sábado, 13 de fevereiro de 2021

Gizmodo Brasil

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Por conta da escassez de chips, Nvidia está vendendo placas de vídeo velhas

Posted: 12 Feb 2021 02:51 PM PST

Nvidia RTX 2060

Enquanto as fabricantes avisam que a escassez de chips deve continuar em 2021, a Nvidia pretende recolocar as antigas GTX 1050 Ti e RTX 2060 no mercado e compensar um pouco a falta de placas de vídeo.

Em um comunicado à PCWorld, um porta-voz da Nvidia confirmou o relançamento das placas para que alguns parceiros pudessem lançar novos hardwares. O porta-voz disse ainda que estas GPUs nunca foram realmente descontinuadas e que a empresa está apenas “atendendo a demanda do mercado, que continua extremamente alta”.

Então por que usar placas de vídeo antigas e obsoletas? A Nvidia impressionou a todos no ano passado com suas GPUs da série 3000, mas o caos que se seguiu mostrou que a maioria das pessoas não conseguiria comprar uma — mesmo tendo dinheiro para isso.

Parte do problema pode ser atribuído a questões logísticas desencadeadas pela pandemia, mas os cambistas também pioraram tudo ao usarem robôs para comprarem várias GPUs e revendê-las por preços maiores. Depois que anunciaram uma RTX 3080 por ridículos US$ 70 mil no eBay, o Gizmodo descobriu que a GTX 3080 estava sendo disputada por robôs de compra — o que, obviamente, irritou consumidores e fez eles boicotarem alguns destes atravessadores. Em outubro, a Nvidia ainda adiou o lançamento da RTX 3070, enfurecendo ainda mais a clientela.

Ainda de acordo com a PCWorld, vender as GPUs mais antigas é fácil porque elas podem ser fabricadas com processos já estabelecidos e, assim, com menos custos. A RTX 2060 é de 2019, mas suporta ray tracing e é suficientemente poderosa para o que os jogos demandam.

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Já a GTX 1050 Ti é mais antiga, de 2016, mas é capaz de aguentar games menos exigentes. Outro ponto da GTX 1050 Ti é que ela vem equipada com o GDDR5 VRAM — que é insuficiente para a mineração de Ethereum, uma das criptomoedas que estão inflacionadas. Pois é: o uso de placas de vídeo para minerar criptomoedas também está colaborando para a escassez de GPUs.

A GTX 1050 Ti foi lançada por US$ 140 em 2016, mas agora está sendo vendida por mais de US$ 200. Já a RTX 2060 está mais cara ainda, sendo comercializada por mais de US$ 700 (sendo que ela foi lançada por US$ 350).

A escassez de chips se tornou um problema tão grande que o governo de Biden já prometeu intervir. A Bloomberg noticiou que o presidente dos EUA pretende assinar uma ordem executiva do governo para revisar a cadeia logística depois que líderes da Intel, Qualcomm e AMD pediram ajuda. De qualquer forma, é improvável que qualquer conserto seja lançado imediatamente.

Nesse meio tempo, você deve ficar de olho nos preços e depender da sorte. Se seu setup estiver dando conta do recado, fique zen e espere por tempos melhores.

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Banco Inter e Samsung fecham parceria para dar R$ 850 de cashback no Galaxy S21

Posted: 12 Feb 2021 01:32 PM PST

Samsung Galaxy S21. Imagem: Sam Rutherford (Gizmodo)

Nesta semana, a Samsung confirmou o lançamento da nova linha Galaxy S21 no Brasil. E como já é de costume, outras empresas estão anunciando parcerias para trazer benefícios aos compradores dos novos smartphones. É o caso do Banco Inter, que venderá os aparelhos dentro do próprio marketplace, com direito a cashback.

A novidade foi revelada pela companhia durante uma live realizada no perfil do banco no Instagram. O período promocional se iniciou na última quarta-feira (10) e vai até este domingo (14). Dependendo do modelo selecionado, o cashback pode chegar a R$ 850, que são depositados diretamente na sua conta Inter no prazo de 30 dias.

Além dos smartphones, também estão disponíveis fones de ouvido Bluetooth e outros gadgets da companhia sul-coreana. Todos os valores são válidos para aquisições feitas no aplicativo do Banco Inter.

Sobre o Samsung Galaxy S21

Os novos Galaxy S21, S21+ e S21 Ultra chegam ao Brasil menos de um mês após o lançamento internacional. Os dois primeiros modelos possuem telas de 6,2 e 6,7 polegadas, respectivamente, taxa de atualização dinâmica entre 48 Hz a 120 Hz, 8 GB de memória RAM e processador Exynos 2100 octa-core de 5 nanômetros. Possuem ainda bateria de 4.000 mAh, no S21, e 4.800 mAh, no S21+, além de câmera tripla na parte traseira contendo um sensor principal de 12 MP, ultra-angular de 12 MP e teleobjetiva de 64 MP com zoom híbrido de 3x.

O Galaxy S21 Ultra, por sua vez, é o modelo mais avançado. Com um display de 6,8 polegadas curvado nas laterais, o dispositivo ganhou compatibilidade com a caneta S Pen, que até então era exclusiva da linha Galaxy Note. Outra melhoria em comparação com seus irmãos é nas câmeras traseiras. São quatro sensores, no total: principal de 108 MP, ultra-angular de 12 MP e mais duas câmeras teleobjetivas de 10 MP cada voltadas para Zoom, sendo uma com zoom óptico de 3x e outra de 10x. A bateria também é maior, oferecendo 5.000 mAh de capacidade, assim como a RAM, que pode ter 12 ou 16 GB.

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Um detalhe bastante controverso é que, seguindo os passos da Apple com o iPhone 12, nenhum dos novos Galaxy S21 traz fones de ouvido e adaptador de tomada na embalagem. Agora, esses itens precisam ser adquiridos separadamente.

No Brasil, os preços da nova linha Galaxy S21 varia entre R$ 5.999 e R$ 10.499.

[Oficina da Net]

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Stonehenge pode ser formado por pedras de um monumento ainda mais antigo

Posted: 12 Feb 2021 12:30 PM PST

Arqueólogos britânicos descobriram o local de um antigo círculo de pedras no oeste do País de Gales, que acreditam ter sido desmontado e posteriormente reconstruído como o Stonehenge.

Uma nova pesquisa publicada na Antiquity descreve a descoberta de um círculo de pedra desmontado nas colinas Preseli, no oeste do País de Gales. Chamado de Waun Mawn, ele é agora o terceiro maior círculo de pedra encontrado na Grã-Bretanha, sendo os outros Avebury, em Wiltshire, e Stanton Drew, em Somerset.

A localização deste antigo círculo de pedra é notável por ser próxima a uma pedreira de onde se acredita que as pedras azuis de Stonehenge foram retiradas. Isso poderia explicar por que as pedras do icônico monumento — que fica a 280 quilômetros de distância, na planície de Salisbury — foram transportadas de tão longe. A descoberta está lançando uma nova luz sobre os padrões de migração dos britânicos do Neolítico, ao mesmo tempo que mostra que um curioso mito de 900 anos pode realmente conter um pouco de verdade.

As pedras azuis de Stonehenge foram as primeiras a serem erguidas no local megalítico, há cerca de 5.000 anos. Essas pedras duraram séculos antes da instalação das monumentais pedras sarsen, que foram obtidas em uma pedreira localizada a cerca de 24 quilômetros de Stonehenge.

Waun Mawn foi sinalizado como um local de interesse potencial em 2010, mas permaneceu inexplorado porque outros sítios arqueológicos passaram a ter prioridade. Em 2017, uma equipe liderada por Mike Pearson, do Instituto de Arqueologia da University College London, decidiu dar uma olhada mais de perto, resultando na descoberta de duas pedras. Escavações subsequentes em 2018 resultaram na descoberta de mais duas, além de seis "cavidades vazias das quais os monólitos em pé foram removidos", como os autores escrevem no artigo. A equipe estima que o local já tenha consistido de 30 a 50 pedras.

