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- Muitas chamadas da inteligência artificial Duplex, do Google, são feitas na verdade por humanos
- Apple testa anúncios privados no Safari para evitar que anunciantes saibam tudo sobre você
- Com foco em mobilidade, nova linha de notebooks Avell tem processadores Intel de 9ª geração
- Cientistas identificam fonte misteriosa de produto químico que ameaça recuperação da camada de ozônio
- Você pode mandar seu nome para Marte em uma sonda da NASA
- Componente da maconha pode ajudar no tratamento de dependência química, sugere estudo
- Testes mostram que piloto automático da Tesla pode causar acidentes se não houver atenção do motorista
- Homem confessa esquema milionário que trocava iPhones falsos por originais
- Justiça dos EUA não aliviou para a Qualcomm em decisão por práticas anticompetitivas com modems de celular
- O YouTube é praticamente a babá eletrônica das crianças
Muitas chamadas da inteligência artificial Duplex, do Google, são feitas na verdade por humanos Posted: 23 May 2019 03:19 PM PDT No ano passado, quando o Google mostrou o recurso Duplex, que usa inteligência artificial para fazer ligações pelos usuários, todo mundo ficou assustado de como a funcionalidade parecia bastante um humano falando. Durante uma demonstração, o CEO do Google, Sundar Pichai, apresentou o Duplex como sendo um serviço completamente automatizado. Na ocasião, a assistente de inteligência artificial ligou para um cabeleireiro para agendar um horário e ligou para um restaurante para solicitar informações. As vozes automatizadas por trás das chamadas tinham muitos traços humanos, como "uhmmm" ou "mmm". As chamadas eram tão humanas que parecia quase impossível para a pessoa do outro lado da linhar, se era um humano ou uma máquina. Um ano após o lançamento do Duplex, está ainda mais difícil fazer essa distinção, pois as chamadas do Duplex podem ser feitas por humanos ou por uma inteligência artificial. O Google confirmou ao New York Times que cerca de 25% das chamadas feitas pelo Duplex começam com um humano, e cerca de 15% das chamadas começam com inteligência artificial, mas contam com uma intervenção humana em algum momento. Isso sugere que cerca de 60% das chamadas feitas pelo Duplex são automatizadas. No entanto, o NYT fez seus próprios testes, usando o Duplex para ligar para mais de uma dúzia de restaurantes, e o jornal descobriu que três das quatro reservas foram feitas por humanos (Alguns restaurantes rejeitaram os pedidos, pois o grupo que iria ao estabelecimento era pequeno, não foi por causa de falha de alguma inteligência artificial.) O Google não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a porcentagem de chamadas feitas pelo Duplex que tinham envolvimento humano. Nick Fox, vice-presidente de produto e design do Google Assistant, disse ao NYT que o Google não está com pressa em erradicar o envolvimento humano com o Duplex porque a companhia não quer causar dores de cabeça para os negócios que vão receber as chamadas. Ele explicou que o Google quer aumentar progressivamente o recurso e reduzir o envolvimento humano com o tempo. Como o NYT ressalta, fazer um sistema que seja completamente automatizado requer um monte de dados para habilitar redes neurais e prepará-las para qualquer dificuldade ou nuance de questões durante a chamada. O Google provavelmente está usando humanos para criar mais dados para treinar o Duplex. O que era originalmente promovido como um sistema totalmente automatizado é na verdade uma mistura de inteligência artificial e humanos. Mas, com o tempo, nós seremos capazes de ter assistentes verdadeiramente robóticos, e alguns funcionários de call center fatalmente deverão perder seus empregos. The post Muitas chamadas da inteligência artificial Duplex, do Google, são feitas na verdade por humanos appeared first on Gizmodo Brasil. |
Apple testa anúncios privados no Safari para evitar que anunciantes saibam tudo sobre você Posted: 23 May 2019 02:13 PM PDT Os anúncios publicitários sustentam muitos negócios na internet, mas às vezes são chatos demais. Eles começam a te perseguir só de pesquisar um item no Google – depois disso, você vai ver anúncios direcionados em todos os sites. Isso é esquisito e, nesta quarta-feira (22), a Apple anunciou que está trabalhando numa maneira para tornar a publicidade que você vê durante a navegação no Safari realmente privada. O novo sistema se chama “Atribuição de Preservação de Privacidade em Clique de Anúncios” e foi projetada para permitir que empresas de anúncios possam rastear quais ações publicitárias são bem sucedidas sem precisar rastear a atividade dos usuários individualmente. A atribuição de cliques em anúncios funciona tradicionalmente por meio de cookies e “pixels de rastreamento”. Um típico exemplo: você pesquisa por um produto num motor de busca, clica em um anúncio, é levado à loja online de um comerciante e então compra o tal item. O site vendedor irá enviar pixels de rastreamento de volta para o motor de busca com todos os passos que você deu, permitindo que eles saibam exatamente o que você fez em um loja online. Outros sites que utilizam pixels de rastreamento similares também irão enviar dados aos motores de busca sobre o que você fez enquanto navegava, tendo você clicado em um anúncio ou não. É assim que sites constroem bases de dados detalhadas sobre consumidores individuais, incluindo seus interesses, idade, hábitos e uma estimativa do quanto ganham. A solução da Apple é tentar interromper todo esse fluxo de informação entre os sites. Cliques genéricos em anúncios seriam armazenados no site que hospeda a peça publicitária, enquanto os anunciantes poderiam combinar as conversões (o número de pessoas que chegaram a concluir uma transação) com um atraso aleatório entre 24 e 48 horas. Esse atraso seria capaz de prevenir o desenho de perfis individuais ao mesmo