segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Gizmodo Brasil

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Insatisfação com as lojas de apps de Apple e Google vem sendo alimentada há muito tempo

Posted: 16 Aug 2020 01:32 PM PDT

Ícone da Play Store ao lado do ícone da App Store

A Epic Games estava preparada para uma batalha quando acrescentou um novo recurso ao Fortnite permitindo aos usuários comprar a moeda virtual do jogo (V-Bucks) diretamente da companhia, contornando simultaneamente os sistemas de pagamento incorporados na App Store do iOS e na Google Play do Android, eliminando a comissão da Apple e do Google.

Para surpresa de quase ninguém, isso fez com que o Fortnite fosse retirado de ambas as lojas de aplicativos. A Epic respondeu prontamente iniciando ações judiciais contra a Apple e o Google, além do vídeo que provoca a Apple por suas práticas fazendo menção ao icônico comercial de 1984 da empresa.

Ficou claro desde o início que a Epic veio pronta para brigar, e embora o Fortnite possa ter sido o catalisador, a hora dessa briga para as lojas da Apple e do Google estava chegando.

Os smartphones há um bom tempo ultrapassaram os laptops como principal dispositivo de computação. Além disso, com a morte do Windows Mobile – a única alternativa potencialmente viável se tratando de sistemas operacionais para smartphones – em 2017, é justo dizer que o Android e o iOS – e por extensão o Google e a Apple – têm uma influência muito grande nos hábitos das pessoas.

Você pode carregar aplicativos de forma alternativa no Android aos fazer instalações manuais usando um arquivo APK, ou até mesmo usar uma outra loja de apps (movimentos que tanto a Amazon quanto a Huawei tentaram com diferentes graus de sucesso), mas a Play Store do Google continua sendo a maneira mais fácil e confiável de obter novos aplicativos para os celulares Android. O Google cobra uma taxa de serviço de cerca de 30% para desenvolvedores que queiram estar na Play Store.

Para pessoas que usam iOS, as coisas são ainda mais restritas – a Apple não permite que nenhum terceiro licencie o iOS para uso em outros smartphones, nem a instalação de aplicativos por outras vias que não sejam a App Store (à exceção de alguns casos relacionados a nichos de desenvolvimento). É uma plataforma totalmente bloqueada, com a cobrança de uma comissão de 30% sobre qualquer venda de aplicativos, seja na hora de baixar o app ou nas compras realizadas dentro do próprio aplicativo.

Para qualquer pessoa que já tenha comprado mídia física (lembra-se de CDs e cassetes?) ou pessoas que cresceram usando PCs onde instalar executáveis de fontes externas era o normal, o conceito por trás das lojas de aplicativos pode parecer incrivelmente draconiano. É como comprar um microondas que só pode aquecer alimentos que vieram de um único mercado – e o tipo de coisa que acontece com algumas máquinas de café em cápsula.

Quando se trata do Android, muitas empresas tentam contornar as restrições do Google, tornando os APKs de seus aplicativos disponíveis publicamente. Meses antes de Fortnite aparecer no Google Play, ele estava disponível para download diretamente do site da Epic e funcionava muito bem – desde que você mudasse algumas permissões do seu celular para poder instalá-lo.

Em seu processo contra o Google, a Epic alega até mesmo que negociou um acordo com a OnePlus para ter um launcher especial do Fortnite pré-instalado nos dispositivos da marca, até que o Google obrigou a companhia a “renegar o acordo”.

E no iOS, a Epic alega que “na ausência da conduta anticompetitiva da Apple, a Epic Games também criaria uma loja de aplicativos para o iOS.”

Seria negligente não mencionar que as lojas de aplicativos oferecem muitos benefícios para o usuário. Você pode comprar um aplicativo uma vez e baixá-lo novamente em qualquer outro dispositivo Android ou iOS, é possível sincronizar dados automaticamente, salvar perfis, ter mais segurança e muito mais.

O problema é que há pouca concorrência que obrigue Apple e Google a ajustar suas taxas de serviço de 30%. Com as regras das lojas de aplicativos que estipulam que qualquer software que contenha compras dentro aplicativo deva obedecer às diretrizes da Apple e do Google, essas diretrizes são bastante rígidas.

