadoras do YouTube entrevistados pelo Washington Post relataram.

Esses moderadores, que falaram com o jornal de forma anônima, descreveram um local de trabalho tumultuado onde supervisores muitas vezes anulavam as tentativas de sinalizar conteúdos impróprios quando os vídeos envolviam estrelas proeminentes do YouTube – aqueles que aparecem nas manchetes pelas razões erradas, como Logan Paul, Felix "PewDiePie" Kjellberg e Steven Crowder.

São pessoas que são, em parte, responsáveis por trazer quase dois bilhões de espectadores para o YouTube a cada mês.

Vídeos que não cumprem com as diretrizes de comunidade do YouTube podem ser deletados ou terem seus anúncios publicitários retirados, o que retira a possibilidade de monetização dos criadores. Essa consequência também afeta o próprio YouTube, uma vez que a companhia perde uma porção desses lucros.

Basicamente, a companhia tem um incentivo financeiro para proteger criadores e vídeos com grandes audiências, independente do conteúdo veiculado.

Ao contrário de moderadores que trabalham no Facebook e Twitter, os funcionários do YouTube são capazes apenas de reportar um vídeo que não siga as diretrizes; eles não possuem autoridade para deletá-los.

Os moderadoras também disseram que o critério para sinalização de vídeos flutua com frequência e muitas vezes respondia exclusivamente a preocupações que poderiam afetar as estratégias de marketing e imagem dos anunciantes.

“A nossa responsabilidade nunca esteve relacionada com os criadores ou com os usuários, mas sempre com os anunciantes”, disse um ex-moderador ao Washington Post.

Esse cenário pode explicar como YouTubers como Paul Logan, que atualmente possui 20 milhões de inscritos, pode publicar um vídeo dando choques em ratos e sofrer apenas uma suspensão de anúncios publicitários por duas semanas em seus conteúdos. Nem mesmo filmar pessoas mortas foi o suficiente para que ele fosse expulso da plataforma.

O YouTube já reconheceu que a plataforma tem dois pesos e medidas, uma para a comunidade geral e outra para criadores cujos vídeos se beneficiam de publicidade. Mas os executivos da empresa afirmam que a plataforma de padrões mais rígidos para os vídeos monetizados, o que é exatamente oposto ao que os moderadores descreveram ao Washington Post.

O Gizmodo entrou em contato com o YouTube para comentários e não recebeu uma resposta imediata.

Criadores de conteúdo pedem por mais transparência em relação às diretrizes do YouTube e a prática de retirada de anúncios há anos. As descobertas da reportagem do Washington Post apenas reforçam o argumento que essas pessoas vêm fazendo há muito tempo.

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Esta armadilha a laser esconde automaticamente suas janelas quando o seu chefe está vindo

Posted: 11 Aug 2019 12:12 PM PDT

Existem muitos aplicativos e ferramentas gratuitas para Windows e macOS que escondem rapidamente as distrações de trabalho (como YouTube e Facebook) dos chefes e colegas, mas todos eles assumem que você sempre está prestando atenção para checar quem está andando em direção a sua mesa.

O Daytripper faz todo esse trabalho para você, usando um mecanismo de disparo a laser que automaticamente esconde quaisquer abas ou apps assim que é acionado.

Existem dois componentes simples no Daytripper: um transmissor que utiliza um sensor time-of-flight (ToF) a laser STMicroelectronics VL53L0X para detectar movimento e um receptor que é plugado na USB do computador e automaticamente ativa um atalho de teclado (como minimizar todas as janelas abertas) ou qualquer script customizado quando é acionado pelo sinal wireless do transmissor.

Não é um sistema completamente infalível. O sensor time-of-flight (ToF) possuem um alcance de pouco mais de um metro. Ou seja, embora ele seja eficiente para cobrir o batente de uma porta, você pode ter problemas se colocá-lo em um corredor mais largo – então certifique-se de colocá-lo em uma posição estratégica.

