sexta-feira, 12 de julho de 2019

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Fragmento antigo de crânio sinaliza que humanos chegaram à Europa antes do imaginado

Posted: 12 Jul 2019 02:18 PM PDT

Uma reanálise de fragmentos de crânios achados na Grécia no fim da década de 1970 sugere que os primeiros humanos modernos estavam presentes na Eurásia há 210 mil anos. É uma das primeiras pistas de nossa espécie no continente, mas a falta de evidências arqueológicas ainda levanta algumas questões.

Uma nova pesquisa publicada na Nature descreve dois fragmentos de crânio encontrados na caverna Apidima, no Sul da Grécia, em 1978. Uma equipe liderada pela paleontologista Katerina Harvati, da Universidade Eberhard Karls de Türbingen, identificou os remanescentes como pertencentes a dois indivíduos, um homem moderno (Homo sapiens) e um neandertal.

O fragmento humano, apelidado de Apidima 1, é apenas a parte de trás do crânio e foi datado de 210 mil anos atrás, tornando-se a mais antiga evidência de humanos modernos na Eurásia. O fragmento neandertal, chamado Apidima 2, foi datado de 170 mil anos atrás e é consideravelmente mais complexo que o crânio humano, mas foi encontrado sem o maxilar inferior ou os dentes.

Infelizmente, nenhuma outra evidência arqueológica ou paleontológica foi descoberta no local, e nenhum fragmento foi encontrado em sua camada deposicional. Essas e outras limitações à parte, a noção de que os primeiros humanos modernos estavam presentes na Grécia há cerca de 210 mil anos é totalmente plausível e até mesmo esperada.

Nossa espécie surgiu na África cerca de 100 mil anos antes, com as primeiras evidências de nossa espécie datando desde o local de Jebel Irhoud, no Marrocos, e a notável descoberta de fósseis humanos de 315 mil anos. Além disso, a mais antiga evidência anterior de humanos modernos fora da África foi descoberta na caverna de Misliya, em Israel — uma queixada parcial datada entre 175 mil e 200 mil anos atrás. Isso não está muito longe na linha temporal, mas o novo estudo sugere uma data de dispersão anterior da África.

Algo importante a ser considerado é que outras espécies de humanos já haviam se aventurado por grande parte da Eurásia até então, incluindo o Homo erectus, que deixou a África cerca de 2 milhões de anos atrás, e as espécies ancestrais dos neandertais ainda a serem identificadas que foram para a Europa em algum momento entre 800 mil e 600 mil anos atrás. Então, sim, nós chegamos meio atrasados para o show.

Fragmentos do crânio Apidima 2 (direita) e sua reconstrução (esquerda). O espécime foi identificado como Neandertal. Crédito: Katerina Harvati, Universidade Eberhard Karls de Türbingen
Fragmentos do crânio Apidima 2 (direita) e sua reconstrução (esquerda). O espécime foi identificado como Neandertal. Crédito: Katerina Harvati, Universidade Eberhard Karls de Türbingen

Dito isso, Harvati não acredita que os humanos da Apidima tenham sobrevivido. Falando em uma coletiva de imprensa na última segunda-feira (8), ela disse que a presença do crânio neandertal sugere que estes humanos estavam eventualmente sendo "substituídos" por neandertais da região. Quanto ao motivo pelo qual esses primeiros humanos morreram, Harvai disse que continua sendo uma "questão importante". É possível, segundo ela, que esses pequenos bolsões de seres humanos enfrentassem pressões climáticas ou mesmo pressões dos neandertais.

Independentemente disso, essa interpretação sugere um cenário de migração complicado para os primeiros humanos modernos, já que esta é uma evidência potencial de múltiplas dispersões da África, em vez de um grande êxodo.

Estes resultados sugerem que dois grupos humanos do Pleistoceno médio tardio estavam presentes neste local — uma população inicial de Homo sapiens, seguida de uma população Neandertal.

"Nossas descobertas apoiam múltiplas dispersões dos primeiros humanos fora da África e destacam os complexos processos demográficos que caracterizam a evolução humana do Pleistoceno e a presença humana moderna no sudoeste da Europa".

Como observado, esses fragmentos de crânio foram descobertos nos anos 1970. Embora analisado e datado anteriormente, o novo estudo envolveu "análises mais abrangentes", nas palavras dos pesquisadores. Além disso, os fragmentos do crânio foram encapsulados em um pequeno bloco de breccia (uma rocha sedimentar), que também contribuiu para o atraso, uma vez que levou anos para limpar cuidadosamente os espécimes. Além disso, ambos os fragmentos foram distorcidos e deformados, tornando a análise mais difícil. Também não ajudou que os fragmentos de crânio fossem encontrados sem qualquer evidência arqueológica ou paleontológica de apoio, como ferramentas, ossos de animais ou outras pistas..

Para o estudo, Harvati e seus colegas fizeram reconstruções virtuais 3D dos fragmentos usando tomografia computacional, além de realizar análises físicas dos espécimes. Isso permitiu que eles identificassem Apidima 1 e Apidima 2 como pertencentes a um ser humano moderno primitivo e um neandertal, respectivamente.

Apidima 1 "apresenta uma mistura de características humanas e primitivas modernas", enquanto Apidima 2 exibiu características clássicas de um neandertal, como uma crista espessa e arredondada, de acordo com os pesquisadores. Durante a coletiva de imprensa, Harvati disse a repórteres que o espécime neandertal não era nada fora do comum, e que provavelmente pertenceu a uma versão inicial da espécie.

Trabalhos anteriores feitos por outros pesquisadores calcularam a idade dos espécimes em algo entre 160 mil e 170 mil anos de idade usando uma técnica bem estabelecida chamada datação de séries de urânio.