Se você vender um aplicativo, ou oferecer itens dentro de um aplicativo que veio de uma das duas grandes lojas, a Apple e o Google ficarão com uma parte, ou então o aplicativo será proibido.

A analogia mais próxima às lojas de aplicativos fora do mundo dos smartphones são as lojas de jogos para PC como Steam, GOG, Battle.net, e outras. Durante muito tempo, a Steam foi a principal loja de jogos, funcionando sem concorrência durante anos. Durante a última década, várias editoras e desenvolvedores de jogos (incluindo a Epic) se propuseram a criar suas próprias vitrines digitais, o que acabou levando a Steam a reduzir suas taxas de serviço.

Embora algumas pessoas possam reclamar que as coisas ficaram mais irritantes depois que a Steam deixou de ser o lar de todos os games, é um caso claro de competição que resulta em mais receita para os desenvolvedores e preços mais baixos para os consumidores.

Mas talvez o maior problema seja quando as próprias diretrizes da Apple e do Google para lojas de aplicativos são aplicadas em diferentes graus. De acordo com e-mails mostrados ao Congresso dos EUA durante a recente audiência antitruste de tecnologia, a Apple concordou em cortar pela metade suas taxas de serviço durante um ano, a fim de convencer a Amazon a colocar o Prime Video na App Store.

É uma situação semelhante quando se trata de streaming de games no iOS, onde aplicativos como Steam Link são permitidos na App Store, mas a Microsoft foi forçada a encurtar o beta do xCloud (agora chamado Xbox Game Pass Ultimate).

A Microsoft disse que “A Apple é a única plataforma de uso geral a negar aos consumidores serviços de games na nuvem e também de assinaturas de jogos, como o Xbox Game Pass. E trata consistentemente os apps de jogos de maneira diferente, aplicando regras mais brandas a aplicativos que não são jogos, mesmo quando eles incluem conteúdo interativo.”

Como evidenciado pela audiência antitruste, os EUA estão começando a olhar mais de perto para as lojas de aplicativos da Apple e do Google. A Apple já está sendo investigada pela União Europeia por práticas anticoncorrenciais em relação aos aplicativos de streaming de música e ao preço dos e-books, enquanto o Google recebeu uma multa recorde de US$ 5 milhões em 2018 devido às condições de licenciamento para o Android.

Um ponto interessante é que embora a Epic esteja processando tanto a Apple quanto o Google, ela não está buscando danos materiais. Em vez disso, apenas espera que ambas as empresas acabem com suas “práticas monopolistas”.

Ou seja, embora a proeza da Epic com o Fortnite possa ser o barril de pólvora que iniciou a guerra, as preocupações com o duopólio da loja de aplicativos já vêm surgindo há bastante tempo. Provavelmente levará ainda mais tempo para que os reguladores descubram o que fazer.

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As maiores questões sem respostas sobre uma vacina para COVID-19

Posted: 16 Aug 2020 11:32 AM PDT

Um técnico de laboratório seleciona amostras de sangue para um estudo de vacina para COVID-19 nos Centros de Pesquisa da América em Hollywood, Flórida, em 13 de agosto de 2020

Uma vacina para o coronavírus que causa o COVID-19 parece ser nossa melhor estratégia para acabar com a atual pandemia. Infelizmente, o prazo mais curto em que os cientistas já conseguiram criar qualquer vacina na história foi de quatro anos e já há muito ceticismo em torno da segurança, disponibilidade e eficácia de qualquer futura vacina para COVID-19. Portanto, vamos rever as questões mais urgentes.

Quando uma vacina poderia estar pronta?

Cientistas de todo o mundo deram coletivamente um salto no desenvolvimento de vacinas potenciais contra o SARS-CoV-2, o coronavírus que causa COVID-19. Normalmente, candidatas à vacina levam anos de pesquisa antes de chegar aos ensaios clínicos. Agora, há pelo menos três dúzias de candidatas para combater COVID-19 que estão na Fase I ou mais adiante no processo que tem três fases no total.