Ele também tem um limite de taxa de leitura de 5 Hz, o que poderia permitir que alguém passasse batido pela sua defesa caso ande rápido demais. Deixando de lados esses pontos negativos, por US$ 60 (cerca de R$ 240) você pode se salvar de algumas broncas no trabalho por não estar totalmente focado naquela tarefa. Por US$ 66 (R$ 260) o Daytripper já vem montado, sem complicações.

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Carregador sem fio 3-em-1 da Mophie parece um bom substituto ao AirPower

Posted: 11 Aug 2019 10:36 AM PDT

Quando a Apple anunciou que o AirPower, seu carregador sem fio para múltiplos dispositivos, tinha sido oficialmente cancelado, as pessoas começaram a se perguntar quem preencheria esse vácuo. Afinal, o fato de a Apple ter desistido não significava que as pessoas não iriam querer uma maneira simples e conveniente para recarregar vários aparelhos de uma vez só.

Agora, quase um ano e meio depois de o AirPower ser cancelado, a Mophie lançou uma base de carregamento sem fio aprovado pela Apple e que será vendido no site oficial da empresa.

A aparência do acessório não é tão bacana quanto a do AirPower, mas a Base de Carregamento sem Fio 3-em-1 da Mophie deve dar conta do recado. Com preço sugerido de US$ 140 (R$ 550, em conversão direta), a base tem três zonas de carregamento que podem alimentar o iPhone, AirPods e um Apple Watch simultaneamente. A saída de energia é de 7,5 watts (o limite de carregamento sem fio da Apple).

O carregador 3-em-1 da Mophie é bem esperto e, possivelmente, uma melhoria em relação ao AirPower – pelo menos na parte da base destinada ao Apple Watch que tona mais fácil usar o relógio no Modo Cabeceira enquanto ele está recarregando. Além disso, a zona de recarga para os fones de ouvido sem fio tem uma cavidade especial para você identificar o local correto para colocá-lo.

E para quem não tem o trio completo de dispositivos e acessórios da Apple, a Mophie fez um carregador duplo de US$ 80 (R$ 315, em conversão direta), que possui uma porta USB-A extra para carregar um dispositivo adicional usando um cabo comum – no site, o item ainda aparece por US$ 100, mas a Mophie afirmou que os preços serão atualizados.

Base de Carregamento Dupla da Mophie
Base de Carregamento Dupla da Mophie vem com uma porta USB-A para carregar um terceiro dispositivo usando um cabo.

Ambos os dispositivos já estão disponíveis no site da Apple nos Estados Unidos e estarão disponíveis em lojas da Mophie e da Apple. Ainda não há informações para a chegada desse produto no Brasil.

Enquanto ainda esperamos pela nova leva de iPhones que devem ser anunciados entre setembro e outubro, a Apple vai lançando alguns acessórios interessantes. Eu só queria que esses carregadores fossem mais baratos – o carregador 3-em-1 da Mophie é quase três vezes mais caros do que a base SliceCharge 2 da HardCider, que tem funcionalidades bem parecidas.

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Adolescentes teriam sido forçados a trabalhar horas extras para montar dispositivos da Amazon na China

Posted: 11 Aug 2019 08:41 AM PDT

Em julho, uma estudante de ensino médio de 17 anos na China estava colando um filme protetor em três mil unidades do alto-falante inteligente Amazon Echo por dia, em uma fábrica da Foxconn em Hengyang. Ela trabalhava dez horas por dia e seis dias por semana. E ela estava entre mais de mil estudantes empregados pela fábrica para trabalhar na montagem de dispositivos Amazon.

“Eu tentei contar ao gerente da minha linha que eu não queria fazer horas extras”, contou a estudante, que usa o pseudônimo Xiao Fang, aos pesquisadores anônimos que vazaram suas descobertas e as transcrições das entrevistas com os trabalhadores à Chinese Labor Watch. “Mas o gerente notificou o meu professor e o professor me disse que se eu não trabalhasse nas horas extras, eu não conseguiria um estágio na Foxconn e isso afetaria minhas candidaturas à graduação e às bolsas de estudo na escola. Eu não tinha escolha, eu só poderia suportar isso”.

