segunda-feira, 23 de novembro de 2020

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Questionada sobre atraso em recurso de privacidade, Apple detona Facebook na resposta

Posted: 22 Nov 2020 02:15 PM PST

iPhones em uma mesa de uma loja da Apple.

No início deste ano, grupos de direitos humanos e privacidade, como a Electronic Frontier Foundation e a Human Rights Watch, enviaram uma carta à Apple perguntando por que ela iria atrasar um novo recurso que forçaria os aplicativos a pedir permissão explícita dos usuários antes de rastreá-los. A Apple respondeu, de acordo com a Bloomberg, com uma carta criticando o Facebook.

A Apple lançou o recurso de aprimoramento de privacidade do iOS 14 em setembro, mas ainda não o tornou obrigatório para os desenvolvedores. Os grupos escreveram uma carta à empresa afirmando que o atraso foi imprudente tendo em vista as “semanas críticas antes e depois das eleições dos EUA, quando os dados das pessoas podem ser usados ​​para direcionar a elas propagandas políticas personalizadas”.

Em uma carta de resposta, a diretora global de privacidade da Apple, Jane Horvath, detonou o Facebook e seu modelo de negócios.

"Muitas vezes, as informações são coletadas sobre você em um aplicativo ou site de propriedade de uma empresa e combinadas com outras coletadas separadamente por outras companhias  e usadas para anúncios direcionados e métricas de publicidade", escreveu a Apple. "Às vezes, seus dados são até agregados e revendidos por data brokers, terceiros que você não conhece e com quem você não interage. O rastreamento pode ser invasivo, até assustador e, na maioria das vezes, ocorre sem a conscientização ou consentimento significativo do usuário."

A Apple se gabou de seu recurso App Tracking Transparency (ATT; “transparência de rastreamento de aplicativos”, em tradução livre) como parte de seu compromisso geral com a privacidade. A companhia criticou especificamente o Facebook:

Por outro lado, o Facebook e outros têm uma abordagem muito diferente em relação à segmentação. Eles não apenas permitem o agrupamento de usuários em segmentos menores, mas também usam dados detalhados sobre a atividade de navegação online para direcionar os anúncios. Seus executivos deixaram claro que sua intenção é coletar o máximo de dados possível em produtos próprios e de terceiros para desenvolver e monetizar perfis detalhados de seus usuários, e esse desrespeito pela privacidade do usuário continua a se expandir para incluir mais de seus produtos.

Horvath também disse que o Facebook pode ter sido parcialmente responsável pelo atraso no lançamento do ATT. A executiva disse à Bloomberg que o cronograma estendido “daria aos desenvolvedores o tempo indicado como necessário para atualizar adequadamente seus sistemas e práticas de dados”.

O recurso ATT é uma mudança importante para os desenvolvedores de aplicativos. Ele exige que os usuários autorizem o compartilhamento de dados de uso e também restringe o acesso dos aplicativos a vários identificadores exclusivos que podem ser usados ​​para seguir uma pessoa. Assim, ele afeta sua capacidade de monitorar ações pós-instalação, direcionar anúncios ou construir modelos de comportamento.

O VentureBeat escreveu em setembro que, embora “10% a 30% dos usuários de iOS atualmente limitem a personalização de anúncios, e até 15% atualmente usem rastreamento limitado de anúncios para desabilitar seu [identificador para anunciantes]”, espera-se que até 80% recusem as solicitações desse tipo quando o ATT estiver funcionando.

O Facebook respondeu, em uma declaração ao Ars Technica e a outros meios de comunicação, de que não se trata de privacidade de forma alguma — trata-se de bloquear o iOS com táticas anticompetitivas para dar uma vantagem injusta às soluções da própria empresa.

Isso tem seu fundo de verdade. A Apple está enfrentando queixas antitruste da indústria de publicidade sobre a atualização do iOS 14, bem como de empresas como Spotify, Telegram e Epic Games.

O subcomitê judiciário antitruste da Câmara de Representantes dos EUA concluiu recentemente que a obrigatoriedade de uso a plataforma de pagamento da Apple é anticompetitiva, assim como a forma como ela restringe APIs, modifica classificações de pesquisa e define aplicativos padrão.

A divisão antitruste do Departamento de Justiça dos EUA está investigando a Apple e outras grandes empresas de tecnologia, incluindo o Google, embora detalhes sobre a investigação da Apple continuem vagos.

