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- Fósseis de “pseudo-cavalos” são encontrados na Espanha
- Estudo científico mostra que azitromicina não é eficaz contra Covid-19
- Perder dentes ao longo da vida pode aumentar risco de demência
- Não coce os olhos: jovem tem infestação de piolhos pubianos nos cílios
- Conto: Peça por peça
- Água super salgada pode ter apagado evidências de vida em Marte
- Twitter vai fornecer mais detalhes sobre por que nem todo mundo ganha um selo de verificado
- Death Stranding Director’s Cut: saiba como vai funcionar atualização do PS4 para o PS5
- Greta Gerwig vai dirigir Barbie; live-action terá Margot Robbie no papel principal
Fósseis de “pseudo-cavalos” são encontrados na Espanha Posted: 10 Jul 2021 03:09 PM PDT Com base em restos fósseis desenterrados na Espanha, pesquisadores descreveram dois mamíferos até então desconhecidos. Eles foram precursores de cavalos que teriam desfrutado das temperaturas subtropicais no que hoje é o País Basco, no norte da Espanha. As descobertas foram publicadas recentemente no Journal of Vertebrate Paleontology. Os animais são do gênero paleotério, da família dos paleoteriídeos, parentes de cavalos que cavalgavam pela Terra há 37 milhões de anos, quando a Europa era um arquipélago e o clima era muito mais quente. Este foi o Eoceno, o período de tempo após o Cretáceo. Durante o Eoceno, os mamíferos puderam se diversificar sem a ameaça dos dinossauros pairando sobre seus ombros, e parte dessa diversificação significou o início dos paleotérios, um grupo de ungulados de dedos ímpares. Esse grupo de criaturas, que hoje inclui zebras, rinocerontes, burros e cavalos, tinha um elenco de personagens totalmente diferente durante o Eoceno. Dois deles agora são conhecidos pela ciência como Leptolophus cuestai e Leptolophus franzeni. "Imagine animais semelhantes a cavalos com três dedos, do tamanho de um fox terrier, um Dogue Alemão e um burro vivendo em uma paisagem subtropical. Muitos desses pseudo-cavalos foram descritos no site de Zambrana", disse Ainara Badiola, paleontóloga da Universidad del País Vasco e coautora do estudo, em um comunicado de imprensa da Universidade do País Basco. O local do fóssil em Zambrana já havia descoberto outros mamíferos eocenos, incluindo roedores, marsupiais e até primatas. Entre o bando estavam os paleotérios, chamados de pseudo-cavalos porque são muito parecidos com os animais existentes, mas pertencem a uma família taxonômica diferente da dos cavalos primitivos. Como outros palotérios, as espécies recém-identificadas eram menores do que os cavalos modernos e tinham dentes peculiares, mesmo entre seus irmãos mais antigos. "Seus molares têm uma coroa muito alta e são cobertos por uma espessa camada de cemento", disse Leire Perales-Gogenola, também paleontólogo da Universidade do País Basco e principal autor do estudo. "Este tipo de dentição, também presente noutros paleotério ibéricos endêmicos, pode ser indicativo de uma diferença nas condições ambientais entre as zonas ibérica e centro-europeia, com condições mais áridas ou menos densas ou florestas fechadas e presença de zonas mais abertas na Península Ibérica", completou. Os dentes dos Leptolophus cuestai tinham coroas semelhantes às dos cavalos modernos, indicando que comiam grama. Mas os pesquisadores não terminaram a análise dos restos de paleotério que encontraram no local, então, certamente virá mais sobre esses parentes em miniatura peculiares do cavalo. The post Fósseis de “pseudo-cavalos” são encontrados na Espanha appeared first on Gizmodo Brasil. |