O relatório da China Labor Watch, publicado na última quinta-feira (8), cobre uma investigação de 2019 na fábrica Foxconn de Hengang e o Guardian foi autorizado a analisar os documentos. Entre as descobertas do relatório estava a alegação de que os estudantes de ensino médio com idades entre 16 e 18 anos de diversos colégios foram recrutados para trabalhar na fábrica, e que os professores tinham a tarefa de pressioná-los a aceitar as horas extras ou os turnos noturnos. Isso significava ataques físicos e verbais aos estagiários, aponta o relatório.

Assim como Xiao, alguns dos estagiários tinham como tarefa montar dispositivos Echo, Echo Dot e Kindles, e eram empregados por dois meses para ajudar a preencher a falta de funcionários na fábrica.

Xiao Chen, 18, foi outro estudante que trabalhou na fábrica da Foxconn, de acordo com o relatório. Em setembro do ano passado, sua escola vocacional suspendeu as aulas para que todos os estudantes pudessem fazer estágios na fábrica. Alguns alunos reportaram o caso ao Gabinete de Educação de Hengyang. A segunda vez que Xiao trabalhou na fábrica foi por conta própria – ele trabalha em turnos à noite e monta dispositivos Echo para ajudar a pagar as despesas com os estudos. Ele trabalha durante dez horas por dia, seis dias por semana.

A investigação da China Labor Watch descobriu que a Foxconn recrutou 1.581 estagiários de escolas vocacionais até o dia 26 de julho. Os estagiários recebiam cerca de US$ 1,42 (R$ 5,60) por hora, um salário menor do que o do ano passado. Eles também não recebiam nenhuma bolsa ou bônus, algo que tinham em 2018. Os professores recebiam um subsídio de US$ 425 (R$ 1.675) da fábrica, e as escolas ganharam US$ 0,42 (R$ 1,60) por cada hora que um estagiário trabalhava, então havia um certo incentivo tanto para a fábrica quanto para a escola para que os estudantes trabalhassem por mais horas.

Embora não seja ilegal uma pessoa de 16 anos trabalhar na China, a prática viola a lei trabalhista do país pelo trabalho extra e os turnos à noite. Em notas de uma reunião a respeito do problema de potencialmente falhar nos objetivos de produtividade caso os estudantes deixassem de trabalhar nos turnos proibidos, a gerência deixou claro que estavam cientes do problema.

O Guardian cita um executivo da Foxconn dizendo aos participantes dessa reunião que “líderes da linha noturna deveriam fazer checagens com estagiários e professores com mais frequência e reportar quaisquer situações anormais para que os professores pudessem persuadir os estudantes a trabalhar à noite e fazer horas extras”.

Essa não é a primeira vez que a Foxconn se encontram em meio a uma controvérsia sobre suas práticas ilegais de trabalho com relação a jovens trabalhadores. Em 2017, seis estudantes entre 17 e 19 anos afirmaram que vinham trabalhando em turnos de 11 horas em uma planta da Foxconn na China como parte de um programa obrigatório de três meses de suas escolas. Os estudantes estavam em um grupo de três mil estagiários que tinham como tarefa montar o iPhone X.

O Gizmodo entrou em contato com a Amazon e um porta-voz nos enviou a seguinte nota:

Não toleramos violações do nosso Código de Conduta para Fornecedores. Regularmente avaliamos os nossos fornecedores, utilizando auditores independentes como é apropriado, para monitorar a adequação e melhorias – se encontramos violações, tomamos as medidas necessárias, incluindo a solicitação de correção imediata das ações. Estamos investigando com urgência essas alegações e checando com a Foxconn no nível mais sênior. Times adicionais de especialistas já chegaram ao local nesta semana para investigar, e iniciamos auditorias semanais sobre este problema.

Um porta-voz da Foxconn, parafraseado pelo Guardian, disse que a empresa “aumentaria o número de trabalhadores regulares e revisaria os salários imediatamente”.