tempo que manteria a possibilidade de colher métricas de efetividade de uma campanha ou apontar onde possíveis problemas estão acontecendo no fluxo até a finalização da compra. No blog, escreveram um exemplo sobre como seria um relatório de anúncios de atribuição privada: “Há 24 ou 48 horas, algum usuário que havia clicado na campanha 55 de exemplo.loja a partir do exemplo.busca, converteu com o dado 20 em exemplo.loja”. Em português mais claro “em algum momento das últimas 24 ou 48 horas, um usuário que havia clicado na campanha publicitária ‘Brinquedo para Cachorro’ do site ItensParaPet.com pelo Google colocou um item em seu carrinho no site ItensParaPet.com”. De acordo com o blog WebKit, em nenhum momento um cookie de identificação de usuário seria enviado em um pedido de pixel de rastreamento. Os anunciantes ficarão felizes com isso? Provavelmente não. Eles ainda poderão ver se suas campanhas são bem sucedidas, mas essa medida previne que eles rastreiem os hábitos de um indivíduo em tempo real. Isso significa que ficaria mais difícil para direcionar anúncios em um site em um determinado horário do dia e em uma região específica. Essa não é a primeira tentativa da Apple de melhorar a privacidade do Safari. No começo deste ano, a companhia removeu a funcionalidade “Não Rastrear” de seu navegador, já que ela era inefetiva. Durante a WWDC 2018, a companhia anunciou a Proteção Inteligente de Rastreamento, que definiu o período de 24 horas para o armazenamento de cookies no Safari. Sem contar que a Apple fez um esforço para se posicionar a favor da privacidade durante a CES deste ano – uma feira que a companhia nem participa. Neste momento, a nova função está disponível numa versão preview do navegador. A Apple está nos primeiros estágios de propor esse método como um padrão da web por meio da Web Platform Incubator Community Group (WICG) da W3C, órgão que regula essas questões. The post Apple testa anúncios privados no Safari para evitar que anunciantes saibam tudo sobre você appeared first on Gizmodo Brasil. |
Com foco em mobilidade, nova linha de notebooks Avell tem processadores Intel de 9ª geração Posted: 23 May 2019 12:30 PM PDT A Avell foi a primeira fabricante brasileira a lançar no país notebooks com placas de vídeo Nvidia GeForce RTX, que tem como principal novidade a tecnologia ray tracing. Agora, a marca traz os primeiros laptops com processadores Intel de 9ª geração. Além disso, a linha MUV tem foco em mobilidade, opções gamers e de trabalho e as primeiras placas de vídeo GeForce RTX série 16 do país. São quatro modelos da linha gamer e quatro modelos “irmãos” da linha workstation, com diferenças principalmente visuais e de dimensões. Já avisamos de antemão que os novos laptops têm preço sugerido na casa dos R$ 7.000:
Os modelos com RTX no nome têm placas GeForce da série 20, enquanto os outros têm as novas placas da série 16. A principal diferença entre o G1550 / A65 para o G1750 / C65 é o tamanho da tela: enquanto a do primeiro tem 15,6 polegadas, a do segundo é de 17,3 polegadas. De acordo com o comunicado da empresa, o modelo mais leve pesa 1,9 kg. Todos eles vêm com processadores Intel Core i7-9750H. Para alguns, há a opção de Core i9, ainda em pré-venda. Além disso, eles contam com dois slots M.2 e um SATA III, o que permite ter, ao mesmo tempo, dois SSDs e uma memória Intel Optane. Veja, abaixo as especificações de cada dupla de modelos. Além dessa configuração básica, é possível personalizar os notebooks na loja online da Avell e colocar coisas como 64 GB de RAM e SSD de 2 TB. Tenho certeza que nessa configuração o Google Chrome roda sem travar. Avell G1550 / A65 MUV
Avell G1550 / A65 RTX MUV
Avell G1750 / C65 MUV
Avell G1750 / C65 RTX MUV
Os lançamentos já estão sendo vendidos nas lojas físicas da Avell em Joinville (SC), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR) bem como na loja online da marca. Compre: Caso você se interesse por outros laptops da marca e que sejam um pouco mais baratos, aqui vão algumas sugestões:
Realizando alguma compra pelos links acima, o Gizmodo Brasil ganha uma comissão sobre a venda do produto. The post Com foco em mobilidade, nova linha de notebooks Avell tem processadores Intel de 9ª geração appeared first on Gizmodo Brasil. |
Posted: 23 May 2019 11:42 AM PDT A recuperação do buraco na camada de ozônio é por excelência uma história de sucesso ambiental. Ela é o resultado do trabalho em harmonia de todo o mundo por décadas para eliminar gradualmente os produtos químicos que destroem o ozônio. Por isso, foi um choque quando se descobriu, no ano passado, que emissões de CFC-11, um desses produtos químicos que haviam sido proibidos, estavam subitamente revertendo o curso desse feito da humanidade. Agora, os cientistas identificaram a fonte primária das perigosas emissões. A descoberta, publicada na Nature na quinta-feira (16), mostra que o leste da China é responsável por mais de 60% do aumento recente das emissões de CFC-11. Os resultados podem ajudar as autoridades chinesas a descobrir as fontes exatas e parar as emissões antes que elas causem um grande revés à recuperação do buraco de ozônio. O mundo está a caminho de resolver o problema do buraco na camada de ozônio na década de 2060, graças, em grande parte, à cooperação por meio do Protocolo de Montreal. Esse tratado internacional entrou em vigor em 1989 e celebrou o acordo entre as nações para reduzir os produtos químicos que causam a depleção do ozônio, muitos dos quais estão envolvidos em processos industriais. O CFC-11 é um desses produtos químicos usados na refrigeração e na produção de espumas. Suas emissões vêm declinando há décadas, graças à eliminação progressiva e aos esforços para recolher quaisquer materiais remanescentes feitos com ele e depositá-los para destruição. Mas em 2012, o declínio nas emissões começou a desacelerar, o que significa que havia uma fonte