segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

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A Apple está sendo processada por supostamente esconder o recorte da tela dos novos iPhones em propagandas

Posted: 16 Dec 2018 11:07 AM PST

Outro dia, outro processo envolvendo a Apple.

Um processo recém-aberto tem como alvo o marketing questionável da empresa para promover os aparelhos iPhone X, iPhone XS e iPhone XS Max. A ação alega, entre outras coisas, que a empresa enganou seus consumidores quanto a especificações de quantidade de pixels da tela, bem como ocultou o entalhe na tela de novos telefones usando papéis de parede enganosos. Na ação apresentada no Distrito Norte da Califórnia, na sexta-feira, dois autores alegam que os telefones não são, de fato, “all screen” — expressão que significa algo como “cuja tela que ocupa toda a parte da frente do aparelho” — como anunciado.

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“O engano do tamanho da tela é simplesmente baseado nos cantos cortados da Apple — o Réu arredonda os cantos das telas dos Produtos, e os Produtos têm entalhes sem pixels na parte superior de suas telas, mas o Réu calcula o tamanho da tela dos Produtos incluindo áreas que não têm tela, como os cantos e o entalhe recortado na parte superior”, afirma o processo. “As áreas de tela ausentes também reduzem a contagem de pixels das telas dos Produtos abaixo da contagem de pixels anunciados.”

Ao não contabilizar os cantos recortados e recortes de entalhe, a Apple deturpou as medidas das telas em “cerca de 1/16 de polegada”, afirma o processo — isso dá 1,6 milímetro. O processo também afirma que um dos demandantes “acreditava que o iPhone XS e o XS Max não tinham um recorte no alto no telefone” por causa da maneira como foi retratado em materiais de marketing — o que, honestamente, faz sentido.

Imagem: Alex Cranz / Gizmodo

Processos judiciais contra a Apple surgem com alguma frequência, mas esse é um caso interessante para o alegado marketing suspeito da Apple sobre seus modelos mais novos. Como alguns apontaram há alguns meses, os fundos parcialmente pretos que a Apple escolheu para o seu iPhone XS e XS Max em materiais de marketing e propagandas fizeram com que o entalhe desaparecesse.

Em setembro, o Gizmodo escreveu que poderia haver uma acusação de que a Apple estava escondendo o entalhe ao optar por um fundo que obviamente disfarçava o recorte. Da mesma forma, no entanto, a decisão talvez tenha sido um descuido por parte da empresa (embora seja da Apple que estamos falando aqui).

O processo está atualmente buscando o status de ação de classe. A Apple não retornou imediatamente um pedido de comentário sobre o processo.

Então, mais uma besteira que vai parar na justiça, ou uma defesa justa do consumidor para impedir que as empresas passem dos limites em seu marketing?

[CNET]

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Cloudflare recebe críticas por oferecer proteção cibernética a sites de organizações terroristas

Posted: 16 Dec 2018 09:51 AM PST

Em um momento em que as políticas de moderação da liberdade de expressão online são mais controversas do que nunca, a Cloudflare enfrenta acusações de fornecer proteção de segurança cibernética para pelo menos sete organizações classificadas como terroristas pelos EUA — uma situação que, segundo especialistas, pode colocar a empresa em risco legal.

A Cloudflare oferece uma ampla variedade de serviços que são fundamentais para a operação de um site moderno, como a proteção contra DDoS, que impede que um site seja sobrecarregado por muitas solicitações simultâneas. É uma organização enorme, que alega lidar com 10% de todas as solicitações da Internet e está preparando uma IPO (oferta pública de ações) de US$ 3,5 bilhões.

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Na sexta-feira, o HuffPost informou que revisou inúmeros sites administrados por organizações terroristas e confirmou com quatro especialistas em segurança nacional e contra-extremismo que os sites estão sob a proteção dos serviços de segurança cibernética da Cloudflare. Diz a reportagem:

Entre os milhões de clientes da Cloudflare estão vários grupos que fazem parte da lista de organizações terroristas estrangeiras do Departamento de Estado, incluindo al-Shabab, Frente Popular para a Libertação da Palestina, Brigadas al-Quds, Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Brigada dos Mártires de al-Aqsa e Hamas — assim como o Taleban, que, como os outros grupos, está sob sanção da Secretaria de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro.