Além de violar as leis trabalhistas da China, a prática de explorar estudantes para cumprir com as necessidades de produção durante os picos de demanda é uma droga, especialmente quando lembramos quanta grana a Amazon vai lucrar a partir do trabalho mau remunerado, cansativo e sem valor acadêmico desses estudantes.

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A batalha entre um deficiente visual e a Domino’s que pode definir a acessibilidade na web

Posted: 11 Aug 2019 07:08 AM PDT

Em 2016, nos EUA, Guillermo Robles processou a Domino’s porque o site e o aplicativo da rede de pizzarias não funcionavam com software de leitura de tela, tornando seus serviços online inacessíveis a ele e a outros usuários com deficiência visual. Robles, que é cego, afirmou que em pelo menos duas ocasiões, ele não conseguiu encomendar uma pizza personalizada no site da empresa, então ele a processou, alegando que a Domino’s havia violado a Lei dos Americanos Portadores de Deficiência (ADA, na sigla em inglês).

Na época do processo, um tribunal distrital determinou que a negligência da Domino's em criar um site acessível para pessoas com deficiências visuais violou a ADA. No entanto, como o Departamento de Justiça "falhou em fornecer orientações" sobre o que constitui especificamente um site em conformidade com a ADA, o tribunal acabou acatando o pedido da Domino's para arquivar o caso, uma vez que tais regulamentos eliminariam quaisquer preocupações sobre procedimentos jurídicos.

Como o Departamento de Justiça acabou ignorando a criação de tais diretrizes, milhares de processos semelhantes contra empresas que não conseguiram tornar acessíveis as extensões digitais de seus serviços já foram arquivados, e a luta para tornar a internet um lugar mais inclusivo continua sendo uma questão legal delicada.

O processo da Domino's serve como exemplo da luta entre empresas e pessoas com deficiência sobre a aplicação de serviços online acessíveis, mesmo na ausência de diretrizes federais definidas. Embora o tribunal distrital originalmente tenha rejeitado o caso, um tribunal federal de apelações decidiu a favor de Robles este ano, decidindo que os padrões de acessibilidade se aplicam aos serviços online, da mesma forma como se aplicam aos negócios abrangidos pela ADA.

Esta foi uma vitória importante para os direitos de acessibilidade online. Mas agora, no que os especialistas dizem ser um movimento sem precedentes, a Domino’s quer levar este caso à Suprema Corte dos Estados Unidos. Se a empresa conseguir o que quer, a decisão em potencial pode ter implicações terríveis na acessibilidade online e no destino de processos semelhantes que, como os de Robles, estão minando a tenaz e aterradora inacessibilidade da internet.

A importância de um “de”

Processos como os de Robles não são incomuns nos EUA. Na verdade, milhares de casos envolvendo sites sem acessibilidade foram arquivados em um tribunal federal só no ano passado. Mas o caso da Domino's é único entre essa enxurrada de processos, em sua decisão de entrar com recurso, a ser ouvido pelo tribunal de maior instância do país. Se o caso for aceito, a cadeia de pizzarias que é indiscutivelmente mais associada à entrega online teria a chance de fazer história em sua recusa para atender clientes com deficiências.

O argumento a favor de Robles é que a ADA se estende além das "instalações físicas utilizadas pelo público", que são especificamente abrangidos pelo Artigo III da ADA. O Tribunal de Apelações do Nono Circuito dos EUA decidiu no caso Robles vs. Domino’s Pizza que as empresas com acomodações físicas — ou seja, um restaurante da Domino's — precisam garantir que os sites e aplicativos usados ​​para acessar os serviços oferecidos sejam acessíveis para pessoas com deficiências. Isso inclui suporte a software de leitura de tela para que usuários cegos, como Robles, possam navegar e interagir com o conteúdo digital.

O Artigo III da ADA especificamente "proíbe a discriminação com base na deficiência nas atividades de locais de acomodações públicas". Historicamente, isso se refere a espaços físicos, e a ausência de linguagem que se aplique diretamente ao mundo digital cria uma brecha para as empresas atingidas por esses tipos de processos judiciais. Mas o Nono Circuito colocou um peso consequente na palavra "de" em sua decisão no caso Robles.