A datação de sedimentos e carvão encontrados em Waun Mawn sugere que as pedras foram erguidas entre 3600 e 3200 a.C. A datação por radiocarbono e a luminescência opticamente estimulada (que mede o período de tempo desde que os minerais foram expostos à luz do Sol pela última vez) foram usadas para determinar as datas.

Foi a “informação escondida e preservada nos solos que forneceu a cronologia para a construção, e depois o desmantelamento do círculo de pedra Waun Mawn, intrigantemente pouco antes de pedras semelhantes serem erguidas em Stonehenge”, explicou Tim Kinnaird, coautor do estudo e arqueólogo da Universidade de St. Andrews, em um comunicado.

Uma vista aérea do local. Imagem: MP Pearson et al., 2021/Antiquity

Com 110 metros de largura, Waun Mawn e a vala ao redor de Stonehenge têm diâmetros semelhantes, e ambos os monumentos foram orientados para se alinharem com o nascer do sol do solstício de verão, de acordo com a pesquisa. Além do mais, uma pedra azul de Stonehenge apresenta uma seção transversal distinta que combina perfeitamente com um buraco encontrado em Waun Mawn. Fragmentos de rocha encontrados no mesmo buraco também correspondem aos encontrados em Stonehenge.

A descoberta ainda ajuda a explicar algumas perguntas não respondidas sobre as pessoas que viviam no oeste do País de Gales na época. Preseli Hills era uma região importante e densamente povoada no Neolítico da Grã-Bretanha, mas as evidências dessas pessoas de 2.000 a 3.000 a.C. são praticamente inexistentes. É “como se eles simplesmente tivessem desaparecido”, disse Pearson no comunicado, acrescentando que essas pessoas possivelmente migraram, “levando suas pedras — suas identidades ancestrais — com elas”.

Um buraco descoberto em Waun Mawn, incluindo a embalagem usada para proteger a pedra perdida. Imagem: MP Pearson et al., 2021/Antiquity

Essa hipótese está de acordo com pesquisas anteriores; uma análise isotópica de restos cremados mostrou que aproximadamente 16% das pessoas enterradas em Stonehenge “viveram as últimas décadas de suas vidas nas rochas Ordovicianas/Silurianas do sudoeste do País de Gales — incluindo em torno dos afloramentos das colinas Preseli”, de acordo com o novo artigo. A possibilidade de as pessoas e seus rebanhos terem migrado do oeste do País de Gales para a planície de Salisbury parece totalmente plausível, dada a nova descoberta.

O trabalho recente feito por Pearson e sua equipe “demonstra o grau de mobilidade” que era “parte da vida pré-histórica na Grã-Bretanha”, explicou Vincent Gaffney, arqueólogo da Universidade de Bradford que não participou do novo estudo, por email. A "determinação das pessoas" de tão longe em "potencialmente contribuir para a construção do monumento [Stonehenge] nos diz muito sobre como as comunidades pré-históricas foram estruturadas e as complexas inter-relações de povos distantes".

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Ele acrescenta: "Sem dúvida, precisaremos de mais pesquisas para esclarecer os detalhes de tais relações, mas este é um passo significativo."

A descoberta também pode explicar uma lenda do século 12, na qual Merlin levou um exército para a Irlanda para capturar um círculo de pedra mágico. Chamado de Giants’ Dance (“Dança dos Gigantes” em tradução livre), este círculo de pedra foi posteriormente reconstruído como Stonehenge como um memorial aos mortos, de acordo com o conto. A história é bastante duvidosa, mas pode haver alguma verdade nela, como sugere a nova pesquisa.

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Miami quer pagar funcionários públicos com bitcoin

Posted: 12 Feb 2021 12:05 PM PST

O prefeito de Miami, Francis Suarez, não esconde que quer tornar sua cidade um paraíso para empresários do ramo de tecnologia e para os impostos que vêm junto com eles. A mais recente jogada de marketing é uma proposta para oferecer aos funcionários municipais a opção de receber em bitcoin. Suarez quer também que os cidadãos possam pagar seus impostos usando esta volátil criptomoeda.

Na quinta-feira, Suarez anunciou no Twitter que a comissão de governo de Miami havia aprovado uma resolução para permitir que a cidade estudasse a viabilidade de fornecer aos funcionários da cidade a opção de serem pagos em bitcoin. Os detalhes da reunião ainda não foram enviados ao site da cidade, mas a Bloomberg relata que a resolução foi um pouco menos ambiciosa do que o prefeito queria.

A comissão deu sua aprovação à medida em uma votação de 4 a 1, mas ajustou a linguagem para encomendar um estudo ao gerente da cidade para avaliar o impacto das metas da resolução. Essas metas também incluem o potencial de permitir que a cidade invista uma parte de suas receitas em bitcoin. Isso pode exigir a aprovação em nível estadual.

Suarez está ansioso para contratar trabalhadores da indústria de tecnologia que estão fugindo do alto custo de vida do Vale do Silício em um momento em que a maior parte de seu trabalho está sendo feita remotamente. Mais recentemente, ele ganhou as manchetes depois de falar com Elon Musk para que a Boring Company construa túneis subterrâneos para ajudar a aliviar os problemas de tráfego de Miami. "Se o governador e o prefeito quiserem, faremos", tuitou Musk. Os críticos, porém, dizem que tal iniciativa pode ser uma missão impossível porque, entre outras coisas, o solo sob a cidade é cheio de cavernas e composto por calcário altamente solúvel. Mesmo se os obstáculos logísticos fossem superados, seria um projeto extremamente caro, disse um geólogo à Curbed.

O utopismo tecnológico de Suarez não é novo: ele tem sido um palestrante regular na Conferência de Bitcoin da América do Norte em Miami, que acontece anualmente, e tem cortejado gigantes do Vale do Silício, como Eric Schmidt e Chris Dixon, para ajudar a liderar uma migração tecnológica para sua cidade.

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Oferecer aos funcionários a opção de serem pagos em dinheiro digital não é particularmente absurdo, mas a ideia de investir fundos da cidade em bitcoin pode ser arriscada demais. O preço da criptomoeda atingiu uma alta histórica perto de US$ 19.000 em 2017. Em janeiro de 2019, estava oscilando em torno de US$ 3.200. Na manhã desta sexta (12), a criptomoeda está saindo por US$ 47.700. Esse tipo de volatilidade tornou impraticável seu uso como moeda corrente, mas é difícil argumentar contra os ganhos de longo prazo. Além disso, deve ser mais confiável do que dar permissão para Elon Musk cavar o solo em uma cidade que está afundando.

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Medicamento contra diabetes pode ser usado para tratar obesidade

Posted: 12 Feb 2021 10:59 AM PST

Kiattisak Choohnoo/EyeEm (Getty Images)

As descobertas de um novo ensaio clínico divulgado na última quarta-feira (10) podem apontar o caminho para um dos grandes malefícios deste século: uma droga segura e eficaz que ajuda a reduzir a obesidade nas pessoas.

O estudo descobriu que as pessoas com obesidade que receberam um tratamento atualmente usado para diabetes tipo 2 perderam significativamente mais peso do que um grupo de controle, com um terço perdendo 20% ou mais do peso corporal. Aqueles no grupo de testes também tiveram melhorias maiores em outros marcadores de saúde. No entanto, os efeitos do tratamento na saúde a longo prazo não são plenamente conhecidos, o que significa que ainda não sabemos quão eficaz ou seguro pode ser esse novo tratamento contra a obesidade.

O medicamento se chama semaglutida e foi aprovado nos EUA em 2017 para ajudar pessoas com diabetes tipo 2. A droga ajuda a aumentar a produção de insulina, hormônio que desempenha um grande papel no controle do açúcar no sangue. Pessoas com diabetes tipo 2 param de produzir insulina suficiente ou deixam de responder normalmente, causando níveis instáveis ​​de açúcar no sangue, o que caracteriza o diabetes. O medicamento faz isso imitando o hormônio do peptídeo 1, que é semelhante ao glucagon humano e também é chamado de GLP-1.