Como há tantas candidatas a vacinas em desenvolvimento, usando uma variedade de abordagens diferentes, é improvável que não encontremos pelo menos uma história de sucesso (normalmente, cerca de 30% das vacinas que chegam a ensaios clínicos são aprovadas).

Ainda assim, o presidente dos EUA, Donald Trump, causou espanto e alarme entre cientistas e especialistas em saúde pública quando disse recentemente que espera que uma vacina esteja disponível já no final de outubro, antes do dia das eleições por lá.

Na semana passada, a Rússia deu um passo adiante, anunciando que já aprovou uma vacina para uso, de nome de código Sputnik V. Não há quase nenhuma informação disponível sobre a vacina russa, não sabemos ao certo o quão eficaz ela deve ser ou quando estará realmente disponível para o público.

Na quarta-feira (12), o país anunciou que iniciou um ensaio da Fase III da vacina já aprovada, normalmente a última fase da pesquisa clínica necessária antes que um medicamento ou tratamento obtenha a aprovação regulatória dos governos.

O problema é que não há muito o que se possa fazer para acelerar a pesquisa de vacinas, incluindo a parte que envolve a segurança. Espera-se que cerca de 30.000 pessoas nos Estados Unidos recebam a vacina da Moderna no ensaio da Fase III, lançado no final de julho, uma das candidatas mais avançadas. Levará meses para aplicar as doses em cada pessoa e analisar se é menos provável que ela contraia COVID-19 se comparado com um grupo de controle; depois levará ainda mais tempo para analisar esses dados por completo, e mais tempo para os cientistas externos avaliarem os dados e fazerem suas recomendações à Food and Drug Administration (FDA, órgão americano equivalente à Anvisa) para aprovação ou não.

Outras abordagens, tais como expor deliberadamente um grupo de pessoas ao vírus, podem parecer mais rápidas, mas os especialistas disseram que ainda levaria até um ano para realizar tais testes com segurança.

Por mais que todos queiram que uma vacina seja lançada o mais rápido possível, poucos especialistas estão dispostos a cortar qualquer uma destas etapas para economizar tempo. Um dia após Steven Salzberg, um pesquisador e bioestatístico da Universidade John Hopkins, escrever um editorial na Forbes na semana passada pedindo uma implementação limitada de vacinas experimentais para o público –  que recebeu muitas críticas de colegas cientistas – ele escreveu outro, intitulado “Eu estava errado: não podemos pular os testes da Fase 3 de vacinas.

É certamente possível que a administração Trump possa ignorar todos esses especialistas (dificilmente seria a primeira vez que isso aconteceria durante a pandemia) e, de alguma forma, apressar uma vacina para o público justamente a tempo do dia das eleições. Mas mesmo assim, haveria grandes restrições de abastecimento que o mundo ainda não chegou perto de resolver, muito menos os perigos pessoais de tomar uma vacina sem um registro claro de segurança.

“É provável que haja uma vacina em outubro? Não, não é provável. Pode acontecer? Sim, mas não tenho certeza se tomaria essa vacina em particular”, disse Julie Swann, engenheira de sistemas da Universidade Estadual da Carolina do Norte, que atuou como conselheira científica no lançamento da vacina nos EUA durante a pandemia da gripe suína de 2009.

Um cronograma mais realista, ainda muito otimista, poderia ser o anúncio de um candidato bem-sucedido até o final do ano, com o lançamento acontecendo em algum momento em 2021. Mas, mais uma vez, isso supondo que tudo corra conforme o planejado.

Como podemos estar confiantes de que será segura?

Desconsiderando o movimento anti-vacinas, é compreensível que alguém possa ter preocupações sobre a segurança de uma vacina desenvolvida em tempo recorde.

Neste momento, os sinais de segurança que temos visto dos ensaios de vacinas têm sido, em sua maioria, encorajadores, sem relatos de efeitos colaterais graves. Ao mesmo tempo, foram observados índices relativamente altos de febre e outros sintomas para alguns candidatos.