"A verdade é que a Apple expandiu seus negócios para publicidade e, por meio de suas próximas mudanças no iOS 14, está tentando fazer com que a internet gratuita seja trocada por aplicativos e serviços pagos, em que eles lucram", disse o Facebook ao Ars Technica. "Como resultado, eles estão usando sua posição dominante no mercado para dar preferência à sua própria coleta de dados, ao mesmo tempo que tornam quase impossível que seus concorrentes usem ferramentas desse tipo. Eles dizem que é por causa da privacidade, mas é pelo lucro."

Esta briga já dura um bom tempo. Em agosto, o Facebook avisou que a atualização do iOS poderia reduzir a receita de sites que usam sua Audience Network em até 50%. Naquele mês, a empresa também disse que foi forçada a retirar a versão do Facebook Gaming disponível na App Store por causa de restrições impostas pelos termos de serviço.

"Infelizmente, tivemos que remover totalmente a funcionalidade de jogos para obter a aprovação da Apple para o aplicativo independente do Facebook Gaming — o que significa que os usuários do iOS terão uma experiência inferior a quem usa a versão de Android", escreveu a diretora de operações Sheryl Sandberg em um comunicado na ocasião.

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Os maiores feitos científicos do Observatório de Arecibo

Posted: 22 Nov 2020 11:48 AM PST

Nesta semana, tivemos a trágica notícia de que a famosa antena parabólica de 300 metros do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, terá que ser demolida após o rompimento de dois cabos de apoio. É o fim de uma era, mas uma boa oportunidade para revisitar algumas das contribuições científicas mais importantes possibilitadas pela famosa instalação.

Estrategicamente construído dentro de um pequeno vale, o Observatório de Arecibo tem estado no centro de vários tipos de descobertas científicas nos últimos 57 anos. A antena de rádio fez contribuições inestimáveis ​​para a ciência planetária e estelar, o estudo de objetos de corpo pequeno como asteroides, cosmologia e até mesmo a busca de inteligência extraterrestre.

Aqui estão alguns destaques da ilustre carreira de Arecibo. Descanse em paz, antena.

Recalcular a duração do ano de Mercúrio

A nave espacial Mariner 10 da NASA tirou esta foto de Mercúrio em 1974. Imagem: NASA / JLP

A primeira grande descoberta de Arecibo veio em 1967, quando dados coletados pelo radiotelescópio mostraram que um ano em Mercúrio dura 59 dias, e não 88 dias como se supunha anteriormente.

Enviar uma mensagem para os aliens

Demonstração visual da mensagem, com adição de cores para distinguir as várias seções. Ilustração: Wikimedia

O legal do Observatório de Arecibo é que, além de receber sinais de rádio, ele também pode transmiti-los. Essa capacidade foi posta à prova em 1974, quando a instalação fez uma transmissão conhecida como mensagem de Arecibo para o aglomerado globular de estrelas M13. Esta região do espaço está a aproximadamente 25.000 anos-luz de distância, então teremos que ser pacientes para receber uma resposta.

Escrita em binário, a mensagem era curta, descrevendo coisas como DNA, a forma humana e até mesmo uma representação digital do próprio Observatório de Arecibo. Você pode encontrar uma explicação completa da mensagem aqui.

A primeira detecção de um pulsar binário

Impressão artística de um pulsar binário. Imagem: Jodrell Bank Observatory, University of Manchester / Wikimedia

Pulsares — estrelas que giram rapidamente e disparam feixes de radiação eletromagnética de seus polos altamente magnéticos — foram descobertos pela primeira vez em 1967. Usando o Observatório de Arecibo, pesquisadores se superaram e descobriram pela primeira vez um pulsar binário em 1974, no qual um pulsar orbita outra estrela. A descoberta rendeu a Joseph Taylor e Russell Hulse o Prêmio Nobel de Física de 1993.

Os primeiros mapas de radar de Vênus

Mapa de radar de Vênus. Imagem: NAIC

Em 1981, Arecibo forneceu os primeiros mapas de radar de Vênus — um planeta perpetuamente coberto por nuvens. A antena forneceria ainda mais detalhes do planeta nos anos seguintes.

Encontrar asteroides

Asteroid 2001 GQ2, conforme registrado pelo Arecibo em abril de 2001. Imagem: NAIC

Arecibo avistou seu primeiro asteroide em 1989, um objeto chamado 4769 Castalia. O observatório encontraria muitos mais e coletaria dados importantes sobre objetos próximos da Terra potencialmente perigosos. Um dos aspectos mais lamentáveis ​​de o prato ter que ser desativado é que Arecibo não vai mais vasculhar os céus em busca de ameaças potenciais.

