quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Gizmodo Brasil

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Nubank testa Resgate Planejado, investimento com rendimento acima de 100% do CDI

Posted: 11 Aug 2020 03:30 PM PDT

Cartão do Nubank

O Nubank está testando uma opção de investimento que rende mais do que 100% do CDI. Chamado de Resgate Planejado, é preciso que o usuário opte por deixar o dinheiro mais tempo na conta, sem mexer nele – por isso, o investimento está disponível na ferramenta “Guardar dinheiro”.

O Resgate Planejado ainda está em fase de testes e somente alguns usuários poderão fazer o investimento neste momento. Se você conhece o investimento em CDB de outros bancos, vai perceber que é praticamente a mesma coisa com um nome diferente.

As opções de tempo variam e, segundo o Nubank, podem render até 118% do CDI para o resgate em dois anos. O produto não exige valor mínimo de depósito e possui cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) de até R$ 250 mil por CPF. Vale notar que uma vez que o dinheiro é investido, só é possível retirá-lo depois da data planejada.

O dinheiro depositado na NuConta, por outro lado, rende 100% do CDI, com liquidez diária – ou seja, você pode mexer quando quiser.

A taxa do CDI, Certificado de Depósito Interbancário, fica próxima à taxa básica de juros (Selic), que sofreu diversos cortes recentemente e hoje está em 2% ao ano. No caso para um investimento para retirada daqui dois anos, com 118% do CDI, você teria um rendimento de cerca de 2,36% ao ano.

Além disso, é preciso ficar atento aos impostos. As aplicações de renda fixa tradicionais sofrem tributação que varia de 15% e 22,5% sobre os rendimentos, conforme o prazo da aplicação. Para aplicações de até 180 dias a alíquota é de 22,5%; de 181 a 360 dias são 20%; de 361 a 720 dias são 17,5%; e mais de 720 dias, o imposto é de 15%.

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Google libera modo Hora de Dormir e novos recursos de acessibilidade para Android

Posted: 11 Aug 2020 02:23 PM PDT

Antes do lançamento oficial do Android 11, o Google está liberando algumas atualizações para todos os celulares rodando Android 6 ou superior. Isso inclui algumas mudanças úteis para o Android Auto, um novo modo de hora para dormir, serviços de emergência aprimorados e melhorias na acessibilidade para pessoas com deficiência visual.

Pode parecer que não existe relação entre esses recursos, mas o objetivo dessas atualizações é ajudar a facilitar um pouco as coisas que você já faz e, ao mesmo tempo, reduzir as distrações e, em caso de acidente, fornecer mais informações para que as equipes de socorro possam prestar um atendimento melhor.

Novidades no Android Auto

Começando com o Android Auto, o Google atualizou sua interface de usuário para que, junto com as direções, você também possa ver uma pequena lista dos próximos compromissos da agenda. Assim, você mantém as mãos no volante e evita a necessidade de mudar entre diferentes apps enquanto dirige.

Interface do Android Auto vai facilitar entrar em contato com participantes de uma reunião. Crédito: GoogleInterface do Android Auto vai facilitar entrar em contato com participantes de uma reunião. Crédito: Google

Para compromissos que têm um número de telefone associado, o Google até adicionou um botão de discador, que permitirá que você ligue com um único toque em vez de precisar ficar procurando na sua agenda. E, graças a um aplicativo de configurações reformulado, os usuários do Android Auto devem ter mais controle sobre o que veem na tela de infoentretenimento do carro.

Modo Hora de Dormir

Para as pessoas que querem relaxar à noite, o Google está implementando o modo Hora de Dormir (que antes estava disponível apenas em telefones Pixel) para todos os dispositivos Android.

Ele traz uma série de recursos, como desativar notificações após um determinado horário, definir lembretes para a hora de dormir que aparecerão, por exemplo, no YouTube (na hora exata ou depois que acabar o vídeo que está você está vendo) ou escolher entre uma seleção de sons ou músicas do YouTube Music ou Spotify para ajudá-lo a relaxar antes de cair no sono.

Pela manhã, o Google também adicionou o Nascer do Sol, que liga a tela do seu celular antes de o despertador tocar. O brilho da tela vai subindo, e ela vai passando de laranja para amarelo. A ideia é ajudar a pessoa a acordar suavemente.

Todos esses novos recursos do modo Hora de Dormir estarão disponíveis em uma nova guia dentro do app de Relógio do Google.

Serviço de emergência e rede de Androids para detectar terremotos

Quando se trata de emergências, caso você precise ligar para pedir ajuda, o Google está expandido o ELS (Emergency Locations System) do Android para fornecer à equipe de emergência as configurações de idioma do seu dispositivo.

Isso deve facilitar a comunicação dos socorristas com você quando chegaram ao local ou, nos casos em que você não fala o idioma nativo, um aviso prévio de que eles talvez precisem achar um tradutor.

Além disso, pensando nos moradores da Califórnia preocupados com terremotos, o Google fez parceria com o US Geological Survey e o Gabinete de Serviços de Emergência do Governador da Califórnia para enviar alertas aos residentes, dando aos moradores alguns segundos para reagir e se preparar antes que o terremoto chegue a eles.

Enquanto isso, para pessoas que vivem fora da Califórnia (especialmente em lugares que não têm uma rede de sismômetros), o Google está dando aos telefones Android a possibilidade de fazer parte do sistema Android Earthquake Alerts, que transforma os aparelhos em minissismômetros móveis, criando o que o Google está chamando de a maior rede de detecção de terremotos do mundo.

No caso de haver atividade sísmica, seu telefone pode enviar dados para o servidor de detecção de terremotos do Google com informações "brutas" sobre o local do tremor, que o Google pode usar para determinar onde um terremoto está acontecendo e, em seguida, exibir essas informações na pesquisa do Google.

Novos recursos de acessibilidade e escaneamento de documentos

Por fim, para qualquer pessoa cega ou com deficiência visual, o Google adicionou novos recursos ao seu app Lookout, que usa a visão computacional para ajudar as pessoas nas atividades diárias.

Uma grande atualização do Lookout inclui um novo recurso que permite que as pessoas digitalizem documentos usando a câmera do telefone para facilitar o processamento dessas informações pelo leitor de tela do aparelho.

Usando o novo modo Food Label (rótulo de alimento, em tradução livre), o Lookout ajudará a guiar as mãos da pessoa para a melhor posição da câmera, de modo que a aplicação possa ler o código de barras no pacote de alimento e, assim, ter uma melhor descrição dele.

E com o novo modo de escanear documentos, usuários com deficiência visual conseguirão tirar fotos de itens como recibos ou cartas, cujos conteúdos podem ser enviados para uma ferramenta de leitura na tela.

O Google até atualizou o leitor de tela nativo TalkBack do Android com um design mais acessível, que deve facilitar o trabalho de centralizar o texto na tela do seu telefone e uma interface atualizada que exige menos toques para acessar os recursos mais usados.

A maioria dos novos recursos deve começar a ser liberada hoje em dispositivos com Android 6 ou superior. No caso do Android Auto, as mudanças chegam ainda neste mês.

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Qualcomm e Google investem US$ 230 mi em dona da marca Nokia; plano é crescer no Brasil

Posted: 11 Aug 2020 02:18 PM PDT

Nokia 2.3

A HMD Global, empresa que fabrica os celulares da Nokia, vai ganhar um empurrãozinho com um investimento de US$ 230 milhões realizado pelo Google, Qualcomm e Nokia Technologies. A ideia é impulsionar o desenvolvimento de smartphones com tecnologia 5G e fortalecer a presença em mercados estratégicos como o Brasil.