Estudo científico mostra que azitromicina não é eficaz contra Covid-19 Posted: 10 Jul 2021 02:03 PM PDT A azitromicina não é eficaz no tratamento contra a Covid-19 e ainda pode agravar o quadro, levando à morte. É o que revela uma pesquisa recente publicada no The Lancet. O estudo foi liderado por Timothy Hinks, John Radcliffe e alguns cientistas do Hospital e Universidade de Oxford, Reino Unido. O ensaio clínico avaliou 292 pessoas com mais de 18 anos, em 19 centros diferentes, com suspeita ou confirmadas com o novo coronavírus. Elas apresentavam até 14 dias de sintomas, mas o quadro era considerado mediano: nem muito grave, a ponto de precisar de oxigenação, nem muito leve, para que pudessem se tratar sozinhas em casa. Os pacientes foram escolhidos de forma aleatória para receber azitromicina de 500 mg via oral por 14 dias ou para fazerem acompanhamento em casa. Os resultados foram avaliados nos 28 dias subsequentes. Os pesquisadores notaram que não houve diferença entre os óbitos dos que se trataram em casa e os que receberam o medicamento, assim como nos riscos de hospitalização pela doença. “Neste ensaio de pessoas com um quadro de leve a moderado de Covid-19, diagnosticado clinicamente e e com medicação administrada sem internação hospitalar, adicionar azitromicina ao tratamento padrão não reduziu o risco de hospitalização ou morte subsequente, ou do tempo de hospitalização", disseram os autores. Segundo eles, a pesquisa, junto com os resultados de outros estudos ao longo da pandemia, indicou que a azitromicina, tanto os pacientes precoces quanto os casos mais graves da doença, não teve eficácia para o tratamento da Covid-19. A azitromicina tem propriedades antibióticas, anti-inflamatórias e antivirais. Normalmente, é usada no tratamento de uma série de doenças respiratórias, como pneumonia e tuberculose. Assim que a pandemia da Covid-19 começou, a busca por um tratamento rápido e certeiro foi intensa. O medicamento foi visto como potencial para o tratamento da doença. Contudo, os cientistas foram percebendo que não há resposta suficiente para que ela seja considerada eficaz. Neste estudo, os cientistas dizem que é imprescindível que médicos do mundo inteiro parem de usar a azitromicina como um tratamento de Covid-19. Eles disseram no artigo que o uso do medicamento a longo prazo pode induzir o organismo a criar resistência contra o fármaco. E mais: o remédio pode se tornar ineficaz quando, de fato, precisar ser aplicado. No Brasil, o medicamento fazia parte do chamado "Kit Covid", em que diversos medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus foram sugeridos para tratamento. Foi só um ano após o início da pandemia que o Ministério da Saúde passou a contraindicar antibiótico. Ainda assim, teremos que aguardar o desfecho de mais estudos para que os médicos, enfim, possam saber quais tratamentos funcionam contra o Sars-Cov-2. The post Estudo científico mostra que azitromicina não é eficaz contra Covid-19 appeared first on Gizmodo Brasil. |
Perder dentes ao longo da vida pode aumentar risco de demência Posted: 10 Jul 2021 01:04 PM PDT Se você não vai ao dentista há muito tempo, aqui vai um aviso: quanto mais dentes você perde ao longo da vida, maiores são as chances de desenvolver demência. Esse é o resultado do novo estudo publicado esta semana no Journal of Post-Acute and Long-Term Care Medicine. A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade de Nova York. Apesar de haver necessidade de revisão do relatório, os resultados apontam que adultos mais velhos que usam dentaduras para substituir os dentes perdidos podem estar mais bem protegidos contra esse risco elevado. Ainda assim, o artigo mostra uma possível conexão entre a saúde dos dentes, gengiva e outras partes do corpo, particularmente o coração e cérebro. Um único estudo ou dois geralmente não são suficientes para fornecer uma prova clara de uma relação de causa e efeito entre duas coisas. Por esse motivo, os cientistas regularmente conduzem meta-análises de pesquisas anteriores para obter uma melhor análise das evidências. Os pesquisadores decidiram fazer exatamente isso, analisando 14 estudos com adultos mais velhos, e tentaram examinar a conexão entre a perda dentária e a função cognitiva. No total, esses estudos acompanharam a saúde a longo prazo de cerca de 34 mil participantes, com 4,6 mil casos documentados de declínio cognitivo. No geral, os cientistas descobriram que a perda dentária estava associada à perda dos sentidos cognitivos. Mas essa relação cresceu em força quando descobriram que, quanto mais dentes foram perdidos, mais chances de desenvolverem doenças — isso é o que os pesquisadores chamam de efeito dose-resposta. Mesmo depois de controlar outros fatores de risco, os cientistas descobriram que a perda dentária