O GLP-1 é uma espécie de alavanca do organismo que regula nossa sensação de fome e metabolismo. Depois de comer, geralmente é liberado no intestino em níveis altos o suficiente para reduzir nosso apetite. É provavelmente por isso que um efeito colateral comumente relatado da semaglutida em pacientes com diabetes foi a redução do apetite e a perda de peso. E porque a obesidade, um fator de risco comum do diabetes tipo 2, muitas vezes envolve um metabolismo disfuncional, é também por isso que alguns cientistas esperam que a droga também possa ser usada em um tratamento genuíno contra a obesidade.

Este novo ensaio de Fase III foi financiado pela Novo Nordisk, fabricante da semaglutida, e envolveu quase dois mil pacientes com mais de 18 anos, recrutados em 16 países, de junho a novembro de 2018. Todos os voluntários disseram ter tentado perder peso sem sucesso pelo menos uma vez e tinham um índice de massa corporal acima de 30 — o limite máximo para obesidade — ou um IMC de 27, junto com complicações de saúde provavelmente relacionadas ao peso, mas que não incluiam diabetes. As descobertas foram publicadas no New England Journal of Medicine (NEJM).

Todos os voluntários foram encorajados a fazer uma dieta hipocalórica e praticar mais exercícios. Eles também receberam aconselhamento individualizado de nutricionistas uma vez por mês, pessoalmente ou por telefone. No entanto, cerca de metade foi escolhida de maneira aleatória para receber uma dose injetada semanal de semaglutida, enquanto a outra metade recebeu uma injeção de placebo. Cada dose de semaglutida foi de 2,4 miligramas, maior do que a dose de 1 miligrama usada para o tratamento do diabetes.

Ao final do teste de 68 semanas (que quase todos os participantes completaram), os resultados foram claros. Aqueles que tomaram semaglutida experimentaram uma perda média de peso de quase 15 kg, enquanto o grupo do placebo experimentou uma perda média quase 3 kg. Dois terços do grupo de tratamento perderam pelo menos 10% do peso inicial, enquanto um terço perdeu 20%. Eles também observaram melhorias mais substanciais na circunferência da cintura, pressão arterial e qualidade de vida relatadas pelos próprios pacientes.

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Apesar das notícias promissoras, alguns especialistas estão mais cautelosos sobre as implicações do estudo. Em um editorial complementar, Julie Ingelfinger e Clifford Rosen, médicos e editores do NEJM, consideraram os resultados um “bom começo”.

No ensaio, a semaglutida foi bem tolerada, mesmo apresentando sintomas como náuseas, diarreia e vômitos no grupo de tratamento. No entanto, Ingelfinger e Posen apontam que outra pesquisa sugere que isso pode aumentar o risco de problemas de saúde mais sérios, como pancreatite. Em camundongos, foi associado a certos tumores da tireoide quando tomada como pílula, razão pela qual a droga não é atualmente recomendada para pessoas com neoplasia endócrina múltipla tipo 1, uma condição hereditária que aumenta o risco de câncer de tireoide.

Os pesquisadores também observam que a obesidade é uma condição crônica. E apesar da duração do teste de 68 semanas, ainda não sabemos quão eficaz, seguro ou prático seria para alguém tomar uma dose injetada semanal de semaglutida a longo prazo. Esses riscos e limitações potenciais não significam que a droga não possa ser usada para a obesidade, mas sim que os cientistas precisarão continuar avaliando se seus benefícios superam seus danos. Alguns especialistas em saúde e ativistas também vêm questionando o valor do tratamento da obesidade.

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Hacker invade sistemas de 35 empresas de tecnologia, mas foi por uma boa causa

Posted: 12 Feb 2021 09:42 AM PST

THOMAS SAMSON/AFP (Getty Images)

Alex Birsan, um pesquisador romeno especialista em detectar ameaças virtuais, ganhou recentemente mais de US$ 130 mil (o equivalente a R$ 700 mil na conversão atual) em recompensas ao invadir sistemas de TI em dezenas de grandes empresas de tecnologia. Mas calma, pois Birsan não usou nenhum dado para o mal: ele apenas identificou a falha e quis mostrar como programas de código aberto dessas companhias estão extremamente vulneráveis.

Birsan apelidou esta vulnerabilidade de "confusão de dependência". Segundo o desenvolvedor, "ela foi detectada em mais de 35 organizações até o momento, em todas as três linguagens de programação testadas. A grande maioria das empresas afetadas possuem mais de mil funcionários". Ele ainda esclareceu ao BleepingComputer que a brecha envolve "vulnerabilidades ou falhas de design em ferramentas automatizadas de construção ou instalação [que] podem fazer com que dependências públicas sejam confundidas com dependências internas que tenham exatamente o mesmo nome".

Birsan usou um único ataque para comprometer os sistemas da Tesla, Netflix, Microsoft, Apple, Paypal, Uber, Yelp e de outras 30 corporações. Segundo o Threatpost, o processo envolve justamente a manipulação de código aberto usado para executar um programa, injetando um outro código malicioso em ferramentas que utilizam plataformas públicas de divulgação, como o GitHub. O código malicioso então usa esses arquivos públicos para propagar malware por meio de aplicativos e sistemas internos de uma empresa-alvo.

Sim, eu sei que pode parecer um pouco complicado, mas, essencialmente, Birsan descobriu que alguns pacotes de códigos internos para grandes empresas estavam sendo publicados de forma não intencional em repositórios públicos, como o Github, por vários motivos, incluindo servidores internos ou na nuvem que estejam mal configurados e processos de desenvolvimento vulneráveis. Birsan também descobriu que ferramentas de construção automatizadas, que são usadas por empresas durante o desenvolvimento de seus serviços, às vezes "confundiam" esse código público com um código interno se os pacotes tivessem o mesmo nome.

Como resultado, um invasor poderia potencialmente fazer upload de “malware para repositórios de códiempresago aberto” que seriam então inseridos automaticamente no sistema de uma . Birsan afirma que esses pacotes de códigos maliciosos e falsificados permitiriam a um malfeitor executar código arbitrário ou poderiam ser utilizados ​​para adicionar “backdoors dentro do(s) projeto(s) afetado(s) durante o processo de compilação".

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Quando Birsan começou a explorar essa vulnerabilidade no ano passado, a empresa de segurança Sonatype começou a sinalizar os pacotes que Birsan estava enviando como malware. No entanto, o pesquisador notificou a companhia rapidamente sobre sua pesquisa em andamento, explicando que uma divulgação oficial sobre a brecha aconteceria em 2021.

Os hacks bem sucedidos de Birsan renderam a ele várias recompensas e a gratidão de várias grandes empresas de tecnologia. "Sinto que é importante deixar claro que todas as organizações visadas durante esta pesquisa deram permissão para ter sua segurança testada, seja por meio de programas públicos de recompensa de bugs ou de acordos privados. Por favor, não tente este tipo de teste sem autorização", escreveu Birsan em uma postagem na internet.

Birsan, que anteriormente trabalhou como engenheiro de Python na Bitdefender e passou os últimos três anos como consultor de segurança de TI autônomo, observou ainda que esse tipo de vulnerabilidade tem o potencial de se tornar um problema muito maior no futuro.

"Eu acredito que encontrar maneiras novas e inteligentes de vazar nomes de pacotes internos irá expor ainda mais sistemas que já são vulneráveis. Além disso, olhar para linguagens de programação alternativas e repositórios [públicos] irá revelar alguma superfície de ataque adicional para bugs de confusão de dependências", concluiu.

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Apple pode limitar tráfego de dados nos servidores do Google no iOS 14.5

Posted: 12 Feb 2021 09:03 AM PST

Justin Sullivan (Getty Images)

Se você usa regularmente o navegador Safari, da Apple, provavelmente está familiarizado com o alerta "Aviso de site fraudulento", que avisa se a página que você está prestes a visitar pode apresentar alguma atividade suspeita que comprometa o seu dispositivo. O que você provavelmente não sabia é que, até agora, esse recurso de segurança dependia de um banco de dados do Google para funcionar.