A HMD Global é uma companhia finlandesa que licencia o uso da marca Nokia desde 2016. A arrecadação faz parte de uma rodada de investimentos que envolveu três parceiros, incluindo a própria Nokia, que licencia a marca para a HMD Global utilizar em seus smartphones. Google e Qualcomm também são nomes de pesos que, além da grana, trazem componentes importantes: o sistema operacional Android e os processadores Snapdragon, respectivamente.

De acordo com um comunicado da companhia, o investimento irá impulsionar principalmente quatro áreas.

A ideia é expandir a presença nos principais mercados em crescimento, incluindo Brasil, Índia e continente africano. Além disso, a companhia quer tornar o 5G acessível aos consumidores e fechar parcerias com operadoras dos EUA.

A companhia também planeja fazer a transição para as ofertas digitais, pensando em “uma realidade pós-COVID” e fortalecer serviços móveis como o HMD Connect, que oferece roaming de dados global.

Recentemente, a Nokia voltou ao Brasil com o Nokia 2.3, um smartphone básico que tem preço sugerido de R$ 899. A marca quer lançar ainda mais dois modelos até o final do ano no País e tudo indica que o foco inicial será nesse segmento de aparelhos mais baratos, com especificações modestas.

Esse retorno ao País acontece em parceria com a Multilaser. Segundo Junior Favaro, diretor de marketing e vendas da HMD Global no Brasil, o papel da companhia brasileira é a de fornecer suporte na distribuição e comercialização de produtos, já que a empresa tem uma cadeia de distribuição de produtos para todo o Brasil.

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O que se sabe sobre a Sputnik V, vacina russa que promete imunizar contra COVID-19

Posted: 11 Aug 2020 12:11 PM PDT

Imagem microscópica do SARS-CoV-2

A Rússia anunciou o registro da primeira vacina para prevenção de COVID-19. Chamada de Sputnik V, ela deve começar a ser aplicada em trabalhadores da saúde e professores ainda este mês e para a população em geral até o fim do ano, segundo Mikhail Murashko, ministro da saúde do país. O anúncio foi feito pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Apesar de ter sido aprovada pelas autoridades do país, nem todos os testes em relação à eficácia e à segurança da vacina foram concluídos. Também não houve a divulgação de nenhum estudo com dados clínicos, o que levanta preocupações e questionamentos.

A Sputnik V teve um desenvolvimento bem apressado. Como lembra a BBC, os primeiros testes começaram em junho, meses depois das candidatas de outros países, e ainda não foram conduzidos os testes da chamada fase 3, a última antes da aprovação.

Além disso, não houve a divulgação de dados clínicos ou evidências das duas primeiras fases de testes conduzidas pelo Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia, também conhecido como Instituto Gamaleya de Moscou, responsável pelo desenvolvimento da vacina.

Toda vacina passa por três fases de testes clínicos para ser aprovada. Nos dois primeiros, ela é testada em pequenos grupos para verificar efeitos colaterais e resposta do sistema imunológico.

Se aprovada nessas duas fases, ela segue para a fase 3, que envolve um número muito maior de pacientes e a comparação com o uso de um placebo para verificar se a proteção imunológica foi mesmo eficaz. Por envolver mais pessoas, outros efeitos colaterais e questões de segurança também são verificados também nesta fase.

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, órgão com atribuições equivalentes às da Anvisa no Brasil, diz que serão necessários resultados pelo menos 50% melhores em relação ao placebo para aprovar uma vacina contra o coronavírus.

De acordo com o rastreador de vacinas do coronavírus da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas seis candidatas estão nessa fase — entre elas, a da Universidade de Oxford, que deve ser testada e produzida no Brasil, e a da empresa chinesa SinoVac, a ser produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. A Sputnik V não consta nessa lista.

A OMS disse nessa terça (11) que a Rússia não precisa de seu aval para aprovar uma vacina, mas, está em contato com autoridades do país para revisar os dados do Instituto Gamaleya. Na semana passada, a organização alertou que vacinas não devem ser administradas sem passarem pelas fases protocolares de testes clínicos.

Existe o temor de que os protocolos tenham sido deixados de lado para a Rússia pudesse conquistar o título de primeiro país a desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus, um feito que serviria como propaganda. O nome escolhido, aliás, lembra o Sputnik-1, primeiro satélite artificial colocado em órbita pela humanidade no contexto da corrida espacial da Guerra Fria.

Segundo o New York Times, a mídia estatal russa vem promovendo a ideia de que o país lidera a corrida pela vacina. Ao Guardian, Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, disse que o país já fechou acordos internacionais para entregar 500 milhões de doses da vacina, e há pedidos de outros 20 para mais 1 bilhão de doses.

Também houve acusações dos governos dos EUA, do Canadá e do Reino Unido de que hackers bancados pelo governo russo estariam tentando roubar informações sobre o desenvolvimento de vacinas nesses países.

A Sputnik V só vai passar pelos testes de fase 3 nos próximos meses, ao mesmo tempo em que é produzida em massa. De acordo com informações de agências russas, os testes seriam realizados no próprio país e também na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos, no México e no Brasil.

Por aqui, o Governo do Paraná anunciou um acordo com a Rússia para conduzir os testes no Brasil e produzir futuramente a vacina no Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). O experimento, porém, ainda precisa da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que ela só esteja disponível, se tudo correr bem, no segundo semestre de 2021.

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Com baterias poderosas e melhor gerenciamento, smartphones passam mais tempo longe da tomada

Posted: 11 Aug 2020 11:47 AM PDT

Na hora de escolher um bom smartphone, um dos itens mais considerados pelos consumidores é a autonomia de bateria. Afinal, ninguém gosta da ideia de ficar sem energia bem na hora em que está assistindo a sua série preferida ou mesmo durante uma ligação importante. E ter que conectar o aparelho com muita frequência à tomada também não é nada agradável. A boa notícia  é que é cada vez maior o número de opções de smartphones que oferecem ótimo tempo de autonomia aos usuários.

"Além de contarem com baterias com maior capacidade, acima dos 4.000 mAh, os novos smartphones trazem melhores chipsets, que oferecem menor consumo de energia e recursos de Inteligência Artificial, que gerenciam de forma mais efetiva o consumo dos aparelhos", explica Hernan Descalzi, gerente da área de mobilidade da MediaTek para o Cone Sul. A MediaTek é a líder no mercado de chipsets para smartphones na América Latina, segundo dados da IDC.

Um bom exemplo de smartphone que permite ao seu usuário ficar muito tempo longe da tomada é o moto g8 power lite. O aparelho, lançado recentemente pela Motorola, traz uma bateria de 5000 mAh que permite até dois dias de uso do aparelho. "O moto g8 power lite é um aparelho que alia uma superbateria, sistema de câmera tripla, muito espaço para armazenar arquivos, velocidade e alta performance", afirma o head de Produtos da Motorola Brasil, Thiago Masuchette.

No comando do aparelho está um processador MediaTek Helio P35, um octa-core de 2.3 GHz que permite navegar pela internet, ver filmes, trabalhar ou jogar, entre outras funções, com velocidade e alta performance. Tudo isso com baixo consumo de energia.

O moto g8 power lite também traz 64 GB de memória interna e 256 GB de memória expansível, tela grande de 6,5 polegadas HD+ (que com proporção de 20:9 oferece uma visão mais ampla do conteúdo) e sistema de câmera tripla, oferecendo recursos como modo macro, zoom 4x, foco rápido e efeito bokeh. Tudo isso por menos de R$ 1.500.

Confira o infográfico abaixo com as especificações detalhadas do smartphone!

Mas não só a autonomia da bateria vem sendo uma novidade nos smartphones intermediários. Conversamos com Hernan Descalzi, Gerente Sênior da área de mobile para o Cone Sul da MediaTek, e Samir Vani, Country Manager também da MediaTek, para entender quais outras tecnologias foram aplicadas nos celulares dessa faixa de preço e como a indústria está se preparando para os próximos anos. Assista ao vídeo!