maior foi associada com 48% mais risco de declínio cognitivo, além de um risco 28% maior de ser diagnosticado com demência. Esse risco era maior para pessoas que perderam todos os dentes, mas não foi tão significativo para pessoas que usavam dentaduras. Existem várias teorias sobre como uma saúde dental ruim ou não tão eficaz pode estar ligada à saúde do nosso cérebro. Por exemplo, a inflamação crônica de doenças gengivais ao longo da vida pode aumentar nossa vulnerabilidade ao processo cerebral que dá início à demência. No entanto, também existe a possibilidade de não haver relação direta entre os dois. Talvez haja outros fatores importantes na vida de uma pessoa que explicam por que as pessoas perdem os dentes e sofrem declínio cognitivo, como a falta de bons cuidados da saúde como um todo. Em contrapartida, encontrar um efeito dose-resposta nesses estudos dá suporte à ideia de que manter nossos dentes saudáveis influencia diretamente o risco de demência, pelo menos em algum nível. É esse mesmo efeito de resposta que nos permite saber se um novo medicamento em potencial em um ensaio clínico está realmente surtindo o efeito que deveria. Se os resultados forem validados por pesquisas contínuas, eles também podem apontar para uma maneira de baixo custo, mas eficaz, de manter os cérebros das pessoas mais saudáveis em seus anos posteriores. E isso tanto na promoção da boa saúde dental ao longo de nossas vidas quanto nos cuidados imediatos de pessoas que perdem os dentes. É estimado que um em cada 10 americanos com mais de 50 anos perderam todos os seus dentes. Na verdade, este é um dos dois estudos lançados esta semana para descobrir a relação entre saúde bucal e demência. Na última sexta-feira (9), uma pesquisa financiada pelo National Institutes of Health descobriu que adultos mais velhos com diagnóstico de doença gengival e outras infecções bucais tinham maior probabilidade de desenvolver Alzheimer posteriormente. The post Perder dentes ao longo da vida pode aumentar risco de demência appeared first on Gizmodo Brasil. |
Não coce os olhos: jovem tem infestação de piolhos pubianos nos cílios Posted: 10 Jul 2021 12:01 PM PDT Médicos na China relataram neste mês de julho um caso raro de phthiriasis palpebrarum. Traduzindo: uma infestação de piolhos nos cílios, com imagens nítidas dos insetos que coçam. Embora não esteja claro como os piolhos foram parar na jovem paciente, os especialistas foram capazes de tratar a infestação sem maiores problemas. O relato do caso foi publicado na semana passada no New England Journal of Medicine pelos médicos Xue Feng e Hong Qi do Terceiro Hospital da Universidade de Pequim. De acordo com o relatório, uma menina de 8 anos foi ao hospital depois de três semanas de coceira nas pálpebras. No exame, as pálpebras estavam avermelhadas. E quando os médicos olharam mais de perto, notaram a presença nítida de piolhos adultos e lêndeas nos cílios da garota. Os piolhos foram então confirmados como Phthirus pubis, também conhecido como piolho púbico ou pubiano. Os piolhos e lêndeas da menina foram fisicamente removidos, e as roupas e lençóis de seus familiares foram lavados em água quente e mantidos separados dos dela. Duas semanas depois, ela voltou para um acompanhamento, agora sem coceira nas pálpebras e sem sinais de infestação adicional. Os piolhos púbicos, como o nome sugere, são insetos parasitas que vivem principalmente nos pelos pubianos ao redor dos órgãos genitais e se alimentam de sangue. Eles são uma espécie distinta dos piolhos que podem viver no couro cabeludo ou nos pelos do corpo — os piolhos do corpo e da cabeça estão intimamente relacionados entre si, mas são diferentes em aspectos importantes. Contudo, em raras ocasiões, os piolhos púbicos podem migrar e sobreviver nos pelos mais ásperos do corpo que se assemelham à região púbica, incluindo os cílios. Obviamente, encontrar piolhos púbicos nos cílios de uma criança gera preocupações sobre sua segurança. Apesar disso, os médicos disseram que não encontraram piolhos em nenhuma outra parte do corpo da menina, nem em seus pais. Por fim, eles relataram não ter identificado nenhuma evidência de que a menina havia sido abusada