quarta-feira, 31 de março de 2021

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Visa começa a aceitar pagamentos com criptomoedas

Posted: 30 Mar 2021 06:18 PM PDT

Emil Kalibradov/Unsplash

A Visa anunciou nesta segunda-feira (29) a integração de pagamentos com a stablecoin USDC, criptomoeda estável vinculada ao dólar. Todas as transações serão feitas por meio do blockchain da Ethereum, e os testes do programa piloto acontecerão em parceria com a plataforma de pagamento Crypto.com, que ficará encarregada de testar a capacidade das transações da Visa.

"As fintechs cripto-nativas querem parceiros que entendam seus negócios e as complexidades de fatores da moeda digital. Trata-se de uma extensão do que fazemos diariamente, facilitando com segurança os pagamentos em todas as moedas diferentes ao redor do mundo. O anúncio de hoje é um grande marco em nossa capacidade de atender às necessidades de fintechs que administram seu negócio em stablecoins ou criptomoedas, e é realmente uma extensão do que fazemos todos os dias, facilitando pagamentos seguros nas diferentes moedas do mundo", disse Jack Forestell, vice-presidente executivo da Visa, em comunicado à imprensa.

Cuy Sheddield, diretor da Visa que trata de assuntos relacionados a criptomoedas, afirmou à Reuters que a bandeira está acompanhando uma demanda crescente de consumidores em todo o mundo que optam pelas moedas digitais. E isso inclui os clientes da própria Visa, que agora poderão recorrer a esse tipo de pagamento.

"Somos parceiros da Visa há anos, e estamos empolgados em aprofundar esse relacionamento por meio do nosso acordo global, inaugurando algo inédito no mundo em termos de pagamentos com stablecoins", disse Kris Marszalek, cofundador e CEO da Crypto.com.

É preciso diferenciar as stablecoins do bitcoin tradicional. Enquanto o bitcoin varia de valor com bastante frequência, podendo aumentar ou desvalorizar seu preço com muita rapidez, as stablecoins são moedas com valor estável. Por isso está atrelada diretamente ao dólar, que já é uma moeda forte e mais estável que as demais na grande maioria dos mercados mundiais.

Segundo o site CoinMarketCap, o preço da USDC é de R$ 5,75 na cotação atual, ocupando a 12ª posição entre as criptomoedas mais usadas no mundo.

[Visa, Yahoo Finance, Reuters]

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Explosão de raios gama revela buraco negro extremamente raro do início do universo

Posted: 30 Mar 2021 05:33 PM PDT

Sabemos que buracos negros supermassivos possuem massas equivalentes a milhões ou até mesmo bilhões de vezes a do nosso Sol e que eles são encontrados no centro de galáxias. No entanto, os cientistas ainda tentam entender a origem deles. Agora, a descoberta recente de um buraco negro intermediário pode ajudar a responder essa pergunta.

O artigo, publicado na Nature Astronomy, descreve o objeto com 55 mil vezes a massa solar e que poderia ser uma relíquia do universo primordial, surgindo antes mesmo que as primeiras estrelas e galáxias se formaram.

A descoberta foi feita após os pesquisadores observaram um leve desvio na luz proveniente de uma explosão estelar do início do universo, a uma distância de cerca de 8 bilhões de anos-luz. Os cientistas analisaram então milhares desses raios gama, causados por um colapso violento de uma estrela ou pela fusão de duas estrelas, em busca de sinais de uma lente gravitacional.

Tal fenômeno é causado pela distorção no espaço-tempo devido à presença de um corpo de grande massa entre um objeto e um observador. No caso, o buraco negro intermediário é que atua como uma lente, desviando a luz durante o seu trajeto em direção à Terra, fazendo com que os astrônomos observassem o mesmo flash duas vezes.

A partir dessa técnica, os autores do artigo conseguiram calcular a massa do buraco negro intermediário com precisão, mas a teoria sobre o seu processo de formação ainda permanece no campo da especulação. Em entrevista à agência de notícias francesa AFP, a coautora do estudo Rachel Webster explicou que os pesquisadores identificaram três possibilidades.

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A primeira delas é que ele pode ter surgido a partir da fusão de dois buracos negros menores, como no caso de outro buraco negro intermediário descoberto em maio de 2019. A segunda é que ele teria nascido a partir do colapso de uma estrela e, lentamente, foi acumulando matéria e aumentando sua massa.

Por fim, a teoria mais provável é que ele já tenha nascido como um buraco intermediário. Apesar dos astrônomos terem descoberto apenas alguns, os autores do artigo recente estimam que há cerca de 40 mil buracos intermediários apenas na Via Láctea e que eles podem ser a "semente" que dá origem aos buracos negros massivos que vivem nos centros das galáxias.

[AFP via Science Alert]

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Agora você pode conhecer 482 mil obras de arte do Louvre no conforto de sua casa

Posted: 30 Mar 2021 03:40 PM PDT

Como todos nós sabemos, para cumprir as medidas restritas durante o período de quarentena, diversos museus ao redor do mundo fecharam suas portas para visitação. E com o Louvre, não foi diferente. Para compensar, agora você pode visitar boa parte do acervo pela internet e gratuitamente.

De acordo com um comunicado do próprio Louvre, toda a coleção do museu poderá ser apreciada, incluindo peças em exibição, bem como as que estão emprestadas ou armazenadas.