Para o novo estudo, a equipe recrutou Rainer Grün, da Universidade Griffith, na Austrália, que também usou a série U, mas obteve um conjunto mais extenso de amostras que incluíam pedaços de osso de Apidima 1 e Apidima 2 e a breccia associada a eles. Apesar do fato de que os fragmento do crânio foram encontrados próximos um do outro na caverna, as amostras eram de diferentes idades — o fragmento foi datado como sendo de 210 mil anos e o fragmento de Neandertal de 170 mil anos de idade. Embora localizados próximos uns aos outros, os fragmentos foram depositados no chão da caverna em diferentes momentos, e finalmente se uniram através de uma série de processos geológicos complexos, Grün disse durante a coletiva de imprensa.

Questões sobre a descoberta

A falta de evidências associadas no sítio de Apidima dificulta discernir quais eram as condições na época ou por que esse local era atraente para os primeiros seres humanos. A região pode ter sido favorável para hominídeos, que buscavam abrigo em condições ambientais adversas ou outros fatores de estresse, disse Harvai na entrevista coletiva. Esses humanos podem ter caçado grandes recursos marinhos ou explorado do mar próximo.

Infelizmente, não sabemos, mas o trabalho adicional no local pode fornecer as respostas, disse Harvati.

O arqueólogo Israel Hershkovitz, da Universidade de Tel Aviv, teve vários problemas com o novo estudo, incluindo a falta de evidências arqueológicas, nenhum contexto cronológico claro, a natureza incompleta dos espécimes e as severas distorções observadas nos remanescentes, entre outras queixas, descritas em um e-mail ao Gizmodo.

Hershkovitz, que esteve envolvido na descoberta dos fósseis da caverna de Misliya, foi contra o uso da "teoria da substituição" para a análise, ou seja, a afirmação de que os neandertais suplantaram os humanos nessa região.

"Não há nada no estudo para suportar esta afirmação", disse Hershkovitz ao Gizmodo. "Na verdade, esses dois grupos Homo poderiam facilmente ter vivido lado a lado — eu pessoalmente acredito que esse era, de fato, o caso, baseado em evidências do Levante [no Oriente Médio] — e ocasionalmente cruzadas. Muitos aspectos comportamentais, como pinturas rupestres, só podem ser explicados se aceitarmos a ideia de que o Homo sapiens chegou à Europa — e não apenas ao sul da Europa — muito cedo e permaneceu lá desde então", disse ele.

O especialista da Universidade de Tel Aviv também discordou da datação, que ele descreveu como "pouco convincente". Ele disse que os crânios foram encontrados fora do contexto, e não dentro de uma camada arqueológica reconhecida que teria confirmado com segurança as datas radiométricas. Datar breccia, disse ele, não forneceu nenhuma informação sobre a datação real dos crânios, "especialmente quando você não sabe exatamente de onde os crânios provêm", disse. Ele também não gostou das grandes margens de erro atribuídas à datação direta, que para a Apidima 1 apresentou um sinal de mais ou menos 16 mil anos. Então, se considerarmos o limite inferior de datação direta, Apidima 1 poderia ser tão jovem quanto 195 mil anos — o que coloca a espécie muito mais próxima do tempo dos fósseis de Misliya.

A arqueóloga Eleanor Scerri, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, também não envolvida com o novo estudo, disse que o contexto deposicional é "claramente complexo", e "e a datação da série U depende de entender algo sobre essa complexidade". Parece provável que "o único método de datação usado em um único crânio reconstruído causará alguma controvérsia", disse ela ao Gizmodo.

Desentendimentos sobre datação à parte, Scerri disse que os novos resultados são, ao que parece, "críveis", dado o fato de que Apidima 1 ainda é 100 mil anos mais jovem do que os fósseis africanos mais antigos da nossa espécie e um pouco mais velha que fósseis encontrados na caverna Misliya.

"O significado do estudo reside no fato de que ele se soma a um crescente corpo de evidências mostrando múltiplas dispersões do Homo sapiens fora da África", disse Scerri ao Gizmodo. "Toda vez que o deserto do Saara-Arábico se contraía — amplamente em ciclos de 100 mil anos — grupos de primeiros Homo sapiens aparentemente se mudavam da África para a Eurásia, até que os portões do deserto se fecham atrás deles".

"Não estou surpresa, pessoalmente, que estamos encontrando evidências de dispersões fora da África — afinal de contas, é algo que eu e meus colegas argumentamos a favor, há algum tempo", disse Scerri. "Eu não necessariamente esperava que as descobertas fossem tão cedo quanto a caverna de Apidima afirma, mas certamente está tudo dentro dos domínios da possibilidade, dado o que sabemos".

Quanto ao motivo de os arqueólogos não encontrarem mais restos humanos fora da África neste período de tempo, "parece provável que mais pessoas encontrarão esse tipo de evidência", disse ela. Ao mesmo tempo, parece também provável que as descobertas permaneçam extremamente limitadas. Se estas eram populações descontínuas e pequenas, explicou, então a possibilidade de várias descobertas semelhantes diminui.

É um pensamento desanimador, mas temos que continuar procurando. Em algum lugar lá fora, as pistas para o nosso passado ancestral ainda estão esperando para serem encontradas.

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Trump engrossa coro de críticos da Libra do Facebook e diz que empresa precisará se submeter às regras bancárias dos EUA

Posted: 12 Jul 2019 12:41 PM PDT

O mais novo crítico da Libra, a criptomoeda do Facebook, é ninguém mais, ninguém menos que o presidente dos EUA, Donald Trump. Em uma série de tuítes, ele criticou o bitcoin e outras criptomoedas e disse que, se o Facebook quer seguir adiante com seu projeto, deveria se tornar um banco.

Na thread, Trump diz que não é fã do bitcoin ou das criptomoedas porque seu valor se baseia no “nada” e é muito volátil, além de oferecer mais facilidades para atividades ilegais. O presidente americano disse que, de maneira similar, a “moeda virtual” do Facebook será pouco estável e confiável, e que se a empresa quiser se tornar um banco, precisará se submeter às mesmas normas que outros bancos. Trump arrematou dizendo que a única moeda dos EUA é e continuará sendo o dólar.