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Os aviões Boeing 747 ainda usam disquetes para atualizações críticas de software

Posted: 11 Aug 2020 11:04 AM PDT

Drive de disquete em avião. Crédito: Captura de tela/Aerospace Village

Já se passaram aproximadamente 12 milhões de anos desde a última vez que a maioria de nós usou um disquete, mas, aparentemente, a tecnologia antiquada ainda desempenha um papel crítico no fornecimento de atualizações de software para aviões 747-400, da Boeing.

A descoberta foi cortesia da empresa de segurança cibernética Pen Test Partners e foi inicialmente relatada pelo site The Register.

Como parte da conferência virtual de hackers Def Con deste ano, a Pen Test Partners exibiu um vídeo passo a passo de um 747 da British Airways depois que a companhia aérea decidiu aposentar toda a sua frota no mês passado devido à pandemia global. O vídeo de 10 minutos é um vislumbre de detalhes da cabine do avião — onde a Pen Test Partners descobriu uma unidade de disquete de 3,5 polegadas.

Aparentemente, o drive de disquete é o carregador de banco de dados de navegação do 747 e precisa ser atualizado a cada 28 dias. Por exemplo, algum pobre engenheiro precisaria visitar cada 747-400 e colocar uma atualização manualmente… Ou os aviões não seriam capazes de voar. E não são apenas os 747s.

De acordo com o Verge, a maioria dos Boeing 737s também são atualizados por meio de disquetes. Os operadores desses aviões, de acordo com uma reportagem do Aviation Today de 2014, têm pastas cheias de disquetes "para todos os aviões que precisam". Isso inclui informações importantes como aeroportos, pistas, rotas de voo e pontos de referência usados pelos pilotos para fazer planos de voo. Também parece terrivelmente ineficiente, pois enquanto alguns sistemas podem exigir apenas um disquete de atualizações, outros podem exigir até oito disquetes.

Você pensaria que nos seis anos desde 2014, alguém teria descoberto uma maneira de trazer a indústria da aviação para o século 21. Surpreendentemente, uma reportagem do Aviation Today observa que mesmo em 2020, um "número significativo de companhias aéreas ainda está usando disquetes para carregar software".

Para ser justo, o 747-400 é um avião antigo que voou pela primeira vez há 32 anos, em 1988, quando os disquetes reinavam. Hoje em dia, no entanto, os disquetes são principalmente são usados em manutenção de sistemas legados comerciais e industriais — coisas que foram construídas para durar, mas não foram preparadas para o futuro ou não são facilmente substituídas.

Por exemplo, foi só no ano passado que os militares dos EUA pararam de usar disquetes de 8 polegadas para ajudar a gerenciar seu sistema de armas nucleares. Em 2018, as vendas de disquetes realmente aumentaram quando pequenas gravadoras independentes mudaram para o disquete de 3,5 polegadas no auge da tendência vaporwave.

Mas voltando aos aviões, moderno nem sempre é melhor. O Boeing 737 Max, por exemplo, apresentava sistemas de software avançados, mas falhas resultaram em dois acidentes horríveis que mataram 346 passageiros, levando a Boeing a interromper a produção da linha no final do ano passado. Mais um problema de software com o 737 Max foi descoberto em fevereiro e, depois de mais de um ano dos aviões sem poderem voar, a Boeing reiniciou a produção em maio.

Por outro lado, enquanto o Boeing 737-400 não está mais em produção, apenas dois já estiveram envolvidos na morte de passageiros em 8,42 milhões de voos, de acordo com o site Airsafe.com.

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Google adia data do fim dos aplicativos do Chrome

Posted: 11 Aug 2020 08:07 AM PDT

Logotipo do Google Chrome

O Google adiou a data para descontinuar os aplicativos do Chrome – uma funcionalidade que você talvez nem lembre que exista.

Os apps do Chrome, que são diferentes das extensões do navegador, são programas instalados no browser mas que podem ser iniciados de forma independente a partir do desktop, assim como outros programas.

Como lembra o Verge, um dos exemplos de aplicativo do Chrome é o Pocket, que permite aos usuários salvarem artigos e textos para ler depois em uma janela separada e independente do navegador.

Os aplicativos do Chrome no Linux, Mac e Windows deveriam deixar de funcionar em junho deste ano. Mas de acordo com o 9to5Google, o Google aparentemente repensou a ideia. Em um blog post desta segunda-feira (10), a companhia escreveu que os aplicativos do Chrome nesses três sistemas operacionais não serão desligados até junho de 2021 com base no “feedback de nossos clientes e parceiros”.

As organizações que confiam nos aplicativos por algum motivo podem solicitar uma extensão que os dará suporte até junho de 2022, que é também quando o suporte aos aplicativos Chrome no ChromeOS está programado para se encerrar.

Se tudo correr conforme o planejado, em junho de 2022 os aplicativos do Chrome devem acabar definitivamente. A Chrome Web Store “deixará de aceitar apps novos e atualizações de aplicativos privados e não listados” a partir dessa data, de acordo com o Google, bem como terminará o suporte a aplicativos e APIs associadas em todas as plataformas.

O anúncio do fim do suporte aos aplicativos do Chrome foi feito em 2016, com a justificativa pela falta de adoção generalizada (apenas 1% dos usuários do Chrome no Mac, Linux e Windows tinham instalado um app), bem como atualizações que tornaram o Chrome muito mais capaz de atividades como “trabalhar offline, enviar notificações e conectar-se ao hardware”.

A Chrome Web Store retirou sua categoria de aplicativos em dezembro de 2017, quando começou a implementar seus sucessores, os Progressive Web Apps, que permitem que os websites se pareçam mais com aplicativos e não estão limitados a rodar no Chrome.

As extensões do Chrome, que são muito populares, não serão impactadas por essas mudanças. O Google recomenda que os desenvolvedores de qualquer aplicativo do Chrome ativo façam a transição para o Progressive Web Apps, páginas web aprimoradas por extensões, ou extensões, bem como notifiquem seus usuários com antecedência para fazer a mudança.

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Uber Pass: assinatura de R$ 25/mês oferece desconto em entregas e corridas de UberX

Posted: 11 Aug 2020 06:16 AM PDT

Logotipo da Uber

A gente já paga vários tipos de assinatura de serviços, de itens essenciais, como a conta de energia elétrica, a outros nem tão essenciais como plataformas de streaming de música e filmes. Nesta terça-feira (11), a Uber apresentou ao mercado brasileiro a sua opção, chamada Uber Pass, que conta com benefícios em todos os serviços da empresa.

Custando R$ 25 por mês, o Uber Pass possibilitará entrega sem custos adicionais em pedidos e compras em supermercado, além de dar desconto em viagens de UberX e preferência de atendimento em canais de suporte. Abaixo, os detalhes do Uber Pass

  • Entrega sem custos adicionais em todos os pedidos de Uber Eats de mais de R$ 30;
  • Entrega sem custos adicionais em todos os pedidos de Cornershop de mais de R$ 100;
  • 10% de desconto em todas as viagens de UberX, em qualquer cidade do país;
  • Atendimento preferencial nos canais de suporte da Uber.

Tela do Uber Pass, o serviço de assinatura da Uber

A aposta da empresa em serviços de assinatura vem após outros aplicativos implementarem opções semelhantes. A colombiana Rappi, por exemplo, conta com o Prime, que além de oferecer entregas gratuitas é também um clube de benefícios com possibilidade de cashback. Em contrapartida, a Uber oferece desconto em corridas, algo que a Rappi ainda não faz, porém não me surpreenderia se em algum momento oferecessem serviço de mototáxi.

No caso da Uber, o investimento neste ramo parecia esperado, pois há uns meses atrás recebi uma pesquisa da companhia perguntando justamente sobre um plano de assinatura. Sem contar que em divulgação recente de resultados financeiros do segundo trimestre, o negócio de entrega, o mais contemplado no novo serviço da Uber, já havia superado o de corridas.