"Embora os clientes acessem principalmente o site e o aplicativo dos restaurantes físicos da Domino’s, o júri afirmou que a ADA se aplica aos serviços de uma acomodação pública, não a serviços em um local público", disse a corte em sua decisão.  “O júri afirmou que o site e o aplicativo conectam os clientes aos bens e serviços de restaurantes físicos da Domino's”.

Usando esta leitura do Artigo III, o Nono Circuito reverteu uma decisão de 2017 do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Central da Califórnia de anular o caso que havia argumentado que devido ao fato de o Departamento de Justiça ainda não ter emitido regulamentos que regem a forma como o Artigo III se aplica à internet, exigir que o site e aplicativos da Domino's cumpram com a ADA foi uma violação de seus direitos ao devido processo legal garantido pela Décima Quarta Emenda.

“Embora entendamos por que a Domino's quer que o DOJ [Departamento de Justiça] emita diretrizes específicas para acessibilidade de sites e aplicativos, a Constituição exige apenas que a Domino's seja notificada adequadamente sobre seus deveres legais, não que receba diretrizes de como cumprir com suas obrigações estatutárias”, escreveu a Corte de Apelações do Nono Circuito em seu apelo em janeiro deste ano.

Por causa dessas decisões judiciais conflitantes, a petição da Domino's para a Suprema Corte para rever seu caso argumentou que a ação viola os direitos do devido processo, ressaltando que "o Artigo III não diz nada sobre sites ou aplicativos em smartphones".

É um argumento que se resume à semântica e intencionalmente ignora o estado do nosso mundo moderno, que, para muitos, é amplamente dependente do acesso a bens e serviços online. E também intencionalmente interpreta mal o escopo da ADA, uma lei de direitos civis poderosa que não se limita apenas a proibir a discriminação em estabelecimentos físicos – pelo menos, ainda não.

Um ‘tsunami de processos’

Minh Vu, advogada da Seyfarth Shaw LLP e especialista em acessibilidade da ADA, caracterizou o aumento de processos trazidos pelo Artigo III como um "tsunami de processos", acrescentando que os dados da empresa mostram que em 2018 havia mais de 2.250 processos judiciais envolvendo sites arquivados em tribunal federal. “Um número surpreendente, se você for pensar”, disse ela ao Gizmodo. E eles não estão confinados a organizações menores que podem não ter os recursos para incluir todos os usuários — processos foram movidos contra o site da Glossier e o Beyonce.com no último ano por não estarem em conformidade com a ADA.

“Quando você argumenta que a mais ampla lei de direitos civis para pessoas com deficiência, certamente neste país, e uma das principais do mundo, não abrange o lugar onde todos estão interagindo, isso é excludente”, Lainey Feingold, um autor e advogado de direitos para pessoas com deficiência com foco em acessibilidade digital, disse Gizmodo. “Isso é doloroso”.

Vu disse que a maioria desses processos são resolvidos sem ir a julgamento final. No caso contra a Domino’s, a Suprema Corte irá decidir no outono (nos EUA) se vai ou não ouvir o caso, e há apenas alguns resultados possíveis.

Uma é que a Suprema Corte decida não aceitar o caso, o que basicamente significa que nada mudaria na situação atual – tribunais inferiores continuarão a ouvir esses casos e nenhum precedente da Suprema Corte terá sido estabelecido.

Se a Suprema Corte decidir aceitar o caso e determinar que a ação não viola os direitos processuais da Domino's e que a Corte de Apelações do Nono Circuito dos Estados Unidos estava correta em sua afirmação de que esse caso tem a legitimidade de ser ouvido nos tribunais inferiores, isso estabeleceria um precedente para qualquer circuito que ainda não tenha decidido esta questão, a advogada dos direitos da pessoa com deficiência Eve Hill disse ao Gizmodo. Hill acrescentou que, no entanto, não mudaria nada se a regra da Suprema Corte fosse favorável ao demandante, porque nenhum tribunal, ou tribunal distrital que ela saiba, "sustentou que sites de locais como o da Domino's não são abrangidos".