irregular produzindo o produto químico ou, pelo menos, emitindo-o. “O estudo no ano passado usou dados de um ambiente remoto e limpo no Havaí”, disse Matt Rigby, principal autor do estudo e cientista atmosférico da Universidade de Bristol, ao Gizmodo. “Isso permite que você identifique mudanças globais nas emissões.” Rigby e outros cientistas que trabalham na questão tinham um palpite de que a China poderia ser a fonte de emissões ilegais, mas eles não conseguiram descobrir isso apenas a partir do conjunto de dados do Havaí. Então, eles recorreram às estações de monitoramento do ar no Japão e na Coréia para o novo estudo e modelagem climática. As descobertas mostram que as emissões de CFC-11 da China passaram de uma média de 6,4 gigagramas por ano entre 2008-12 para 13,4 gigagramas por ano entre 2014 e 2017. A modelagem das condições climáticas ajudou a identificar os resultados para mostrar que o nordeste da China é o fonte das emissões. O método, porém, não permite identificar fábricas específicas como culpadas. O país disse que planeja reprimir a fonte das emissões como parte de seu compromisso com o Protocolo de Montreal, e as descobertas dão um caminho mais específico de onde procurar as emissões excedentes. “A nova análise restringe as opções de fontes e locais, fornecendo evidências mais fortes de que as emissões são provenientes de nova produção (não de depósitos, por exemplo) e do leste da China, e isso deve pressionar mais a China para investigar e restringir qualquer produção irregular.” Durwood Zaelke, presidente do Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável, disse ao Gizmodo em um email. Os resultados também apontam para o valor do monitoramento da qualidade do ar. Sem as medições locais, nunca saberíamos que o nordeste da China era a fonte das emissões de CFC-11. “Só podemos ver algumas centenas de quilômetros a partir das estações de medição”, disse Rigby. “Com a infraestrutura que temos, podemos fazer essa análise na América do Norte, em partes da Europa e em uma pequena parte da Ásia oriental”. Existem claramente outras fontes de emissões irregulares, e o aumento da rede de estações de monitoramento será uma forma de manter essas emissões agora e no futuro, para garantir que o CFC-11 continue sendo gradualmente eliminado. Fazer isso oferecerá vários benefícios. O primeiro tem a ver com o buraco da camada de ozônio. Rigby disse que as novas emissões em si são modestas, mas se elas "continuarem nos níveis atuais, estamos potencialmente olhando para atrasos, anos ou uma década" para que o buraco na camada de ozônio diminua até os níveis do início dos anos 80. O CFC-11 também é um potente gás de efeito estufa que tem cerca de 5 mil vezes o potencial de aquecimento do dióxido de carbono. Rigby disse que o aumento nas emissões do nordeste da China tem o mesmo impacto no clima que todas as emissões de carbono de Londres. Também há a questão simbólica. O Protocolo de Montreal é o maior exemplo das histórias de sucesso em políticas ambientais. Numa época em que tudo parece estar desmoronando, deixar o tratado fracassar criaria um precedente perigoso. The post Cientistas identificam fonte misteriosa de produto químico que ameaça recuperação da camada de ozônio appeared first on Gizmodo Brasil. |
Você pode mandar seu nome para Marte em uma sonda da NASA Posted: 23 May 2019 10:35 AM PDT Ainda deve demorar um tempo até que os humanos visitem Marte, mas você pode ter uma presença no Planeta Vermelho antes disso. Nesta quinta-feira (23), a NASA convidou pessoas do mundo todo a colocar seus nomes para serem enviados no rover Mars 2020, que pousará na cratera Jezero para obter informações sobre vida e entender melhor o planeta para uma futura visita tripulada. A expectativa da agência espacial americana é fazer o pouso do rover em fevereiro de 2021. Para colocar o seu, é simples: basta entrar neste site e preencher o formulário até o dia 30 de setembro. A ideia de enviar nomes para o planeta é uma forma divertida de fazerem com que mais pessoas se interessem pelas missões e acompanhem os avanços das pesquisas que serão realizadas. “Enquanto nos preparamos para lançar esse missão história para Marte, queremos que todos compartilhem essa jornada de exploração, disse o administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da NASA, Thomas Zurbuchen, em um comunicado. E como os nomes serão armazenados? A agência irá utilizar um feixe de elétrons para gravar as informações em um microchip, em linhas de texto que possuem menos de 0,1% da largura de um cabelo humano. De acordo com engenheiros da NASA, cerca de um milhão de nomes podem ser gravadas em um único chip. Ainda assim, pode ser que seja necessário mais de um desses. De acordo com o Space.com, a NASA recebeu dois milhões de nomes numa iniciativa similar, quando a sonda Mars InSight foi enviada para o Planeta Vermelho. A missão Mars 2020 dará seguimento a descobertas feitas pelos rovers Spirit, Opportunity e Curiosity, que sugeriram que Marte pode um dia ter sido habitável. A missão irá procurar evidências de vida antiga, caracterizar o clima e as rochas marcianas e coletar informações para uma futura visita humana. Ela também irá preparar amostras, que uma missão futura coletaria e traria para a Terra. The post Você pode mandar seu nome para Marte em uma sonda da NASA appeared first on Gizmodo Brasil. |