[…]

Nos Estados Unidos, é crime fornecer conscientemente "apoio material" tangível ou intangível — incluindo equipamento de comunicação — a uma organização estrangeira designada como terrorista, ou prestar serviço a uma entidade sancionada pelo OFAC sem permissão especial. A Cloudflare, que não está autorizada pela OFAC a fazer negócios com essas organizações, foi informada em várias ocasiões, desde pelo menos 2012, de que está protegendo grupos terroristas por trás de sua rede, e continua a fazê-lo.

Enquanto empresas privadas como o Facebook colocam certos limites no discurso em seus termos de serviço, a Cloudflare prefere permanecer o mais distante possível dessas questões. Ser um usuário do Facebook é uma escolha que qualquer um pode fazer por si mesmo, e o preço de admissão inclui jogar em suas regras. Mas serviços como hospedagem, registro de domínio e o tipo de proteção que o Cloudflare oferece estão ligados ao coração da infraestrutura da Internet. Em 2012, o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, recuou na ideia de que a empresa deveria policiar o discurso, e hoje sua política é estritamente de cumprir as obrigações legais.

Pelo menos, essa é a política operacional. A política de seus termos de uso concede à Cloudflare o direito de rescindir serviços “com ou sem aviso por qualquer motivo ou nenhum motivo”. No ano passado, Prince rompeu com seus próprios padrões e interrompeu o trabalho de sua empresa com o site neonazista The Daily Stormer. Na época, Prince escreveu aos funcionários em um e-mail interno: “Acho que as pessoas que administram o The Daily Stormer são repugnantes. Mas, novamente, não acho que minhas decisões políticas devam determinar quem deve ou não estar na internet.”

Isso não significa que Prince não considere abominável o terrorismo, o que, no caso do Daily Stormer, ele admitiu abertamente: “Acordei de manhã de mau humor e decidi expulsá-los da Internet.” Desde então, ele permaneceu um absolutista quando se trata de liberdade de expressão e neutralidade em relação aos clientes.

A questão levantada pelo HuffPost é se a Cloudflare está fornecendo “apoio material” para organizações sancionadas. Alguns advogados disseram ao HuffPost que isso pode estar violando a lei. Outros, como a Electronic Frontier Foundation, argumentam que a noção de “apoio material” pode e tem sido abusada para silenciar discursos. O conselheiro geral da Cloudflare, Doug Kramer, disse ao Gizmodo por telefone que a empresa trabalha em estreita colaboração com o governo dos EUA para garantir que ela cumpra todas as suas obrigações legais. Ele disse que a empresa é “proativa em fazer a triagem de grupos sancionados e reativa para responder quando toma conhecimento de um grupo sancionado” ao qual pode estar prestando serviços.

O HuffPost falou com representantes do Counter Extremism Project, que expressaram frustração por terem enviado quatro cartas à Cloudflare nos últimos dois anos, identificando sete sites operados por terroristas, sem receber uma resposta. Kramer não abordou nenhum cliente ou situação específica ao falar com o Gizmodo. Ele disse que isso é simplesmente política da empresa por motivos de proteção à privacidade.

Kramer disse que, na semana passada, a empresa teve um pedido de um grupo de pressão política para interromper seus serviços para um site que estava ligado a um “senhor da guerra” do outro lado do mundo. Ele disse que algumas pessoas no país estavam sob sanções dos EUA, mas não a pessoa específica que foi identificada pelo grupo e, portanto, não agiu.

Perguntei se a Cloudflare pode continuar a fornecer serviços para um grupo sancionado a pedido de uma agência governamental, por exemplo, se essa agência quiser continuar monitorando um site específico. Kramer disse que “não estava ciente” de a empresa ter “uma situação como essa”. Ele disse que a Cloudflare nunca recebeu uma solicitação do governo dos EUA para interromper os serviços para qualquer cliente. Ele especulou que a razão para isso é porque não fornece hospedagem, e se o governo quiser derrubar um site, eles tendem a resolver essa questão em outro lugar.

Kramer diz que os únicos pedidos tendem a vir de grupos de pressão política e indivíduos. À medida que a pressão para cessar a prestação de serviços e os boicotes organizados se tornaram ferramentas políticas cada vez mais eficazes, temos mais probabilidade de ver grupos protestando contra serviços de infraestrutura. Está em debate se isso é bom ou não, mas provavelmente será muito mais importante do que perder sua verificação de identidade no Twitter.