Óbvio que isso tem relação com esses tempos de pandemia: com o distanciamento social, menos gente saiu por aí em corridas intermediadas pela plataforma, enquanto o delivery cresceu substancialmente. De acordo com a companhia, as entregas geraram receitas de quase US$ 7 bilhões (US$ 6,96 bilhões para ser mais exato), enquanto as corridas geraram US$ 3,05 bilhões.

Mesmo assim, em comunicado, a Uber ressalta que o produto mais famoso no Brasil é o Uber X. Além disso, a companhia cita a expansão de serviços oferecidos no Uber Eats — aos poucos, a plataforma passou de apenas entregar comida para também entrar nos ramos de produtos para pets, farmácia, lojas de conveniência e até compras, em uma parceria com a Cornershop.

De acordo com a companhia, quem assinar o Uber Pass terá um mês grátis do serviço, além de ter desconto de 10% em um pedido feito via Uber Eats.

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Amazon renomeia Twitch Prime para Prime Gaming

Posted: 11 Aug 2020 05:53 AM PDT

Logo do Prime Gaming

A Amazon parece querer expandir a sua influência nos games para além das fronteiras do popular serviço de streaming Twitch e, por isso, está renomeando o plano de assinatura Twitch Prime para Prime Gaming.

Apesar da mudança de nome, o Prime Gaming continua igual. Os assinantes ainda receberão benefícios como caixas e itens cosméticos nos games como GTA: Online, League of Legends, Apex Legends, entre outros e poderão baixar gratuitamente uma seleção de jogos todos os meses pelo programa Games with Prime – para agosto há títulos como Metal Slug 2, SNK 40th Anniversary Collection, Shaq Fu e outros.

O acesso ao Prime Gaming está disponível para todos assinantes do Amazon Prime, que garante acesso a um portfólio crescente de serviços que inclui Prime Video, Amazon Music, Prime Reading e todos os outros benefícios que fazem parte do Amazon Prime (frete grátis para produtos com selo Prime, acesso a ofertas exclusivas, etc).

Quem usa o Twitch com frequência já deve saber que o Prime Gaming inclui também uma assinatura gratuita de canal por mês.

Imagem promocional do Prime Gaming com ilustrações dos jogos Apex Legends, Roblox e League of LegendsCrédito: Amazon

A Amazon não especificou por que o nome mudou, mas parece querer ampliar o apelo das vantagens do Amazon Prime. Com a nova marca a companhia pode expandir a sensação de utilidade para algo que vai além dos usuários do Twitch e que curtem a cultura de streaming de jogos.

A Amazon não anunciou nenhum detalhe oficial sobre o futuro do Prime Gaming, mas depois acompanhar a expansão da Epic Game Store, prevejo que a companhia pode lançar sua própria loja de jogos dentro dos próximos dois anos como uma forma de vender tanto títulos de terceiros quanto jogos de próprios como Crucible.

Ao mesmo tempo, isso daria à Amazon uma plataforma para hospedar seu serviço de jogos nas nuvens que tem sido especulado há muito tempo, a fim de competir melhor com o Google Stadia, Nvidia GeForce Now e Microsoft Xbox Game Pass Ultimate.

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Estudo encontra relação entre trovoadas e agravamento de problemas respiratórios em idosos

Posted: 11 Aug 2020 05:12 AM PDT

Um novo estudo divulgado na segunda-feira (10) pode fornecer as evidências mais fortes até o momento de que trovoadas podem piorar certas condições de saúde.

Analisando dados dos Estados Unidos em um período de 14 anos, pesquisadores descobriram que os dias próximos a uma tempestade de raios estavam claramente associados a um aumento nos atendimentos de emergência a idosos por problemas respiratórios, especialmente para aqueles com doenças preexistentes como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Os cientistas teorizam que as trovoadas podem afetar negativamente a saúde desde pelo menos meados da década de 1980. Vários estudos documentaram ondas de doenças respiratórias associadas a fortes tempestades, especialmente asma. Pelo menos um estudo encontrou evidências de que a apneia do sono pode piorar durante as mudanças bruscas nas pressões atmosféricas que acompanham estes eventos.  E há até mesmo algumas evidências para a velha história de que elas podem piorar a artrite a ponto de uma pessoa com este problema conseguir prever com precisão a chegada da chuva.

Para este novo estudo, publicado na segunda (10) na JAMA Internal Medicine, os autores queriam ter uma noção mais profunda da possível conexão entre tempestades e nossa saúde, usando o máximo de dados que pudessem estudar de uma vez.

Eles foram capazes de coletar dados meteorológicos sobre todas as tempestades registradas nos EUA entre janeiro de 1999 e dezembro de 2012 pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (com relâmpagos servindo como um indicador para essas tempestades).

Em seguida, eles cruzaram essas informações com dados nacionais sobre atendimentos de emergência de pessoas com mais de 65 anos de idade no Medicare (sistema de saúde gerido pelo governo dos EUA), especificamente para problemas respiratórios.

"Em nosso estudo, vimos um aumento modesto, mas real, no uso do departamento de emergência para problemas respiratórios nos dias próximos às tempestades, particularmente entre pacientes com asma e DPOC", disse Christopher Worsham, pesquisador, pneumologista e médico intensivo na Harvard Medical School e autor do estudo.

"Entre adultos com mais de 65 anos nos EUA, estimamos cerca de 52 mil idas adicionais ao departamento de emergência relacionadas à respiração ao longo dos 14 anos que estudamos que podem ser atribuídas a trovoadas", completa o pesquisador.

Estudos anteriores ligaram o pólen ao aumento de casos de asma após grandes tempestades — a teoria é que elas quebram os grãos de pólen em grande escala, cobrindo uma área com uma gosma vegetal que causa alergia.

Mas, neste estudo, os picos nas visitas ao pronto-socorro começaram antes de a tempestade aparecer, e não houve efeito correspondente nas medições de pólen até depois de a tempestade ter passado, com os níveis realmente diminuindo por um ou dois dias após a tempestade.

Embora Worsham e sua equipe não descartem que o pólen pode ter uma grande influência nos surtos de asma após tempestades muito severas, eles não acham que ele é o maior culpado por esses picos em problemas respiratórios entre adultos mais velhos relacionados às tempestades.

Também é possível que a relação entre a saúde respiratória e as condições ambientais afetadas por tempestades possa ser diferente para os jovens, que tendem a ser mais alérgicos a coisas assim.

Eles notaram que houve aumentos perceptíveis na temperatura e material particulado (poluição do ar) logo antes de uma tempestade. Portanto, são esses fatores que provavelmente têm mais impacto na saúde respiratória de pessoas mais velhas com asma e DPOC, disse Worsham.

E, como se espera que as tempestades se tornem mais comuns e mais severas nos Estados Unidos à medida que as temperaturas globais aumentam, as descobertas podem destacar mais uma consequência das mudanças climáticas para a saúde.

Embora o estudo não tenha analisado nenhuma medida preventiva que pessoas mais velhas com problemas respiratórios possam tomar antes de uma tempestade, Worsham oferece alguns conselhos.

"Qualquer pessoa com asma ou DPOC que normalmente tem sintomas piores em torno de tempestades deve usar seu inalador conforme prescrito por seu clínico geral ou pneumologista", disse ele. "Se seus sintomas não estiverem bem controlados, é preciso avisar seu médico."

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Qual tecnologia matou acidentalmente mais pessoas?

Posted: 11 Aug 2020 04:14 AM PDT

Ilustração com sinais de trânsito e símbolos de caveira. Crédito: Angelica Alzona/Gizmodo

Mostre-me um museu de importantes inventores históricos e eu mostrarei uma galeria de assassinos em massa. Não estou falando de fabricantes de metralhadoras ou cientistas nucleares – essas pessoas, pelo menos, têm uma noção do que estão fazendo.