Componente da maconha pode ajudar no tratamento de dependência química, sugere estudo Posted: 23 May 2019 09:20 AM PDT Um novo estudo divulgado nesta semana é o mais recente a sugerir que a maconha – ou pelo menos um componente essencial dela – pode ajudar pessoas que lutam contra o vício. Descobriu-se que pessoas com dependência química sentiram menos necessidade de consumir drogas quando receberam canabidiol, ou CBD, comparado com as que receberam um placebo. O CBD também ajudou a acalmar e reduzir a ansiedade dos participantes. O canabidiol é a parte da cannabis que não deixa o usuário em estado alterado. Ele já é utilizado no tratamento de alguns tipos de convulsões, como um medicamento aprovado no ano passado chamado Epidiolex. Mas existem muitos outros benefícios para a saúde, como alívio de estresse ou prevenção à demência, que ajudaram a semear uma pequena indústria de CBD. Muitos desses produtos e alegações provavelmente não passam de um contrassenso exagerado. Mas algumas evidências têm surgido mostrando que o canabidiol pode ajudar com a crise de opioides. Algumas pessoas estão utilizando regularmente a cannabis como um substituto parcial dos analgésicos opioides para controlar a dor – um uso que os pesquisadores também estão começando a estudar em laboratório. E outras pesquisas, realizadas inclusive pelos autores do estudo atual, mostraram que o CBD pode amenizar os efeitos da abstinência e desejo em animais dependentes de opioides que são afastados da droga. O teste padrão para se confirmar uma teoria é realizar um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. E foi isso que os autores por trás deste estudo, publicado no American Journal of Psychiatry, tentaram fazer. Para o teste, eles recrutaram 42 homens e mulheres que sofriam de dependência química, especificamente heroína, mas que no momento não usavam a droga. Metade deles recebeu aleatoriamente comprimidos contendo CBD (na verdade, apenas Epidiolex), em duas doses, enquanto o restante tomou um placebo. Durante uma semana, os voluntários tiveram que assistir a vídeos de três minutos de duração, contendo apenas imagens neutras, como sons da natureza ou vídeos mostrando instrumentos de drogas, como seringas ou sacos de pó, que remetiam à heroína. O segundo conjunto de vídeos, imaginava-se, faria com que os voluntários desejassem a droga e/ou ficassem ansiosos. Os participantes do teste receberam CBD por três dias. Depois, foram analisados os sintomas de ansiedade e desejo pós-vídeo em três períodos: imediatamente após tomarem uma pílula, um dia depois de uma sessão de CBD, e uma semana após a última sessão. Em todos esses cenários, os pesquisadores descobriram que as pessoas que recebiam CBD relataram menos desejo e ansiedade, em média, do que o grupo placebo, enquanto medições objetivas, como frequência cardíaca e níveis de cortisol na saliva (frequentemente utilizadas para indicar estresse agudo) também foram menores. “O estudo definitivamente demonstra que o canabidiol pode ter um efeito significativo em certos aspectos do transtorno de uso de opióides”, afirmou Ziva Cooper, diretora de pesquisa da Cannabis Research Initiative na Universidade da Califórnia em Los Angeles, e que não participou do estudo, ao Gizmodo. “E o que é realmente importante é que isso é uma replicação de trabalhos anteriores, em um grupo muito menor, feito pelos pesquisadores”. As implicações do estudo são definitivamente grandes. Existem vários medicamentos já utilizados para controlar o transtorno do uso de opioides e prevenir recaídas, particularmente a metadona e a buprenorfina, mas nem todos podem acessar facilmente esses medicamentos, e há poucos centros de reabilitação que os oferecem como tratamento. Isso se deve em parte ao estigma que envolve esses dois remédios, ambos opioides. Este estigma é infundado, no entanto, porque nenhum deles causa dependência se utilizados adequadamente sob supervisão médica, e as pessoas que tomam essas drogas ainda experimentam menos recaídas ou overdoses de opioides fatais do que aquelas que tentam parar abruptamente por conta própria. Mas opções não-opioides, como o CBD, só poderiam facilitar o acesso das pessoas ao tratamento que precisam. E, embora a maconha e o CBD ainda não sejam considerados totalmente legais, o fato de o Epidiolex ter sido usado com sucesso neste estudo também é importante, pois significa que os médicos poderiam prescrevê-lo sem muitas complicações, visto que o medicamento já é aprovado pela FDA (Food and Drug Administration). Os autores alertam que o estudo ainda é “exploratório”, portanto há mais pesquisas a serem feitas antes que possamos ter certeza do potencial do canabidiol como um tratamento para dependência química. Uma limitação importante, por exemplo, é a duração do estudo. A medicação é apenas uma parte do tratamento típico para aqueles que se recuperam da dependência química, em conjunto com o aconselhamento comportamental. Mas enquanto algumas pessoas podem precisar apenas de medicação por um curto período para administrar seus sintomas de desejo ou abstinência, outras precisam de um regime de longo prazo, ou mesmo vitalício. Portanto, qualquer medicamento que tenha como objetivo ajudar a combater o vício, idealmente, precisa funcionar também a longo prazo. Presume-se que o CBD não cause efeitos colaterais graves (e realmente não causou neste estudo), independentemente de por quanto tempo ele é utilizado, mas ainda não há informações sobre a sua eficácia contínua. Cooper também observou que há outros aspectos do transtorno por uso de opioides que ainda não foram testados neste estudo, como o risco geral de recaída. E os participantes eram pessoas relativamente estáveis, não aquelas que acabaram de abandonar a heroína e que precisavam de um tratamento maior para administrar seus desejos. Qualquer um que pense em usar o CBD para automedicar seu transtorno de uso de opioides, acrescentou Cooper, também deve lembrar que muitos produtos de consumo simplesmente não contêm as doses de CBD suficientes encontradas no Epidiolex, nem são testadas em nenhum lugar para garantir sua segurança. “Eu não acho que as pessoas necessariamente observarão os mesmos efeitos de tomar uma dose menor”, disse Cooper. Dito isso, certamente há boas razões para ter esperanças. “Uma medicação não opioide bem-sucedida aumentaria significativamente as opções existente para ajudar a reduzir o crescente número de mortes, altos custos de saúde e limitações de tratamento impostas por regulamentações governamentais rígidas em meio a essa persistente epidemia de opioides”, disse o autor Yasmin Hurd, professor de Neurociência, Psiquiatria e Farmacologia e Sistemas Terapêuticos na Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, em comunicado. 