Como observa o South China Morning Post, as declarações fogem do silencio habitual da Casa Branca sobre o bitcoin e outras moedas digitais. O jornal também nota que a cotação do bitcoin oscilou pouco após os posts dos presidente americano, o que mostra alguma indiferença do mercado em relação ao posicionamento.

O presidente é mais um a engrossar o coro de críticas e preocupações acerca da Libra. O presidente do Federal Reserve, banco central dos EUA, Jerome Powell, disse ter "preocupações muito sérias" sobre a entrada do Facebook no setor de finanças nas áreas de privacidade, lavagem de dinheiro, proteção ao consumidor e estabilidade da estrutura financeira global. Ele quer que as discussões sobre a moeda sejam feitas de maneira lenta, sem precipitações.

O Facebook já admitiu que não lançará a Libra na Índia, líder mundial em remessas internacionais e, consequentemente, um dos principais mercados a ser explorados pela empresa. Mesmo a China, onde o Facebook não está presente, externou questões sobre o impacto de uma moeda global apoiada pela empresa. Até mesmo Chris Hughes, um dos cofundadores do Facebook, disse que a Libra poderá enfraquecer estados nacionais. Por conta de tantos opositores, já se espera que a criptomoeda da rede social não seja lançada em 2020, prazo prometido no anúncio.

[Engadget, South China Morning Post]

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Facebook agora mostra onde os anunciantes obtêm seus dados

Posted: 12 Jul 2019 12:06 PM PDT

A próxima vez que você vir anúncios no Facebook para, digamos, pílulas para disfunção erétil ou congelamento de óvulos, você poderá verificar por que você foi alvo dessas marcas e onde as empresas coletaram seus dados.

Na quinta-feira (11), o Facebook anunciou que está atualizando suas preferências de anúncio e as ferramentas "Por que estou vendo este anúncio?", que foram introduzidas pela primeira vez há quatro anos. As alterações ajudarão os usuários a encontrar mais informações sobre por que estão vendo os anúncios que a plataforma oferece a eles. Esse é o esforço mais recente da empresa para fornecer alguma transparência depois que o escândalo de coleta de dados da Cambridge Analytica no ano passado revelou ao público como o Facebook tem sido imprudente com os dados privados dos usuários.

Para ver por que uma marca quer que você veja um anúncio, basta clicar no ícone de reticências no canto superior direito de um anúncio e clicar em “Por que estou vendo este anúncio?” para saber como você se encaixa no perfil que a empresa está segmentando.

Conforme o Facebook afirma em seu post sobre os novos recursos, no passado, essa ferramenta mostrava apenas um ou dois motivos pelos quais um usuário era segmentado – por exemplo, se ele pertencia a determinado grupo demográfico ou visitou um site relevante. Mas o Facebook alega que agora os usuários podem ver mais detalhes, como o site específico que visitaram ou a página do Facebook que curtiram. A ferramenta também direciona os usuários para uma página na qual eles podem gerenciar suas preferências de anúncios.

Mas talvez um dos recursos mais interessantes entre as novidades anunciadas esteja na ferramenta de Preferências de Anúncios, em que os usuários agora podem ver quais intermediários de dados de terceiros compartilham listas que contêm suas informações pessoais.

Para verificar isso, os usuários podem clicar em “Anunciantes e Empresas” na página Preferências de Anúncios, e então visualizar uma lista de “quem carregou e compartilhou uma lista com suas informações” nos últimos três meses e “quem carregou uma lista com suas informações e fizeram anúncios para ela” na última semana.

Eu verifiquei essas informações fornecidas em minha conta e reconheci apenas alguns dos muitos intermediários de dados de terceiros que compartilharam minhas informações. Muitos deles eram empresas de marketing. No caso de uma das empresas, eu não consegui encontrar nenhuma informação sobre elas depois de pesquisar no Google, o que é meio assustador.

Embora esses recursos ofereçam aos usuários um pouco mais de controle e consciência de como seus dados estão sendo compartilhados, isso provavelmente não vai mudar muito a experiência do usuário. Mas verificar as informações é um bom lembrete de por que excluir sua conta do Facebook pode ser uma boa ideia.

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Homem perde a visão após tomar banho com lentes de contato

Posted: 12 Jul 2019 10:54 AM PDT

A história agonizante de um repórter do Reino Unido sobre como ele perdeu a visão do seu olho direito certamente aterrorizará qualquer um que tenha negligenciado a higiene de suas lentes de contato. Ele contraiu uma infecção parasitária rara, provavelmente como resultado de ter tomado banho com as lentes. O terrível erro exigiu mais de 18 meses de tratamento intensivo, e há uma chance de ele nunca mais conseguir enxergar pelo seu olho direito novamente.

Nick Humphreys, um repórter de 29 anos de idade do jornal local Shropshire Star, contou sua história em uma coluna nesta semana. De acordo com Humphreys, o problema começou em janeiro de 2018. Seu olho direito, que estava visivelmente seco por uma semana, tornou-se incrivelmente sensível à luz e causava muita dor. Depois que os colírios, utilizados sem receita médica, não surtiram efeito, ele consultou um oftalmologista, quando uma úlcera foi descoberta. Uma visita ao hospital posteriormente revelou a causa de seus sintomas: uma infecção da córnea causada por um protozoário chamado Acanthamoeba.

“Escondendo-se em nossa água e no solo, ele é um parasita que pode destruir seu olho e deixá-lo cego”, escreveu Humphreys.

Seu tratamento com colírio desinfetante correu bem inicialmente, mas em março de 2018, ele perdeu completamente a visão em seu olho direito; a infecção havia retornado. Ele passou os seis meses seguintes com uma dor agonizante, mal conseguindo sair de casa ou até mesmo ler. Ele passou por um tratamento demorado que incluía o uso de colírio de hora em hora. Com o agravamento de sua condição, Humphreys acabou recebendo uma cirurgia experimental em que camadas do olho foram retiradas para que os médicos pudessem expô-lo a uma grande dose de vitaminas e radiação ultravioleta (o procedimento, chamado cross-linking, surgiu como último recurso para os casos de ceratite por Acanthamoeba que não responderam à medicação nos últimos anos).