sexualmente. Embora esses piolhos normalmente se espalhem por contato sexual, os médicos observam que eles também podem ser transmitidos ao tocar superfícies ou objetos compartilhados que os transportam, especialmente coisas como toalhas e roupas de cama. Piolhos humanos de todos os tipos continuam a ser um incômodo comum. Mesmo em países mais ricos, cidadãos com menos recursos são menos capazes de procurar prontamente tratamento para infestações, permitindo que os piolhos se espalhem para outras pessoas. Somente nos Estados Unidos, é estimado que entre 6 milhões e 12 milhões de infestações de piolhos acontecem todos os anos, entre crianças com idades de 3 a 11 anos. The post Não coce os olhos: jovem tem infestação de piolhos pubianos nos cílios appeared first on Gizmodo Brasil. |
Posted: 10 Jul 2021 11:33 AM PDT A dra. Sandra olhou para os resultados da tomografia e suspirou, retirando os Sandra olhou para o relógio e decidiu ir até o quarto de Luiz. O horário de visitas estava perto de começar, e aproveitaria para conversar com o pai do rapaz — ele sempre aparecia, toda segunda e quinta desde que iniciaram o tratamento. Enquanto atravessava o corredor, ouviu tumulto em um dos quartos. A maioria dos pacientes eram quietos, como se vivessem constantemente anestesiados ou permanecessem entre a vida e a morte. Mas estavam vivos de novo, havia indícios suficientes para confirmar isso, e a consciência era recobrada gradativamente. Luiz, por exemplo, já chegara a falar, mesmo com dificuldade. Sandra entrou em um dos últimos quartos do corredor. Luiz estava sentado na maca, com as mãos juntas em cima do joelho. Levantou devagar o rosto quando percebeu que tinha companhia. Ele ainda estava um pouco pálido, com olheiras e alguns cortes superficiais cicatrizando. Aos poucos, a pele voltava ao tom marrom natural. Mas a permanência daquele aspecto adoecido era um dos fatores que frustravam a doutora. Seria mais fácil ignorar a melhora lenta do cérebro se a aparência dele estivesse mais agradável. Para ela, ainda era como se cuidasse de um monstro, talvez tão perigoso quanto alimentar jacarés direto na boca. Por isso, ela seguia todos os protocolos de segurança e só chegava perto quando precisava examiná-lo. — Sinto muito, Luiz, mas não é hoje que você vai voltar para casa. Luiz foi um dos primeiros resgatados, e a julgar pelo estado em que chegou no hospital, não ficou transformado por muito tempo antes que a cura fosse desenvolvida. Não chegara ao estado de decomposição, nem tinha ferimentos graves que levariam à morte conforme o tratamento avançasse. Os mortos-vivos com muitos danos não tinham chances, e o governo autorizou que fossem eliminados. Aquelas clínicas, que tanto se falava no rádio, na televisão e jornais, não serviriam para salvar a todos. Luiz ficou calado, sem esboçar nenhuma reação. Encarou a doutora com aqueles olhos perdidos, sem foco, pacífico demais. A mente dele estava fragmentada. Memórias se sobrepondo, cenas fora de ordem. Montar palavras era ainda mais difícil, e, às vezes, quando tentava, deixava escapar um som esquisito, um grunhido muito semelhante aos barulhos que fazia quando vagava sem consciência e com um único objetivo em mente. Sandra sabia que era importante conversar com ele mesmo assim. E só por conta disso continuou falando, explicando a situação, mesmo tendo certeza de que a única resposta obtida seria aquele olhar fixo. Alguém bateu na porta. Sandra foi até lá abrir. Era o pai de Luiz, que vinha acompanhado de uma moça. Em vez de dizer que podiam entrar, Sandra fez sinal para que esperassem no corredor e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. — Que bom que o senhor conseguiu vir hoje — cumprimentou Sandra. — Acabei de receber alguns exames de Luiz e ele permanece estável. Não houve melhora significativa desde a última semana, mas pelo menos ele não está agitado e não tentou atacar ninguém. — Entendo — disse o pai. — Quando ele vai poder voltar pra casa? — Talvez no próximo mês — respondeu a doutora, cautelosamente. Era difícil lidar com as famílias. Mais difícil do que lidar com os mortos-vivos. — Camila pode ver ele hoje? — perguntou o pai, indicando a