[HuffPost]

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Está na hora de pensar nos potenciais perigos da computação quântica, dizem especialistas

Posted: 16 Dec 2018 07:49 AM PST

Computadores quânticos capazes de burlar os métodos mais fortes de criptografia existentes podem estar a décadas de distância, mas um grupo de empreendedores e pesquisadores acha que é melhor já começarmos a falar de ética no campo.

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Talvez uma das principais histórias do ano tenha sido nossa percepção coletiva de que nossos dados não são tão seguros quanto pensávamos — e que as empresas de tecnologia não estão agindo de acordo com nossos melhores interesses. Pesquisadores de computadores quânticos estão desenvolvendo máquinas que talvez exijam uma revisão completa da criptografia atual e que podem, um dia, ter o poderoso potencial de causar danos. Para tratar isso, a startup EeroQ espera começar a discussão sobre ética na computação quântica.

Para tratar esse assunto, você precisa saber apenas que o computador quântico é uma tecnologia nascente que usa a matemática das partículas subatômicas para executar cálculos difíceis ou impossíveis para computadores clássicos. Um computador quântico poderoso o suficiente pode levar a melhores algoritmos de aprendizagem de máquina, criar modelos de moléculas para ajudar a desenvolver novos medicamentos ou resolver problemas de otimização como a forma mais eficiente de alocar aviões em portões de aeroportos. Mas ele também poderia, teoricamente, burlar estratégias de criptografia baseadas na dificuldade de computadores clássicos de fatorar grandes números. Os computadores quânticos de hoje em dia são pequenos, propensos a erros e não encontraram um verdadeiro “aplicativo assassino”, mas estão avançando rapidamente em complexidade.

Nesse cenário, a startup EeroQ financiou um novo esforço para alavancar a conversa sobre ética em torno da computação quântica. Os fundadores da EeroQ lançaram o site QCethics.org e um artigo nesta semana, na conferência Quantum For Business, em Mountain View, na Califórnia.

“Em última análise, este artigo é um mero ponto de partida”, disse o CEO da EeroQ, Nicholas Farina, ao Gizmodo, “mas acreditamos que é fundamental iniciar a conversa agora”.

Mas por que agora? O autor do artigo, Sean Holland, doutor em filosofia e consultor em ética empresarial, escreve que as empresas de computação quântica estão desenvolvendo um produto que, embora distante, tem um enorme potencial para benefício e prejuízo. “Aproveitar a oportunidade única de identificar e abordar as importantes questões éticas levantadas pela computação quântica é o nosso melhor meio de mitigar ou eliminar estes riscos futuros significativos para as pessoas, as empresas e a sociedade”, escreve Holland. Em segundo lugar, a computação quântica entrou em uma nova era, em que os dispositivos podem em breve encontrar usos reais — que, no momento, não estão claros, assim como a maneira como eles nos afetarão.

Os computadores quânticos já estão preocupando pesquisadores de segurança, e o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST, na sigla em inglês) está trabalhando em padrões para criptografia quântica segura. Aliás, o governo dos Estados Unidos está tratando como preocupação de segurança nacional o potencial de que outros países o derrotem no desenvolvimento de um computador quântico poderoso. Talvez eles possam ser transformados em armas ou usados para aumentar a capacidade militar. Holland lista outras questões potenciais em torno dos benefícios da computação quântica: como muitas pesquisas no campo são financiadas publicamente, como podemos garantir que os benefícios para setores como a saúde sejam distribuídos de forma justa?

Podem existir outras questões que os cientistas e os especialistas em ética ainda não pensaram; esse grupo espera estar à frente do debate sobre ética para não perder oportunidades. Por exemplo, uma empresa, a Zapata, lançou recentemente um algoritmo capaz de permitir que computadores quânticos mais barulhentos fatorem grandes números mais rápido, um avanço que colocaria todos os nossos dados criptografados em risco também mais rapidamente. “É esse tipo de desconhecimento que realmente motiva muitas das preocupações”, disse Holland ao Gizmodo.