“A impressionante herança cultural do Louvre está a apenas um clique de distância”, disse Jean-Luc Martinez, presidente e diretor do Louvre, no comunicado. “Tenho certeza de que esse conteúdo digital vai inspirar ainda mais as pessoas a virem ao Louvre para descobrir as coleções pessoalmente.”

Ao todo, a coleção inclui 482 mil obras do Louvre, somando com o catálogo do Musée National Eugène-Delacroix, além das esculturas dos jardins das Tulherias e Carrossel, assim como as famosas peças da National Museums Recovery, que foram recuperadas após a Segunda Guerra Mundial e confiadas ao Louvre até que possam ser devolvidas aos seus respectivos donos.

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Para conferir tudo, basta seguir para a área de coleção ou se guiar pelas salas do museu de acordo com a temática de sua procura.

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Google anuncia Street View para locais internos, rotas sustentáveis e 100 novas funções no Maps

Posted: 30 Mar 2021 03:36 PM PDT

Imagem: Sam Rutherford/Gizmodo

O Google anunciou nesta terça-feira (30) uma série de novidades previstas para o Google Maps em 2021. São mais de 100 atualizações baseadas em tecnologia de inteligência artificial (IA) que visam otimizar a experiência e adicionar um toque de futurismo ao serviço de mapas.

Entre as atualizações, talvez o maior destaque seja o Live View, suporte para mapeamento interno de ambientes que ajuda você a navegar por shoppings, aeroportos e outros espaços fechados. Ele funciona a partir da câmera do smartphone e exibe direções em realidade aumentada para onde ir se localizar. O Google disse que o objetivo do Live View é levar a experiência padrão do Maps para locais internos populares, onde não é tão fácil pegar um sinal de GPS e não há placas de rua ou marcadores de localização visíveis.

GIF: Google

O Live View é baseado na tecnologia de localização global do Google, que usa IA para digitalizar bilhões de fotos do Street View e, em seguida, usa essas informações para apontar sua localização e orientação. O Live View ajuda não apenas a direcioná-lo para onde você precisa ir usando setas e sobreposições, mas também exibe ícones de pontos que podem ser do seu interesse, como caixas eletrônicos, banheiros ou o balcão de check-in ou retirada de bagagem em um aeroporto.

O único requisito de hardware para o Live View é que o smartphone seja compatível com ARKit da Apple ou ARCore do Google, que é algo que a maioria dos aparelhos mais novos já fazem.

Atualmente, o Live View está disponível em alguns shoppings de Westfield, Chicago, Long Island, Los Angeles, Newark, San Francisco e Seattle — todos nos Estados Unidos. Nos próximos meses, o Google disse que o suporte para Live View será adicionado a mais aeroportos, shoppings e centros de trânsito em Tóquio, no Japão, e Zurique, na Suíça, com uma expansão maior para outras cidades chegando no final deste ano.

Maps terá recursos focados em clima e pegada ecológica

Além do mapeamento interno, o Google espera fornecer mais contexto e informações sobre as rotas que você escolhe. Para isso, a empresa está adicionando novas "camadas" de clima e qualidade do ar ao Google Maps. As novas camadas estarão disponíveis como opções extras de Detalhe do Mapa, com a camada de clima fornecendo informações padrão de temperatura e precipitação, enquanto a camada de qualidade do ar fornece dados sobre poluição atmosférica e alertas de alergia. O Google disse que a camada climática estará disponível globalmente e a qualidade do ar será lançada primeiro nos EUA, Austrália e Índia.

Um exemplo de como vão funcionar as camadas de clima no Maps. Imagem: Google

Para pessoas preocupadas com o impacto de suas viagens no meio ambiente, o Google está lançando opções de rotas ecológicas desenvolvidas em colaboração com o National Renewable Energy Lab. No futuro, usuários poderão escolher rotas otimizadas para velocidade ou para congestionamentos ou tráfego que podem, por sua vez, ajudar a reduzir o consumo de combustível, com uma série de opções intermediárias. O próprio Maps vai ativar por padrão a rota com menor probabilidade de emissão de carbono.

Rotas ecológicas vão mostrar locais com menos trânsito e menos emissão de gases poluentes. Imagem: Google

Em partes do mundo onde os governos locais começaram a estabelecer zonas de baixa emissão, o Google também destacará essas áreas ao fornecer informações específicas sobre os tipos de veículos que podem entrar nesses locais, juntamente com quaisquer outras restrições de viagem. Espera-se que os alertas de zonas de baixa emissão comecem a ser lançados em junho na Alemanha, Holanda, França, Espanha e Reino Unido, tanto no Android quanto iOS.

A empresa começará a sugerir uma gama mais ampla de métodos de transporte para suas rotas sugeridas, incluindo o uso de bicicletas individuais ou compartilhadas, transporte público e muito mais. O Google disse que vai priorizar determinados transportes dependendo da cidade em que você está para ajudar a maximizar a eficiência, optando pelo metrô em cidades como Nova York, ou bicicletas, se o Google identificar que essa é uma forma comum de se locomover.

Maps vai facilitar retirada de compras por causa da pandemia

Olhando para o futuro, para ajudar a ajustar a forma como a pandemia mudou a forma como viajamos, o Google também começará a mostrar informações de compras mais detalhadas no Maps para que você possa descobrir opções de entrega, prazos de entrega potenciais, pedidos mínimos e taxas de entrega e muito mais. Nos EUA, o Google já está trabalhando com a Instacart e várias lojas Albertsons, antes de expandir para outros parceiros no futuro.

