segunda-feira, 16 de março de 2020

Gizmodo Brasil

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Se outras doenças matam mais, por que só se fala do novo coronavírus?

Posted: 15 Mar 2020 02:00 PM PDT

Agentes de saúde em Wuhan, na China. Crédito: Getty Images

O novo coronavírus, até o momento, tem um total de zero vítimas fatais em território brasileiro, enquanto no mundo já soma quase 5.000 óbitos. Se não tem havido mortes no Brasil, qual é o motivo de tanto alarde pelo tema?

Em 2019, a dengue matou mais de 700 pessoas no Brasil, e neste ano já temos notícias de milhares de prováveis casos em diferentes regiões do País. Já a gripe, algo que sempre acomete milhões de pessoas anualmente, teve mais de 300 mortes no ano passado. Neste cenário a pergunta que fica é: por que, mesmo com tantos problemas, só se fala em coronavírus?

Para responder a estes questionamentos, consultei três especialistas da área médica para explicar o motivo de alarme das autoridades e por que temos atualizações constantes sobre o assunto.

Novo coronavírus: 100% da população não têm anticorpos

Se fôssemos resumir, o principal motivo é o fator novidade. "É um vírus novo. Então 100% da população não têm anticorpos contra ele, além de não ter uma vacina", disse Rivaldo Venâncio, coordenador de vigilância em saúde e laboratórios de referência da Fiocruz, em conversa com o Gizmodo Brasil.

Por isso, segundo o João Prats, infectologista do BP (hospital Beneficiência Portuguesa), de São Paulo, mesmo sem vítimas fatais no Brasil, "o momento que uma epidemia começa a se desenvolver é o melhor para se tomar medidas para evitar que o vírus se espalhe".

Sobre as outras condições, a questão é que o novo coronavírus representa um elemento pouco conhecido para as autoridades de saúde. "A realidade sanitária de saúde coletiva do País é agravada com esta nova condição. Não está havendo uma substituição de parar de tratar outras condições em detrimento desta. O novo coronavírus pode representar uma sobrecarga ao sistema de saúde que já está saturado", afirmou Venâncio, da Fiocruz.

Sintomas de gripe, mas a situação pode ficar grave

Como você já deve ter ouvido, o COVID-19 tem sintomas muito parecidos com o da gripe, como tosse, coriza, dor no corpo, febre, espirros, garganta inflamada e, em casos graves, falta de ar.

Na maioria das vezes, os cuidados comuns com gripe devem ajudar a sanar os sintomas e a fazer com que o próprio sistema imunológico do paciente crie defesas. Então, se sentiu febre, tomar um anti-térmico; se a garganta estiver ruim, um anti-inflamatório deve ajudar a reduzir o incômodo. Além de repouso, quando houver indisposição e manter certo isolamento. Agora, se houver falta de ar, a recomendação é procurar um médico.

É justamente esta a preocupação dos infectologistas: casos mais graves de infecção por COVID-19 envolvem procedimentos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

"Nestas situações, são administrados cuidados de UTI, como receber algum tipo de suporte ventilatório, como a ventilação mecânica ou mesmo infecções secundárias bacterianas, que podem evoluir para insuficiência renal e cardíaca. Estes são os pacientes que devem falecer", disse Luiz Fernando Aranha, que é infectologista do hospital Israelita Albert Einstein.

Gráfico da Universidade de Michigan mostrando gráfico de infecção do novo coronavírus

Gráfico da Universidade de Michigan mostrando gráfico de infecção por vírus. Medidas impostas, como evitar aglomerações públicas, têm como objetivo reduzir a curva de disseminação do vírus. Crédito: University of Michigan

A grande questão é que quanto mais pessoas estiverem com o coronavírus, há mais chances de terem casos graves, ainda que sejam a minoria — na China, por exemplo, a mortalidade estava em 3%. No entanto, esta quantidade pequena pode demandar muito do sistema de saúde. Sem contar que com o fim do verão e a chegada de estações mais frias, já existe um certo preparo para casos agudos de gripe, e, obviamente, ninguém esperava que surgiria um novo vírus sem cura. De onde sairão leitos de UTI para atender todas estas pessoas de uma vez?