Felizmente, a cirurgia parecia ter surtido efeito no tratamento da infecção. Mas Humphreys ainda precisou de outra cirurgia meses depois para reparar e curar as complicações de seu extenso tratamento médico. Agora, 18 meses depois, ele tem um transplante de córnea completo agendado para agosto (junto com uma cirurgia de catarata) que deve restaurar pelo menos parte da visão do olho direito.

“É crucial que as pessoas saibam que isso é uma realidade e pode acontecer por causa de algo tão simples quanto tomar banho”.

Para aqueles que usam lentes de contato, vale a pena observar que a ceratite por Acanthamoeba é rara. Nossos olhos não são tipicamente um local que a ameba gosta de chamar de lar. Mas parece estar se tornando mais comum em algumas áreas do mundo, como o Reino Unido. Quando uma pessoa usa lentes de contato, isso as torna suscetíveis a infecções por esse organismo, porque as lentes podem transferir os germes da água contaminada ou do solo diretamente para os olhos, além de prendê-los lá.

A Acanthamoeba é abundantemente encontrada na água e no solo, portanto não há uma maneira infalível de dizer como Humphreys pode ter contraído a infecção. Mas a esmagadora maioria de suas vítimas são usuários de lentes de contato – cerca de 85% , de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Os principais fatores de risco conhecidos para esse grupo incluem tomar banho ou nadar com lentes, lavar as lentes com água da torneira ou manuseá-las incorretamente ao colocá-las nos olhos ou armazená-las durante a noite. Lentes que são deixadas por períodos de tempo muito longos também podem fornecer mais oportunidades para infecção.

Humphreys esperava que o compartilhamento de sua experiência pudesse servir como uma advertência para os outros.

"Eu posso honestamente dizer que se eu tivesse a menor ideia de que havia uma possibilidade remota disso acontecer, eu nunca teria usado lentes de contato em primeiro lugar. É crucial que as pessoas saibam que isso é uma realidade e pode acontecer por causa de algo tão simples como tomar banho", escreveu ele.

Ele também está pressionando os fabricantes de lentes de contato a incluir etiquetas de aviso mais explícitas em seus produtos.

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Sonda japonesa Hayabusa2 coleta material que estava debaixo da superfície do asteroide Ryugu

Posted: 12 Jul 2019 08:57 AM PDT

A sonda japonesa Hayabusa2 pode ter se tornado a primeira da história a coletar material que estava debaixo da superfície de um asteroide — uma missão que poderia gerar novos insights importantes sobre os primeiros estágios do nosso sistema solar. A tentativa, por si só, é uma conquista empolgante, mas não saberemos com certeza se a sonda obteve sucesso até que ela retorne à Terra no ano que vem.

“A partir dos dados enviados da Hayabusa2, foi confirmado que a sequência de aterrissagem, incluindo a descarga de um projétil para coletar amostras, foi concluída com sucesso”, anunciou a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) em um comunicado divulgado.

A sonda realizou seu breve pouso às 10h06 da manhã da quinta-feira (11) no Japão e está funcionando normalmente, de acordo com a JAXA.

Esta é a segunda vez que a Hayabusa2 visita a superfície do Ryugu, um asteroide de 870 metros de largura localizado a 300 milhões de quilômetros da Terra. A primeira aterrissagem aconteceu em fevereiro passado, durante o qual a sonda disparou um projétil sobre a superfície de Ryugu, levantando material da superfície para coletá-lo.

Esta segunda visita é notável pois a Hayabusa2 tentou coletar material da subsuperfície, o que nunca havia sido feito antes. Em abril, a sonda disparou uma bala de cobre chamada "impactor" na superfície de Ryugu. Ela produziu uma cratera artificial cercada por material subterrâneo.

Esse material é precioso para os cientistas, pois está protegida dos efeitos do clima espacial, incluindo os efeitos dos raios cósmicos e das partículas carregadas que saem do sol. Estas amostras podem lançar uma nova luz sobre as origens do sistema solar e como ele era há bilhões de anos.

Imagem preto e branco mostra uma estrutura mecânica pousando em um chão rochosoO exato momento em que a Hayabusa2 tocou o Ryugu. Imagem: JAXA

Esta segunda operação para visitar a superfície do asteroide começou em 9 de julho. A lenta jornada da Hayabusa2 até a superfície só se iniciou mesmo em 10 de julho. Ao alcançar uma distância de 30 metros, a sonda localizou um marcador que ela havia depositado anteriormente e ajustou adequadamente sua trajetória de modo autônomo. A sonda fez um breve pouso em um local chamado de região C01-Cb, que fica a cerca de 20 metros da cratera artificial.

O contato durou apenas alguns segundos, durante os quais a sonda disparou um pequeno projétil sobre a superfície. Isso produziu um campo de detritos flutuantes que caíram em seu tubo de coleta — pelo menos, é o que a gente espera que tenha acontecido. A Hayabusa2, então, voltou a uma distância segura, onde continuará a monitorar o asteroide e o local de amostragem.

Essa missão era potencialmente arriscada, já que a Hayabusa2 já havia tentado coletar amostras de superfície, e a falha nesse caso poderia ter desativado a espaçonave, impedindo que ela trouxesse sua valiosa carga de volta à Terra. Felizmente, esse não parece ser o caso — os controladores de missão disseram que o pouso foi “perfeito“.

“Foi um sucesso, um grande sucesso”, disse Takashi Kubota, membro da equipe Hayabusa2, em uma coletiva de imprensa realizada hoje, conforme relatado pela New Scientist. “Obtivemos sucesso em todos os procedimentos agendados.”