O Maps vai avisar quando sua encomenda chegar em uma loja física, evitando aglomerações no estabelecimento. Imagem: Google

Além disso, foi lançado um programa piloto com as lojas Fred Meyers em Portland para facilitar a organização e o agendamento de sua compra. Depois de finalizar a transação, é possível inserir suas informações de coleta no Maps e, a partir daí, o Google envia uma notificação quando for hora de sair e compartilhar sua localização com a loja para que seu pedido tenha uma chance maior de estar pronto quando você chegar.

O Google disse que também está planejando alavancar sua inteligência artificial e fotogrametria para criar visualizações 3D mais precisas de rotas que combinam perfeitamente fotos do Street View, imagens de satélite e renderizações alimentadas por IA em um itinerário contínuo de alta qualidade para melhor orientar você em suas viagens.

Independentemente de como você usa o Google Maps, parece que o Google está usando o poder da IA ​​para melhorar suas funções de uma forma ou de outra. Agora é só esperar até que os recursos cheguem na sua cidade, o que deve acontecer ao longo de 2021.

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Robô muda seu tamanho para se adaptar a diferentes tipos de solos

Posted: 30 Mar 2021 01:54 PM PDT

Já mostramos aqui no Gizmodo um robô que consegue se transformar em uma “cobra” para conseguir se locomover em lugares fechados ou de difícil acesso, como passagens menores e estreitas. Agora, cientistas da Universidade de Oslo, na Noruega, criaram um robô capaz de se adaptar a diferentes tipos de solos.

De acordo com a pesquisa publicada na Nature Machine Intelligence, o robô chamado de DyRET, que vem da palavra dyr (“animal” em norueguês), foi construído para conseguir caminhar em diferentes tipos de terrenos, incluindo aqueles mais desafiadores, como os rochosos, com desempenho mais eficiente quando comparado ao de um robô de corpo estático.

Funcionamento do quadrúpede

A partir de duas extensões telescópicas embutidas em cada uma de suas quatro pernas, é possível alterar o seu comprimento. Os ajustes são feitos por motores adaptados nas pernas e o comprimento pode ser alterado automaticamente enquanto o robô estiver em ação, podendo chegar a altura de 60 cm e 73 cm (como você pode conferir na foto abaixo).

Estas diferenças de altura fazem diferença na dinâmica e resultado da aplicação do robô. Com as pernas curtas, o DyRET se revela estável,  apesar da lentidão de sua caminhada e apresenta um centro de gravidade baixo. Já em seu modo mais alto, com 13 cm a mais comparado a sua versão “hobbit”, o DyRET se torna instável enquanto caminha, contudo consegue dar passos maiores, fazendo com que sua locomoção seja mais rápida e o desvio de obstáculos mais facilmente resolvido.

O robô DyRET pode alterar a configuração de suas pernas para se adaptar a diferentes tipos de terreno. Foto: Tønnes Nygaard/Divulgação.

Ele também possui sensores para rastrear os seus passos e a dureza do solo, além de uma câmera 3D posicionada entre as pernas dianteiras do DyRET que indica o quão acidentado é o solo que o robô está sendo testado.

Diferentes adaptações 

Foram realizados vários testes em diferente superfícies, de maneira a fazer com que robô pudesse saber o momento que precisa adaptar seu comprimento. De acordo com o documento publicado, ele caminhou dentro de espaços de cerca de 5 metros de comprimento contendo diferentes tipos de terrenos: areia, cascalho e telhas de fibrocimento duro.

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A partir dos resultados obtidos nestes experimentos, foi possível começar a pensar nos seus mecanismos usando a ideia de “cognição incorporada”, em que o hardware de um robô consiga ser resolver problemas junto de seu software. Ou seja: em vez do DyRET ficar restrito apenas aos seus movimentos básicos, ele próprio consegue se adaptar e solucionar problemas em ambientes desafiadores.

Imagine a capacidade destes robôs e suas aplicações para descobertas científicas, especialmente aquelas que podem se encontrar em locais de difícil acesso aos humanos. Suspeito que futuramente algo de muito bom ainda possa surgir.

[The Conversation]

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Estudo detalha a estrutura de uma enzima que pode ajudar no combate ao câncer

Posted: 30 Mar 2021 12:13 PM PDT

As enzimas têm sido amplamente estudadas para o desenvolvimento de remédios e tratamentos de doenças como o câncer. A Taspase 1 é uma que vem mostrando resultados promissores, de acordo com um novo artigo publicado na Structure. A análise da estrutura dessa enzima mostrou que eliminar uma região específica pode contribuir para inibir a progressão de tumores.

A Taspase 1 é classificada como uma protease, o que significa que sua função é quebrar proteínas para transformá-las em peptídeos menores ou em aminoácidos. Elas são fundamentais para alguns processos fisiológicos, como o metabolismo, proliferação e migração celular.

O problema é que nem sempre essa enzima funciona da maneira esperada, o que acaba resultando em uma série de doenças, incluindo leucemia, cânceres de cólon e de mama, além de glioblastoma — um tumor cerebral grave. Pelo fato desses desequilíbrios da Taspase 1 estarem frequentemente relacionados à origem e metástase de diversos tipos de câncer, os cientistas têm se dedicado a estudar a estrutura da protease.

O artigo recente da Structure revela pela primeira vez uma região inexplorada da enzima que é essencial para o funcionamento da molécula. Para o estudo dessa estrutura, os pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona utilizaram uma técnica chamada cristalografia de raios-X e confirmaram suas descobertas por meio de microscopia eletrônica.