Nenhuma vacina ou medicamento chega sem efeitos colaterais, mas os benefícios de qualquer vacina que veja a luz do dia devem claramente superar os riscos. Embora uma vacina altamente eficaz que reduza a chance de infecção em 90% ou mais seja ideal, o limiar de sucesso estabelecido pela Food and Drug Administration (FDA) é de 50% de eficácia.

O medo que muitos especialistas e observadores têm é que um processo apressado jogue fora este princípio básico de orientação. E embora o atual chefe da FDA, Stephen Hahn, tenha tentado assegurar às pessoas que a FDA só aprovará uma vacina segura e eficaz, as mensagens mistas da administração Trump, compreensivelmente, deixaram as pessoas desconfiadas. E é importante considerar o papel de influência que os órgãos americanos terão em outros países do mundo, inclusive o Brasil.

“Não creio que uma vacina será usada sem uma avaliação adequada, mas mesmo a percepção de que uma avaliação adequada não foi feita poderia minar não apenas a vacinação contra o SARS-CoV-2, mas a confiança em todas as vacinas e ameaçar seriamente a saúde pública”, disse William Moss, um especialista em doenças infecciosas e vacinas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins.

Uma maneira de amenizar os medos sobre a segurança é garantir que pessoas de todos os setores demográficos sejam incluídas nos ensaios clínicos. Pessoas negras e mulheres grávidas em particular têm sido historicamente excluídas da pesquisa clínica. E são as comunidades minoritárias que têm sido até agora desproporcionalmente afetadas pela pandemia, tanto em sua exposição ao vírus como em seu risco de morrer por ele.

A FDA, empresas como Moderna e os próprios pesquisadores declararam que estão tentando garantir a diversidade voluntária na pesquisa de vacinas contra COVID-19, mas muitos testes iniciais ainda confiam em grande parte nas mesmas populações homogêneas que a maioria dos testes recruta, e não há nenhuma obrigação de que estes testes sejam representativos da população do país. É por isso também que as vacinas estão sendo testadas em vários países, incluindo o Brasil.

Como disse Moss, é a percepção que importa muito aqui. As taxas de hesitação em tomar vacinas têm aumentado ao longo dos anos, e embora muita dessa hesitação tenha sido alimentada pela propaganda de mentiras do movimento anti-vacinação, há também questões legítimas de desconfiança das comunidades minoritárias em relação ao sistema de saúde dos EUA, inclusive quando se trata de uma vacina contra COVID-19. Qualquer campanha bem-sucedida de vacinação em massa para o novo coronavírus terá que superar esse obstáculo.

Quem vai receber a vacina primeiro?

Não existe nenhuma maneira de termos vacinas o suficiente para o mundo todo, pelo menos no início.

O governo dos Estados Unidos recentemente conseguiu um acordo com a Moderna, bem como com a empresa farmacêutica Pfizer para fabricar e distribuir um lote inicial de 100 milhões de doses de cada um de seus respectivos candidatos a vacina.

Embora a produção esteja prevista para começar enquanto os testes clínicos estão em andamento, espera-se que leve até o final do ano para ter todas essas doses prontas e, de qualquer forma, esse número ainda é inferior a um terço da população dos EUA. Tanto a vacina da Pfizer quanto a da Moderna também provavelmente necessitarão de um reforço um mês ou mais tarde, adicionando mais tensão a qualquer fornecimento disponível.

O Brasil também fechou acordos de produção com duas vacinas que estão em estágios avançados de testes, a do laboratório chinês Sinovac Biotech e a que está sendo desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

Sob a luz da logística, governos de todo o mundo e especialistas em saúde pública já estão começando a se preocupar com quem deve receber as primeiras doses de qualquer vacina. Mas qualquer acordo que for fechado é provável que seja confuso.

“Vários grupos estão pensando como seria este processo de priorização em nível estadual, nacional e global, mas sem dúvida será complicado e confuso”, disse Moss. “A maioria das pessoas concorda que os profissionais da saúde e aqueles mais vulneráveis a doenças graves, como os idosos e aqueles com outras condições, devem ser priorizados.”