Esta missão foi a última grande operação a ser realizada pela Hayabusa2, tirando, é claro, sua jornada de volta à Terra. A sonda deve retornar no final do ano que vem com suas amostras.

Curiosamente, a AFP relata que as caixas de amostra serão depositadas na atmosfera da Terra para reentrada, mas a sonda em si permanecerá no espaço. Consequentemente, a JAXA está considerando uma missão estendida, na qual a Hayabusa2 poderia ser enviada para visitar outro asteroide.

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Huawei diz que pouca coisa mudou apesar de Trump prometer flexibilizar as restrições à empresa

Posted: 12 Jul 2019 08:05 AM PDT

A Huawei diz que seu relacionamento com os EUA é basicamente o mesmo de alguns meses atrás, apesar da promessa do presidente Donald Trump de aliviar as restrições que atualmente impedem as empresas americanas de fazer negócios com a gigante de tecnologia chinesa.

“Até agora não vimos nenhuma mudança tangível”, disse o presidente da Huawei, Liang Hua, em uma coletiva de imprensa em Shenzhen, na China, que deveria ser sobre sustentabilidade ambiental. O executivo da Huawei disse que o tratamento norte-americano à empresa era “injusto”.

A Huawei foi colocada na chamada Lista de Entidades do Departamento de Comércio dos EUA em maio, que proíbe os fornecedores de tecnologia norte-americanos de enviar componentes eletrônicos para a empresa, mas o presidente Donald Trump sinalizou no mês passado que iria flexibilizar as restrições sobre a empresa global de tecnologia que entraram em vigor devido a preocupações com segurança nacional.

“Não estamos dizendo que só porque as coisas foram flexibilizadas um pouco não nos importamos em estar na Lista de Entidades”, disse Liang, de acordo com uma tradução em inglês da Associated Press. “Na verdade, acreditamos que nossa listagem deve ser suspensa completamente”.

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, discursou na terça-feira (9) em Washington D.C. para esclarecer a posição do regime Trump: a Huawei continuaria na Lista de Entidades e os EUA simplificariam os esforços para fornecer qualquer isenção solicitada pelas empresas norte-americanas. As declarações de Ross não pareciam muito esclarecedoras.

“Para implementar a diretriz presidencial do G20, há duas semanas, [o Departamento de] Comércio emitirá licenças quando não houver ameaças à segurança nacional dos EUA”, disse Ross. Frustrantemente, ele não definiu o que constitui uma ameaça à segurança nacional dos EUA, deixando muitas pessoas ainda mais confusas.

E como se isso não fosse confuso o suficiente, o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse nesta semana que a remoção de algumas restrições seria apenas temporária.

“Estamos flexibilizando por um período de tempo limitado”, disse Kudlow em um evento organizado pela rede de notícias CNBC, onde o assessor da Casa Branca costumava trabalhar. “Então, isso é importante e, eu acho, oferece um certo alívio para a Huawei”.

A China criou sua própria lista de "Entidades não Confiáveis", que inclui companhias estrangeiras supostamente perigosas, mas ainda não divulgou informações sobre quais empresas norte-americanas podem ser incluídas.

Uma das maiores questões que permanece é o que acontece com o uso do sistema operacional Android, do Google, na esteira da guerra comercial entre EUA e China. A interpretação inicial da comunidade de tecnologia norte-americana era que o Google teria que parar imediatamente de fornecer suporte técnico à Huawei para a versão oficial de seu sistema operacional Android, mas o governo dos EUA recuou e disse que o Google tinha 90 dias para fazer a transição antes que os laços fossem cortados. Agora ninguém sabe realmente o que vai acontecer, mas, enquanto isso, a Huawei está trabalhando em seu próprio sistema operacional, que afirma ser 60% mais rápido.

A Huawei cancelou recentemente o lançamento do seu mais recente laptop MateBook, citando as restrições comerciais dos EUA. E embora os laptops sejam apenas uma pequena parte do fluxo de receita da Huawei, há sinais de que seus negócios podem ser prejudicados substancialmente nos próximos anos. O fundador e CEO da Huawei, Ren Zhengfei, disse recentemente que as vendas de celulares da Huawei no exterior, por exemplo, podem cair 40% nos próximos dois anos, custando à empresa até US$ 30 bilhões.

Apesar das declarações do presidente Trump, nada iria realmente mudar drasticamente para a Huawei, apesar do que ele disse na cúpula do G20, no Japão, no mês passado, já que o presidente sempre diz o que vem à cabeça sem consultar especialistas ou seus próprios assessores. A Huawei está claramente frustrada com a nuvem de inconsistência que paira sobre a Casa Branca.

Bem-vinda ao clube, Huawei. O povo americano está tão confuso quanto vocês, assim como qualquer um que assistiu ao social media summit da Casa Branca na quinta-feira (11). Como o acadêmico e especialista em tecnologia norte-americano Nicholas Negroponte disse recentemente, "claramente [a proibição da Huawei] não tem a ver com segurança nacional. Não negociamos segurança nacional". Mas, talvez, sim. A resposta a essa pergunta parece mudar a cada hora de acordo com os caprichos do presidente.

Pelo menos, Trump não ordenou ataques aéreos às instalações da Huawei apenas para eliminá-los no último minuto e mostrar que ele é um grande sujeito, como fez recentemente no Irã. Bem, ele não fez isso ainda. Na era Trump, ninguém sabe o que esperar de uma hora para outra.

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Dropbox Transfer: novo serviço permite enviar arquivos de até 100 GB

Posted: 12 Jul 2019 06:40 AM PDT

Transferir arquivos pequenos é moleza: dá para anexar em um e-mail, hospedar num serviço na nuvem como Google Drive, iCloud ou Dropbox ou até enviar via WhatsApp. O problema é quando você precisa passar uns arquivos gigantes para outras pessoas – passou de algumas dezenas de mega e a coisa fica complicada. O Dropbox anunciou, nesta quinta-feira (11), a versão beta do Transfer, sua solução para arquivos grandes.