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A partir da análise da estrutura, os autores do artigo observaram que a redução da região helicoidal (ou seja, a região em forma de hélice) crítica da Taspase 1 limita a atividade da enzima. Já ao eliminar essa mesma região, a protease seria totalmente desativada, o que poderia bloquear a progressão do câncer, sugerem os pesquisadores.

Em comunicado da universidade, Jose Martin-Garcia, principal autor do estudo, afirmou que essa descoberta sobre como inibir a Taspase 1 a partir de um fragmento inexplorado da enzima pode ser extremamente benéfica para pesquisas futuras sobre terapias contra o câncer.

[EurekAlert]

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Cientistas de Stanford compartilham sequência completa do mRNA de vacina da Moderna

Posted: 30 Mar 2021 10:48 AM PDT

Imagem: Radek Mica/AFP (Getty Images)

Um grupo de pesquisadores de Stanford hackeou a vacina de RNA mensageiro (mRNA) da farmacêutica Moderna para o novo coronavírus e publicou toda a sequência genética do imunizante, de graça, no repositório de código aberto Github. As informações foram relatadas pelo Motherboard na última segunda-feira (29).

As vacinas de mRNA funcionam entregando informações genéticas que permitem que as próprias células do corpo produzam uma proteína viral. Essa proteína funciona como uma versão inofensiva e projetada da proteína spike que o coronavírus usa para invadir as células do corpo.

Quando o organismo produz essa proteína, o sistema imunológico rapidamente se mobiliza para combatê-la, conduzindo uma espécie de exercício de treinamento que o prepara para lutar contra o coronavírus real. O mRNA entregue pela vacina se desintegra rapidamente, mas os anticorpos permanecem como uma proteção contra infecções futuras. De acordo com o MIT News Office, isso permite uma produção muito mais fácil e rápida do que as gerações anteriores de vacinas, que por sua vez dependem da fabricação de proteínas em condições de laboratório. A sequência de mRNA serve mais ou menos como uma espécie de código-fonte para a vacina.

Os documentos que a equipe de Stanford publicou no Github incluem duas páginas de explicação e duas páginas contendo toda a sequência de mRNA da vacina da Moderna. Os pesquisadores escreveram no relatório que, embora o mRNA da companhia tenha sido aplicado em uma grande faixa da população, os cientistas e a equipe médica não têm acesso às sequências genéticas reais envolvidas.

“Com o lançamento de vacinas para Covid-19, esses mRNAs sintéticos se tornaram espécies de RNA amplamente distribuídas em numerosas populações humanas. Apesar de sua onipresença, as sequências nem sempre estão disponíveis para tais RNAs. O compartilhamento de informações de sequência para terapias amplamente utilizadas tem o benefício de permitir que qualquer pesquisador ou médico, usando abordagens de sequenciamento, identifique rapidamente tais sequências como derivadas de terapêuticas em vez de hospedeiras ou infecciosas na origem", dizem os pesquisadores.

A equipe de pesquisa disse ao Motherboard que eles não fizeram “engenharia reversa” da vacina — eles simplesmente “postaram a sequência de duas moléculas de RNA sintéticas que se tornaram suficientemente prevalentes no ambiente geral da medicina e da biologia humana em 2021”.

"Conforme a vacina estava sendo lançada, essas sequências começaram a aparecer em muitos estudos investigativos e diagnósticos diferentes. Conhecer essas sequências e ter a capacidade de diferenciá-las de outros RNAs na análise de futuros conjuntos de dados biomédicos é de grande utilidade", afirmaram Andrew Fire e Massa Shoura, dois cientistas de Stanford.

"Para esse trabalho, os RNAs foram obtidos como descarte das pequenas porções das doses da vacina que permaneceram nos frascos após a imunização; tais porções teriam de ser descartadas e analisadas sob a autorização do FDA para uso em pesquisa", acrescentaram. Os cientistas também declararam ter recebido permissão do FDA para coletar sobras de vacinas que não teriam sido usadas de frascos vazios, e que notificaram a Moderna com antecedência de seus planos de publicar a sequência sem sofrerem qualquer represália.

As vacinas de mRNA da Moderna e da Pfizer-BioNTech foram as primeiras aprovadas pela FDA para uso emergencial nos Estados Unidos. De acordo com o Motherboard, o fundador do PowerDNS, Bert Hubert, conseguiu usar dados disponíveis publicamente para revelar a sequência de mRNA da Pfizer no final do ano passado.

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Como Hubert escreveu, isso não significa que alguém vai fabricar em casa qualquer uma das vacinas. Hubert detalhou a complicada cadeia de abastecimento que alimenta a fabricação de vacinas das empresas farmacêuticas — e ela envolve inúmeros ingredientes complexos, produção de DNA e mRNA em instalações especializadas e combinação de mRNA e lipídios em nanopartículas de lipídios (LNPs). Este último, inclusive, pouquíssimos especialistas sabem como fazer. As etapas finais, incluindo a formulação em que os LNPs são misturados com outros ingredientes mais genéricos e colocados em frascos, também exigem conhecimento e equipamentos especializados.

"Tecnicamente, a última etapa da cadeia de abastecimento dessas vacinas de mRNA contra Covid-19 é a produção da proteína spike. Isso é o que acontece nas células do seu corpo depois que você recebe a vacina. Você é a revolução na fabricação de vacinas distribuída globalmente", concluiu Hubert.