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Posted: 23 May 2019 08:20 AM PDT Um novo recurso da Tesla que permite que o carro mude de pista automaticamente pode apresentar riscos de segurança para os motoristas que não estiverem atentos enquanto a configuração está ativada, de acordo com o Consumer Reports. Por meio de seus próprios testes independentes com um Modelo 3 em rodovias, a Consumer Reports encontrou diversos problemas com a função oferecida por meio do recurso piloto automático da Tesla. Isso inclui ultrapassar veículos que se movem em velocidades maiores, além de problemas com frenagem e em acompanhar o tráfego. Ao entrar em uma área com tráfego intenso, de acordo com o Diretor de Relatórios Automotivos Jake Fisher, o sistema "geralmente aciona os freios imediatamente para criar espaço atrás do carro seguinte — isso pode causar uma surpresa abrupta para o veículo que você ultrapassa". Além disso, o relatório afirma que o recurso tentava fazer mudanças de via, o que era estritamente ilegal nas rodovias onde o teste estava sendo realizado em Connecticut. A Tesla alegou em um post em abril que, através de suas opções de navegação personalizáveis, o piloto automático pode ser ajustado quando estiver em rota para ligar sozinho, alertar o motorista sobre futuras mudanças de pista ou exigir uma confirmação do motorista para a ação. Os motoristas podem parar uma mudança de faixa automática através da tela do carro ou movendo a alavanca de seta do veículo. A empresa ressalta que “o recurso não torna o carro autônomo e as mudanças de pista só serão feitas quando as mãos do motorista forem detectadas no volante”. A Tesla afirma em seu blog que "até que carros totalmente autônomos, sem motoristas, sejam validados e aprovados pelos reguladores, os motoristas são responsáveis e devem permanecer no controle de seu carro o tempo todo". Um aviso semelhante é exibido para os motoristas com o recurso ativado, de acordo com a Consumer Reports. Mas observou-se que, ao desligar a função de confirmação, o pop-up é exibido inicialmente ao alterar a configuração, mas não aparece novamente enquanto o recurso está ativo e em uso. A Tesla não retornou imediatamente o pedido de comentário sobre os problemas encontrados. Na mesma época em que o recurso foi lançado, o CEO da Tesla, Elon Musk, disse acreditar que a tecnologia de sua empresa chegará em breve a um ponto em que "intervir seriamente diminuirá a segurança", algo que ele diz que pode ocorrer no final deste ano. No entanto, ele também afirma que, embora acredite que Teslas estarão "completos" até o final de 2019, isso não significa uma experiência completamente autônoma que não requer a supervisão do motorista. Segundo ele, no entanto, isso deve ocorre até o final de 2020. A Tesla disse em abril que através de testes internos, "mais de meio milhão de milhas" foram percorridas coletivamente com a função de mudança de pista sem a confirmação do motorista, além de mais de 9 milhões de mudanças sugeridas com o piloto automático habilitado. Mas, em última análise, argumentou Fisher, a supervisão exigida da função de mudança automática de faixa "é muito mais difícil do que apenas mudar de faixa você mesmo". The post Testes mostram que piloto automático da Tesla pode causar acidentes se não houver atenção do motorista appeared first on Gizmodo Brasil. |
Homem confessa esquema milionário que trocava iPhones falsos por originais Posted: 23 May 2019 05:33 AM PDT Um homem chinês ex-estudante de engenharia que morava em Oregon, Estados Unidos, confessou nesta quarta-feira (22) que era um dos responsáveis pelo tráfico de mercadorias em um esquema de troca de iPhones falsos por originais. De acordo com os documentos da justiça, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA abriu uma investigação em 2017 para ter mais detalhes sobre alguns envios de iPhones falsificados, o que os levou a Quan Jiang. Os investigadores disseram que Jiang contou a eles, durante um interrogatório em dezembro de 2017, que ele recebia regularmente pacotes da China que continham entre 20 e 30 iPhones inoperáveis e que ele trocava esses itens por modelos legítimos pelo programa de garantia da Apple. O homem alegava que os aparelhos não ligavam. Jiang disse aos investigadores que depois de trocar os iPhones falsos por produtos legítimos da Apple, tanto pessoalmente quanto pela internet, ele os enviava de volta para a China, onde eram vendidos por centenas de dólares. Em troca, Jiang recebia uma parte da grana. Esse dinheiro aparentemente era entregue à mãe de Jiang, que mora na China e o depositava em sua conta. Embora ele tenha utilizado muitos pseudônimos e nomes de amigos e família para manter o esquema funcionando, os registros da Apple mostram que Jiang estava ligado a 3.069 pedidos de troca, fosse com seu nome, endereço, e-mail ou IP, conforme apontam os documentos da justiça. Os registros da empresa mostram que 1.576 pedidos de troca na garantia foram negados, mas ainda assim o golpista conseguiu trocar 1.493 iPhones. Como cada troca é avaliada pela Apple em US$ 600, o prejuízo para a companhia chegou a cerca de US$ 900 mil. “Fraudes comprometem o comércio e inevitavelmente levam a maiores preços de produtos que milhões de consumidores adquirem”, disse Billy J. Williams, procurador dos EUA no distrito de Oregon, em um comunicado. “Os investigadores que trabalharam nesse caso e outros casos similares oferecem um serviço público de valor inestimável para as empresas americanas, empreendedores e consumidores ao preservar um livre mercado competitivo e livre da interferência de criminosos”. A Apple não respondeu aos pedidos de comentário. Jiang enfrentará até 10 anos de prisão e uma multa de US$ 2 milhões ou o dobro de seus lucros, dependendo do que for maior. Ele também precisará pagar US$ 200 mil à Apple em restituições como parte de seu acordo de defesa. Sua sentença está agendada para o final de agosto. The post Homem confessa esquema milionário que trocava iPhones falsos por originais appeared first on Gizmodo Brasil. |