De acordo com o G1, no Estado de São Paulo, que concentra o maior número de casos confirmados de infecção para o novo coronavírus, as autoridades estimam que terão 460 mil casos da doença para os próximos meses — 80% serão de doença assintomática, enquanto 20% precisarão recorrer ao sistema de saúde. Desses, uma pequena porcentagem precisará de internação e uma menor ainda precisará de UTI.

Ao todo, estima-se que há no estado 100 mil leitos, somando hospitais privados, públicos e de beneverência; desses 7.200 de UTI. Mesmo assim, o governo do Estado promete criar mais 1.000 leitos de UTI, sendo 600 na região metropolitana e outros 400 espalhados pelo interior.

Quem deve se preocupar

Segundo os especialistas, crianças, adolescentes e adultos devem ser assintomáticos (portadores do vírus, mas sem sintomas) na maioria das vezes — para eles, o cuidado básico convencional para tratamento de uma gripe, quando houver algum tipo de manifestação de sintomas, deve ser o suficiente.

A preocupação maior é com idosos e pessoas com doenças crônicas pré-existentes, que podem ser mais vulneráveis à condição. Alguns exemplos de enfermidades que podem tornar o novo coronavírus mais potente: diabetes, doença pulmonar, cardiovascular ou renal.

Então, mesmo que você, em tese, não esteja em perigo, é importante que você tome cuidado, sobretudo no contato com pessoas que fazem parte do grupo de risco. Aí valem os cuidados que você já deve ter ouvido por aí: se tiver contato com pessoas infectadas, mantenha a higiene e evite aglomerações, mesmo que não tenha sintomas — há casos de pacientes assintomáticos ou que os sintomas não se manifestam de imediato, pode demorar até 5 dias. Em nosso guia, explicamos como se dá a infecção e de formas como se proteger.

O novo coronavírus deve infectar cada vez mais pessoas, mas cabe a nós frear isso para que as pessoas em estado grave possam ter o tratamento necessário para combater o COVID-19.

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Alphabet, dona do Google, está desenvolvendo um site para diagnosticar coronavírus nos EUA

Posted: 15 Mar 2020 12:30 PM PDT

Homem passa em frente à logotipo do Google na sede da empresa na Califórnia, EUA

Durante uma entrevista coletiva na sexta-feira (13) para declarar o novo surto de coronavírus uma emergência nacional, o presidente Donald Trump e outros membros da Casa Branca revelaram que um site de triagem de coronavírus estava supostamente sendo desenvolvido pelo Google e que em breve estaria disponível em todo o país. Segundo Trump, 1.700 engenheiros da gigante de tecnologia estão trabalhando neste projeto e “eles fizeram um tremendo progresso” até agora.

A coordenadora federal de resposta ao coronavírus, Dra. Deborah Birx, ainda tinha um gráfico mostrando como funcionaria (e tenho certeza de que é ilegal os gráficos mentirem). Você apenas responderia a um questionário sobre seus sintomas e, dependendo dos resultados, o site o direcionaria para o centro de testes drive-through mais próximo, que atualmente não está disponível em todo os EUA – ao contrário de outros países que já têm há semanas -, mas o governo está trabalhando nisso. O site exibiria os resultados do seu teste em alguns dias.

Aparentemente, porém, isso também era novidade para o próprio Google. Provavelmente porque o presidente norte-americano conseguiu errar quase todos os detalhes sobre a iniciativa.