Segundo a revista Time e a CNBC, a administração de Joe Biden está enfrentando pressão de alguns legisladores para suspender as proteções de patentes sobre as vacinas de Covid-19, na esperança de garantir que os incentivos de lucro não atrapalhem os níveis de vacinação em massa que poderiam extinguir a pandemia. Scott Gottlieb, ex-comissário da FDA e membro do conselho de diretores da Pfizer, argumentou que os gargalos na vacinação em massa residem principalmente em suprimentos e produção, não em restrições de propriedade intelectual.

[Wired]

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Um novo malware se passa por atualização do Android para infectar seu celular

Posted: 30 Mar 2021 10:31 AM PDT

Imagem: Drew Angerer (Getty Images)

Cuidado: um aplicativo malicioso recém-descoberto finge atualizar seu telefone, mas, na realidade, é apenas uma ferramenta de spyware que mira nos usuários Android. O programa cibercriminoso pode roubar praticamente todos os seus dados ao mesmo tempo que monitora seus movimentos e histórico de pesquisa online.

Chamado de System Update, o app foi descoberto por pesquisadores da empresa de segurança Zimperium, que classificou a ameaça como um Trojan de acesso remoto (RAT) — uma ampla categoria de malware que normalmente permite que um hacker acesse e manipule seu dispositivo à distância.

Esse RAT específico é baixado com a promessa de ajudá-lo a manter seu dispositivo atualizado. Mas, em vez disso, envia todas as suas informações de volta para um servidor de comando e controle. Shridhar Mittal, CEO da Zimperium, disse ao TechCrunch que acha que o aplicativo é parte de um “ataque direcionado”.

"É facilmente o [RAT] mais sofisticado que já vimos. Acho que muito tempo e esforço foram gastos na criação deste aplicativo. Acreditamos que existam outros apps como este e estamos fazendo o nosso melhor para encontrá-los o mais rápido possível", destacou Mittal.

A ampla gama de dados que software malicioso é capaz de roubar é impressionante. Inclui: conteúdos de apps de mensagens instantâneas e arquivos de banco de dados; registros de chamadas e contatos telefônicos; mensagens e bancos de dados do WhatsApp; fotos e vídeos; todas as suas mensagens de texto; e informações sobre praticamente tudo o que está no seu smartphone.

O aplicativo também pode monitorar sua localização GPS (para saber exatamente onde você está), sequestrar a câmera do seu telefone para tirar fotos, revisar o histórico de pesquisa e favoritos do seu navegador, e ligar o microfone do telefone para gravar áudio.

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Os recursos de espionagem são acionados sempre que o dispositivo recebe novas informações. Os pesquisadores escrevem que o RAT está constantemente à procura de "qualquer atividade de interesse, como uma chamada telefônica, para gravar imediatamente a conversa, coletar o registro de chamadas atualizado e, em seguida, fazer upload do conteúdo para o servidor de comando e controle como um arquivo ZIP criptografado". Depois de roubar os dados, o app então apaga as evidências da própria atividade, ocultando o que está fazendo.

Felizmente, a plataforma em questão nunca foi oferecida na Google Play Store, embora esteja disponível em uma loja de terceiros. Aplicativos desonestos como este estão se tornando um problema cada vez maior para os usuários, então é uma ótima ideia limitar o número de aplicativos que você tem no seu celular e checar mais de uma vez a fonte onde a ferramenta está hospedada.

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Ofertas incríveis de lançamentos e pré-vendas para PlayStation 5

Posted: 30 Mar 2021 08:17 AM PDT

Lançado em novembro de 2020, o PlayStation 5 veio como uma geração que promete não ter limites. Além das melhorias visuais, o console traz jogos exclusivos e inúmeras funcionalidades.

Entre esses títulos exclusivos, se destacam não apenas os que já foram lançados, mas os que estão em pré-venda e podem ser comprados com exclusividade.

Veja aqui a lista completa de jogos para PlayStation 5 clicando aqui! Abaixo, você verá alguns dos principais títulos e saberá mais sobre eles.

Alguns dos itens possuem frete grátis para assinantes PrimeClique aqui para conhecer mais sobre o programa de assinaturas da Amazon.

Sackboy: Uma grande aventura – PlayStation 5 por R$ 256,99

Sackboy é um jogo de plataforma 3D lançado no final de 2020, produzido pela Sumo Digital e publicado pela Sony.

O jogo começa apresentando o vilão Vex, um ser feito de caos e medo, que sequestra os amigos de Sackboy, forçando-os a construir um Conversor. O Conversor é um dispositivo que transformará o mundo maravilhoso em que eles vivem em um lugar terrível.

Com mecânicas inventivas e divertidas, você assumirá no jogo o papel de Sackboy, que é derrotar Vex e salvar seus amigos.

Ratchet & Clank – PlayStation 5 por R$ 329,90

Ratchet & Clank é um videogame de plataforma desenvolvido pela Insomniac Games e lançado pela Sony. A mais nova edição consiste na reimaginação do primeiro jogo da série, baseada no filme homônimo.

Marvel’s Spider-Man: Miles Morales – PlayStation 5 por R$ 192,90

Este é um jogo eletrônico de ação e aventura do Universo Marvel, desenvolvido pela Insomniac Games e publicado Sony.

Aqui, Miles Morales, que é discípulo de Peter Parker, está se adaptando a uma nova rotina e segue os passos para se tornar o novo Spider-Man. É a partir daí que forças externas ameaçam seu novo lar e o fazem perceber a lição que seu mentor já aprendera: com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

Você possui a opção de comprar a versão padrão ou a Ultimate Edition. Que tal mais essa aventura com o cabeça-de-teia?