O meu serviço padrão para quando preciso enviar arquivos grandes é o WeTransfer: limite de 2 GB e arquivos deletados em sete dias. A solução do Dropbox Trasfer é similar, mas não exatamente parecida. Nesta fase de testes, o serviço permitirá o envio de arquivos que somem até 100 GB.

O upload poderá ser feito por uma plataforma, mas se os itens já estiverem na sua nuvem do Dropbox, não é preciso esperar o envio. O serviço destaca que uma das vantagens dessa solução é que, em vez de compartilhar o seu arquivo da nuvem, os usuários recebem uma cópia dele – já aconteceu de alguém apagar algo seu por engano? Pois é.

Quem for baixar não precisa de uma conta do Dropbox, inclusive. Há ferramentas para controlar quem pode baixar seu conteúdo: você pode incluir uma senha e modificá-la a hora que quiser, além de ter a possibilidade de criar uma data de validade para os seus arquivos. Há, por fim, notificações para quando o item for baixado.

Outras firulas do Dropbox Transfer incluem uma página de download que pode ser personalizada, trocando o plano de fundo por imagens padrão ou por uma arte própria.

É um serviço promissor, mas que deve custar caro quando sair do beta. Apesar de afirmar que é possível enviar arquivos de até 100 GB, é importante notar que serviços similares cobram para transferências tão grandes. Além disso, o Dropbox é um dos mais mesquinhos quando se trata de armazenamento na nuvem: o serviço oferece 2 GB gratuitos, enquanto o Google Drive oferece 15 GB, o iCloud 5 GB e o Microsoft OneDrive 5 GB.

Ainda não há data para a versão pública do Dropbox Transfer, muito menos detalhes sobre suas funcionalidades pagas ou gratuitas. Para testá-lo, é preciso se cadastrar para o beta.

Como se cadastrar no Dropbox Transfer

Se você estiver a fim de testar o serviço, basta seguir os passos:

  • Entre no site do Dropbox Transfer
  • Clique em “Registre-se”‘
  • Entre com sua conta do Dropbox ou crie uma;
  • Clique em “Entrar na lista de espera”;
  • Uma notificação aparecerá no rodapé da tela dizendo que você foi adicionado à lista de espera;
  • Em algum momento você deve receber um e-mail (no endereço de sua conta do Dropbox) com um convite e as instruções para completar o registro.

Alternativas

O pessoal do Lifehacker destacou alguns serviços similares ao Dropbox Transfer e fez uma rápida comparação entre eles. Destaco alguns deles:

  • WeTransfer: Limite de 2 GB e os arquivos expiram em 7 dias;
  • Send Anywhere: Envios de até 10 GB grátis;
  • Filehosting.org: Sem limite de tamanho, mas os arquivos expiram em 20 dias e as velocidade de download são limitadas;
  • Firefox Send: até 1 GB que podem ser expandidos para 2,5 GB com uma conta Firefox. Menção honrosa, já que o Lifehacker esqueceu dele.

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Inteligência artificial derrota melhores jogadores profissionais de pôquer do mundo

Posted: 12 Jul 2019 05:54 AM PDT

Cientistas da computação desenvolveram um robô que joga cartas, chamado Pluribus, capaz de derrotar alguns dos melhores jogadores do mundo em um jogo de pôquer Texas Hold'em com seis jogadores e sem limites, o que é considerado um avanço importante na área de inteligência artificial.

Há dois anos, uma equipe de pesquisadores da Carnegie Mellon University desenvolveu um sistema similar, chamado Libratus, que derrotava repetidamente os melhores jogadores do mundo no pôquer Texas Hold'em, de apenas dois jogadores (o robô e um humano) Heads Up, sem limites. Os criadores do Libratus, Tuomas Sandholm e Noam Brown, agora aumentaram suas apostas, revelando um novo sistema capaz de jogar a versão popular do jogo com seis pessoas.

Em uma série de competições, Pluribus derrotou seus oponentes humanos profissionais em um nível que os pesquisadores descrevem como "sobre-humano". Quando as partidas envolviam dinheiro real, Pluribus conseguiu ganhar uma média de US$ 1 mil por hora. Detalhes dessa conquista foram publicados nessa quinta-feira (11) na Science.

Nas últimas décadas, pesquisadores de inteligência artificial foram bem-sucedidos em desenvolver máquinas capazes de participar de jogos de informação perfeita, de dois jogadores, de soma zero. Ou seja, jogos envolvendo disputas um a um em que ambos os jogadores têm conhecimento total do que está acontecendo no jogo (por exemplo, jogadores de xadrez podem ver todas as peças no tabuleiro), e em que há um ganhador e um perdedor. O pôquer, por outro lado, é um jogo de informações incompletas, em que os jogadores não conseguem ter certeza de que cartas seu oponente tem em mãos e quais ainda estão no deck. Outros elementos, como apostas e blefes, tornam o jogo mais complexo e imprevisível. Adicione múltiplos jogadores e a complexidade aumenta ainda mais.

Para os pesquisadores de IA, o pôquer apresenta um modelo melhor do mundo real. Raramente as situações da vida real envolvem apenas um ganhador e um perdedor, ou cenários em que as informações estão inteiramente disponíveis. Ao aprimorar a habilidade de uma inteligência artificial para que ela possa lidar com informações ocultas em cenários com múltiplos participantes, cientistas da computação estão expandindo drasticamente as áreas em que a IA pode ser utilizada.

"Embora o meu foco não seja nenhuma aplicação em particular, eu realmente acho que essa pesquisa pode ser aplicada a uma ampla variedade de cenários, como cibersegurança, detecção de fraudes, combate a comportamentos adversos, e até mesmo fazer um carro autônomo navegar pelo tráfego", Brown declarou ao Gizmodo.