O anúncio confundiu os executivos do Google, disse uma fonte de dentro da empresa à WIRED. Embora outra empresa sob o guarda-chuva corporativo da Alphabet, a Verily, focada em saúde, de fato está atualmente construindo uma ferramenta de triagem para direcionar as pessoas aos testes do Covid-19 (a doença causada pelo vírus), neste momento isso não está nem perto da escala que o presidente descreveu. Logo após o anúncio de Trump, a equipe de comunicação e assuntos públicos do Google postou uma declaração da Verily no Twitter, entrando em mais detalhes:

"Estamos desenvolvendo uma ferramenta para ajudar na triagem de indivíduos para os testes de Covid-19. A Verily está nos estágios iniciais de desenvolvimento e planeja lançar testes em Bay Area, com a esperança de expandir mais amplamente ao longo do tempo".

Em resumo: não é de âmbito nacional, não é fabricado pelo Google e, até Trump deixar abrir a boca, aparentemente nem seria disponibilizado publicamente. A chefe de comunicações da Verily, Carolyn Wang, disse ao Verge que este site de teste estava originalmente sendo projetado exclusivamente para profissionais de saúde.

Graças ao discurso do presidente, agora estará aberto para todos visitarem no lançamento. No momento, porém, ele só pode direcionar pessoas que exibem sintomas do Covid-19 para “locais-piloto” na área da baía. Wang disse ao Verge que espera expandir a ferramenta além da Califórnia “com o tempo”.

Tudo isso soa significativamente diferente do que a equipe da Casa Branca descreveu. Embora o conceito realmente soou exagerado, considerando como obstáculos burocráticos e outros atrasos têm deixado os EUA muito atrás de outros países quando se trata de fornecer kits de teste e torná-los facilmente disponíveis. O Covid Tracking Project confirmou 16.521 testes no país até quinta-feira. Atualmente, a Coreia do Sul eclipsa esse total em cerca de dois dias.

Quanto ao número de 1.700, foi mencionado em uma chamada de voluntários para toda a empresa que o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, enviou na quinta-feira. Conforme relatado pela CNBC em primeira mão, Pichai emitiu um memorando que mencionava como “um esforço de planejamento está em andamento” para a Verily “ajudar nos esforços contra o COVID-19 nos EUA”, que pode ser daí que Trump tirou a ideia em primeiro lugar sem qualquer habilidade de interpretação de texto.

O vice-presidente Mike Pence, que deve anunciar mais sobre o site nos próximos dias, negou as afirmações do governo de que este, de fato, é um projeto executado pelo Google. Durante uma conferência de imprensa no sábado, Pence disse que acreditava que o site será lançado na segunda-feira e que “não poderia ser mais grato a todas as pessoas do Google que criaram isso”.

No entanto, ele corrigiu a afirmação de que essa ferramenta seria inicialmente acessível em todo o território dos EUA, explicando que seria lançada na área da baía antes de chegar a todo o país.

“O objetivo aqui é criar um site muito rapidamente, primeiro para as pessoas que foram profundamente impactadas” em áreas como Califórnia e Nova York, disse Pence. Detalhes adicionais sobre o site estão por vir em breve, acrescentou.

Verily e o Google não responderam imediatamente às perguntas do Gizmodo e também não fizeram nenhum comentário público sobre uma data de lançamento planejada ou um cronograma definitivo para expansão em todo o país.

Quando o site da Verily – o atual, e não o que o presidente estava falando – for ao ar, ele estará disponível no Project Baseline, a ferramenta da empresa para conectar usuários a estudos de pesquisa clínica. Nos EUA, até o momento, houve mais de 2.000 casos confirmados de Covid-19 em 47 estados e Washington D.C., além de 41 mortes relatadas.

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ZTE está sendo investigada novamente pelos EUA, desta vez por acusações de suborno

Posted: 15 Mar 2020 10:30 AM PDT

Há três anos, a ZTE se declarou culpada por violar sanções comerciais contra o Irã e a Coreia do Norte. A empresa estava sujeita a uma proibição temporária da compra de tecnologia nos EUA, que foi facilitada após um acordo judicial que incluía uma multa de mais de US$ 1 bilhão em penalidades civis e criminais e a suspensão de todo o seu quadro de executivos. Agora, pouco depois de receber sua liberdade condicional, a ZTE está sendo investigada novamente.