Estou falando das pessoas por trás da imprensa, do automóvel, de vários tipos de tecnologia de barcos. Essas pessoas tentaram melhorar o mundo e conseguiram, mas também mataram indiretamente milhões de pessoas. Essa é, pelo menos, a lição do Giz Pergunta desta semana, na qual vários historiadores abordam a questão de qual inovação tecnológica acidentalmente matou acidentalmente mais pessoas.

Peter Norton

Professor Associado de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade da Virgínia

Em 1963, Tiny Helwig, da Winchester Repeating Arms Company, disse: "As armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas". Mas com a ajuda de armas e outras tecnologias, as pessoas matam em números muito maiores do que poderiam.

Se medirmos a letalidade pela fração da população mundial morta, a tecnologia mais mortal foi a embarcação oceânica, possibilitada por inovações no design de navios e por instrumentos de navegação, como a bússola e o astrolábio. Como as armas, os navios não mataram sozinhos; foram necessárias ambições irracionais, como acúmulo extravagante de riqueza, para lhes dar um efeito mortal. No século após 1492, a população indígena da América diminuiu em cerca de 50 milhões, quando os europeus trouxeram doenças como varíola e sarampo para as Américas.

Mas, para o número total de mortos, o motor de combustão – qualquer tecnologia que transforma fogo em trabalho – supera até esse terrível recorde da embarcação oceânica. Brinquedos que transformavam o calor em ação datam dos tempos antigos, mas o momento transformador ocorreu em 1712, quando Thomas Newcomen, da Inglaterra, projetou um motor que usava fogo para criar um vácuo, que por sua vez movia um pistão em um cilindro grande o suficiente para uma pessoa adulta subir em cima. A máquina inteira ocupava uma construção própria e queimava enormes quantidades de carvão em troca de um pouco de trabalho. Mas, estando em cima de uma mina de carvão, o combustível era barato e, ao drenar a água que inundava a mina de carvão, pagava suas contas.

Como o aprendiz de feiticeiro, Newcomen liberou poderes maiores do que ele poderia imaginar. O descendente dificilmente reconhecível de sua máquina é o motor a gasolina de um carro. O primeiro é um motor a vapor de combustão externa que queima carvão; o outro é um motor de combustão interna que queima gasolina. Mas essencialmente elas são a mesma tecnologia: ambas aplicam a combustão para acionar um pistão e, assim, convertem a energia química armazenada em um combustível fóssil em trabalho útil.

Até o século 18, todo o trabalho vinha de músculos (de humanos ou de outros animais), vento ou água em queda. Desde a invenção de Newcomen, em 1712, do primeiro motor prático de queima de combustível, uma parcela crescente vem da combustão de combustíveis fósseis. Essa máquina aliviou os humanos de trabalho físico e salvou inúmeras vidas, por exemplo, através de uma melhor distribuição de alimentos e água, melhor sistema de esgoto e melhor acesso a assistência médica – todos prodigiosos salva-vidas. Mas em combinação com a ganância humana, o motor de combustão também causou morte em massa. Aplicado às fábricas têxteis inglesas, gerou demandas insaciáveis ​​por fibras, colônias para fornecer fibras sob a forma de algodão e mão de obra escrava para produzir o algodão. O comércio de escravos no Atlântico precedeu o motor de combustão, mas o motor tornou a escravidão muito mais lucrativa.

O mecanismo também enriqueceu uma nova aristocracia industrial. Sem títulos hereditários, eles provaram seu status através de demonstrações de riqueza. Uma maneira era servir chá adoçado com açúcar – vindo do trabalho escravo. O tráfico de escravos matou muitos milhões e o trabalho escravo matou muitos milhões mais. As plantações de açúcar eram os campos de trabalho forçado mais mortais das Américas. Em combinação com a ganância, o racismo e a indiferença, uma máquina criada para poupar trabalho levou milhões de pessoas à morte.

As pandemias precedem o motor de combustão, mas os navios a vapor ajudaram a propagar a primeira pandemia global. A cólera, antes confinada ao sul da Ásia, se espalhou pelo mundo nas décadas de 1820 e 1830. Os navios a vapor aceleraram a propagação da doença e estenderam seu alcance. Muitas das cidades que a cólera alcançou eram muito mais densas do que poderiam ter sido sem os motores de combustão. Os motores concentravam o trabalho, alimentando grandes fábricas; com as locomotivas os motores estendiam as cadeias de alimentos o bastante para suportar cidades de milhões. Motores de combustão deixavam as cidades lotadas; nas cidades lotadas, a doença se espalhou rapidamente. Acima de tudo, doenças transmitidas pela água, especialmente cólera e febre tifóide, devastaram cidades densas porque o esgoto contaminou o suprimento de água potável. Os motores de combustão eram responsáveis ​​pela cura e também pela doença: seu poder tornava possível o esgoto e a distribuição de água.

Os acidentes de veículos a motor mataram cerca de 70 a 90 milhões de pessoas no último século; a cada ano, mais 1,3 milhões de pessoas morrem desta maneira. As pessoas que moram perto de vias movimentadas do trânsito são expostas a emissões suficientes de veículos para diminuir sua vida. Em áreas dependentes de carro, principalmente nos EUA, a vida sedentária entre pessoas que não têm boas alternativas de transporte contribui substancialmente para doenças cardíacas (a principal causa de morte nos EUA), e também para a obesidade e a diabetes tipo 2 que encurtam a expectativa de vida.

Os piores estragos do motor de combustão ainda estão por vir. Inventado para fazer a água subir, o motor agora está realizando essa tarefa em escala global. Como o aprendiz de feiticeiro, não sabemos como detê-lo. Através de suas emissões de CO2, os motores de combustão estão aumentando o nível do mar. Eles estão mudando o clima de maneiras que ameaçam os meios de subsistência, o suprimento de comida e água e a habitabilidade de áreas agora lotadas de milhões de pessoas. Nós nos encontramos dependentes de uma máquina que ameaça nos matar.

Para gerenciar essa ameaça, será necessária toda a criatividade que aplicamos para desenvolvê-la.

"Em combinação com a ganância humana, o motor de combustão também causou morte em massa. Aplicado às fábricas têxteis inglesas, gerou demandas insaciáveis ​​por fibras, colônias para fornecer fibras sob a forma de algodão e mão-de-obra escrava para produzir o algodão. O comércio de escravos no Atlântico precedeu o motor de combustão, mas o motor tornou a escravidão muito mais lucrativa".

Jenny Leigh Smith

Professora Associada de História da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, cuja pesquisa se concentra na história da alimentação e da tecnologia de alimentos, entre outras coisas.

Os três principais assassinos mundiais nos últimos 40 anos foram doenças cardíacas, câncer e doenças respiratórias. Algumas invenções tecnológicas aumentaram involuntariamente esses tipos de mortes? Dois culpados vêm à minha mente.

A grande variedade de máquinas e produtos químicos que transformam alimentos básicos em produtos processados ​​mais deliciosos, mas significativamente menos nutritivos, contribuíram para o aumento de doenças mortais, incluindo câncer, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas.

Identificar uma causa de morte em pessoas com doenças crônicas não é tão clara quanto em um acidente de carro fatal, mas médicos e epidemiologistas são cada vez mais capazes de identificar as escolhas alimentares modernas como as principais contribuintes para problemas de saúde e aumento da mortandade.

O aumento da cintura e as prescrições de insulina são os efeitos colaterais visíveis de uma dieta rica em alimentos processados, mas, na verdade, o que as tecnologias de processamento de alimentos removem – fibras, micronutrientes, bactérias “saudáveis” – é igualmente prejudicial. O polimento, a fritura rápida e a exclusão das coisas boas dos alimentos aumentaram as taxas de câncer, aumentaram as respostas imunes e agravaram as doenças crônicas de uma maneira que agora estamos começando a entender.