Durante a pandemia H1N1 de 2009, Swann observou que houve uma controvérsia inicial quando se descobriu que os funcionários de Wall Street haviam saltado para a frente da fila para garantir as primeiras doses escassas da vacina.

Embora não saibamos se algo semelhante aconteceria com uma vacina para COVID-19, já vimos segmentos de elite da sociedade terem acesso preferencial aos testes juntamente com os recursos necessários para evitar a exposição ao vírus, em primeiro lugar. Se esse mesmo padrão se repetir com a vacinação, isso também poderia prejudicar seriamente a vontade das pessoas de tomar a vacina.

“Posteriormente, talvez um ano após uma vacina estar disponível pela primeira vez, haverá quantidade suficiente para todos os que quiserem ser vacinados”, disse Moss. “Mas nem todos querem ser vacinados, em parte devido à desinformação e desconfiança da ciência, autoridades e vacinas. Uma estratégia de comunicação multifacetada é urgentemente necessária para construir a confiança necessária para que aqueles que estão em maior risco aceitem a vacinação.”

Quanto a vacina irá custar?

Esta é provavelmente a pergunta com a resposta mais otimista.

No Brasil, as parcerias envolvem o SUS – tanto a parceria fechada pelo governo federal e a Universidade de Oxford quanto o acordo feito pelo Estado de São Paulo com a Sinovac Biotech e o Instituo Butantan.

Nos EUA, ambos os partidos políticos foram rápidos em seus posicionamentos no início da pandemia sobre os custos potenciais de uma futura vacina, mesmo que saísse do orçamento. Entretanto, em meados de junho, a Casa Branca anunciou que espera que as seguradoras cubram a vacinação sem nenhum co-pagador envolvido; a administração também se comprometeu a fornecer vacinas gratuitas a qualquer população “vulnerável” que não pudesse arcar com elas.

Uma vacina vai trazer de volta a vida “normal”?

A resposta curta é: não, não de imediato.

Como discutido acima, qualquer vacina bem sucedida levará tempo para ser distribuída a todos que a desejarem e, na melhor das hipóteses, isso poderá ser possível até meados do próximo ano. Mas há tantas incógnitas até lá.

As vacinas que estamos vendo na Fase III provocaram uma resposta imunológica em voluntários, mas não sabemos como esta resposta se traduzirá no mundo real na prevenção real de infecções, e os especialistas advertiram que as primeiras vacinas a serem bem-sucedidas podem não ser tão boas assim.

Mesmo uma vacina medíocre seria imensamente útil na prevenção de casos de doenças graves e no embate ao impacto de futuros surtos de COVID-19, mas os perigos da pandemia ainda estariam presentes em algum nível.

Com o tempo, os pesquisadores poderão desenvolver uma vacina que seja altamente eficaz, semelhante a muitas das vacinas agora disponíveis para doenças como o sarampo. Mas o exemplo do sarampo também mostra porque provavelmente teremos que conviver com o COVID-19 durante anos, se não para sempre. Após décadas de progresso na erradicação lenta do sarampo, a doença viral começou a voltar à Europa e aos EUA, em grande parte devido a pequenas comunidades de pessoas que não estão dispostas a vacinar seus filhos.

É importante ter em mente que, apesar de as vacinas existirem desde o século 19, a humanidade só conseguiu erradicar uma doença evitável por vacinação: a varíola. Esperamos que um dia o novo coronavírus seja rebaixado de um desastre que abala o mundo para um mero incômodo da vida cotidiana. Mas é duvidoso que algum dia nos livraremos completamente dele. E as repercussões econômicas, sociais e sanitárias desta pandemia provavelmente reverberarão muito depois que o pior do COVID-19 tiver passado.

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Facebook começa testar integração do Messenger nas mensagens do Instagram

Posted: 16 Aug 2020 09:33 AM PDT

Logo do Facebook

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, já revelou que quer que todos os aplicativos de sua empresa se unam de alguma maneira. Entretanto, é mais fácil falar do que fazer, especialmente considerando que muitas pessoas que usam Instagram, a joia da coroa do Facebook, não querem se aproximar do aplicativo azul. No entanto, pode ser um pouco mais difícil ficar longe dele em um futuro próximo.