garota. — Sim, claro. Vai ser bom para ele interagir com mais uma conhecida. Você é o que dele? — Amiga — respondeu Camila, parecendo abatida. — Cunhada? Ele namorava meu irmão, na verdade. Sandra não perguntou por que o irmão de Camila não estava ali com eles. Já conseguia imaginar. — Estou querendo, inclusive, aumentar o número de visitas — contou a médica. — Ter mais contato com familiares e amigos pode ajudar na recuperação da memória. O pai de Luiz não disse o que achou da ideia, não queria parecer que estava fazendo corpo mole para a recuperação do filho. Mas estar ali no centro de Brasília duas vezes por semana, dependendo do transporte público depois de um apocalipse, não era tarefa fácil. Os ônibus de Planaltina estavam circulando de forma bem reduzida e com horários incertos. A cidade, como outras áreas periféricas, fora mais afetada que Brasília. A catástrofe atingira bairros diferentes com intensidades distintas. Planaltina ainda estava com as ruas vazias na maior parte do tempo, a não ser por alguns cadáveres empilhados nas esquinas e uma ou outra pessoa saindo para resolver algo importante, mas sempre com pressa, sempre olhando para todos os lados. — Bom, podem entrar — convidou Sandra. O pai de Luiz e Camila passaram pela porta que a doutora abrira. Quando estavam no meio do quarto, Luiz ergueu a cabeça em direção a eles. Seus olhos não demoraram muito no pai, um visitante mais recorrente. Toda sua atenção se voltou para Camila. — Oi — disse a garota com a voz baixa. Luiz tinha certeza de que não via aquele rosto há muito tempo, mas se percebeu lembrando de outra pessoa que costumava aparecer em suas memórias mais confusas. As que mais lhe causavam sofrimento. O formato dos olhos de Camila, os lábios grossos, a pele negra e o nariz. Tudo era muito semelhante a… alguém. E por mais que Luiz não se lembrasse do nome dele ou como o conhecera, tinha a dimensão de que fora alguém importante na sua vida. Até que… A percepção da semelhança forçou as memórias que por um instante deixaram de ser tão difusas. Ele se lembrou da última vez que o viu. Suas mãos segurando o outro rapaz com força, a mordida rasgando a carne dele com mais força ainda. Uma expressão que misturava surpresa, medo e dor, tudo ao mesmo tempo. Ele gritando e implorando para que Luiz o largasse, mas sem ter coragem de atirar nele, nem mesmo para se defender. Quando conseguiu se soltar, correu, segurando o ombro ensanguentado. Eles nunca mais se viram. Qual era seu nome? Todas aquelas sensações aconteceram muito rápido. A lembrança angustiante foi substituída por uma raiva descomunal, mais de si do que de suas visitas, e fez Luiz se levantar com rapidez pela primeira vez desde que chegara na clínica. Com um movimento brusco que fez Camila cair para trás, Luiz se ergueu e tentou correr para atacá-la. Ele só queria se livrar da dor dentro de si causada por aquele rosto. Não conseguiu alcançá-la; a corrente em volta do seu tornozelo esticou ao máximo e o rapaz não conseguiu avançar. Camila respirava forte, se recuperando do susto e do tombo, apesar de ter reparado na corrente no momento que entrou no quarto. O pai de Luiz ficou parado, quase no mesmo lugar, entristecido ao ver o filho agindo daquela forma de novo. — Ele te amava — disse Camila se levantando do chão com a ajuda de Sandra. A sentença final. Uma informação que, naquele momento, só serviria para aumentar a tormenta e o remorso de Luiz. Ele ficou ainda mais nervoso, puxando o pé e fazendo barulho com a corrente, gritando e inutilmente esticando os braços. A Dra. Sandra, com urgência, retirou o pai e Camila do quarto, com um suspiro cansado. Precisaria da ajuda dos enfermeiros para anestesiar Luiz e não imaginava como aquilo refletiria no quadro dele. O rapaz nunca ficara naquele estado, mas ela já vira muitos outros ex-infectados agindo daquela forma. Ex-infectados existiam mesmo? Aquela era uma condição que se deixava para trás? A médica tinha suas dúvidas, ainda mais agora vendo seu paciente mais promissor se descontrolando por causa de uma pessoa. O retorno das memórias era um passo importante para que ele voltasse a ser humano por completo, mas ao mesmo tempo devolvia sentimentos