Meu voto por uma segunda tecnologia acidentalmente letal é o ar condicionado. O controle climático torna possível nosso modo de vida moderno, mas quem está sendo controlado por quem? Sem o ar condicionado,  grandes partes dos EUA e do mundo não seriam habitadas, para não falar de centros financeiros globais como Hong Kong, Cingapura e Dubai. Os escritórios modernos são projetados em torno de um clima interno de temperatura constante controlada, assim como os shopping centers. E aqui é onde estar confortável parece que também pode ser um pouco fatal. Da mesma forma que o processamento de alimentos remove vitaminas, texturas e amargos, deixando apenas aproximações pouco nutritivas dos alimentos, o ar-condicionado elimina a necessidade e o desejo de estar do lado de fora, de mudar de local, de descansar à sombra ou de se exercitar ao ar livre. Os cientistas descobriram muito recentemente que sentar está nos matando. Vale a pena interrogar as tecnologias que nos mantêm amarrados às nossas mesas. O ar condicionado é um concorrente justo para o principal culpado. Ao incentivar certos estilos de vida – trabalho em ambientes fechados, economia da informação, compras como uma forma de lazer e uma dependência de dispositivos em rede que funcionam melhor em ambientes frescos e secos – nós, humanos, ficamos condicionados a trabalhar o ano todo e a qualquer hora.

Sentamos, olhamos para as telas, produzimos conhecimento e agregamos valor, parando apenas momentaneamente para vestir uma blusa para nos proteger do eterno frio do termostato do escritório.

"Os três principais assassinos globais nos últimos 40 anos foram doenças cardíacas, câncer e doenças respiratórias … A grande variedade de máquinas e produtos químicos que transformam alimentos básicos em produtos processados ​​mais deliciosos, mas significativamente menos nutritivos, contribuíram para o aumento de doenças mortais da riqueza, incluindo câncer, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas".

Blair Stein

Professora Assistente de História, Clarkson University

Embora exista a tentação de dizer algo como "a roda" ou "ferro", muito de como eu responderia a essa pergunta depende do que você quer dizer com "tecnologia" e o que você quer dizer com "acidente".

Aqui está um experimento mental: se um pedestre "acidentalmente" é atropelado por um ônibus, qual foi a "tecnologia" que o matou? O pára-brisa de vidro que causou o golpe fatal? Os freios que não foram ativados com rapidez suficiente? Os fones de ouvido que impediam o pedestre de ouvir o ônibus? Ou adotamos uma abordagem de "armas não matam pessoas, pessoas com armas matam pessoas", que pressupõe que as tecnologias não são capazes de matar ninguém sem a intervenção humana? Ou seja, foi o motorista, não o ônibus, que matou o pedestre? Existem historiadores que ganham a vida estudando essas questões sobre risco, culpabilidade e as consequências de acidentes tecnológicos.

E assim que começamos a abordar as tecnologias históricas, enfrentamos a questão espinhosa do que entendemos por "acidente". O que é e o que não é um acidente pode depender de onde, quando e quem você é. Veja as ferrovias, por exemplo. Deixando de lado as pessoas realmente mortas em acidentes ferroviários e durante a construção das ferrovias, as mudanças de infraestrutura causadas pela intrusão de ferrovias em contextos coloniais causaram a morte de milhões de pessoas. Durante as fomes indianas nas últimas décadas do século 19, as ferrovias coloniais britânicas afastaram os grãos das áreas atingidas pela seca e os transformaram em grandes estoques, e o sistema global de ferrovias e telégrafos permitiu que os grãos indianos entrassem em mercados maiores em vez de suprir as necessidades locais.

No Canadá, o sistema de "tratados numerados" da década de 1870 extinguiu as reivindicações indígenas da terra para que o estado pudesse construir a Canadian Pacific Railway, preparando as bases para 150 anos de fatais desigualdades estruturais.

Para alguns atores históricos da época, essas mortes podem ter sido "acidentes", vítimas inadvertidas em nome do progresso tecnológico e da construção da nação. Eles também podem não ter sido vistos como causados ​​diretamente pelos trilhos do trem, mas por uma consequência oblíqua deles. Mas as ferrovias faziam parte da máquina do império em ambos os casos, uma manifestação tecnológica do impulso de remover pessoas e modos de vida que não se encaixavam no sonho imperial e colonial dos colonos.

Não estou necessariamente dizendo que as ferrovias mataram mais pessoas do que qualquer outra tecnologia por acidente. Estou dizendo que a história das ferrovias nos mostra que quanto mais pensamos em culpa, risco e causalidade, mais difícil é responder a essa pergunta.

"O que é e o que não é um acidente pode depender de onde, quando e quem você é. Veja as ferrovias, por exemplo. Deixando de lado as pessoas realmente mortas em acidentes ferroviários e durante a construção das ferrovias, as mudanças de infra-estrutura causadas pela intrusão de ferrovias em contextos coloniais causaram a morte de milhões de pessoas".

Jonathan Coopersmith

Professor de História na Texas A&M University, cuja pesquisa se concentra na história da tecnologia

O automóvel tem sido um grande assassino há mais de um século. Todos os dias, na América, acidentes de carro matam 100 pessoas e ferem milhares mais. Se acidentes de avião ou terroristas matassem 100 pessoas por dia, você veria um barulho muito maior. Em vez disso, tomamos a morte de automóvel como normal. O que vimos em todo o mundo é que, à medida que os automóveis são introduzidos em uma escala maior, as mortes aumentam significativamente.

Havia tensão no início do século 20 sobre quem é o dono das ruas. Para que servem as ruas? Quem deve ser permitido nelas? Na década de 1930, os pedestres foram retirados das ruas – e quando os carros ficaram mais rápidos, as estradas foram construídas para serem menos acessíveis aos pedestres. Um dos poucos aspectos positivos desse coronavírus foi a falta de tráfego de automóveis nas cidades, muitas das quais restringiram as ruas ao tráfego somente de bicicleta e pedestres.

Dito isto, se as pessoas estivessem morrendo por quilômetro rodado na mesma proporção que em 1970, dado o quanto mais carros temos agora, teríamos cerca de 150.000 mortes por ano em vez de "apenas" cerca de 35.000. Portanto, a tecnologia certamente está ficando mais segura. E é impressionante como os Estados Unidos e, especialmente, a Europa, são mais seguros do que outras partes do mundo.

"O automóvel é um grande assassino há mais de um século. Todos os dias nos EUA, acidentes de carro matam 100 pessoas e ferem milhares mais".

Raja Adal

Professor Assistente de História da Universidade de Pittsburgh, cuja pesquisa se concentra na história da tecnologia, entre outras coisas.

Que tal a prensa móvel? Este é o raciocínio. Observou-se frequentemente que o nacionalismo é responsável pela maioria das guerras modernas. Pense na primeira e na segunda guerra mundial, no Vietnã, etc. O nacionalismo também está muito ligado aos genocídios do Holocausto ao genocídio de Ruanda à recente expulsão do povo rohingya do Butão.

Em todos esses casos, um grupo de pessoas que se consideram vinculadas por algum elo imaginário – como idioma, raça, religião ou história – matou um grande número de pessoas que, em suas mentes, pertenciam a outro grupo.

No mundo moderno, esse tipo de identidade de grupo costuma ser nacionalismo. E… de acordo com Benedict Anderson e outros, a prensa móvel foi fundamental para a disseminação do nacionalismo no mundo moderno. Isso possibilitou a impressão de jornais, romances e outras formas de literatura que faziam as pessoas que não se conheciam e viviam distantes imaginarem que todas pertenciam à mesma comunidade. Portanto, pode-se argumentar que a prensa móvel, que por si só é uma máquina completamente inócua, pode ser pensada como ligada ao genocídio, acidentalmente, é claro. Essa é a parte crítica. A tecnologia não tem agência.