Mas isso está prestes a mudar: como parte dos recursos de privacidade que serão lançados em breve na próxima versão do iOS 14, parece que a Apple vai romper laços com o Google e lançar uma solução própria.

O MacRumors foi o primeiro a notar algumas imagens do beta do iOS 14.5 publicadas no Reddit que mostram claramente a Apple usando os próprios servidores como intermediário entre o seu iPhone e os bancos de dados do Google. Ao que tudo indica, qualquer tráfego da web no Safari faz uma parada em uma nova URL — "proxy.safebrowsing.apple" — antes de entrar no serviço do Google.

Essencialmente, o banco de dados "Navegação segura do Google" é uma lista de sites que são conhecidos por serem fraudulentos ou inseguros. Essa listagem é atualizada de forma constante pelo Google. Aplicativos que não são da gigante das buscas, como é o caso do Safari, podem se conectar aos servidores do Google e receber uma lista com ou sem prefixos desses sites fraudulentos. Ao fazer isso, qualquer clique executa um ping nos servidores do Google para checar se o endereço em questão corresponde a algum dos nomes inclusos na lista. Se a página for detectada, um aviso será exibido.

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O problema aqui é que o Google sempre foi dominante nesse quesito, e a Apple tem feito um esforço sólido para colocar a privacidade e a proteção de dados no centro das atualizações do iOS 14. Fazer ping nos servidores do Google dessa forma, especialmente se esses endereços mapearem grandes quantidades de dados, pode não expor muitas informações além do seu endereço IP e características menores, como os chamados “dados não identificáveis". Em contrapartida, ainda são dados, e eles são enviados diretamente para o Google.

No início desta semana, o chefe de engenharia da Apple para WebKit confirmou que a tentativa da Apple de interceptar esse tráfego é uma forma de “limitar o risco de vazamento de informações”. Em outras palavras, é uma maneira de manter o Google longe de quaisquer dados do usuário, mesmo que seja por um motivo tão pequeno.

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“Rios dourados” fotografados pela Nasa revelam mineração ilegal no Peru

Posted: 12 Feb 2021 08:46 AM PST

No dia 24 de dezembro de 2020, um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) fotografou "rios dourados" na floresta amazônica do Peru. Apesar de impressionante, a imagem, divulgada na quinta-feira (11), revela um problema antigo no local.

Esses rios são, na verdade, cavas resultantes da atividade de mineração ilegal na região de Madre de Dios. A prática está associada a uma série de problemas ecológicos e socioeconômicos que já vêm sendo denunciados há tempos.

De acordo com um estudo de 2019 realizado pelo Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina, a extração de ouro no local já foi responsável por desmatar cerca de 9 mil hectares da Amazônia peruana em 2018.

Outra preocupação é o fato de que, durante o processo de extração do ouro, são utilizadas toneladas de mercúrio, que acabam contaminando os rios ou sendo liberadas na atmosfera, representando um sério risco de saúde para as comunidades locais.

Esses poços costumam estar "escondidos", mas o astronauta da Nasa conseguiu capturá-los graças ao reflexo da luz do Sol, que tornou-os visíveis. E essa não é a primeira vez que o Peru enfrenta o problema da mineração ilegal.

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Estudos de 2012 indicam que havia cerca de 30 mil garimpeiros explorando a região Madre de Dios. Já em 2019, o governo peruano expulsou cerca de 5 mil mineiros ilegais de La Pampa. Conforme observado pela BBC, as comunidade locais vivem em situações precárias e, com o aumento do preço do ouro, acabam encontrando na mineração uma oportunidade de se sustentar.

[BBC]

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Por que, um século e meio depois de Darwin, a teoria da evolução disputa espaço com o criacionismo

Posted: 12 Feb 2021 07:53 AM PST

"Prefiro ser parente de um macaco a de um homem que usa eloquência para destruir a verdade". Embora não há como saber as exatas palavras ditas por Thomas Huxley em 1860, a mensagem do biólogo britânico ao defender pela primeira vez publicamente a teoria da evolução de Charles Darwin era clara: a ciência está acima do orgulho. Claro que Darwin nunca disse que os humanos descendem dos macacos, mas essa foi a resposta de Huxley quando o bispo Samuel Wilberforce tentou ridicularizá-lo ao questionar se o seu ancestral macaco era por parte da sua avó ou do seu avô.

A cena aconteceu em 30 de junho de 1860 no Museu da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e marcou o primeiro grande debate público sobre evolucionismo e criacionismo (a ideia de que o homem foi criado por Deus a partir do nada). A obra "Origem das Espécies" foi o livro mais vendido em 1859 e foi defendida por Huxley no debate de 1860, em Oxford, porque Darwin estava doente e não pode comparecer.

Mais de um século e meio depois, a teoria da evolução continua sendo essencial para as mais diversas áreas da ciência, tendo contribuído para importantes descobertas desde então. Ainda assim, a disputa com o criacionismo permanece. Por isso, para celebrar o Dia de Darwin, uma homenagem ao biólogo revolucionário que nasceu em 12 de fevereiro de 1809, o Gizmodo Brasil conversou com três especialistas para entender por que o debate se estende por tanto tempo.

O significado da Teoria da Evolução

Antes de mais nada, Sandra Selles, bióloga especializada em educação e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), ressalta que o termo "teoria" nesse caso é utilizado para referir-se a um "corpo substantivo de conhecimento" e não como algo que necessita de provas. Ela explica que, ainda hoje, o evolucionismo é vital para entender processos biológicos. "Não é possível analisar um pedaço de osso que seja em ter essa dimensão evolutiva. A evolução permite que a gente veja processos como se fosse um filme, conectando processos anteriores e permitindo fazer previsões."

Luís Dorvillé, biólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que a teoria da evolução foi responsável por fundar a biologia contemporânea e unificar suas diferentes áreas. Segundo ele, a chamada "ciência natural" que predominava anteriormente se caracterizava por ser uma ciência contemplativa, em que apenas se observava e descrevia, sem a elaboração de hipóteses e explicações. Assim, o evolucionismo se tornou essencial para guiar uma série de trabalhos de pesquisa.

"Dentro da área de zoologia, se eu quero, por exemplo, discutir qual grupo é mais próximo de outro, eu preciso de uma hipótese evolutiva. Em termos de ecologia e de preservação ambiental, se eu tiver que fazer uma escolha entre áreas a serem preservadas, eu vou escolher uma área que tem um potencial de preservação de linhagens evolutivas diferentes. Se a gente está falando de embriologia e eu quero discutir qual é a origem, qual é a razão de uma má formação durante o desenvolvimento de um feto, eu tenho que entender evolutivamente como surgiu aquela estrutura e de que maneira, durante o desenvolvimento embrionário, ela pode se desenvolver em uma direção ou em outras. Em paleontologia, a mesma coisa; através da teoria evolutiva e dos conhecimentos da paleontologia, os cientistas puderam prever onde seria mais provável encontrar o fóssil Tiktaalik roseae, um animal de transição entre peixes e anfíbios.

Para o especialista em genética e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Aldo Araujo, a teoria da evolução é considerada o eixo central da biologia. "Toda a investigação biológica tem um vínculo com a evolução. Se a gente investiga agora o processo de infecção por Covid-19, por exemplo, é porque sabemos que o vírus tem uma história evolutiva. Ela é o ponto de união entre todas as áreas biológicas. Não é necessário que um pesquisador se interesse por evolução, mas seu trabalho, mesmo que ele não tenha consciência disso, tem reflexos na evolução."

Escultura de Charles Darwin no Museu de História Natural em Londres. Crédito: eikira/Pixabay

Mas se a teoria de Darwin já foi responsável por tantas conquistas científicas e continua guiando pesquisas importantes, por que ela ainda é contestada por alguns grupos? Segundo Dorvillé, a resposta é simples: agenda religiosa.