Nioh Collection – PlayStation 5 por R$ 311,40

Nioh, que significa "rei benevolente", é um jogo eletrônico de ação desenvolvido pela Team Ninja e publicado pela japonesa Koei Tecmo em 2017. Agora, você pode ter a coleção completa de Nioh, com todas as edições e expansões.

No jogo, você está no Japão em plena era Sengoku, enfrentando guerreiros com debates ágeis e repletos de ação. Você é um samurai que precisa libertar sua escuridão interior!

Returnal – PlayStation 5 por R$ 329,90

Returnal é um jogo eletrônico de terror psicológico e ficção científica, lançado pela Sony e desenvolvido pelo estúdio Housemarque. A expectativa para o jogo foi às alturas já no trailer que mostrava sua jogabilidade.

A trama narra a história de Selene, uma astronauta que cai em um planeta alienígena sobre o qual nada sabe.

Está em pré-venda, com estreia prevista para 30 de abril de 2021. Comprando agora, você irá garantir antes de todos! E a boa notícia é que os textos e a dublagem serão totalmente adaptados ao português.

Preços conferidos na manhã do dia 30 de março. Comprando pelos links acima, você não paga nada a mais e o Gizmodo Brasil ganha uma comissão.

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Missão Juno, da Nasa, detecta “anéis de fumaça” em auroras boreais de Júpiter

Posted: 30 Mar 2021 06:21 AM PDT

Uma característica auroral recém-detectada em Júpiter tem uma semelhança impressionante com anéis de fumaça em expansão. A descoberta foi feita graças à espaçonave Juno da Nasa.

Uma nova pesquisa publicada no Journal of Geophysical Research: Space Physics descreve tênues características aurorais em forma de anéis em Júpiter, com a maior delas medindo aproximadamente 2.000 km de diâmetro. Expandindo-se rapidamente, os anéis, ou "emissões ultravioleta em expansão circular" nas palavras dos pesquisadores, registraram velocidades entre 3,3 e 7,7 km/s.

Como na Terra, as características aurorais de Júpiter estão ligadas a partículas carregadas dentro da magnetosfera.

A localização da aurora boreal de Júpiter (esquerda), uma representação gráfica da recém-detectada característica semelhante a um anel (canto superior direito) e uma sequência de imagens em cores falsas mostrando um anel em expansão ao longo do tempo (canto inferior direito). Imagem: Nasa/SWRI/JPL-Caltech/SwRI/V. Hue/GR Gladstone/B. Bonfond

"Achamos que essas características ultravioleta tênues recém-descobertas se originam a milhões de quilômetros de Júpiter, perto da fronteira da magnetosfera jupiteriana com o vento solar", disse Vincent Hue, principal autor do artigo e cientista planetário do Southwest Research Institute, em um comunicado. "O vento solar é uma corrente supersônica de partículas carregadas emitida pelo Sol. Quando chegam a Júpiter, elas interagem com sua magnetosfera de uma forma que ainda não é bem compreendida."

A magnetosfera de Júpiter, com 20 mil vezes a força da Terra, é tão forte que o gigante gasoso pode desviar ventos solares a distâncias entre 3,2 milhões e 4,8 milhões de km. Thomas Greathouse, coautor do novo estudo e cientista pesquisador do SWRI, disse que a rápida rotação de 10 horas de Júpiter é em grande parte responsável pelo movimento de partículas carregadas dentro de sua magnetosfera, mas a “função do vento solar ainda é debatida”.

Essas informações já são conhecidas graças ao Telescópio Espacial Hubble, mas a espaçonave Juno, da Nasa, está permitindo observações mais detalhadas do gigante gasoso. Em órbita ao redor de Júpiter desde 2016 e equipada com seu espectrógrafo ultravioleta, Juno detectou os anéis em rápida expansão, que não haviam sido vistos até agora.

As partículas carregadas parecem emanar dos confins da magnetosfera. Bertrand Bonfond, coautor e astrofísico da Universidade de Liège, na Bélgica, explicou no comunicado que a “localização dos anéis em alta latitude indica que as partículas que causam as emissões vêm da distante magnetosfera Jupiteriana, perto de sua fronteira com o vento solar”.

Animação mostrando um anel auroral em expansão em Júpiter. Gif: Nasa/SWRI/JPL-Caltech/SwRI/V. Hue/GR Gladstone/B. Bonfond

A formação de características semelhantes a ondas, tecnicamente conhecidas como instabilidades de Kelvin-Helmholtz, pode estar ocorrendo devido à interação do plasma de Júpiter e os ventos solares; essas instabilidades acontecem na presença de velocidades de cisalhamento e é um processo semelhante a como os ventos acima da água desencadeiam a formação de ondas. Neste caso, entretanto, a interação está produzindo feixes de partículas que viajam ao longo das linhas do campo magnético, que por sua vez formam as auroras em anéis, de acordo com o comunicado do SWRI.

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Dito isso, os autores não fazem nenhuma afirmação grandiosa em seu artigo quanto à causa da característica detectada recentemente. Isso é algo a ser investigado futuramente.

A boa notícia é que a Nasa estendeu a missão Juno até 2025, o que significa que os cientistas têm mais tempo para estudar este planeta e suas majestosas auroras.