O Verge informa que na sexta-feira (14), o Facebook aparentemente começou a liberar uma atualização que integra seus sistemas de chat do Instagram e Facebook Messenger nos Estados Unidos. A nova integração foi anunciada silenciosamente por meio de uma mensagem pop-up que apareceu para os usuários quando eles abriram o Instagram em seus iPhones ou Androids.

“Há uma nova forma de trocar mensagens no Instagram”, dizia o pop-up, de acordo com o Verge.

O aviso também descrevia as novas características que acompanhariam a integração. Aparentemente incluiriam um novo visual colorido os chats, a capacidade de reagir (às mensagens, imagino) com qualquer emoji, a possibilidade de arrastar sobre uma mensagem para respondê-la e de conversar com pessoas que usam o Facebook.

Para aqueles que estão assustados, não tenham medo, pelo menos não neste momento. O Facebook aparentemente não está forçando os usuários a atualizar o Instagram imediatamente. Não está claro por quanto tempo os usuários serão capazes de atrasar essa integração, embora seja lógico que eles provavelmente serão forçados a fazê-lo em algum momento.

Entretanto, se essas opções parecerem interessantes e você decidir atualizar agora, você verá que o ícone típico de mensagens do Instagram no canto superior direito do aplicativo mudou. Na versão mostrada pelo Verge, o ícone foi substituído pelo logotipo do Messenger, exceto pelas cores, que se encaixam no design do Instagram.

As conversas nas DMs do Instagram são, aparentemente, mais coloridas. As mensagens mudam do azul para o roxo, o que é um pouco difícil de imaginar. Um usuário no Twitter compartilhou telas de como está esse visual, que você pode ver abaixo.

Eu pessoalmente não entendo porque o Facebook decidiu fazer essas mudanças com gradiente de cor. Quero dizer, o azul não é uma cor que eu associo ao Instagram, embora tenha acabado de analisar o ícone do aplicativo no meu celular e tenha visto uma pitada de azul logo no topo. Quando penso em azul, penso no Facebook, o que talvez seja o ponto.

Uma característica está ausente no momento: a capacidade de enviar mensagens aos usuários no Facebook a partir do Instagram. Como foi anunciada na mensagem que os usuários do Instagram receberam no aplicativo, é provável que isso se concretize em breve.

Permitir a integração de mensagens entre o Facebook Messenger, Instagram e WhatsApp faz parte do plano de Zuckerberg há algum tempo. Embora cada um dos aplicativos permaneça autônomo, o Facebook está trabalhando na integração de sua infraestrutura técnica. Isso significa que as pessoas que usam apenas um dos aplicativos do Facebook poderiam se comunicar com outros em seu império, mesmo que não usem o mesmo aplicativo.

Essa também é uma maneira de o Facebook competir diretamente com a Apple, que tem o iMessage, e os aplicativos do Google.

Como parte do esforço de integração, o Facebook também está incorporando criptografia de ponta a ponta em todos os aplicativos. Quando a notícia de seus planos foi publicada em 2019, a empresa disse que queria “construir as melhores experiências de mensagens” que pudesse e “facilitar o contato de amigos e familiares através das redes”.

Eu não sei vocês, mas a primeira coisa que pensei foi: “o Facebook está invadindo a Instagram”. Eu tenho contas em ambos os aplicativos, mas definitivamente tenho usado mais o Instagram nos últimos anos. Algo me diz que minha reação foi tranquila em comparação com as pessoas do Instagram que não gostam nada do Facebook.

Essas pessoas certamente não vão gostar de ver o ícone do Messenger no Instagram, sempre lembrando que um de seus aplicativos favoritos pertence ao Facebook. Mas depois de um tempo, eles provavelmente vão superar isso. O Facebook está entrelaçado em nossas vidas, para o bem e para o mal.

[The Verge]

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Trump dá a entender que pode conceder perdão a Snowden

Posted: 16 Aug 2020 06:56 AM PDT

Donald Trump — que certa vez exigiu que o ex-funcionário da NSA Edward Snowden fosse executado por vazar informações confidenciais sobre o sistema distópico de vigilância de cidadãos norte-americanos — disse ter pensado que Snowden “não foi tratado com justiça” após um pedido do parlamentar republicano Thomas Massie para finalmente perdoá-lo.