difíceis de lidar, já que ofereciam junto a percepção da própria monstruosidade. Quando poderiam afirmar com certeza que Luiz estava no controle? Isso tudo levava a outra pergunta: o apocalipse chegara ao fim? De que forma e por quanto tempo aquela cura seria suficiente? Todo mundo trabalhava para que a sociedade pudesse ser reconstruída. Peça por peça. O tratamento de Luiz e de outros que tentavam ser salvos era parte disso. Tudo estava se transformando outra vez, mas só o tempo diria se a mudança era positiva. Como uma sociedade se reergueria daqueles escombros? Waldson Souza é escritor. Formado em Letras e mestre em Literatura pela UnB, pesquisa sobre afrofuturismo e literatura brasileira contemporânea. The post Conto: Peça por peça appeared first on Gizmodo Brasil. |
Água super salgada pode ter apagado evidências de vida em Marte Posted: 10 Jul 2021 11:02 AM PDT As rochas em Marte preservam um registro do passado antigo do planeta. Mas uma descoberta surpreendente feita pelo rover Curiosity, da NASA, mostra que alguns fragmentos de rocha marciana tiveram suas histórias completamente apagadas. E isso tem a ver com… água salgada. O objetivo principal da missão Curiosity da NASA é avaliar o potencial de habitabilidade em Marte, enquanto a missão Perseverance recém-chegada visa encontrar vestígios reais ou sinais de vida anterior. Para isso, a Curiosity tem investigado rochas sedimentares na cratera Gale, que são preenchidas com minerais de argila. A argila é um marcador importante de habitabilidade, pois sugere a presença passada de água líquida — um ingrediente chave para a vida. Usando um instrumento de química e mineralogia, também conhecido como CheMin, o rover de seis rodas tem analisado amostras de perfuração de camadas sedimentares ao longo da parte inferior do Monte Sharp. Em 2019, um caminho do cume das regiões marcianas Vera Rubin até Glen Torridon possibilitou que a Curiosity examinasse uma camada de argilito que se formou em um lago marciano há cerca de 3,5 bilhões de anos. A sonda coletou amostras de duas áreas localizadas a menos de 400 metros de distância. Uma pesquisa publicada na Science descreve diferenças inesperadas nessas duas áreas, já que uma amostra apresentou apenas metade da quantidade esperada de minerais de argila. Em vez disso, esses antigos argilitos estavam cheios de óxidos de ferro, que, curiosamente, é o material que dá a Marte sua icônica tonalidade vermelha. O lamito é uma rocha sedimentar formada pela litificação de silte e argila em proporções variáveis. No caso do lamito encontrado em Marte, ambas as manchas datam da mesma época e local. Portanto, elas devem conter quantidades semelhantes de minerais de argila. Esta observação surpreendente exigiu que os pesquisadores, liderados por Tom Bristow do Centro de Pesquisa Ames da NASA, procurassem uma explicação para a argila perdida. Na verdade, as rochas antigas são conhecidas por serem repositórios de história. Mas, como mostra a nova pesquisa, processos geológicos naturais podem apagar esse registro. Para explicar o que aconteceu, a equipe postulou um cenário em que a água vazava para a argila a partir de um depósito de sulfato localizado diretamente acima. As salmouras super salgadas se infiltraram nos grãos de areia no fundo do antigo lago e, ao fazer isso, mudou para sempre as camadas ricas em minerais. "Costumávamos pensar que, uma vez que essas camadas de minerais de argila se formaram no fundo do lago na cratera Gale, elas permaneceram assim, preservando o momento em que se formaram por bilhões de anos. Mas salmouras posteriores quebraram esses minerais de argila em alguns lugares, essencialmente redefinindo o recorde de rocha", explicou Bristow em um comunicado da NASA. Por e-mail, Bristow explicou ao Gizmodo US que a nova pesquisa contribui para a imagem cada vez mais emergente da antiga habitabilidade marciana. "Isso confirma evidências anteriores de que os fluidos continuaram a se mover através das rochas da cratera Gale muito depois de terem sido depositados. Isso também mostra que havia gradientes geoquímicos — algumas partes das rochas foram afetadas mais do que outras e a química dos fluidos mudou", disse