Desta vez, de acordo com um novo relato da NBC, o Departamento de Justiça dos EUA está investigando a ZTE por potencialmente subornar funcionários estrangeiros a fim de obter favores nos negócios.

A maioria das pessoas conhece a ZTE como fabricante de smartphones, mas a empresa também é responsável pela fabricação de equipamentos de rede usados ​​na cobertura de celulares. Embora a NBC diga que não foi capaz de determinar os acordos específicos nos quais a ZTE pode ter subornado funcionários estrangeiros, como parte de seu acordo anterior com o departamento, a ZTE concordou em implementar um novo programa de ética e conformidade destinado a ajudar a impedir que os funcionários paguem ou aceitem subornos nos Estados Unidos e no exterior.

Se a ZTE for considerada culpada de subornar autoridades estrangeiras, isso pode significar um fim em suas operações comerciais nos EUA. Quando foi proibida de usar bens e componentes dos EUA anteriormente, o setor de smartphones da empresa foi essencialmente congelado; A ZTE depende fortemente de parceiros, incluindo Google e Qualcomm, para fornecer um sistema operacional e processadores para seus telefones. Mais recentemente, o presidente Donald Trump aprovou uma lei proibindo as telecomunicações rurais dos EUA de usar equipamentos de rede da Huawei e da ZTE.

No ano passado, a ZTE tentou voltar ao mundo dos smartphones com o Axon 10, mas mesmo na época já estava tentando voltar a um mercado cada vez mais competitivo. Se a ZTE for forçada a ficar de fora por mais um ano (ou mais), ela poderá não se recuperar mais.

O Gizmodo entrou em contato com a ZTE para uma declaração oficial sobre o assunto e atualizará a história se recebermos resposta.

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Quanto tempo o coronavírus pode sobreviver no ar e em superfícies?

Posted: 15 Mar 2020 08:00 AM PDT

Além da rápida disseminação, um dos fatores que tem gerado muito medo entre as pessoas em relação ao novo coronavírus (COVID-19) é o fato de que ainda se sabe pouco sobre ele. Enquanto os órgãos de saúde recomendam práticas de higiene básica, como lavar as mãos, ainda há muitas dúvidas sobre as medidas de prevenção. Felizmente, muitos pesquisadores estão se dedicando a estudar melhor o comportamento do vírus e uma pesquisa recente mostra que o SARS-CoV-2  pode sobreviver em materiais de plástico de 2 a 3 dias, por exemplo.

A ideia de lavar as mãos não é apenas para o caso de você cumprimentar alguém, mas principalmente porque estamos constantemente em contato com superfícies que podem estar contaminadas. Isso significa então que você deve correr pela casa desinfetando cada cômodo de minuto a minuto? Afinal, quanto tempo o coronavírus pode sobreviver no ar e em superfícies?

O site da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) Brasil, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), diz o seguinte:

Não se sabe ao certo quanto tempo o vírus que causa o COVID-19 sobrevive em superfícies, mas ele parece se comportar como outros coronavírus. Uma série de estudos aponta que os coronavírus (incluindo informações preliminares sobre o vírus COVID-19) podem persistir nas superfícies por algumas horas ou até vários dias. Isso pode variar conforme diferentes condições (por exemplo, tipo de superfície, temperatura ou umidade do ambiente).

Se você acha que uma superfície pode estar infectada, limpe-a com um desinfetante simples para matar o vírus e proteger a si e aos outros. Limpe as mãos com um higienizador à base de álcool ou lave-as com água e sabão. Evite tocar nos olhos, boca ou nariz.

Para responder melhor essa questão, o National Institutes of Health (NIH), uma agência do governo dos EUA, realizou uma pesquisa sobre o tempo que o vírus pode permanecer em diferentes tipos de superfícies.