Snowden, que vazou um grande número de documentos internos da NSA sobre programas secretos de vigilância em massa que invadem a privacidade, incluindo o PRISM, colaboração com outras agências de inteligência, coleta de dados e o “orçamento secreto” da NSA, agora vive na Rússia com medo de ser extraditado para os EUA e processado.

Em uma entrevista ao New York Post na quinta-feira, Trump citou Snowden como um mártir semelhante a si mesmo, repetindo afirmações infundadas de que a administração de Barack Obama teria grampeado a Trump Tower e espionava ilegalmente sua campanha presidencial de 2016.

"Há muitas pessoas que pensam que ele não está sendo tratado com justiça", disse Trump ao Post. “Quer dizer, eu ouvi isso.”

Trump então divagou com alusões tipicamente vagas a Snowden estar entre as pessoas "sobre as quais eles" falam e ter "ouvido coisas dos dois lados", antes de aproveitar a oportunidade para negar que ele e Snowden já haviam se conhecido — falando de forma bem confusa. De acordo com o NY Post:

"Snowden é uma das pessoas de quem eles falam. Eles falam sobre várias pessoas, mas ele certamente é uma das pessoas de quem falam", disse Trump na quinta-feira, antes de se dirigir a seus assessores. "Eu acho que o DOJ está querendo extraditá-lo agora mesmo? […] Certamente é algo que eu poderia olhar. Muita gente está do lado dele, direi isso. Eu não o conheço, nunca o conheci. Mas muitas pessoas estão do lado dele."

O presidente então perguntou a sua equipe: "O que você acha disso, do Snowden? Faz muito tempo que não ouço o nome."

Depois de fazer uma pesquisa na sala, Trump acrescentou: "Eu ouvi coisas dos dois lados. De traidor a ser, você sabe, perseguido. Eu ouvi coisas dos dois lados.”

Uma grande coalizão, incluindo a ACLU, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch, CEOs de tecnologia, ex-funcionários da administração Obama e da segurança nacional, membros da mídia e ativistas de direitos humanos concordam que Snowden merece um perdão, mas não está claro por que Trump pensa nisso ou com que profundidade ele analisou o caso. Também dá para saber claro pelo tom da conversa se Trump está considerando seriamente um perdão ou apenas brincando com a ideia como uma forma de se dizer outro alvo infeliz da comunidade de inteligência dos EUA.

No ano passado, o Departamento de Justiça de Trump processou com sucesso para impedir Snowden de lucrar com o lançamento de seu livro Permanent Record por ele não ter sido aprovado pela NSA ou pela CIA. O DOJ e as agências de inteligência continuam hostis a Snowden.

No Twitter, Snowden respondeu à matéria do Post apontando um perdão havia sido considerado em 2016, quando o ex-procurador-geral Eric Holder disse que os vazamentos tinham sido um "serviço público". Na época, Holder disse que Snowden ainda deveria ser punido por não passar pelo Congresso para relatar suas preocupações. Obama afirmou mais tarde que não poderia perdoar Snowden, já que ele nunca compareceu a um tribunal dos EUA (a propósito, não é realmente assim que os perdões funcionam).

Snowden geralmente tem sido mais impopular entre conservadores do que entre liberais e libertários. Mas a questão não se encaixa perfeitamente nas linhas partidárias, e muitos democratas relutam em pedir seu perdão.

Em 2016, membros de ambos os partidos no Comitê de Inteligência da Câmara o rotularam como mentiroso. Massie foi um dos vários republicanos, incluindo o deputado Justin Amash e o senador Rand Paul, que se aliou a Snowden como um delator pelas liberdades civis.

Do lado democrata, os defensores do perdão incluem o senador Bernie Sanders e a congressista Tulsi Gabbard, bem como o ex-presidente Jimmy Carter, enquanto o apoio geral às revelações — além do próprio Snowden — veio de muitos membros democratas do Congresso.

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