Bristow, acrescentando que os organismos biológicos "podem usar gradientes geoquímicos para capturar energia". Esse processo não foi uniforme no fundo do antigo lago, como aconteceu depois que ele perdeu sua água líquida. A água subterrânea na cratera Gale continuou a fluir por baixo da superfície, bem como transportar e dissolver produtos químicos. Como consequência, alguns bolsões de argila subterrânea foram expostos a diferentes condições. Esses bolsões expostos à água salgada passaram por um processo chamado "diagênese", no qual a mudança na mineralogia apagou o registro geológico (e possivelmente biológico). Curiosamente, a diagênese poderia criar ambientes amigáveis aos micróbios, mesmo que apagasse evidências potenciais de vida. "Esses são lugares excelentes para procurar evidências de vida antiga e avaliar a habitabilidade. Mesmo que a diagênese possa apagar os sinais de vida no lago original, ela cria os gradientes químicos necessários para sustentar a vida subsuperficial”, declarou John Grotzinger, co-autor do estudo e professor de geologia da Caltech. Esse artigo é importante por várias razões. Primeiro, ele melhora nossa compreensão dos processos geológicos no Planeta Vermelho e suas complexidades imprevistas. Em segundo lugar, é um lembrete de que a Curiosity ainda está fazendo um trabalho importante em Marte, mesmo nove anos depois de pousar no solo marciano. O estudo agora pode informar a equipe da Perseverance, enquanto pesquisadores avaliam os melhores alvos para investigação e escolhem amostras de rochas que poderiam ser trazidas para a Terra para uma análise mais detalhada. De forma empolgante, os dois rovers agora estão trabalhando em equipe (embora estejam a mais de 3 mil km de distância um do outro) e isso, quem sabe, pode contribuir para o trabalho de ambos. The post Água super salgada pode ter apagado evidências de vida em Marte appeared first on Gizmodo Brasil. |
Twitter vai fornecer mais detalhes sobre por que nem todo mundo ganha um selo de verificado Posted: 10 Jul 2021 10:04 AM PDT Agora, quando o Twitter rejeitar sua solicitação por aquele cobiçado selo de verificação azul, será por alguma razão… especial. Bem, quase isso: a plataforma anunciou na sexta-feira (9) que, em vez de enviar e-mails com respostas genéricas, vai fornecer aos usuários uma explicação mais completa do motivo pelo qual eles não cumpriram seus requisitos de verificação. "Ouvimos seu feedback de que podemos ser mais claros sobre o motivo pelo qual uma verificação não foi aprovada. Os e-mails com uma decisão agora darão mais contexto sobre o que levou as solicitações a não atenderem aos nossos critérios", escreveu o Twitter. O anúncio foi feito depois que o Twitter relançou seu processo de verificação pública em maio deste ano. Foi a primeira vez desde 2017 que a companhia facilitou o procedimento. No entanto, precisou pausar a ação novamente devido ao grande número de solicitações. Durante todo o tempo, o Twitter abriu o processo com segurança para certas empresas, marcas, organizações de notícias, ativistas e outras contas que a companhia considerava dignas de um selo azul. O Twitter disse ainda que está implementando o acesso do público geral mais uma vez para não sobrecarregar sua equipe, e a opção de inscrição logo estará disponível para todos os usuários. Com isso em mente, a rede social deve tornar todo o processo mais transparente, como adicionar contexto adicional aos e-mails de rejeição. "Nós sabemos que e-mails de rejeição genéricos eram confusos e frustrantes para as pessoas. Então, obter informações mais específicas sobre decisões de verificação tem sido uma prioridade para nossa equipe", disse B. Byrne, líder de verificação de produto do Twitter. O Twitter também planeja adicionar diretrizes mais explícitas ao aplicativo e continuará a incorporar feedback sobre como tornar o processo de verificação mais amigável. Então, se você (como eu) ainda está entre a plebe sem verificação, veja o lado bom: pelo menos o Twitter explicará por que você não é digno de verificação na próxima vez que recusar. The post Twitter vai fornecer mais detalhes sobre por que nem todo mundo ganha um selo de verificado appeared first on Gizmodo Brasil. |