Para o novo estudo, Brown e Sandholm submeteram Pluribus a dois testes desafiadores. O primeiro deles colocou o robô contra 13 jogadores profissionais diferentes – sendo que todos eles haviam ganhado mais de US$ 1 milhão em jogos de pôquer – na versão com seis jogadores. O segundo teste envolveu partidas com duas lendas do pôquer, Darren Elia e Chris "Jesus" Ferguson, sendo cada um desafiado por cinco cópias idênticas do Pluribus.

As partidas com cinco humanos e o Pluribus envolveram 10 mil mãos jogadas durante 12 dias. Como incentivo aos jogadores humanos, um total de US$ 50 mil foi distribuído entre os participantes, incluindo Pluribus. As partidas eram cegas, nenhum dos jogadores sabia contra quem estava competindo, embora cada um tivesse um apelido utilizado durante os jogos. Para os testes envolvendo um humano e cinco Pluribuses, cada jogador recebeu US$ 2 mil por participar e um bônus de US$ 2 mil por jogar melhor do que seu oponente humano. Ambos Elia e Ferguson jogaram 5 mil mãos separadas contra seus rivais robôs.

Em todos os cenários, Pluribus ganhou com "significância estatística" e em um nível descrito pelos pesquisadores como "sobre-humano".

"Nós dizemos sobre-humano no sentido de que ele tem uma performance melhor que os melhores humanos", disse Brown, que está completando seu doutorado como cientista de pesquisa no Facebook AI. "O robô ganhou por cerca de cinco big blinds (a aposta grande das duas apostas obrigatórias no início da partida) a cada 100 mãos de pôquer (bb/100) ao jogar contra cinco profissionais de elite humanos, uma taxa de vitória muito alta. Derrotar profissionais de elite com uma margem dessas é considerado algo impressionante. É um pouco difícil qualificar isso de uma maneira [simples]…mas uma forma de entender isso é que se o robô estivesse apostando dinheiro real, ele teria ganhado cerca de US$ 1 mil por hora”.

E isso seria ao jogar contra alguns dos melhores jogadores de pôquer do mundo. Conceder o status de sobre-humano ao Pluribus certamente parece algo justificável, e Roman Yampolskiy, um cientista da computação da Universidade de Louisville, que não participou do estudo, concorda.

Para Yampolskiy, a conquista foi significativa porque, "ao contrário do xadrez ou Go, o jogo de pôquer tem informações ocultas e o elemento sorte, o que significa que você não pode simplesmente superar a inteligência humana com computação, mas vencer suas artimanhas", afirmou ele. "Pôquer, em particular, tem sido um campo de testes de inteligência artificial e mostrar tal nível de domínio em uma versão irrestrita do pôquer com tantos jogadores tem sido um santo graal de pesquisa desde o início da IA".

Para criar um sistema capaz de jogar proficientemente o pôquer Texas Hold’em de seis jogadores sem limites, Brown e Sandholm empregaram uma grande variedade de estratégias, incluindo novos algoritmos desenvolvidos pela própria dupla.

Antes do início da competição, o Pluribus desenvolveu sua própria estratégia, jogando pôquer sozinho por oito dias consecutivos.

"O Pluribus não usa dados de jogabilidade humanos para criar sua estratégia", explicou Brown. "Em vez disso, o Pluribus primeiro usa o self-play, no qual joga contra si mesmo com trilhões de mãos para formular uma estratégia básica. Ele começa jogando de forma completamente aleatória. Quanto mais mãos ele joga contra si mesmo, sua estratégia melhora gradualmente à medida que aprende quais ações levam a ganhar mais dinheiro. Tudo isso é feito offline antes mesmo de jogar contra humanos".

Uma vez que o Pluribus estava armado com suas estratégias planejadas, as competições poderiam começar. Depois que as primeiras apostas foram feitas, o Pluribus calculou vários possíveis próximos movimentos para cada oponente, de uma maneira similar a como as máquinas jogam xadrez e Go. A diferença aqui, no entanto, é que Pluribus não foi encarregado de calcular o jogo inteiro, já que isso seria “computacionalmente proibitivo”, como observado pelos pesquisadores.

"No Pluribus, usamos uma nova maneira de fazer um estudo que não necessita prever até o final do jogo", disse Brown. "Em vez disso, é possível parar depois de alguns movimentos. Isso torna o algoritmo de busca muito mais escalável. Em particular, nos permite alcançar um desempenho sobre-humano enquanto treinamos apenas pelo equivalente a menos de US$ 150 em um serviço de computação em nuvem, e jogando em tempo real com apenas dois processadores".

Mesmo com uma estratégia limitada de antecipação, o Pluribus ainda foi capaz de dominar seus oponentes humanos.

É importante ressaltar que o Pluribus também foi programado para ser imprevisível – um aspecto fundamental de um bom jogo de pôquer. Se o Pluribus consistentemente apostasse muito dinheiro quando descobrisse que tinha a melhor mão, por exemplo, seus oponentes acabariam vencendo. Para remediar isso, o sistema foi programado para jogar de forma "equilibrada", empregando um conjunto de estratégias, como o blefe, que impedia que os oponentes de Pluribus identificassem suas tendências e hábitos.

Algumas das estratégias usadas pelo Pluribus surpreenderam os pesquisadores, incluindo uma estratégia pouco ortodoxa conhecida como "donk betting", que acontece quando um jogador iguala a aposta, mas depois inicia a próxima rodada com uma aposta. Os jogadores de pôquer consideram um movimento fraco com pouco sentido estratégico.

"A sabedoria convencional é que se você vai chamar [igualar a aposta] e depois apostar [durante a próxima rodada], então você também pode aumentar, porque isso lhe dá mais oportunidades de colocar mais dinheiro em jogo", explicou Brown. "Donk betting é algo que os jogadores fracos tendem a fazer, embora os profissionais de elite reconheçam que isso poderia, em tese, ser uma boa jogada se feita corretamente nas situações certas. No entanto, executá-la corretamente, sem revelar fraquezas exploráveis, costuma ser algo muito complicado para os humanos, mesmo para os profissionais de elite, de modo que a maioria raramente o faz. O Pluribus descobriu como fazer um donk bet de formas muito mais eficazes de modo que não possa ser facilmente explorado".