Encontrar gelo nos polos de Mercúrio

Imagem de radar de Arecibo mostrando gelo no polo norte de Mercúrio. Imagem: NAIC

O planeta mais próximo do Sol, Mercúrio, tem gelo nos polos norte e sul. Essa descoberta foi feita em 1992 graças às observações do Arecibo. Os depósitos são presumivelmente água gelada, uma evidência de materiais voláteis na superfície de Mercúrio. Este gelo "persiste em crateras sombreadas apesar das altas temperaturas, de mais de 420°C, na superfície", de acordo com o Centro Nacional de Astronomia e Ionosfera dos EUA (NAIC), que é o nome formal do Observatório de Arecibo.

Os primeiros planetas extrassolares já descobertos

Impressão artística do primeiro exoplaneta já descoberto, que orbita um pulsar. Ilustração: NASA / JPL-Caltech

Em 1992, o astrônomo Aleksander Wolszczan usou o telescópio Arecibo para localizar três exoplanetas em torno de um pulsar chamado PSR B1257+12. Estes foram os primeiros planetas descobertos fora de nosso sistema solar, e um grande passo em nossa compreensão do cosmos.

Refinar nossa compreensão das ondas gravitacionais

Impressão artística das ondas gravitacionais geradas por estrelas de nêutrons binárias. Imagem: R. Hurt / Caltech-JPL

Ondas gravitacionais — ondulações na estrutura do espaço-tempo causadas por eventos tremendos como buracos negros em colisão ou supernovas — foram finalmente confirmadas por cientistas em 2016, após serem previstas por Albert Einstein um século atrás. Esta monumental descoberta, feita pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), não teria sido possível se não fosse por Arecibo. Como o NAIC explica:

De fato, a primeira evidência da existência de ondas gravitacionais veio de observações de longo prazo feitas pelo Arecibo de um pulsar em uma órbita decadente com outra estrela de nêutrons, onde a taxa de encolhimento orbital correspondeu à taxa esperada da perda de energia carregada pelas ondas gravitacionais emitidas.

Detectar uma rajada rápida de rádio recorrente pela primeira vez

Impressão artística de uma poderosa explosão de raios-X saindo de um magnetar — uma fonte conhecida de explosões de rádio rápidas. Imagem: Goddard Space Flight Center da NASA / Chris Smith (USRA)

Os cientistas detectaram pela primeira vez rajadas de rádio rápidas (FRBs) em 2007, mas dois fatores principais os impediram de compreender totalmente esses pulsos enigmáticos de milissegundos. A primeira é que todos eles (até recentemente) se originaram em galáxias muito, muito distantes. A segunda é que as FRBs foram eventos passageiros e pontuais. Isso mudou em 2016, quando cientistas que trabalhavam no Observatório de Arecibo avistaram a primeira rajada recorrente.

Desde aquela época, detectamos outras FRBs recorrentes, e outras originárias de nossa própria galáxia. Evidências recentes sugerem que esses pulsos vêm de estrelas de nêutrons altamente magnéticas conhecidas como magnetares.

O curioso caso dos pulsares desaparecidos

Impressão artística de um pulsar. Ilustração: NASA

Em uma das descobertas astronômicas mais inesperadas, os cientistas usaram a instalação de Arecibo para detectar dois pulsares bastante estranhos que paravam de piscar por períodos intermitentes. A descoberta, feita em 2017, sugere que os pulsares nem sempre piscam e que eles têm um “estado ligado” e um “estado desligado”. Além do mais, esta pesquisa sugere que pode haver mais pulsares intermitentes do que pulsares “normais”.

A busca por alienígenas

Uma visão da Via Láctea. Imagem: NASA

Apesar dessas incríveis descobertas, Arecibo é provavelmente mais famoso por seu uso no SETI — a busca por inteligência extraterrestre. O observatório foi usado por grupos como o SETI @ Home, a equipe do SETI da Universidade da Califórnia em Berkeley, e o Projeto Phoenix do SETI Institute. O telescópio aparece até no filme Contato, de 1997. Nenhum sinal de rádio de alienígenas jamais foi detectado por Arecibo (nem por qualquer outro observatório, aliás), o que é, por si só, uma observação interessante e nos força a perguntar: cadê todo mundo?