Em resumo, os resultados mostraram que o novo coronavírus sobrevive até 4 horas em superfícies de cobre; até 24 horas em papelão; e de 2 a 3 dias em plástico e aço inoxidável. Já em relação ao ar, o estudo mostrou que o vírus permanece por até 3 horas após ser expelido por tosse, espirro ou exalado por uma pessoa infectada. No entanto, os autores ressaltaram que ainda não está claro se a doença pode ser transmitida de pessoa para pessoa pelo ar.

Outra conclusão apontada pelos autores é que, após uma comparação entre o SARS-CoV-2 (vírus que causa o atual coronavírus) e o SARS-CoV-1 (responsável pelo surto de SARS em 2003), observou-se que ambos tendem a sobreviver em superfícies pelo mesmo intervalo de tempo. Ou seja, a disseminação mais acentuada do atual SARS-CoV-2 provavelmente não está relacionada a uma capacidade de ele sobreviver em superfícies por mais tempo.

Em meio à atual pandemia, a Apple e outras fabricantes de aparelhos eletrônicos já informaram que é possível (e necessário), sim, desinfetar os produtos sem danificar o dispositivo.

[Gizmodo Espanha]

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Por que é difícil dormir quando está muito quente — e como o aquecimento global pode piorar tudo

Posted: 15 Mar 2020 05:39 AM PDT

O Verão já está quase no fim, mas ainda teremos algumas noites insuportavelmente quentes pela frente que podem dificultar um bom sono. Felizmente, existem maneiras de você amenizar este período que, para alguns, pode ser um grande aborrecimento. Em meio a noites mal dormidas no começo de ano, a equipe ficou se perguntando por que diabos é tão difícil dormir quando está calor — e como ter essa informação pode ajudar a descansar melhor quando as altas temperaturas voltarem.

O que descobrimos foi que diversos fatores desempenham algum papel na orquestração da sua noite inquieta de verão, em que o sono até bate, mas sua mente não consegue se desgrudar da sensação de que seu quarto serviu de forno de pizzaria durante o dia todo e nem a noite foi capaz de abaixar o termômetro.

Magali Lumertz é pediatra e pneumologista infantil especialista em medicina do Sono no Hospital São Lucas da PUC-RS. A primeira coisa que ela nos diz, essencial para entender a dificuldade de cair no sono nas quentes noites de verão, é que, durante o processo de indução do sono, é necessário que nossa temperatura corporal central diminua — portanto, evidentemente, quando está calor, esse processo é prejudicado.

"Além de termos dificuldade em iniciar o sono, a arquitetura dele também é negativamente afetada, o que se traduz em um sono não (tão) restaurador como seria se o ambiente estivesse numa temperatura agradável", explica Lumertz em entrevista ao Gizmodo Brasil.

Em entrevista ao Business Insider, David Brodner, especialista do sono e fundador de um centro para cuidado do sono no condado de Palm Beach, na Flórida, chama a atenção para outro importante fator: hormônios.

A Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos aponta os hormônios como uma das principais causas de insônia. No caso específico do verão, isso fica evidente. O nosso corpo produz um hormônio utilizado para nos deixar sonolentos quando escurece, a melatonina. A melatonina, por sua vez, é regulada pela luz do Sol. Basicamente, o Sol se põe, escurece, o nível de melatonina dentro da gente cresce, e esse é o sinal para o cérebro de que está na hora de ficar cansado e com sono.

Durante o dia, a luz do Sol que entra por nossos olhos está comunicando que é preciso ficar acordado. A partir do momento em que os dias são mais longos, com mais horas de luz do Sol por causa do Verão, isso significa que a mensagem que nosso corpo recebe durante essa estação é para ficar acordado por mais tempo.

“No verão, os dias ficam mais longos, então estamos sendo estimulados por luz do Sol cada vez mais tarde, e, dependendo de onde você vive, isso pode ser bem tarde", resumiu Brodner ao Business Insider.

O especialista conta que a temperatura ideal para cair no sono é entre 15,5 ºC e 19,4 ºC, um número basicamente impossível de se alcançar para quem mora no Brasil e não tem um ar-condicionado. Ainda assim, existem, sim, coisas que você pode fazer para cair no sono mais facilmente durante noites quentes.