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Projeto de computador quântico da Microsoft está mais longe de se tornar realidade

Posted: 30 Mar 2021 04:00 AM PDT

A Microsoft é uma exceção entre as empresas que investem em pesquisas de computação quântica. Ao contrário do Google, IBM ou das várias startups que construíram protótipos experimentais barulhentos de circuitos supercondutores, íons ou fótons, a empresa está tentando construir um computador quântico usando objetos conhecidos como partículas de Majorana — padrões distintos de elétrons em um minúsculo fio que os cientistas que propõe a tecnologia afirmam ter vantagens fundamentais sobre projetos rivais.

O problema? Ninguém jamais foi capaz de estimular os elétrons a formar uma partícula de Majorana. Agora, as perspectivas parecem ainda mais distantes: no início deste mês, pesquisadores afiliados à Microsoft retrataram um artigo de 2018 amplamente divulgado, publicado na Nature, que alegava fortes evidências experimentais de que eles haviam criado a partícula. O artigo, que o Gizmodo cobriu na época, passou pelo processo de revisão por pares da Nature, no qual dois a três revisores especialistas que são anônimos para os autores recomendam que um manuscrito seja publicado, rejeitado ou revisado.

"Pedimos desculpas à comunidade pelo rigor científico insuficiente em nosso manuscrito original", escreveram os autores na retratação. O sinal que eles apresentaram como a assinatura de uma partícula de Majorana sofreu um erro de medição, invalidando seus resultados.

A Universidade de Delft, na Holanda, que é a instituição de origem de Leo Kouwenhoven, o físico e funcionário da Microsoft que conduziu o experimento, também realizou uma investigação independente do trabalho da equipe. Em um relatório publicado no dia da retratação, a equipe descobriu que o grupo de Kouwenhoven selecionou seus dados de forma tendenciosa, de forma que suas medições pareciam mais convincentes. (Kouwenhoven não respondeu a um pedido de comentário.)

A investigação descobriu que a equipe não pretendia enganar os leitores. "Eles foram meio desleixados", disse o físico Patrick Lee, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que fez parte da investigação independente. "Não consigo encontrar uma maneira melhor de descrever isso."

Os autores projetaram seu experimento com base em trabalhos teóricos anteriores. Esses artigos previram que, sob as condições certas, duas partículas de Majorana, cada uma se comportando como meio elétron, deveriam se formar em ambas as extremidades de um fio semicondutor envolto em uma capa feita de um supercondutor. Para fazer um qubit — o bloco de construção fundamental de um computador quântico — você poderia codificar informações trocando as posições dos dois meio-elétrons no fio, em um processo semelhante a uma trança de cabelo. Trocar da direita para a esquerda pode representar 1 e da esquerda para a direita pode representar 0.

Um dispositivo feito de Majoranas é conhecido como computador quântico topológico. Como essas informações são codificadas nas orientações das duas partículas e não como propriedades inerentes das próprias partículas, um computador quântico topológico deve ser menos propenso a erros do que os projetos de qubit existentes. No entanto, ninguém ainda conseguiu criar um qubit topológico, muito menos um computador.

Questionamentos e investigações

Apesar do envolvimento de grandes empresas de tecnologia de consumo, a computação quântica ainda é, em grande parte, um campo de pesquisa. Embora algumas empresas tenham produzido pequenos protótipos de dispositivos, esses computadores quânticos não podem resolver problemas úteis. Uma de suas principais limitações é que eles não podem executar o algoritmo mais perfeitamente projetado sem cometer erros, e os especialistas não sabem como corrigir esses erros.

O relatório da Universidade de Delft sugeriu que os autores estavam tão motivados a encontrar uma partícula de Majorana que se enganaram pensando que a tinham visto. Os pesquisadores citaram o físico Richard Feynman: "O primeiro princípio é que você não deve se enganar — e você é a pessoa mais fácil de enganar."

As dúvidas sobre o trabalho começaram já em novembro de 2019, quando o físico Sergey Frolov, da Universidade de Pittsburgh, descobriu que não poderia replicar os resultados experimentais do artigo. Em parceria com Vincent Mourik, da University of South Wales, Frolov solicitou que a equipe de Kouwenhoven compartilhasse seus dados, e eles descobriram que o artigo original continha dados escolhidos a dedo.

"Ficou claro que não havia justificativa para as conclusões", disse Frolov. Ele e Mourik alertaram os autores e a Nature, e a análise deles acelerou a investigação independente e, por fim, a retratação do artigo em 8 de março de 2021.

Um porta-voz da Nature disse em um comunicado: "Estamos empenhados em atualizar o registro científico quando apropriado, a fim de fornecer clareza aos nossos leitores, e nos esforçamos para fazê-lo assim que tivermos informações suficientes para determinar o melhor curso de ação. No entanto, esses problemas costumam ser complexos e, como resultado, pode levar algum tempo para que editores e autores os desvendem totalmente."

Erros

A retratação é um "alerta" para os pesquisadores e para a comunidade serem mais cuidadosos na publicação de seus resultados experimentais, disse Lee.

Mas o desfecho deste artigo não representa o fim da computação quântica topológica, de acordo com Lee. "Se você ler a imprensa popular, terá a ideia de que essa [retratação] foi um empecilho, que a Microsoft caiu de cara no chão e o investimento foi um fracasso", disse ele. "Eu acho que não é bem assim."

No artigo, os físicos conduziram uma versão muito mais difícil de um experimento comumente realizado em uma aula introdutória de física: aplicar uma tensão em um fio e medir sua resistência elétrica. No caso, eles usaram um nanofio, várias centenas de vezes mais fino que um cabelo humano, feito de antimoneto de índio envolto em alumínio supercondutor e mantido em temperaturas extremamente frias, próximas ao zero absoluto. (Tecnicamente, a equipe mediu a condutância do material, que é apenas o número 1 dividido pela resistência.)