“A tecnologia não tem agência”.

Peter Shulman

Professor Associado de História da Case Western Reserve University

Se estivermos analisando apenas números e não porcentagens populacionais, o crescimento exponencial da população mundial desde o século 18 significará que o número de mortes recentes excederá em muito as anteriores. A população global hoje é de quase 8 bilhões; em 1900, era pouco mais de 1,5 bilhão. Um século antes disso, nem um bilhão. Então, de certa forma, isso se torna uma questão sobre mortes acidentais na era da industrialização. (Se analisarmos as porcentagens do total de mortes, na medida em que possamos estimar essas coisas ao longo da história, poderemos chegar a respostas um pouco diferentes).

Com essa ressalva, quero propor que a tecnologia que levou ao maior número de mortes acidentais foi a invenção de James Bonsack em 1881: o enrolador mecânico de cigarros.

A máquina de Bonsack pesava uma tonelada, mas produzia tantos cigarros em um minuto quanto um enrolador manual experiente em uma hora; em cinco anos, o aspirante a industrial de tabaco James Buchanan Duke tinha dez máquinas em operação.

Como Duke garantiu secretamente o uso preferencial dos rolos Bonsack em termos muito melhores do que qualquer outro concorrente, ele iniciou a mecanização de uma indústria. Adicione ao rolo mecanizado a introdução da cura do fumo em meados do século 19, que produziu um tabaco mais suave e seco que encorajava a inalação profunda em vez de segurar a fumaça na boca, e a crescente indústria de cigarros tinha as ferramentas para produzir em massa um desastre de saúde global.

Obviamente, o tabaco era consumido nas Américas pré-colombianas e, no século 17, era uma grande cultura comercializada para exportação nas colônias inglesas.

Quando seu uso começou a se espalhar por toda a Europa, os críticos atacaram a sua segurança, no entanto sua popularidade cresceu. No final do século 19, a maior parte desse tabaco era fumada em cachimbos, charutos ou mastigados (este último um hábito particularmente americano). Mas o preço baixo, a facilidade de consumo, a publicidade agressiva, os novos mercados globais, a alegada limpeza e a simples onipresença do cigarro o colocaram em muito mais mãos do que nunca, assim como a população global disparou cada vez mais no século 20. Todas essas características dependiam da capacidade de produzir cigarros em massa, um feito duvidoso que podemos atribuir a James Bonsack e seu cliente mais importante, James Duke.

Ainda hoje, quando o consumo de tabaco nos Estados Unidos despencou mais de 40% dos adultos para menos de 15% nos último meio século, o país ainda registra quase meio milhão de mortes por ano atribuídas ao fumo, de doenças cardíacas a pulmonares e cânceres. Globalmente, mais de 7 milhões de pessoas por ano morrem devido a causas relacionadas ao tabaco; como estima a Organização Mundial da Saúde, é cerca de uma em cada dez mortes.

No entanto, depois de mais de meio século de avisos de saúde pública e as evidências incontestáveis ​​de que as empresas de tabaco sabiam privadamente dos riscos à saúde de seus produtos, enquanto insistiam publicamente em sua segurança – o tempo todo trabalhando para ofuscar a compreensão do público – essas mortes ainda deveriam ser consideradas "acidentais"?

"No entanto, depois de mais de meio século de avisos de saúde pública e a evidência incontestável de que as empresas de tabaco sabiam privadamente dos riscos à saúde de seus produtos, enquanto insistiam publicamente em sua segurança – o tempo todo trabalhando para ofuscar a compreensão do público – essas mortes ainda deveriam ser consideradas 'acidentais'?”

Asif Siddiqi

Professor de História na Fordham University

O NAVIO NEGREIRO: Embora o comércio de escravos no Atlântico tenha começado bastante cedo, mais ou menos no início do século 16, o uso de navios projetados especificamente para o transporte de escravos atingiu o pico entre os séculos 17 e 19.

Como Markus Rideker descreveu em seu livro The Slave Ship, esses navios eram essencialmente prisões móveis. O navio negreiro também era uma espécie de fábrica, no sentido de ser um sistema mecanizado em que os capitalistas mercantes reuniam um grande número de trabalhadores que transformavam homens e mulheres livres da costa oeste da África em uma mercadoria, um "escravo".

Finalmente e mais obviamente, o navio negreiro era um sistema tecnológico complexo, projetado para transportar seres humanos por longas distâncias, com o mínimo de cuidado com o bem-estar dessas pessoas.

Por não ter sido projetado especificamente para matar a 'carga' durante a Passagem do Meio (embora, sem dúvida, isso tenha sido visto por muitos como uma parte necessária do processo), incluo as fatalidades como mortes acidentais.

As estimativas variam de quantas pessoas morreram durante a Passagem do Meio, mas em um estudo recente, David Ellis e David Richardson sugerem que 15% dos 10 milhões que deixaram a costa africana morreram no caminho. Isso nos daria pelo menos 1,5 milhão de mortes. O número verdadeiro é provavelmente muito maior.

Barragens! Embora não sejam necessariamente conhecidas por grandes desastres e normalmente não envolvam um grande número de mortes, acidentes envolvendo barragens não são incomuns e, de fato, seus efeitos se tornam ainda mais evidentes quando se considera os frequentes efeitos prejudiciais a longo prazo ao ambiente próximo.

A outra razão pela qual eu as incluiria é que, como o uso de barragens remonta à antiguidade, é um exemplo de uma tecnologia que causou acidentalmente grandes fatalidades por vários milênios.

Na era moderna, as principais falhas de barragens incluem uma em Johnstown, Pensilvânia, em 1889, quando mais de 2.000 pessoas morreram, uma em Madhya Pradesh, na Índia Britânica, em 1917, que matou vários milhares, uma na Itália em 1963, que matou vários milhares, e uma em Gujarat, Índia, em 1979, que pode ter matado 5.000 pessoas. Mas o desastre mais horrível ocorreu em 1975 na China, quando quase 200.000 pessoas morreram depois que chuvas muito intensas levaram ao colapso de uma rede de barragens na província de Henan. Pelo que entendi, mais de 10 milhões de pessoas ficaram desabrigadas pelo desastre.

Meu palpite é que, com os contínuos efeitos adversos das mudanças climáticas, migrações humanas em larga escala e falta de manutenção de infraestrutura, poderemos ver mais falhas de barragens no futuro próximo e, portanto, mais fatalidades.

"O navio negreiro era um sistema tecnológico complexo, projetado para transportar seres humanos por longas distâncias, com um cuidado mínimo ao bem-estar dessas pessoas. Por não ter sido projetado especificamente para matar a ‘carga’ durante a Passagem do Meio (embora, sem dúvida, isso tenha sido visto por muitos como uma parte necessária do processo), incluo as fatalidades como mortes acidentais. As estimativas variam de quantas pessoas morreram durante a Passagem do Meio, mas em um estudo recente, David Ellis e David Richardson sugerem que 15% dos 10 milhões que deixaram a costa africana morreram no caminho. Isso nos daria pelo menos 1,5 milhão de mortes. O número verdadeiro é provavelmente muito maior".

Alan Marcus

Professor e chefe de história da Universidade Estadual do Mississippi, cuja pesquisa se concentra na história da tecnologia, entre outras coisas.

Eu diria que a tecnologia da exploração – entrar em navios e ir até o novo mundo. Estimativas sugerem que 80-95% da população nativa americana pereceu. As doenças mais letais transmitidas foram sarampo e varíola, mas o tifo também foi um fator.