Por que o criacionismo continua ganhando espaço

Assim como a teoria da evolução diz que os seres vivos mudam ao longo do tempo, o próprio criacionismo evoluiu. Se em 1860 Huxley precisou defender a ciência de discursos puramente religiosos e propagados principalmente por membros da Igreja Católica, hoje existem organizações estruturadas e movimentos liderados inclusive por profissionais da área das ciências que seguem se opondo ao evolucionismo.

"É interessante observar como esses grupos tentam emular todas as práticas científicas, tentam se apresentar de diversas maneiras como grupos científicos, mas efetivamente não são. Não existe dentro da academia uma representatividade desses grupos e não existe uma linha de investigação possível, um projeto de pesquisa dentro do criacionismo. É um debate que acontece inteiramente à margem, mas que procura entrar com congressos, com artigos, como se fosse uma prática científica", diz Dorvillé.

Para se ter uma ideia, a Sociedade Criacionista Brasileira, fundada em 1972, promove uma série de atividades, desde a publicação de periódicos e cursos EAD a seminários com palestras "científicas". Outro movimento que tem crescido no Brasil é o chamado "design inteligente", apoiado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, que conta até mesmo com um centro de pesquisa dedicado a ele e organiza eventos para defender a teoria. Benedito Guimarães Aguiar Neto, que já foi reitor da universidade, é defensor do design inteligente, e hoje é presidente da Capes, uma das principais agências de fomento à ciência do Ministério da Educação.

"O Design Inteligente se baseia em uma ideia bem interessante, que é do bioquímico norte-americano Michael Behe", explica Araujo. Basicamente, os defensores dizem que uma estrutura complexa, como os seres vivos, não pode ser fracionada porque ela perde a função. Assim, ela teria que ser criada integralmente de uma só vez, prontas e funcionais. Se uma estrutura complexa perde uma parte, ela deixaria de funcionar, segundo a teoria.

“Mas, na verdade, a gente sabe que em grandes redes complexas metabólicas nas células, que têm milhares de proteínas e interações entre elas, se uma interação é eliminada, cria-se uma outra. Os processos complexos se corrigem. Todos os exemplos que o Michael Behe deu já foram refutados por bioquímicos de ponta a ponta", diz Araujo.

O professor da UFRGS ainda argumenta que um dos pontos fracos do Design Inteligente é a sua limitação intelectual. "Se estamos fazendo uma pesquisa e chegamos a um ponto em que concluímos que algo é resultado de uma mente superior, desenhado e planejado, a pesquisa para. Acabou, não tem mais o que fazer. Enquanto que na ciência isso não existe; quando a gente tenta resolver um problema, já tem novas perguntas."

Michael Behe (à direita) ao lado de Marcos Eberlin (à esquerda), coordenador do Discovery-Mackenzie durante evento da universidade em 2019. Crédito: Wilson Nogueira/NTAI/Divulgação Mackenzie

Segundo Dorvillé, da UERJ, um dos fatores que explicam por que o criacionismo está "na moda" é que ele faz parte das teorias conspiratórias. Se opor aos conceitos científicos já consolidados seria uma tentativa de exercer um papel ativo no mundo, explica ele.

Toda vez que você está diante de um mundo ameaçador e você está inerte nessas relações, você é levado por elas e não consegue controlar esses fatores todos, elaboram-se então teorias conspiratórias que procuram se apresentar como científicas para tentar domesticar esse mundo. Disso deriva também a formação de grupos. Fazer parte de um grupo é uma maneira de se sentir agente desses processos que são maiores que o indivíduo. Você elabora uma hipótese alternativa, essa hipótese alternativa procura se apresentar também como complexa, como científica, e você então passa a fazer parte, junto com outras pessoas, de grupos de pertencimento, grupos que se retroalimentam e que se autoconfirmam, que dizem o que você quer ouvir.

As teorias conspiratórias já se mostraram uma ameaça em diferentes situações, principalmente quando esse negacionismo afeta a saúde das pessoas. No caso do criacionismo, uma estratégia que os grupos têm adotado para disseminar suas ideias é ocupar os espaços de ensino.

Criacionismo nas escolas

A oposição ao evolucionismo vem crescendo de tal forma a ponto de serem debatidos projetos de lei para incluir conteúdos relacionados à religião no currículo de escolas públicas. O PL 8099/2014, por exemplo, apresentado pelo deputado Marcos Feliciano (PSC), defende o ensino do criacionismo com base em "noções de que a vida tem sua origem em Deus, como criador supremo de todo universo e de todas as coisas que o compõe".

Para Dorvillé, incluir o criacionismo no currículo escolar é “verdadeiramente um exemplo de propaganda enganosa". Afinal, os alunos estariam aprendendo sobre o assunto como se fosse uma ciência como qualquer outra. "O que eles querem é um currículo centralizado, formal, com material didático criacionista. O que é muito diferente de se discutir o criacionismo em sala de aula. Eles querem que o criacionismo seja discutido como hipótese científica, o que efetivamente ele não é."

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Um ponto curioso, segundo Selles, é que esse movimento foi inspirado nos Estados Unidos, que tem uma estrutura educacional diferente da nossa. "Lá, eles têm uma história de um país sustentado por ideias religiosas e segmentos religiosos que até hoje disputam o domínio da escola". O sistema de ensino norte-americano conta com comitês que têm assentos religiosos e que exercem um grande poder sobre as escolas, como decidir quais livros serão usados em sala de aula, as verbas e as atividades que serão conduzidas, explica a professora da UFF. Isso não ocorre no Brasil, mas enfrentamos a mesma disputa.

No Brasil, com a República, houve uma tentativa de romper com a Igreja. […] Mas, nos últimos anos, houve um crescimento intenso dos setores evangélicos, muitos deles financiados por igrejas norte-americanas. Com isso, a gente consegue entender que essa pauta foi importada como uma pauta que não era exatamente nossa e que se ressignificou aqui no Brasil. […] É preciso entender também que os setores evangélicos acolheram a população brasileira abandonada pelo Estado e esses filhos dessas famílias, em sua maioria alunos da escola pública, são controlados por essa pauta.

De acordo com Selles, não se pode misturar o direito privado com o público. Afinal, sem o conhecimento científico, as ações educativas formarão alunos limitados em relação às possibilidades de ler o mundo. "A explicação religiosa nega esse direito democrático dos nossos alunos de serem empoderados; eles estariam em desvantagem para discutir em outros fóruns".

Bíblia, livro de Gênesis. Crédito: Luis Quintero/Pexels

De forma semelhante, Dorvillé ressalta as ameaças que um currículo religioso pode representar para os jovens no futuro:

A gente corre um perigo muito grande permitindo que o criacionismo entre na sala de aula adotando esse tipo de postura. São absurdos que cada vez mais estão avançando. Todo mundo no dia de hoje precisa adquirir uma linguagem em algum grau mínimo para entender o mundo à sua volta. Uma dessas linguagens é a linguagem científica. A gente não ensina ciência para formar uma legião de futuros cientistas apenas, mas fundamentalmente para que as pessoas tenham acesso a uma chave de leitura do mundo, a uma linguagem que lhes permita interpretar o mundo de uma determinada forma. Ensinar o criacionismo como se fosse ciência é negar aos alunos a possibilidade de aquisição dessa chave de leitura.

Isso não significa, contudo, que não há espaço para se discutir o criacionismo em sala de aula. Segundo Dorvillé, isso já acontece e é algo trazido pelos próprios alunos. Araujo também ressalta que as escolas particulares já oferecem a disciplina de ensino religioso, mas que isso deve ser visto como algo à parte da disciplina de ciências, pois "quem pode misturar isso é o indivíduo para si próprio, mas não formalmente". Selles também concorda, afirmando que "a escola precisa ser um espaço democrático para discutir tudo, mas não significa que eu vou curricularizar isso".

É possível conciliar religião e ciência?

Essa é uma questão de longa data e com diferentes respostas dependendo do contexto e de quem tenta respondê-la. Para os nossos três entrevistados, é possível, mas com ressalvas. No campo educacional, por exemplo, Selles diz que, apesar da importância de se defender a ciência, a escola não deve ser um espaço de exclusão.