Death Stranding Director’s Cut: saiba como vai funcionar atualização do PS4 para o PS5 Posted: 10 Jul 2021 09:05 AM PDT A Kojima Productions, desenvolvedora de Death Stranding, revelou detalhes sobre como será feita a atualização do jogo da versão de PlayStation 4 para a nova geração. Quem jogou a versão no PS4 poderá transferir os saves para o PS5, conforme destaca a Playstation em seu blog oficial. "Quisemos garantir que os jogadores, onde quer que estejam na jornada deles, possam retomar o jogo relativamente na mesma área em que estavam na versão para PS4, e também que aqueles que já terminaram o título possam ir diretamente para as áreas onde conteúdo e equipamentos inéditos possam ser descobertos”, diz a companhia. Death Stranding Director's Cut chegará ao PlayStation 5 em 24 de setembro e já está em pré-venda na PlayStation Store custando R$ 249,50. Quem tem a versão de PS4 digital ou física vai ter a opção de atualizar para a edição de PS5 por US$ 10 adicionais. Novidades vindo aíDeath Stranding Director's Cut terá conteúdos inéditos e recursos de jogo melhorados. Como divulgado durante a State of Play, o trailer mostra "novas batalhas, técnicas avançadas de combate" e um estande de tiros para treinar sua pontaria. Haverá também um circuito de corrida e missões inéditas, expandindo a história. As melhorias vão além de dentro do game — a nova versão irá aproveitar dos recursos exclusivos do PS5, como gatilhos adaptáveis do controle DualSense, efeitos sonoros com o áudio em 3D, melhoria no tempo de carregamento por conta do SSD ultrarrápido e dois modos de imagem: o Modo Desempenho, com 4K em upscaling e até 60 fps, ou o Modo Fidelidade, de 4K nativo. Ambos serão compatíveis com tela ultrawide e HDR. O game lançado em 2019 conta a história de Sam Bridges, que precisa encarar um mundo transformado pelo Death Stranding. Com os vestígios do futuro em mãos, Bridges embarca em uma jornada para reconstruir o mundo despedaçado. Death Stranding foi criado por Hideo Kojima, um dos maiores nomes da indústria dos jogos, e conta com atores famosos no elenco como Norman Reedus, Mads Mikkelsen, Léa Seydoux e Lindsay Wagner. The post Death Stranding Director's Cut: saiba como vai funcionar atualização do PS4 para o PS5 appeared first on Gizmodo Brasil. |
Greta Gerwig vai dirigir Barbie; live-action terá Margot Robbie no papel principal Posted: 10 Jul 2021 07:41 AM PDT O live-action de Barbie, que conta com Margot Robbie no papel principal, recebeu uma direção que pode deixar o filme mais interessante. A indicada ao Oscar Greta Gerwig assinou contrato para dirigir o longa, além de também estar co-escrevendo com Noah Baumbach. De acordo com a Variety, Gerwig concordou oficialmente em dirigir o filme Barbie, que é o primeiro filme live action da boneca mais icônica do planeta. Ela assinou pela primeira vez em 2019, como corroterista do filme. No entanto, circularam rumores de que ela também estaria na direção. Em entrevista à Vogue britânica, Margot Robbie reconheceu que Barbie (como filme e linha de brinquedos) carrega "muita bagagem", dada sua história em marketing de gênero e empurrando valores estereotipados e desatualizados para as meninas. Mas ela espera que, ver alguém como Gerwig a bordo, mude alguns paradigmas. Robbie fala por experiência profissional, já que grande parte de sua carreira recente tem se concentrado em interpretar a personagem Harley Quinn, que estreou no Esquadrão Suicida de David Ayer em 2016. O carisma e dedicação de Robbie conseguiram entregar uma Arlequina divertida e charmosa. Mas foi só em Aves de Rapina, que Robbie também produziu, que vimos do que essa iteração da anti-heroína DC era capaz. A evolução de Harley continuará no próximo filme de James Gunn, O Esquadrão Suicida, que vê o retorno de vários personagens do filme anterior e a chegada de alguns novos. O filme da Barbie de Gerwig e Robbie começa a ser filmado no próximo ano. Por enquanto, nenhuma data de lançamento foi anunciada. The post Greta Gerwig vai dirigir Barbie; live-action terá Margot Robbie no papel principal appeared first on Gizmodo Brasil. |
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