Posted: 23 May 2019 04:41 AM PDT Embora a Qualcomm tenha saído ganhando após ter resolvido uma briga global contra a Apple, as coisas não foram tão bacanas em um processo movido pela FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA). Na última terça-feira (21), a juíza Lucy H. Koh determinou que a Qualcomm violou leis antitruste, cobrando alto valor de royalties por suas patentes, e ordenou que a companhia seja alvo de monitoramento por sete anos para garantir que haja uma competição justa. Não parece, mas isso é importante por uma série de motivos. Para começar, um pouco de contexto. O argumento principal da FTC era que a Qualcomm usou suas patentes de modems para esvaziar a competição no setor, violando termos FRAND (Fair, Reasonable e Non-Discriminatory) ou seja, justos, razoáveis e não-discriminatórios. Estes termos são usados para assegurar que empresas mantenham suas tecnologias proprietárias disponíveis para competidores por um preço razoável. A Qualcomm foi pioneira na tecnologia CDMA, mas foi acusada pela FTC por fazer acordos de exclusividade e cobrar royalties muito altos usando tecnologia de competidores. Uma decisão desfavorável seria devastadora para a Qualcomm, que obtém a maior parte de sua receita ao licenciar patentes e cobrar por royalties. Para a Qualcomm, o pesadelo se tornou realidade. Em uma decisão de 233 páginas, a juíza Koh ordenou cinco ações:
Da parte da Qualcomm, a empresa emitiu um comunicado dizendo que pretende apelar da decisão. O fato é que o resultado não foi bom para a companhia. Na decisão, a juíza Koh ainda disse que a defesa da empresa era de má qualidade. Em particular, ela criticou os testemunhos da Qualcomm que contradiziam diretamente os e-mails, anotações e declarações gravadas fornecidas ao IRS (a "Receita Federal" dos EUA). Um exemplo envolve um executivo da Qualcomm enviando uma carta para a Motorola para reclamar que não iria licenciar o chip SEP da Qualcomm, demonstrando que os executivos da companhia claramente entendiam os termos FRAND. Ela também mostrou uma apresentação de Power Point que ilustrava que a Qualcomm entendia que suas práticas poderiam estar violando leis antitruste.
Koh também notou que estava claro que a Qualcomm "parava de oferecer licenças para rivais, pois a Qualcomm decidiu que era mais lucrativo licenciar para fabricantes OEM". Ela também disse que descobriu que "as taxas de royalties da Qualcomm são excessivamente altas". Basicamente, a juíza Koh não estava de brincadeira com a Qualcomm. Isso pode parecer uma conversa chata sobre detalhes da indústria, mas isso conta com implicações importantes daqui em diante. Principalmente, pelo fato de a juíza Koh ter descoberto que as práticas anticompetitivas da Qualcomm prejudicaram os consumidores. Essas práticas não apenas tornaram os telefones mais caros, como também os royalties da Qualcomm foram vistos como uma possibilidade de tirar o incentivo que outras empresas investissem em novos recursos que beneficiariam os consumidores, pois teriam de pagar mais. E, olha, não foram fabricantes pequenos que foram dissuadidos. Por exemplo, Koh cita o testemunho de Jeff Williams, chefe de operações da Apple, em sua decisão:
Carcaças são uma coisa, mas em seu caso separado contra a Qualcomm, a Apple também apontou para recursos como TouchID, telas avançadas e inovações de câmera como itens que fizeram a Qualcomm lucrar sem ter nenhuma relação com o desenvolvimento deles. A Apple eventualmente resolveu a briga com a Qualcomm, pois foi encostada na parede com relação ao domínio da Qualcomm em chipsets de modem 5G. Com a Intel se mostrando incapaz de entregar um modem 5G competitivo até 2020, a posição da Apple contra a Qualcomm foi alterada com um contrato de licença de seis anos. Naquela época, o acordo da Apple fez muitos se perguntarem qual seria o impacto da decisão FTC sobre o caso, mas em retrospecto, talvez isso só fortalecesse a posição da empresa da maçã. A esse respeito, o pedido de Koh para que a Qualcomm negocie ou renegocie seus contratos de licenciamentos existentes, poderia ter um impacto a longo prazo no preço dos telefones, ainda mais agora que o 5G está começando a ser implementado em alguns países. Isso é especialmente verdadeiro, considerando que a Qualcomm basicamente conquistou o mercado de chipsets 5G, e é provável que a Qualcomm continuasse com esta postura gananciosa, se não fosse a intervenção da FTC. [FTC via FossPatents] The post Justiça dos EUA não aliviou para a Qualcomm em decisão por práticas anticompetitivas com modems de celular appeared first on Gizmodo Brasil. |