Eu tive um aluno evangélico, que hoje é professor de escola e que enfrentou seus dilemas. E ele me disse algo muito importante: para a gente discordar desses alunos, é preciso ter um relacionamento muito bom com eles, porque, caso contrário, nosso argumento pode soar autoritário e acabar excluindo. Na escola, estamos ajudando os jovens nesse processo de se colocar no mundo. Nós professores não podemos ser mais um elemento de exclusão, mas ao mesmo tempo não podemos concordar com tudo. A questão é como vamos lidar com essa tensão. É bastante delicado.

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Já em outras situações, Dorvillé acredita que é preciso adotar uma postura menos flexível:

Acho que muitas vezes nós da biologia, da ciência, somos cuidadosos demais ao tentar escapar de uma abordagem cientificista, uma imagem dogmática de que apenas a ciência está correta. Ao tentar evitar isso, muitas vezes adotamos um discurso que leva ao extremo as ideias culturalistas dizendo que qualquer explicação sobre qualquer assunto é igualmente válida em termos epistemológicos. E a resposta deveria ser um contundente NÃO. Por exemplo, no cenário da vacinação. A explicação científica é apenas uma das explicações sobre como solucionar essa pandemia e é tão válida quanto qualquer outra? Não. Nesse aspecto, nesse contexto, nessa situação, a explicação científica é epistemologicamente superior."

Araujo defende que a educação é o ponto principal. Segundo ele, "conhecer o mundo cientificamente abre horizontes muito amplos, e nada impede que isso seja complementado por horizontes religiosos. Eu não vejo problema em, subjetivamente, cada um fazer isso para si." De acordo com o professor da UFRGS, o confronto entre religião e ciência ocorre porque se misturam duas coisas separadas por definição.

O paleontólogo Stephen Jay Gould, em sua obra "Os Pilares do Tempo", defende uma ideia muito simples e com a qual eu concordo completamente. Ele propõe a ideia de magistérios não interferentes. Um magistério é o da ciência e explica o mundo natural. O outro magistério explica o mundo sobrenatural. Eles não são misturáveis, são coisas separadas, e qualquer pessoa pode lidar com ambas conforme a sua preferência. […] Podemos praticar ambas as vertentes, científica e religiosa, mas misturar as duas não dá. E não dá para, através de uma, negar a outra. A ciência não pode negar a religião, assim como a religião não pode negar os princípios e conquistas da ciência.

“Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Crédito: Charles Roffey/Flickr

O principal problema, segundo Dorvillé, é que existe um projeto de poder, em que alguns grupos tentam levar as suas ideias para que sejam abraçadas por toda a sociedade, violando direitos básicos como uma educação de qualidade.

Existe uma filósofa espanhola, chamada Adela Cortina, que diz que a sociedade deveria estar estruturada em torno de “mínimos de justiça” e “máximos de felicidade”. Esses mínimos de justiça são o básico, aquilo que todo mundo precisa como sociedade para sobreviver. E esses mínimos são inegociáveis; um deles é o direito a uma educação de qualidade, e isso inclui, nas aulas de ciências, ensinar apenas ciências como currículo prescrito. […] E os máximos de felicidade seriam como cada um decide viver sua vida, qual é a receita de felicidade, ou de realização, que cada um possui. Então, esses máximos de felicidade podem existir desde que eles não violem os mínimos que são necessários para a sociedade existir. Se você quer ser parte de um grupo criacionista, perfeito, seja criacionista, o que você não pode querer é que os ideais do seu grupo invadam a sociedade e venham a ensinar nas aulas de ciências o que não é ciência. Os máximos de felicidade não podem violar os mínimos de justiça.

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[Review] Logitech MX Anywhere 3: pequeno no tamanho, grande nas funcionalidades

Posted: 12 Feb 2021 06:30 AM PST

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Mouses ainda são itens indispensáveis para quem não se adapta muito bem aos trackpads dos notebooks. E isso fica mais evidente quando muitos desses trackpads não oferecem muita praticidade e conforto para os dedos das mãos. Nesse cenário, uma boa alternativa são mouses mais compactos, que também são ótimos companheiros de viagem por conta do tamanho.

O Logitech MX Anywhere 3 é, resumidamente, o melhor mouse compacto que você encontra hoje no mercado. Ele tem praticamente tudo o que você encontraria em seu irmão mais velho, o MX Master 3: conectividade Bluetooth instantânea, bateria com semanas de duração, sincronização com múltiplos dispositivos e acabamento premium. Tudo em uma roupagem bem menor e extremamente leve (99 gramas). Mas será que vale a pena?

Logitech MX Anywhere 3

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

O que é
Um mouse de viagem extremamente leve e compacto

Preço
Sugerido: R$ 499. No varejo: em média, R$ 470

Gostei
Conexão com até três dispositivos ao mesmo tempo; apoios adaptáveis a vários tipos de superfície, incluindo madeira, tecido e até vidro; rapidez no botão de rolagem; bateria que dura mais de dois meses

Não gostei
Sem compartimento para guardar o adaptador USB; pequeno demais para pessoas de mãos grandes

Antes de mais nada, é preciso destacar que o MX Anywhere 3 não é um produto de entrada. Ao contrário: trata-se de um mouse "topo de linha", por assim dizer, e isso se reflete diretamente no preço sugerido, que é de R$ 499. Além disso, não é um mouse voltado para o público gamer, que geralmente faz com que o acessório venha com um monte de firulas (baixa latência, DPI personalizável, entre outras) para melhorar a jogatina. Sim, é um mouse bem caro, mas sua função se limita apenas ao uso diário comum.

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Dito isso, vamos aos destaques do MX Anywhere 3. A primeira coisa que chama atenção é o botão de rolagem na parte superior do acessório. Além de ser feito de metal e oferecer bastante resistência, o componente vem com uma tecnologia chamada Magspeed, que faz com que a rodinha gire muito mais rápido, uma vez que não entra em contato com nenhuma outra peça interna do mouse. Dessa forma, a rolagem fica muito mais rápida. Para quem não gosta dessa característica e achar que o scroll gira rápido demais, a Logitech incluiu um botão logo abaixo da roda de metal para diminuir a potência da função e deixar a rolagem um pouco mais lenta.

Ainda nessa parte do design, o MX Anywhere 3 é basicamente uma versão mini do MX Master 3, mas sem aquele apoio para o polegar. Lembre-se que estamos falando de um mouse compacto e para viagens, então essa ausência é totalmente compreensível. O produto é construído em plástico, mas possui uma textura "aveludada” que torna o uso muito confortável. Nas laterais ficam dois botões de comando que podem ser personalizados de acordo com suas preferências. No meu caso, eu gosto de usá-los para ativar e sair do multitarefa no macOS; vai do que você achar que funciona melhor no seu dia a dia trabalhando no computador.

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Na parte da frente do mouse (ou no "topo") fica a entrada USB-C para carregar o objeto. A Logitech acertou em colocar a porta exatamente nesse local, já que permite utilizar o mouse ao mesmo tempo em que é carregado. Por falar em bateria, a empresa promete uma autonomia de até 70 dias. Não que eu tenha tido esse tempo todo, mas desde que iniciei os testes há três semanas ele não dá sinais de aviso para recarregar a bateria. E mesmo que isso acontecesse, a Logitech garante até três horas de uso com apenas um minuto de carga.

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Enquanto isso, na parte de trás do produto, estão quatro apoios emborrachados que servem para estabilizar o mouse em diferentes superfícies. Aqui, mais um grande diferencial: a tecnologia Darkfield, que torna o acessório adaptável a diversas texturas sem precisar de um mousepad. Na maior parte do tempo eu usei em uma mesa comum de madeira, mas a fabricante diz que ele funciona até em cima de vidro. Esse é um recurso interessante, ainda mais levando em conta se tratar de um mouse indicado para quando você está fora de casa.