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Peritos usam vídeos compartilhados em redes sociais para reconstituir explosão de Beirute

Posted: 22 Nov 2020 09:07 AM PST

Um dos aspectos mais terríveis da devastadora explosão de 4 de agosto em Beirute, que matou mais de 200 pessoas e feriu mais de 6.500, é que ela poderia facilmente ter sido evitada. Usando vídeos do evento que foram compartilhados nas redes sociais, pesquisadores forenses conseguiram reconstruir exatamente o que aconteceu, incluindo a negligência chocante que levou à tragédia.

Antigamente, determinar o que causou eventos como a explosão de Beirute era um processo mais longo e complicado. Pesquisadores forenses poderiam conseguir vídeos ocasionais de uma câmera de trânsito ou de segurança, o que lhes permitiria reproduzir e dissecar eventos como este. Em grande parte, entretanto, eles tiveram que confiar em uma análise detalhada das consequências, incluindo os destroços e danos resultantes, e depois juntá-la a um amplo conhecimento de explosivos para determinar a causa exata.

Mas hoje, todos temos câmeras e documentamos tudo o que acontece ao nosso redor. Minutos após a explosão de 4 de agosto, quem gravou o incêndio inicial no armazém e capturou a explosão compartilhou vídeos no Twitter, Facebook e outras plataformas de mídia social.

Não demorou muito para que as pessoas em todo o mundo tivessem testemunhado o acontecido, e esses vídeos acabaram se tornando uma ferramenta crucial para os especialistas de um grupo de pesquisa da Universidade de Londres chamado Forensic Architecture (“arquitetura forense”, em tradução livre), reconstruírem o que causou a tremenda explosão que causou o mesmo impacto de quase 1,5 quilotons de TNT.

Suas descobertas foram compartilhadas neste vídeo de 12 minutos que usa vídeos aleatórios capturados por toda a cidade para reconstituir tudo, desde as colunas de fumaça que começaram a subir do armazém até a explosão em si. Infelizmente, só serviu para confirmar o que muitos suspeitavam.

Seis anos antes, em outubro de 2014, 2.750 toneladas de nitrato de amônio (um fertilizante com alto teor de nitrogênio que também serve como ingrediente em explosivos usados ​​para mineração) foram descarregadas nas docas em Beirute e armazenadas em um depósito próximo.

Ao longo dos anos, vários relatórios alertaram sobre os riscos de segurança do material armazenado ali, incluindo um relatório alarmante de um especialista em química forense em fevereiro de 2015, que descobriu que 70% dos quase 3.000 sacos contendo o nitrato de amônio haviam sido abertos e que o material cristalino estava se espalhando.

Reportagens e fotos tiradas dentro do prédio antes do incidente também descobriram que, apesar de conter milhares de toneladas do material explosivo, o depósito também foi usado para armazenar 23 toneladas de fogos de artifício, mais de 1.000 pneus de borracha para carros e cinco rolos de cordão detonante lento. De acordo com pesquisadores forenses e especialistas em engenharia, o conteúdo do armazém, incluindo como e onde os vários materiais foram armazenados, basicamente criou uma bomba improvisada.

Como parte da investigação, os modelos 3D desenvolvidos pela Forensic Architecture — incluindo o armazém, as nuvens de fumaça, a esfera de explosão inicial e partes da cidade de Beirute detalhando onde vários vídeos de referência foram capturados — foram disponibilizados para download no GitHub.

Neste ponto, não há dúvida do que fez a explosão em Beirute ser tão severa quanto foi, mas esta pesquisa contribuirá com novas diretrizes sobre o manuseio seguro e armazenamento desses tipos de materiais, bem como novos métodos de responsabilização. Tomara que, no futuro, quando riscos desse tipo forem alertados, as medidas adequadas sejam tomadas.

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Quais são os riscos de contrair COVID-19 durante um passeio com seu cachorro?

Posted: 22 Nov 2020 05:43 AM PST

Cães e cachorro. Imagem: Claudio Cruz (Getty Images)

Um novo estudo sobre COVID-19 sugere que passear com seu cachorro aumenta em 78% o risco de contrair o novo coronavírus. É uma porcentagem alarmante, de fato. No entanto, não há com o que se preocupar caso você tenha o costume de levar seu animal de estimação para caminhar — até porque eles precisam sair para andar um pouco. Isso porque os dados de tal estudo foram divulgados de maneira confusa.