O YouTube é praticamente a babá eletrônica das crianças Posted: 22 May 2019 06:30 AM PDT Paola tem sete anos e sua vida inteira está no YouTube. Especificamente, está distribuída em dois canais. O canal mais antigo mostra ela bebê, bocejando, dando seus primeiros passos, comendo laranja, fazendo aniversário. "Tem vídeo dela nascendo, praticamente", diz Jonas Santana, tio da menina. Hoje com 20 anos, ele criou o canal aos 13 para praticar edição de vídeo, registrar o crescimento da sobrinha e se divertir. Ele ficou surpreso quando descobriu, em julho do ano passado, que Paola havia criado, sozinha, um segundo canal no site. Intitulado "O mundo de Paola", ele tem um estilo de vlog, com vídeos temáticos sobre o cotidiano da menina. Há Paola dando banho no cachorro, brincando com o irmão menor, fazendo estrela na calçada. Jonas a ajuda com parte da edição e da divulgação nas redes sociais, mas foi ela quem filmou, cortou e publicou a maior parte dos vídeos. Ela também domina o léxico do site: deixe o seu like, se inscreva no canal e vamos lá. Paola passa uma parte considerável do seu dia na plataforma, geralmente antes do almoço, quando está na casa da avó esperando a perua da escola chegar. Ela gosta dos vídeos de slime, espécie de geleca feita em casa ("Tá fazendo muito sucesso", comenta) e não gosta mais do canal do youtuber Luccas Neto, o segundo maior no Brasil (para ela, Neto "parece uma criança de um ano"). A menina acessa o YouTube em dois tablets: um que ganhou da mãe, aos cinco anos, e outro que ganhou ao participar do programa Bom Dia e Cia., do SBT. (O momento foi devidamente registrado em seu canal mais recente.) Repórter Laura Castanho batendo um papo com a Paola. Crédito: Jonas Santana Glaucia Ribeiro, a mãe da Paola, se preocupa com o que a filha assiste na internet. Ela trabalha como funcionária terceirizada no setor de documentação da polícia federal e passa a maior parte do dia fora de casa. Já deixou a menina de castigo — isto é, sem tablet — quando descobriu que ela tinha conversado com um estranho no YouTube. "Vou falar a verdade, eu fico com medo", afirma. "É muito perigoso. Ela adora se comunicar, mas eu sempre estou de olho." Não é como se houvesse muita alternativa. No conjunto habitacional onde a família vive, no Jaraguá (extremo norte de São Paulo), as opções imediatas de lazer são assistir TV, acessar a internet ou ir a algum dos bailes e festas da vizinhança. A região tem parques extensos e conhecidos, mas os moradores os evitam desde 2017 devido a surtos de febre amarela. Para Glaucia, felizmente, há uma limitação no quanto de YouTube sua filha consome: no apartamento em que elas moram, não há Wi-Fi. A 30 quilômetros dali, na cidade de Jandira (grande São Paulo), a marqueteira Cristiane Coradi usa o YouTube com mais otimismo. Ela acessa pelo iPad canais educativos voltados para crianças especiais, como o "Nossa vida com Alice". Esses canais têm vídeos mais lentos e simples que os demais, e usam música e repetição para facilitar a assimilação de conteúdos. Somados a muita terapia, eles têm ajudado seu filho Léo, seis anos, portador de síndrome de Down, a desenvolver a fala e formar sílabas. "Não sou contra tecnologia", diz Cristiane. "Acho que tecnologia está aí e a gente tem que usar. Mas tudo tem que ser com o tempo, entendeu?" Devido ao Down, Léo não consegue acessar o YouTube sozinho. É com alguma frequência, no entanto, que Cristiane precisa regular a quantidade e a qualidade de vídeos consumidos por seu filho mais velho, Guilherme, de nove anos. "Os youtubers que essa molecada segue não têm muito conteúdo. É muito besteirol", ela opina. (Guilherme gosta de canais de curiosidades, pegadinhas e de Felipe Neto.) Ela não restringe propriamente o tempo que ele passa no YouTube, mas o tempo que ele passa em frente a alguma tela — seja o iPad, o celular dos pais ou a televisão (ligada no Netflix). Em um mundo que as telas, pela economia e onipresença, tendem a substituir cada vez mais o contato humano, essa pode ser uma decisão acertada. Acesso das crianças é móvel e difícil de monitorarPara Cristiane, não dá para lutar contra a tecnologia. Proibi-la de vez seria algo impossível, e só atiçaria mais o interesse das crianças. A internet, aliás, estaria muito próxima de ser a única referência que elas têm para assistir a filmes, séries e ouvir música. "Eu trabalho com pesquisa de mercado, e quando a gente vai entrevistar o jovens, eles não veem televisão mais. É só YouTube e Netflix." Será? Segundo o relatório Kids Online, realizado pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI), "até dezembro de 2017, a audiência do conteúdo infantil disponível na plataforma [Youtube] ultrapassou os 115 bilhões de visualizações por crianças de zero a 12 anos". O mesmo relatório aponta que, em 2017, 85% da população entre 9 e 17 anos era usuária de internet no país. Isso equivale a 24,7 milhões de pessoas. Delas, 77% usavam a web para assistir a vídeos online. Outro levantamento do CGI, lançado no final do ano passado, mostra que "88% das pessoas entre 10 e 15 anos assistiram a filmes, programas ou séries pela internet [no período anterior à pesquisa]". Quase metade das crianças dessa faixa etária, ou 49%, acessa a internet exclusivamente pelo celular. O crescimento no uso do celular — e a diminuição proporcional do uso em desktops e notebooks — é a principal tendência identificada nas duas pesquisas. Mas traz limitações: se, por um lado, o celular tem sido o principal motor da inclusão digital no Brasil nos anos recentes, ele não consegue desempenhar plenamente todas as atividades. E conforme aponta a coordenadora do Kids Online, Luísa Adib Dino, o celular dificulta a mediação dos pais e torna o uso da internet cada vez mais individualizado. Também segundo ela, no consumo de vídeos online, "a classe econômica faz muita diferença". "Ainda que a maior parte dos jovens tenha acesso à internet por meio de celulares, e a maior parte relate que acessou vídeos pela internet, a frequência com que eles podem fazer isso varia pela classe social. O acesso via Wi-Fi acaba ficando mais concentrado em determinada classe social do que em outras”. Por que o YouTube faz sucesso entre as criançasOs vídeos infantis são uma das três categorias com mais visualizações no YouTube brasileiro — as outras duas sendo os vídeos de funk e sertanejo. Na análise de Luciana Corrêa, pesquisadora da ESPM especializada na relação entre as crianças e o YouTube, três fatores explicam o sucesso da plataforma no país. Primeiro, há o aumento no acesso da população geral à internet, possibilitado principalmente pelo uso do celular. Há também o fato do YouTube ser gratuito e acessível