Como dormir no calor

Se você não tem um ar-condicionado, Magali Lumertz diz que um ventilador já ajuda, lembrando sempre de mantê-lo adequadamente limpo. Mas você obviamente já tentou isso, então avancemos para outras alternativas.

"Quando ar-condicionado e ventilador não estiverem disponíveis, (a solução é) tentar refrescar o quarto/ambiente de dormir, resguardando-o do calor durante o dia (como por uso de cortinas) e ventilando-o à noite (como por meio da abertura das janelas)", aconselha Lumertz.

A especialista recomenda também que se evite realizar atividades físicas no fim de tarde e à noite, apontando também que a hidratação ao longo do dia também pode ajudar a manter um controle sobre sua temperatura corporal. "O uso de toalhas e/ou lençóis úmidos também auxiliam na redução do calor, mas podem não ser tão convenientes", acrescenta. Por fim, você não vai gostar disso, mas Lumertz indica que a presença de equipamentos eletrônicos conectados à rede elétrica que liberem calor em seu quarto irá, bom… aumentar a temperatura dentro do seu quarto. Então, escolha: vai para a cama com a Netflix ligada no videogame de som de fundo ou com um ambiente menos abafado?

Da mesma forma que medidas para evitar o aquecimento do corpo são benéficas neste período de noites quentes de verão, ações para esfriá-lo podem ser o detalhe entre uma noite horrível e uma tolerável. Tome um banho gelado antes de dormir, beba água gelada, deixe um spray com água gelada na cabeceira — mas tenha em mente que você vai ter, sei lá, dez minutos antes que essa água evapore nesse calor dos infernos.

Nada é tão ruim que não possa piorar

Você que está lendo esta matéria provavelmente mora no Brasil, então você sabe o quão real esta frase acima é. E ela é verdadeira também para falar do seu sono.

A essa altura você talvez já tenha feito a ligação: "Se noites mais quentes dificultam o sono, o aquecimento global só vai piorar tudo". Acertou, desgraça! Um grupo de cientistas de Harvard e da Universidade da Califórnia em San Diego conduziram um estudo, publicado em 2017, para descobrir o que acontecerá exatamente com nosso sono quando as temperaturas subirem. Para chegar nisso, eles analisaram levantamentos de saúde conduzidos por Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos entre 2002 e 2011, interessados mais especificamente na seguinte questão: "Durante os últimos 30 dias, em quantos dias mais ou menos você sentiu que não descansou ou dormiu o bastante?"

Os pesquisadores então ligaram as respostas às datas e às cidades em que essas pesquisas foram realizadas, determinando o número de noites de calor incomum nesses períodos de 30 dias.

O resultado a que chegaram foi que temperaturas mais altas que a média aumentam o número de noites mal-dormidas, especialmente no verão. Em média, um salto de um grau Celsius na temperatura aumentou em três noites por mês o número de sonos ruins.

Esse cenário afeta principalmente pessoas com baixa renda, impossibilitadas de comprar um ar-condicionado, e pessoas mais velhas, cujos corpos não apresentam a mesma capacidade de regular temperaturas que os de pessoas mais novas — com a diferença chegando a ser dez vezes maior para pessoas que, além de ter mais de 65 anos, são de baixa renda.

Cientistas projetaram, usando dados da NASA, que as noites excepcionalmente quentes nos Estados Unidos deverão acrescentar seis noites de sono precário a cada 100 pessoas até o ano de 2050, com esse número chegando a mais 14 noites em 2099.

Nick Obradovich, líder do estudo, disse ao Estadão em 2017 que, em países mais pobres, como o Brasil, os efeitos observados podem ser ainda maiores. Então, considerando a maneira como nós, humanos, temos lidado com o aquecimento global e a natureza, é melhor já ir se acostumando.

[Verge via Science Advances, Business Insider]

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