A EeroQ redigiu o artigo com a ajuda da cofundadora Faye Wattleton, que foi presidente da organização Planned Parenthood de 1978 a 1992. Ela disse ao Gizmodo que desenvolver a estrutura ética em torno da computação quântica deveria ser um esforço multidisciplinar. “Este é um momento oportuno para o setor pelo menos apoiar os pensadores que possam ser capazes de moldar uma estrutura ética”, disse.

Todos com quem conversei, incluindo físicos, filósofos, empresários e um historiador, concordaram que nunca é cedo demais para começar a discutir ética, afirmando também que os físicos deveriam pensar duas vezes em sua atitude de “ciência pela ciência”. “Cabe a cada um de nós na indústria sempre controlar nosso entusiasmo por todas as coisas quânticas, com o pragmatismo de planejar as potenciais implicações não intencionais das tecnologias que criamos”, disse ao Gizmodo William Hurley, CEO e fundador da startup de computação quântica Strangeworks, não envolvida nesse esforço atual.

Patrick Lin, professor de filosofia e diretor do Grupo de Ética e Ciências Emergentes da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia, disse ao Gizmodo que pode ser difícil prever as consequências que a computação quântica terá. “Precisamos ter muito cuidado ao tomar medidas, ou seja, criar políticas, se muito ainda for desconhecido”, afirmou, acrescentando que devemos estar preparados para agir assim que um possível problema surgir. E, dada a natureza global da pesquisa em física, apesar dos interesses políticos nacionais, é provável que seja necessário um acordo internacional para lidar com as questões, disse Lin. “Ao mesmo tempo, devemos ter a certeza de incluir vozes marginalizadas, não apenas da própria comunidade ou do próprio país, mas também de nações em desenvolvimento.”

O campo da computação quântica está em um lugar diferente do que talvez estiveram os primeiros computadores; já vimos o caminho pelo qual o desenvolvimento sem uma estrutura ética firme pode nos levar, disse Chris Garcia, do Museu da História do Computador, na Califórnia. Os fundadores do MySpace provavelmente não esperavam que um dia hackers russos pudessem usar redes sociais para influenciar as eleições, por exemplo.

Também perguntei a Garcia a importância de uma startup como a EeroQ liderar a conversa, em vez de apenas pessoas na academia. Ele disse que é importante que as empresas no campo liderem o caminho. Afinal, às vezes, temos a tendência de ser mais duros com empresas que violam estruturas éticas autoimpostas, como a do Google de “não seja mau“, do que com empresas que já fazem coisas ruins — embora possa ser fácil para uma empresa quebrar um código de ética quando o dinheiro está apertado, ele disse.

Ainda assim, não são os grandes atores que preocupam Garcia. “É o acesso de tecnologia suficientemente perigosa nas mãos de pessoas perigosas”, afirmou. “Essa é a coisa mais assustadora” — e outra razão para buscar uma estrutura ética cedo.

Computadores quânticos úteis e aplicativos preocupantes estão provavelmente a pelo menos uma década de distância. Mas, agora que são uma possibilidade real, vale a pena considerar seus impactos mais cedo — especialmente considerando o quão terríveis podem ser as consequências.

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Mulher morre depois de contrair ameba comedora de cérebros ao lavar nariz com água da torneira

Posted: 16 Dec 2018 05:45 AM PST

Uma mulher de 68 anos de idade de Seattle morreu após contrair uma ameba rara que come cérebros. A senhora usava água da torneira para lavar seu nariz, de acordo com uma nova pesquisa.

Como observado em um novo estudo de caso do International Journal of Infectious Diseases, a infecção foi inicialmente diagnosticada erroneamente como um tumor cerebral. Durante a cirurgia para remover o suposto tumor, o neurocirurgião-chefe Charles Cobbs, do Swedish Medical Center de Seattle, ficou surpreso com a extensão do dano cerebral. Então, ele extraiu uma amostra para testes adicionais.

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“Quando eu operei essa senhora, uma parte de seu cérebro, do tamanho de uma bola de golfe, era uma polpa sangrenta”, disse Cobbs ao Seattle Times. "Havia essas amebas em todo lugar simplesmente comendo as células cerebrais. Nós não tínhamos a menor ideia do que estava acontecendo, mas, quando pegamos o tecido, vimos que eram amebas.”