a todo instante e em qualquer lugar — seja para matar o tempo até os pais voltarem do trabalho, seja para acalmar a criança que chora em um restaurante. Por fim, há a redução drástica da programação infantil na TV aberta. Programas como a TV Globinho ou os desenhos que passavam na TV aberta quase não existem mais porque comprar espaço publicitário no intervalo dessa grade ficou pouco atrativo para os anunciantes. Isso se deve, por sua vez, à aprovação de uma resolução do Conanda (Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente) emitida em 2014, que considera abusiva a publicidade infantil. A aplicação prática dessa resolução proíbe as inserções publicitárias de incentivar a criança a pedir que seus pais comprem determinado produto, substituir uma refeição por guloseimas, entre outros discursos. Se, por um lado, a regra tinha em vista proteger a criança do consumismo, por outro ela perdeu sua abrangência com a mudança da TV para o YouTube. No site, a propaganda infantil é mais frequente (um vídeo de 17 minutos do Felipe Neto chega a ter sete inserções publicitárias) e mais difícil de regular, apesar de se submeter à mesma lei que regula a propaganda da TV. Com os avanços tecnológicos e por causa da legislação, tem cada vez menos programas para crianças. Crédito: Pixabay A pesquisadora Luciana Corrêa intui — mesmo sem ter os dados específicos — que o consumo de YouTube seja mais frequente entre as crianças que não têm acesso à TV paga ou streaming. Ela levantou, em 2016, que dos 100 canais de maior audiência do Brasil, 48 eram voltados a crianças. Para ela, fenômenos como os vídeos de slime e unboxing (que mostram uma pessoa abrindo um produto) não são nada inexplicáveis. "Tem as duas coisas que as crianças mais gostam de fazer: brincar e abrir brinquedo", afirma. De modo semelhante, ela aponta que a transição pela qual passou o YouTube infantil é parecida com a que houve na TV. Nos dois meios, primeiro havia um adulto apresentando conteúdo infantil; depois, um adulto infantilizado; por fim, uma criança. "A gente tem a possibilidade da criança ser apresentadora [de um canal no YouTube], já que na TV ela não pode ser mais." Mas o YouTube tem consequências que vão além das mudanças no mercado publicitário. Estudos apontam dificuldades na geração recente de manter o foco em conteúdos de profundidade. A estudante universitária Yasmin Pereira percebeu isso na sua irmã Amanda (nome fictício), de 12 anos. Moradora do Guarujá (SP), a menina é fã de vídeos de maquiagem e k-pop. "O vídeo é uma coisa tão dinâmica que, na hora que ela vai fazer outras atividades, não consegue manter o foco por muito tempo. Piorou muito o rendimento dela na escola”Para ela, isso se deve ao tempo livre que sua irmã tem depois da escola, mesmo fazendo esporte três vezes na semana. A mãe das duas trabalha como analista química e precisa fazer muitas horas extras no seu emprego novo — não tem como monitorar a filha. O desenvolvimento cerebral também é uma preocupação para Emilly Santana (sem parentesco com Jonas, Glaucia ou Paola, que foram citados anteriormente). Com 22 anos, ela é mãe de uma menina de dois e está concluindo o curso de Lazer e Turismo. Mesmo passando muito tempo fora de casa, ela tenta estar na mesma sala que a filha toda vez que ela assiste a algo no YouTube ou no Netflix infantil. (A televisão aberta é proibida, devido ao receio de esbarrar em algo inapropriado.) Conteúdo infantil virou tão relevante que YouTube lançou a versão Kids. Crédito: Divulgação "A minha preocupação sempre foi o desenvolvimento dela", diz Emilly. "Eu não vou colocar desenho se eu vir, por exemplo, que ela fica sentada, extasiada, não pisca, não fala, não se mexe. Eu não gosto". Segundo o relatório Kids Online, de nove países analisados, o Brasil é o que tem maior consumo de redes sociais (incluindo o YouTube) por crianças de nove a dez anos. Luciana Corrêa vê esse indicador como consequência do número pequeno de crianças que têm acesso a estudo em período integral no país (somente 9% dos alunos matriculados no ensino fundamental, segundo o Inep). Mas também vê um excesso de permissividade dos pais. "Como mãe, eu acho que os pais têm muita preguiça", opina. Do quê, exatamente? "De desligar o celular e levar as crianças para outras atividades". Luciana, que tem uma filha de oito anos e a cria praticamente sozinha, diz que também chega tarde em casa — mas que, mesmo assim, tenta ler para a filha toda noite e estimulá-la com brincadeiras analógicas. "A criança troca o celular por qualquer atividade com o pai ou a mãe""Minha recomendação é: comece desde cedo. Não é desde os dois anos dar o celular, é desde os dois anos não dar o celular. Não ligar a TV. Não estimular. Porque quanto mais você der, mais ele vai gostar. Quanto antes você puder diminuir esse acesso, é melhor". Em casa, essas diretrizes são lei. Sua filha, Laura, obviamente assiste ao YouTube — mas o faz por uma conta conjunta com a mãe, que a permite monitorar o histórico de vídeos. Além disso, só ganhou permissão para usar o celular nos dias úteis de poucos meses para cá. "Eu não me arrependo [de estabelecer essas regras], porque a minha filha brinca. E uma reclamação que ouço muito dos outros pais é que 'meus filhos não brincam'". Luciana também acredita que haja uma relação entre o alto consumo de redes sociais das mães e os hábitos digitais de seus filhos. Talvez, diz, a questão prioritária seja educar os pais antes de educar, propriamente, as crianças. Afinal, "eles já sabem o que os filhos consomem, já sabem que é um absurdo. Blá-blá-blá. Mas e aí? Eles não sabem o que fazer com essa informação". Por isso, ela explica, é tão urgente que os pais assumam o papel da mediação. "O consumo só aumenta". The post O YouTube é praticamente a babá eletrônica das crianças appeared first on Gizmodo Brasil. |
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