Vamos explicar. A pesquisa foi publicada recentemente na revista Environmental Research por uma equipe de cientistas da Espanha. Eles realizaram um levantamento online com mais de 2.000 pessoas no país entre abril e maio deste ano, exatamente na época em que a Espanha enfrentava sua primeira onda da pandemia e havia decretado uma série de restrições de distanciamento. Os entrevistados responderam várias perguntas, entre elas se tinham bichos em casa e se já tinham contraído COVID-19.

Ao todo, pouco menos de 5% dos entrevistados disseram ter se infectado em algum momento. E quando os pesquisadores compararam as taxas de coronavírus entre pessoas que disseram que passeavam com um cachorro e as que não passeavam (seja porque não tinham um animal de estimação ou porque simplesmente não saíam com ele), aqueles que disseram levar seu pet para dar uma volta tinham uma chance levemente maior de infecção: 6,9% versus 4,2%.

A partir disso, os pesquisadores concluíram que passear com o cachorro “aumenta o risco de contágio de COVID-19 em 78%”.

Há algumas coisas a serem abordadas. Mas logo de cara, o texto acima está incorreto, mesmo se você assumir que as descobertas são precisas. Esses tipos de estudos são chamados de pesquisa observacional, o que significa que eles examinam padrões e tendências em um ambiente da vida real. Embora esses relatórios sejam um aspecto fundamental da ciência, uma de suas limitações conhecidas é que eles não podem mostrar uma relação direta de causa e efeito entre as coisas que estão tentando observar.

No máximo, você poderia dizer que este estudo sugere que passear com o cachorro está associado a um risco maior de COVID-19, mas não que passear com o cachorro aumenta suas chances de infecção.

As implicações reais da pesquisa também são duvidosas. Ao tentar explicar as descobertas, os autores especulam que os cães podem estar transmitindo o coronavírus para seus donos, tendo pegado o vírus do mundo exterior durante suas caminhadas.

Embora os cães tenham demonstrado ser portadores do vírus, alguns até adoecendo por causa da doença, não há evidências até o momento de que os cães tenham infectado outras pessoas. Na maioria das vezes é o contrário: os donos é que transmitiram a infecção aos cachorros.

A transmissão de COVID-19 por meio de superfícies e em ambientes externos entre pessoas também foi documentada, mas são consideradas fontes raras de infecção.

Portanto, para que essa teoria seja verdadeira, você precisaria que duas coisas improváveis ​​acontecessem ao mesmo tempo: 1) cães infectados ao serem expostos a alguma fonte contaminada externa e, em seguida, transmitir a infecção ao dono, e 2) você precisaria que este evento acontecesse com muita frequência.

Uma outra teoria que eles apresentam é que pessoas que caminham com cães podem ser mais propensas a outros comportamentos que aumentam o risco de pegar COVID-19. Isso sim é mais provável, com certeza. Mas os dados não são necessariamente tão robustos quanto parecem.

O mais evidente é que metade dos casos documentados no estudo não foram confirmados por um teste real e, em vez disso, baseados no autodiagnóstico. Foi muito mais difícil conseguir um teste no início da pandemia, então isso não é culpa de ninguém. Contudo, torna os dados coletados ainda mais inconsistentes, bem como qualquer uma das conclusões que possam surgir deles.

A premissa do estudo não era pintar cães como bode expiatório para COVID-19, mas sim procurar padrões de comportamento que pudessem explicar o risco de infecção de uma pessoa. Essa é uma meta perfeitamente válida.

É possível que os cães tenham sido portadores silenciosos da pandemia todo esse tempo? Não há como afirmar com toda a certeza, pois nada pode ser descartado no mundo da ciência. Mas os pesquisadores geralmente aplicam um senso básico às coisas que descobrem, com base no que já sabemos.

Se os cães fossem a principal fonte de infecção, provavelmente haveria muitas evidências de outros estudos sugerindo isso, o que não existe. Então, por enquanto, é mais provável que esta pesquisa seja um acaso único do que uma razão concreta para manter seu cão de máscara o tempo todo (isso se ele contraiu COVID-19).

Além disso, mesmo neste estudo, passear com cães não era a atividade de maior risco associada à infecção. No topo da lista apareceu o compartilhamento de um mesmo espaço com alguém que já contraiu o vírus. Aqueles que viviam com uma pessoa diagnosticada com coronavírus tinham 60 vezes mais probabilidade de contrair a doença viral. Infelizmente, esse é um risco adicional que é apoiado por muitas evidências, e muito mais difícil de evitar do que simplesmente não passear com o cachorro.

Lembrando: se for levar seu cão para passear na rua, use máscara o tempo todo.

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