De acordo com algumas previsões teóricas, quando os elétrons do nanofio formam uma partícula de Majorana, a condutância deve se estabilizar em um determinado valor conforme você reduz a tensão no dispositivo para zero. O artigo de 2018 afirmava observar esse patamar.

Então, alguns membros da equipe disseram ao público que haviam feito uma partícula de Majorana. "Agora, os cientistas fornecem uma prova definitiva da existência de Majorana, abrindo caminho para os bits quânticos de Majorana", dizia um comunicado de imprensa que a Universidade de Delft emitiu quando o artigo foi publicado. "Este experimento fecha um capítulo na busca por partículas de Majorana." Logo após a publicação do artigo, Julie Love, diretora de desenvolvimento de negócios de computação quântica da Microsoft, disse à BBC que a empresa teria um computador quântico comercial “dentro de cinco anos”.

A maioria dos físicos tratou os resultados do estudo como “a maior evidência” da partícula de Majorana, disse o físico David Goldhaber-Gordon, da Universidade de Stanford, que fez parte da equipe de investigação da Universidade de Delft.

Mas a estabilização não era um sinal definitivo da Majorana — e alguns físicos sabiam disso. Os elétrons que se comportam de outras maneiras também podem exibir esse padrão. Alguns físicos chegaram a propor que a Majorana não causaria nenhuma estabilização sequer, disse Frolov.

Em outras palavras, a equipe e a cobertura da mídia que se seguiu exageraram os resultados. "Em minha opinião, este não foi um artigo significativo, mesmo que tivesse sido correto", afirma Frolov.

Consequências

Frolov está preocupado com o que a publicidade negativa significa para o resto da área. "Esse tipo de retratação pode precipitar coisas negativas para todo o campo, como concessões canceladas", disse ele. Uma de suas propostas de financiamento foi negada em janeiro porque um revisor disse que a técnica experimental que ele usa — a mesma empregada pelos autores do artigo de Majorana — foi desacreditada, disse ele. "Não há nada de errado com a técnica", disse Frolov.

A retratação envolve os autores, não sua estratégia subjacente. "Basicamente, não tenho dúvidas de que, quando os ingredientes certos são colocados juntos, a Majorana deve existir", disse Goldhaber-Gordon.

O artigo e a retratação subsequente oferecem um estudo de caso de como o processo científico realmente funciona no mundo real. Indiscutivelmente, neste caso, o processo funcionou. A verdade finalmente veio à tona: a equipe de Kouwenhoven retirou seu artigo e explicou o que deu errado. O episódio também gerou novas descobertas científicas.

Em janeiro, Frolov publicou um artigo na Nature Physics detalhando como sua equipe poderia recriar a estabilização por meio de um fenômeno de elétron diferente. O físico Sankar Das Sarma, da Universidade de Maryland, um dos coautores do artigo retratado, lançou recentemente um novo trabalho teórico indicando que o experimento requer materiais com muito menos impurezas para criar uma Majorana.

"Este é o melhor exemplo do processo científico que vi na minha vida", disse Das Sarma. (Das Sarma trabalhou na seção de teoria do artigo, que Lee confirmou não ser o foco da investigação da Universidade de Delft.)

Mas a retratação também mostra que o processo científico é "frágil", disse Goldhaber-Gordon. Poucas pessoas têm experiência para detectar os erros do grupo. "Um perigo em nosso sistema científico é que é muito difícil avaliar as afirmações de outras pessoas", disse ele.

Frolov e Mourik puderam avaliar o experimento retratado porque costumavam trabalhar com Kouwenhoven. Mas mesmo com sua experiência, o processo foi demorado e estressante. "Estamos tentando fazer o processo científico funcionar, e é muito difícil", disse Frolov.

Ao escolher expor o erro do grupo, Frolov e Mourik — que são menos estabelecidos em suas carreiras do que Kouwenhoven — também tiveram que colocar sua reputação profissional em jogo. Para complicar ainda mais as coisas, Frolov disse que Kouwenhoven o ajudou no início de sua carreira. "Ele teve um papel importante na minha vida", disse Frolov. "Ele impulsionou minha carreira ao me deixar trabalhar em seu grupo."

Agora, seu relacionamento com seu ex-mentor está no limbo. "Em novembro de 2019, nos encontramos em uma conferência. Nós rimos; bebemos cerveja; estava tudo bem", disse Frolov. "E agora não consigo imaginar que isso aconteça de novo."

"Foi preciso coragem e muito trabalho para [Frolov e Mourik] se manifestarem e levarem isso adiante", disse Lee.

Frolov está planejando verificar outro experimento, com a esperança de que isso impeça outros no campo de cometerem mais erros.

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A Microsoft parece estar seguindo o seu caminho. "Continuamos confiantes em nossa abordagem topológica para a computação quântica em escala", escreveu Zulfi Alam, vice-presidente da Microsoft Quantum, em um comunicado no LinkedIn.

Das Sarma compara a busca da partícula de Majorana com outras descobertas da física fundamental. Os físicos levaram apenas 15 anos para descobrir os bósons W e Z e 100 anos para medir uma onda gravitacional depois que os teóricos previram a existência de cada um deles. “Quanto tempo vai demorar? Sinceramente, não sei", disse Das Sarma. “Eu não quero inventar um número.”

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