Pensamos no sarampo como uma doença realmente moderada, mas poderia devastar uma população sem as devidas proteções. Imagine o que está acontecendo agora com o Covid-19, mas sem hospitais, sem respiradores, sem remédios. Você esta por sua conta.

Ninguém no mundo antigo antecipou ou esperava essas consequências, e demorou muito tempo – cerca de 150 anos – para perceber alguma causa e efeito. Em grande parte, a doença era encarada como um fenômeno local: era algo do qual seu corpo havia se desequilibrado ou baseado na idéia do que chamavam de ar ruim. Ares ruins faziam você ficar doente.

Quando os europeus voltaram para a Europa, eles carregavam novas doenças mundiais. Quando foram à África e inauguraram o comércio de escravos, trouxeram doenças do mundo novo e do mundo antigo. A carnificina foi na casa das dezenas ou centenas de milhões. Portanto, não é apenas o mundo novo / mundo antigo – é triangular.

“Eu diria a tecnologia da exploração – entrar em navios e ir até o novo mundo”.

Erik Loomis

Professor Associado de História da Universidade de Rhode Island, cuja pesquisa se concentra na história do trabalho e do meio ambiente dos Estados Unidos, entre outras coisas

Não sei se os trens de fato mataram mais pessoas por acidente do que automóveis, mas vale a pena notar o chocante nível de mortes causadas por trens no século 19.

Em outras palavras, trabalhadores e passageiros colocaram suas vidas em risco ao interagir com os trens.

Por muitas décadas, os trens americanos eram muito mais perigosos que os da Europa. O historiador ferroviário Mark Aldrich escreveu sobre isso em grandes e terríveis detalhes. Os trabalhadores das ferrovias morriam a taxas terríveis, muitas vezes esmagados entre os carros. Os descarrilamentos mataram passageiros e trabalhadores. Uma total indiferença a acidentes por empresas ferroviárias, tribunais e políticos contrastava fortemente com a Grã-Bretanha, onde apenas uma fração das pessoas morreu em comparação com os EUA. Dado que as ferrovias também se tornaram a primeira rede de transporte coordenada do país, as pessoas também morreram com frequência depois de levá-los a andar nos trilhos de um lugar para outro e de emprego em emprego.

Além disso, os trens matam rotineiramente os transeuntes nas cidades. Os trilhos percorriam centros urbanos densamente povoados e as empresas faziam muito pouca manutenção para garantir que as pessoas pudessem atravessá-las com segurança.

Os sulcos entre os trilhos e as estradas significavam que as pessoas com carroças frequentemente ficavam presas e os trens as atropelavam, por exemplo. Além disso, os trens adicionaram enormes quantidades de fumaça e ruído às cidades, reduzindo seriamente a qualidade de vida dos moradores.

A ganância insaciável da indústria ferroviária também levou seus principais capitalistas, como Jay Cooke e Jay Gould, a afundar a economia devido a suas especulações irresponsáveis.

O pânico de 1873 e o pânico de 1893 foram as principais depressões econômicas que também causaram danos colaterais nas vidas devido às condições de pobreza e desesperança.

Vale ressaltar que as principais ações trabalhistas contra ferrovias no final do século 19, como a Grande Greve das Ferrovias de 1877 e a Greve Pullman em 1894, foram rebeliões comunitárias contra as ferrovias, tanto quanto as greves trabalhistas tradicionais, onde a maioria dos manifestantes não eram trabalhadores em greve.

As ferrovias se tornaram mais seguras no século 20, mas a indiferença corporativa à vida dos americanos sempre levou a mortes desnecessárias, inclusive nos frigoríficos durante a crise do covid-19.

“As ferrovias se tornaram mais seguras no século 20, mas a indiferença corporativa à vida dos americanos sempre levou a mortes desnecessárias, inclusive nos frigoríficos durante a crise do covid-19”.

Mar Hicks

Professora Associada de História no Instituto de Tecnologia de Illinois e autora de “Programmed Inequality: How Britain Discarded Women Technologists and Lost Its Edge in Computing” (Desigualdade Programada: Como a Grã-Bretanha descartou as tecnólogas mulheres e perdeu sua vantagem na computação)

Quando pensamos em tecnologias que mataram muitas pessoas por acidente, precisamos pensar em tecnologias que existem há muito tempo e cuja utilidade tem sido tão grande para a expansão industrial que seus pontos negativos foram negligenciados – ou, pior ainda, intencionalmente escondidos.

O descaroçador de algodão, patenteado por Eli Whitney em 1794 e amplamente utilizado nos EUA durante o século 19, é uma dessas tecnologias. O descaroçador de algodão era uma máquina que tornava a limpeza e a preparação do algodão cru muito mais rápida e eficiente – e, portanto, tornava o cultivo do algodão muito mais lucrativo.

O que o descaroçador de algodão também fez foi tornar a escravidão muito mais arraigada, tornando a colheita de algodão feita por escravizados nos Estados Unidos muito mais lucrativa.

A escravidão não estava se expandindo tão rapidamente até que a invenção da máquina encorajou cada vez mais os produtores de algodão branco a expandir sua produção. Os sulistas brancos "importaram" mais de 80 mil africanos como escravos entre 1790 e a proibição de "importar" africanos escravizados em 1808.

Entre os anos de 1790 e 1850, o número de escravizados nos EUA subiu de 700.000 para mais de 3 milhões através da escravidão geracional (escravidão de bens móveis). No início da guerra civil, um terço de todos os sulistas eram pessoas escravizadas.

Tudo isso estava a serviço da indústria de algodão em expansão que o descaroçador de algodão criou: os EUA forneceram a grande maioria de todo o algodão do mundo em meados do século 19, e a produção de algodão dobrou a cada década após 1800. Quando as pessoas dizem que a economia dos EUA foi construída nas costas dos negros escravizados, estão falando de indústrias como o algodão e de toda a riqueza pessoal e nacional criada às custas das vidas dos negros escravizados.

Se não fosse a invenção do descaroçador de algodão, é provável que a escravidão tivesse sido abolida mais rapidamente, em vez de se expandir maciçamente da mesma maneira que ocorreu, em um período relativamente curto de tempo.

O cálculo das mortes que incluem negros escravizados que morreram no caminho para os EUA e negros escravizados que morreram ou foram mortos nos Estados Unidos já mais do que qualifica essa tecnologia para um ponto alto nesta lista – para não falar do miséria e dor generalizadas causadas às pessoas escravizadas, e as gerações de seus descendentes que foram privados de seus plenos direitos civis como resultado.

No momento, estamos vendo com muita clareza como os negros que vivem hoje nos EUA perdem suas vidas como resultado dessa história econômica e tecnológica – como os empresários brancos do sul nos séculos 18 e 19 usaram a tecnologia para amplificar e estender o racismo, miséria e morte, da mesma maneira que vemos acontecendo hoje com certas tecnologias.

Então, acho que essa é uma história da tecnologia importante de ser lembrada. Porque mostra como as tecnologias são sempre construídas para e pelos contextos em que elas surgem. E se esse contexto é racista, é provável que eles defendam o racismo, se o que fazem é ajudar a tornar as estruturas econômicas e sociais existentes mais fortes e mais eficientes sem se preocupar com as desigualdades existentes. Quando os tecnólogos tentam "consertar" as coisas com soluções meramente técnicas, ignoram o contexto mais amplo e como essas tecnologias funcionam.

Essa é uma das razões pelas quais é tão importante para os profissionais de tecnologia aprenderem e conhecer a história, e por que os programas de aprendizado em tecnologia nas universidades fazem com que seus alunos e todos nós sejam um desserviço por não ter mais humanistas e historiadores. "Avanços" estreitamente técnicos que não entendem o contexto mais amplo podem levar a terríveis resultados não intencionais – mas não imprevistos. E isso não é um progresso real.

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