Outra vantagem do MX Anywhere 3 é que você pode conectá-lo a até três dispositivos simultaneamente — não para usar o acessório em três aparelhos ao mesmo tempo (é óbvio), mas para mantê-los conectados ao mouse e intercalar entre eles apertando um único botão. O que impressiona é a velocidade com que essa troca acontece: na parte traseira tem uma marcação indicando qual dispositivo está pareado ao produto, e logo abaixo o botão para efetuar a troca. Apertou, a mudança é instantânea.

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Mas como todo produto, o MX Anywhere 3 não é perfeito. Primeiro vem o preço: R$ 499 por um mouse focado no uso diário e corporativo é grana à beça. Segundo, o tamanho reduzido torna sim o acessório perfeito para viagens ou eventos fora da sua casa ou local de trabalho, mas pessoas com mãos maiores talvez levem mais tempo para adaptar. Terceiro, para quem não tem um dispositivo Bluetooth, é possível conectar o mouse usando um receptor USB que traz conexão 2.4 GHz. A minha queixa é que esse dongle é bem pequeno e pode ser perdido facilmente, já que o mouse em si não inclui um compartimento para guardá-lo com segurança. O mais indicado é deixá-lo ligado no notebook ou PC o tempo inteiro.

Imagem: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Por último, talvez pareça inadequado indicar o MX Anywhere 3 para viagens dado o momento que estamos enfrentando devido à pandemia de Covid-19. Se for para uso caseiro, tudo certo. Então, se você procura por algo mais tradicional e compacto que se conecta rapidamente a múltiplos dispositivos, e está disposto a tirar quase R$ 500 do bolso, este pode ser o seu próximo mouse.

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Os planos da Realme para o Brasil – e o que ela pode aprender com a Xiaomi

Posted: 12 Feb 2021 05:12 AM PST

Se você procurar por um smartphone, independentemente se mais caro ou barato, vai reparar que são muitos os modelos disponíveis. Porém, o mesmo não podemos dizer das fabricantes, já que o mercado brasileiro de celulares é dominado por um número limitado de companhias. É em meio a esse cenário que a chinesa Realme chega ao País com a ambição de se tornar uma das principais empresas do setor.

Recentemente, a marca lançou os primeiros dispositivos no Brasil, sendo dois smartphones e mais dois acessórios (um fone de ouvido sem fio e um smartwatch). Eles podem não ter um preço muito competitivo neste início, mas a companhia, que tem pouco menos de três anos de vida, vem se destacando pelos dispositivos com excelente custo-benefício no continente asiático, batendo de frente com a Xiaomi, que começou nesse negócio praticamente com o mesmo lema.

Obviamente, o consumidor brasileiro não tem os mesmos hábitos que o público da Ásia. Então, quais os planos da Realme para o Brasil? E o que a fabricante poderia aprender com a Xiaomi, que retornou ao país há cerca de dois anos

Quem é a Realme e quais os planos para o Brasil

A Realme é uma empresa bastante nova. Sua fundação aconteceu na China, em 2018, por Sky Li, que na época era vice-presidente da Oppo – uma das maiores marcas de smartphones na Ásia que se destaca pelos aparelhos com acabamento premium e preço competitivo. Em 2020, a companhia bateu um recorde: se tornou a fabricante que mais rápido atingiu o envio de 50 milhões de celulares no mundo, superando Apple, Samsung e Xiaomi. Os dados são da consultoria Counterpoint Research.

Imagem: Realme

Para o Brasil, Sherry Dong, diretora de marketing da Realme, afirma em entrevista ao Gizmodo Brasil que o principal objetivo é provocar uma virada de jogo no mercado nacional de smartphones. Isso por meio de tecnologias e design inovadores, tanto para modelos premium como nos intermediários. A empresa reforça o foco inicial do público-alvo: os jovens. Além disso, também querem ajudar na democratização do 5G, principalmente agora que o Brasil se prepara para a transição das redes de quarta para quinta geração. "Com tudo isso, nossa meta é estar no top 3 de marcas que mais vendem no Brasil", diz.

Ao contrário da Xiaomi, que já tinha uma legião de fãs no Brasil, a Realme tem a difícil tarefa de conquistar os consumidores praticamente do zero. "Esse é o maior desafio para nós: sendo uma nova marca, nem todo mundo conhece", afirma Dong, que volta a enfatizar o foco no público jovem.

Sherry Dong está há quase três anos à frente do cargo de diretora de marketing na Realme. Imagem: Divulgação

De acordo com dados da IDC Brasil, em 2019, os consumidores brasileiros prezavam principalmente por preço e marca na hora de comprar um smartphone. Em meados 2020, essa posição se inverteu: para muitos, é a marca o fator determinante. Ao mesmo tempo, esse apego a acaba ficando em segundo plano para quem já está no quarto, quinto telefone. É aí que acontece o ponto de virada, como explica Renato Meireles, analista de mercado da IDC Brasil, em entrevista ao Gizmodo Brasil.

"Quando falamos em novas marcas, elas têm um desafio muito grande em competir com outras que já estão consolidadas, como Apple e Samsung. O que muda é que as fabricantes que vêm de fora, no caso as que têm origem no continente asiático, vão ao encontro do que a maioria dos consumidores procura hoje no mercado: celulares com boas especificações. A marca, o nome da empresa ainda está entre os principais atributos que o usuário busca, porém ele está mais atento a características como memória, câmera e bateria", diz.

Embora não compartilhe números em pouco mais de um mês em operação no Brasil, a Realme está confiante de que irá ampliar sua participação no mercado nacional. No futuro, eles apostam na fabricação local dos produtos — já que, no momento, todos são importados e, consequentemente, caros. Para se ter uma ideia, o Realme 7 Pro, modelo mais avançado da marca à venda no Brasil, custa R$ 2.999 (e não vale o preço).

A longo prazo, além da fabricação local, a Realme planeja trazer as séries Realme C, de entrada; Realme Number Series, que tem um foco ainda maior no público jovem e em fotografia; Realme Narzo Series, para quem se preocupa com performance e jogos; e Realme X Series, a mais avançada da empresa. Se puxarmos o catálogo internacional, todas essas linhas, juntas, contabilizam mais de 20 celulares.

Diferenças no mercado brasileiro

Segundo Sherry Dong, uma das primeiras coisas que chamaram atenção é que, ao contrário de outros mercados internacionais, as principais competidoras da Realme no Brasil são Samsung, Motorola e LG, mas que estas duas últimas foram surpresas. "É muito interessante competir com LG e Motorola, já que, em outros mercados, elas não são populares no momento. Por esse motivo, tivemos que adotar uma estratégia completamente distinta [de nossa operação global]", explica.

O motivo, segundo a diretora de marketing da Realme, é que em mercados como China e Índia os consumidores têm priorizado as especificações dos telefones, e não mais a relação custo-benefício. "Nesses dois países, os usuários são muito bem informados sobre todas as características técnicas [dos aparelhos]. Acredito que na Ásia, especificamente, as fabricantes estão mais conhecidas por causa de suas tecnologias. A Motorola tem ótimos preços na China, e a mídia diz que os dispositivos são bons no custo-benefício, mas quase ninguém compra os smartphones da marca", completa.

Watch S é um dos acessórios que a Realme trouxe ao Brasil. Imagem: Realme

Outra estratégia diferente adotada para o mercado brasileiro é nas vendas. Neste primeiro momento, a Realme optou por focar apenas no e-commerce por meio do marketplace de outras empresas – no caso, as do Grupo B2W, que incluem Submarino e Americanas. Futuramente, a companhia planeja expandir o negócio para lojas físicas.

É nesse ponto que a Realme pode pegar como lição o exemplo da Xiaomi, que retornou ao Brasil após uma passagem conturbada no ano de 2016. Há quase dois anos, em junho de 2019, a importadora DL Eletrônicos firmou uma parceria com a gigante asiática e, em vez de lançar sua operação exclusivamente online, focou principalmente no varejo físico. Primeiro por meio de empresas e operadoras parceiras, e depois com o lançamento de lojas próprias da marca.