De fato, o relatório de biópsia que se seguiu mostrou que a mulher havia sido infectada com uma rara ameba comedora de cérebro, chamada Balamuthia mandrillaris. Esse tipo de infecção é bastante raro, mas o que é incomum neste incidente é que é o “primeiro caso de infecção cerebral por Balamuthia mandrillaris em que se suspeita que a lavagem nasal seja a causa”, segundo o estudo, de autoria de cientistas do Swedish Medical Center e médicos que trabalharam no caso, incluindo Cobbs.

Por lavagem nasal, os pesquisadores estão se referindo ao uso de um pote neti — um dispositivo em forma de bule que alivia a pressão do nariz ao injetar água pela cavidade nasal. Os pesquisadores disseram que a paciente usou água da torneira filtrada. Em vez disso, recomenda-se usar água fervida ou com sal.

Como usuário de pote neti, isso é um choque para mim. Eu realmente não sabia que água fervida ou salgada deveria ser usada em vez de água da torneira — e suspeito que isso também surpreenda muitas outras pessoas.

A B. mandrillaris é uma ameba de vida livre, encontrada no solo e em água doce. Este organismo unicelular não deve ser confundido com Naegleria fowleri, outra ameba que também come cérebros e que também vive em água doce. Diferentemente da N. fowleri, no entanto, que mata suas vítimas humanas em questão de dias, a ameba de B. mandrillaris requer mais tempo para infligir seu dano. Neste caso, a mulher viveu cerca de um ano depois de ser infectada, de acordo com o artigo.

Essas amebas tradicionalmente vivem nos climas quentes da América do Sul e Central, mas a mudança climática pode estar abrindo novos habitats — inclusive em estados norte-americanos como Washington. A B. mandrillaris foi detectada pela primeira vez em 1986 em um macaco mandril do zoológico de San Diego. Foi declarada uma espécie distinta em 1993, de acordo com o artigo. Globalmente, apenas 200 infecções foram registradas, das quais 70 ocorreram nos Estados Unidos. De forma alarmante, a taxa de fatalidade é de praticamente 100%.

Normalmente, é necessário uma circunstância incomum para ser infectado. A ameba não pode ser contraída simplesmente bebendo água contaminada. Nos casos que envolveram N. fowleri, por exemplo, as pessoas contraíram a ameba pulando em um lago, o que fez com que a água entrasse em seus narizes. Neste caso da mulher de Seattle, no entanto, foi o dispositivo de enxágue que colocou as amebas, através da água da torneira infectada, em suas passagens nasais e em seus nervos olfatórios, disseram os cientistas.

Para esta pobre mulher, que morreu de infecção cerebral em fevereiro passado, a condição manifestou-se pela primeira vez como uma erupção cutânea no nariz. Não suspeitando de algo particularmente incomum, seus médicos o diagnosticaram como uma rosácea, uma condição comum da pele, com tratamentos que duravam cerca de um ano. Depois, a mulher sofreu um derrame e fez uma tomografia computadorizada de seu cérebro, que diagnosticou um tumor cerebral — como sabemos, era um diagnóstico incorreto. A cirurgia cerebral da mulher e a subsequente biópsia revelaram finalmente a verdadeira natureza de sua condição.

“Apesar da terapia anti-amebiana agressiva, a condição do paciente continuou a se deteriorar”, observaram os autores do artigo. “Dentro de uma semana ela estava mais sonolenta e depois ficou em coma. A repetição da tomografia computadorizada demonstrou mais hemorragia na cavidade de ressecção original. Neste momento, a família decidiu retirar o suporte de vida.”

A paciente morreu cerca de um mês depois de finalmente receber o diagnóstico correto.

De fato, o incidente mostra como é difícil diagnosticar corretamente esse tipo de infecção. Como os pesquisadores observaram no estudo de caso, ainda há muito a aprender sobre o modo e as razões dessas infecções, como a influência do sistema imunológico comprometido, fatores ambientais e genética. Enquanto isso, os cientistas recomendam que os médicos realizem testes de ameba em casos de feridas nasais e lesões cerebrais.

É importante ressaltar que os cientistas disseram que não devemos desistir dos potes neti, pois os dispositivos são uma boa maneira de obter alívio nasal. Se lavarmos os recipientes adequadamente e usarmos água fervida ou salgada, devemos estar livres deste tipo de problema.

[International Journal of Infectious Diseases]

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