Alternativamente – e este é o pior cenário possível, no que diz respeito aos direitos de acessibilidade – a Suprema Corte pode decidir que é injusto para as empresas responsabilizá-las por não tornar suas propriedades online acessíveis como ditado pelo Artigo III da ADA, já que nunca foram fornecidos padrões de acessibilidade. Caso a decisão seja essa, “isso encerraria todos esses casos imediatamente”, disse Vu.

“A Domino's acredita que a discriminação contra pessoas com deficiência está errada e apoia totalmente os esforços para tornar os sites e aplicativos móveis mais acessíveis”, disse um porta-voz da Domino's ao Gizmodo por e-mail. "A Domino’s também está comprometida com a acessibilidade e tem um forte interesse em alcançar todos os clientes, incluindo aqueles com deficiências. Na verdade, fornecemos muitas maneiras diferentes de nos conectarmos com a nossa marca e o nosso cardápio, incluindo vários dispositivos ativados por voz que podem ser adquiridos digitalmente e um assistente de voz encontrado tanto em nosso site quanto em aplicativos móveis".

“Estamos buscando uma análise dessa questão porque nós, juntamente com a ampla gama de grupos empresariais e organizações sem fins lucrativos, nos opomos a possibilidade de uma acusação estabelecer um alvo em movimento dos padrões que os sites e aplicativos móveis devem atender”.

A Domino’s não explicou o que quis dizer com um “alvo em movimento para os padrões que o site e os aplicativos móveis deveriam atender”, nem disse como seria um cenário na pior das hipóteses caso a Domino's não obtenha sucesso na Suprema Corte. É possível imaginar que a falta de especificidades de compliance poderia ser benéfica para uma empresa. Afinal, basta garantir que um grupo protegido possa usar um site em vez de seguir um protocolo específico para atingir esse objetivo. Quando perguntamos em várias ocasiões como o cumprimento da ADA na internet e nos aplicativos poderia criar um fardo indevido para a Domino’s, um porta-voz se recusou a dar um único exemplo do tipo de cenário ameaçador que eles sugerem em sua justificativa para a ação judicial.

Uma desculpa ruim

O Departamento de Justiça disse em 2010 que iria emitir regulamentações que dariam às instalações públicas e empresas como a Domino's um conjunto de diretrizes sobre o que constitui um site acessível. Mas isso nunca aconteceu. “As empresas foram pegas, não de surpresa, mas despreparadas porque esperavam ser informadas de quais regulamentos seguir”, disse Vu, acrescentando que, por volta dessa época, os advogados começaram a entrar com ações judiciais contra empresas que não conseguiam acomodar pessoas com deficiências.

E embora o governo dos EUA não tenha implementado as regulamentações sobre medidas de acessibilidade online, as amplamente aceitas Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web foram publicadas pela Web Accessibility Initiative do World Wide Web Consortium em 1999. Acabamos de passar do 20º aniversário desde que esses padrões foram estabelecidos, e aqueles que argumentam a favor de Robles e de outros processos alegando que websites inacessíveis violam a ADA apontam que, embora o Departamento de Justiça não tenha implantado diretrizes específicas para empresas, há recursos claramente delineados disponíveis para que eles possam estudar e tornar a extensão digital de seus serviços mais inclusivos.

Embora as empresas possam argumentar que precisam de diretrizes prescritas que sejam análogas aos tipos de regulamentações que governam um espaço físico, o fato é que os padrões da internet mudam muito mais rapidamente do que os reguladores provavelmente acompanhariam.

“Quando você é uma empresa, você tem que saber como fazer as coisas, e incluir mais clientes e respeitar os direitos civis das pessoas com deficiência é algo que você precisa saber fazer”, disse Feingold. "Essas empresas precisam tratar a acessibilidade da mesma forma que tratam privacidade e segurança".

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