"Na China você faz tudo pelo celular porque as coisas funcionam de maneira muito rápida online. O brasileiro, por sua vez, gosta de colocar a mão nos produtos, talvez movido pelo fato de que preço, e nem tanto a tecnologia, é muito importante. O brasileiro gosta de pegar no produto, sentir a qualidade. Aqui no Brasil, em vez de apostar no e-commerce, fizemos o contrário: o foco inicial foi abrir as lojas físicas e depois entrar no marketplace de outros parceiros grandes", diz Luciano Barbosa, líder do projeto Xiaomi Brasil, em entrevista ao Gizmodo Brasil.

Esse também é um ponto levantado pelo analista da IDC Brasil:

"Em termos de indústria, eu vejo um desafio muito grande para as companhias asiáticas em primeiro entender a importância das vendas em canais de varejo. Ou seja, as fabricantes vindas da China, quando chegam ao Brasil, não entendem que o varejo físico ainda é um canal essencial para os consumidores locais, em comparação com países que já priorizam o e-commerce. Obviamente existem outras questões – preço, importação, produção local, a atuação do mercado cinza – que precisam ser levadas em conta, mas é necessário entender como funciona a cultura do brasileiro em termos de compra.”

Da mesma maneira que acontece com a Realme, Barbosa conta que todos os produtos da Xiaomi vendidos no Brasil hoje são 100% importados, mas que a companhia também tem planos de iniciar a fabricação local dos eletrônicos. "Tínhamos planejado um estudo no ano passado sobre esse assunto, mas o projeto ficou em pausa devido à pandemia de Covid-19. Ainda estamos mantendo nossos planos de expansão, mas só vamos dar continuidade quando as coisas estiverem seguras. E agora isso não é possível", explica o executivo.

Luciano Barbosa é head do projeto Xiaomi no Brasil. Imagem: Divulgação

Foi a partir das lojas físicas, ambas localizadas em dois shoppings da cidade de São Paulo, que a Xiaomi traçou a estratégia de ampliar o negócio para fora. "Foi só no final de 2020 que fechamos uma participação expressiva com o Grupo Via Varejo, e com eles agora chegamos a mais de mil lojas, batendo mais de 7 mil pontos de venda ao redor do Brasil. Hoje temos nosso marketplace em quinze plataformas ativas — só não estamos presentes no Mercado Livre e na Amazon, devido ao mercado cinza", diz Barbosa.

Lá fora, a Realme também aposta em um ecossistema de produtos, não apenas smartphones. A lista ainda é bastante limitada, se resumindo a fones de ouvido, cases e mochilas. No Brasil, somente os fones Realme Buds Q e o Reame Watch S foram lançados.

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A Xiaomi, em contrapartida, fez burburinho quando estreou sua primeira loja física ao lançar uma gama com mais de 100 produtos, fora os telefones móveis. Portanto, esse pode ser um caminho que a Realme pode querer apostar no Brasil daqui alguns meses. Segundo Barbosa, atualmente a marca oferece cerca de 400 produtos, entre smartphones e dispositivos inteligentes para casa, como lâmpadas, aspirador de pó e até balança (estes dois últimos foram campeões de venda em 2020).

Quem ganha é o consumidor

Tanto para Realme quanto a Xiaomi, independentemente da estratégia adotada e dos desafios que são enfrentados ao longo da história de cada empresa, quanto mais companhias estiverem no mercado, melhor para o consumidor, que terá um leque maior de produtos e decidir qual é o melhor de acordo com suas necessidades.

Para Luciano Barbosa, da Xiaomi:

"A nossa visão é que o mercado aberto [para outras fabricantes] é muito bem visto, e quem ganha é sempre o consumidor final. A partir do momento que esse mercado se fecha, quem acaba perdendo também é o consumidor final. Com o mercado aberto, mais empresas competem de maneira honesta e entregam produtos com mais tecnologia, custo-benefício, ofertas e serviços mais atraentes para o consumidor.”

E para Sherry Dong. da Realme:

"O Brasil tem um dos maiores e mais importantes mercados de smartphone no mundo. Então, acredito totalmente que outras companhias, como Oppo e Vivo, terão operações próprias por aqui. Ninguém quer ficar de fora do Brasil. E nós da Realme esperamos que isso aconteça, já que, com mais competidores, mais tecnologias avançadas e melhores ofertas poderão ser apresentadas aos consumidores.”

Meireles, da IDC, também acredita que, quanto mais marcas, mais o usuário terá liberdade de comparar e escolher os aparelhos que melhor atendem suas respectivas necessidades. Eleexplica que 90% do mercado brasileiro de smartphones está nas mãos de quatro fabricantes – Samsung, Motorola, Apple e LG -, o que acaba gerando um efeito não muito impactante no preço dos dispositivos, que ano após ano ficam mais caros. “Se mais companhias lançarem seus produtos, o leque de opções fica maior e os consumidores não ficam reféns do monopólio de poucas fabricantes", afirma Meireles.

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Presidente da Microsoft quer que as big techs paguem pelo jornalismo nos EUA

Posted: 12 Feb 2021 04:48 AM PST

O Facebook e, especialmente, o Google criticaram recentemente uma proposta do governo australiano: fazer as empresas pagarem publicações jornalísticas. A Microsoft, porém, parece apoiar a ideia. Ela gostou tanto que quer que os EUA e outros países também adotem uma regulamentação semelhante.

A declaração foi dada pelo presidente da Microsoft, Brad Smith, ao site Axios. Segundo o executivo, a medida é uma oportunidade de “juntar bons negócios a uma boa causa”. Smith já tinha falado sobre o assunto na semana passada, e um post no blog da empresa não só reafirma o posicionamento, mas vai além, defendendo que a medida seja adotada também por outros lugares, como os EUA e a União Europeia. O texto lembra que tanto as receitas quanto o número de empregados da mídia tradicional caíram drasticamente nas últimas décadas, enquanto leitores e anunciantes migraram para as redes sociais, e coloca isso como um dos fatores para a crise na democracia dos EUA.

A medida já está em discussão há algum tempo e gerou críticas de Facebook e Google. Ambas as empresas disseram considerar mudanças em seus produtos na Australia caso o texto seja aprovado. A rede social poderia impedir o compartilhamento de sites de notícias e reportagens por usuários do país. Já o buscador foi além e ameaçou simplesmente deixar de prestar este serviço no país.

Esse último ponto, aliás, pode ser uma chave para entender o posicionamento da Microsoft: a empresa disse que topa pagar as empresas e investir para melhorar seu buscador, o Bing, caso seja enquadrada na lei — o projeto só inclui buscadores que tenham uma participação de pelo menos 20% no mercado. Parece claro que ela está de olho em ganhar terreno no país. No próprio texto publicado no blog, a companhia admite isso: após lembrar que tem apenas 5% do mercado de buscas na Austrália, declara que, “ao contrário do Google, se crescermos, estamos preparados para aceitarmos as obrigações da nova lei, incluindo dividir a receita com as organizações jornalísticas, como proposto”.

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Google e Facebook têm tomado poucas iniciativas para tentar remunerar melhor as empresas jornalísticas. O Google criou o News Showcase, que paga sites para liberar o acesso a matérias que antes eram exclusivas a assinantes, no Reino Unido e na Argentina. A gigante das buscas também tem um fundo para jornalismo (que é bem insuficiente, para ser sincero) Também na Terra da Rainha, o Facebook finalmente lançou sua aba dedicada a notícias, que promete ser um lugar mais confiável para buscar informações, e vai pagar seus parceiros de conteúdo.

Mesmo assim, as duas empresas continuam trabalhando contra a lei australiana. A legislação deve ser apresentada ainda esta semana aos legisladores do país e espera-se que seja aprovada em duas semanas. Vale lembrar que é uma briga de gente grande: do outro lado, está o lobby do bilionário Rupert Murdoch, dono da News Corp., que domina grande parte do setor jornalístico do país e também comanda propriedades em outros países, como o New York Post, o The Sun e o Wall Street Journal.

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