Além disso, o Pluribus muitas vezes fez apostas muito maiores que os jogadores humanos normalmente evitam. Brown disse que isso colocou os oponentes de Pluribus em situações muito difíceis, o que permitiu que a máquina ganhasse muito mais dinheiro com boas mãos do que os humanos.

Chris Ferguson, campeão do WSOP (World Series of Poker): Pluribus é um adversário muito difícil de jogar. É muito difícil limitar seus movimentos em qualquer tipo de mão. Ele também é muito bom em fazer apostas "thin value" (aposta feita quando o jogador não tem uma mão forte, mas acredita que o oponente pode pagar com uma mão pior). Ele é muito bom em extrair valor de suas mãos boas. Então foi bem difícil jogar contra ele. Ele é realmente um adversário muito forte.

Darren Elias: Sua maior força é a capacidade de usar estratégias mistas. É a mesma coisa que os humanos tentam fazer. É uma questão de execução para os humanos – fazer isso de uma maneira perfeitamente aleatória e fazê-lo consistentemente. A maioria das pessoas simplesmente não consegue. O robô não estava apenas jogando contra alguns profissionais quaisquer. Estava jogando com os melhores do mundo".

Jason Les: Eu provavelmente tenho mais experiência competindo contra os melhores sistemas de IA do que qualquer outro profissional de pôquer no mundo. Eu conheço todos os pontos onde procurar fraquezas, todos os truques para tentar tirar vantagem das deficiências de um computador. Nessa competição, a IA jogou uma ótima estratégia de teoria dos jogos que você realmente só vê nos melhores profissionais humanos e, apesar de todos os meus esforços, eu não consegui encontrar uma maneira de explorá-la. Eu não gostaria de jogar um jogo de pôquer onde esse robô estivesse na mesa.

Jimmy Chou: Sempre que estou jogando contra o robô, sinto que pego algo novo para incorporar ao meu jogo. Como seres humanos, acho que tendemos a simplificar o jogo por nós mesmos, tornando as estratégias mais fáceis de serem adotadas e lembradas. O robô não pega nenhum desses atalhos e tem uma árvore de jogo imensamente complicada/balanceada para cada decisão.

Sean Ruane: Em um jogo que irá, na maioria das vezes, recompensá-lo quando você demonstrar disciplina mental, foco e consistência, e certamente puni-lo quando você não tiver nenhum dos três, competindo por horas a fio contra um robô de inteligência artificial que obviamente não precisa se preocupar com essas deficiências é uma tarefa cansativa. Os detalhes técnicos e os detalhes profundos da habilidade de pôquer da AI foram notáveis, mas o que eu subestimei foi sua força mais transparente – sua consistência implacável.

“Novamente, a IA conseguiu superar os humanos sem depender de dados de jogadas feitas por humanos”, disse Yampolskiy ao Gizmodo. “Isso significa que as máquinas podem aprender a resolver problemas complexos independentemente da supervisão humana”.

Yampolskiy não ficou surpreso com a performance bem-sucedida de Pluribus, embora ele gostaria de ter visto o Pluribus participar de jogos padrão de 10 jogadores, e sem ter que aceitar restrições de apostas (ao contrário de seus oponentes humanos, Pluribus não podia fazer apostas acima de US$ 10 mil).

O que surpreende Yampolskiy, no entanto, é que ainda existem alguns jogos em que os computadores não são sobre-humanos em termos de desempenho. Quanto às áreas em que esse tipo de IA poderia ser aplicada no futuro, Yampolskiy disse que técnicas semelhantes poderiam ser usadas para “superar o desempenho humano em negociações, comercializações e competições similares a jogos, como estratégias de guerra”.

Ele ainda acrescentou, talvez ameaçadoramente: “Essencialmente, qualquer habilidade que possa ser representada como uma situação de jogo pode ser dominada pela inteligência artificial sobre-humana”.

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Conexão automática de Wi-Fi ajudou polícia a identificar adolescentes que picharam escola

Posted: 12 Jul 2019 04:50 AM PDT

Quatro estudantes no estado de Maryland, nos EUA, foram acusados de crime de ódio por pichar sua escola com palavras e imagens racistas, homofóbicas e anti-semitas, poucos dias antes da formatura do ensino médio. O curioso da história é que eles foram identificados pelos administradores da escola, porque seus telefones se conectaram automaticamente à rede Wi-Fi da escola, segundo relatos.

Como parte de sua série explorando crimes de ódio, o Washington Post publicou nesta terça-feira (9) uma reportagem sobre vandalismo, que incluía detalhes específicos sobre quatro alunos da Glenelg High School — Joshua Shaffer, Seth Taylor, Matthew Lipp e Tyler Curtiss — que foram pegos.

Para se conectar ao Wi-Fi da escola, os alunos precisam fazer login em seus telefones com identificações únicas que continuam "conectados automaticamente sempre que estiverem no campus", de acordo com o Washington Post. O Howard County Times, um jornal local, relatou anteriormente que o Wi-Fi ajudou a identificar os alunos envolvidos.

Apesar de esconder seus rostos com camisetas para se protegerem das câmeras de segurança, os quatro adolescentes foram automaticamente registrados como estando no campus às 23h35 no dia 23 de maio de 2018, na noite em que os crimes ocorreram. Imagens de vigilância capturaram suásticas, insultos raciais e homofóbicas e outras imagens em toda a propriedade da escola.

Ao todo, o Washington Post informa que os adolescentes deixaram 100 marcas de pichação pelo campus, enquanto o Howard County Times contabilizou mais de 50 desenhos espalhados pela propriedade — número também citado pela Procuradoria do Condado de Howard.

Os adolescentes foram acusados por crime de ódio e sentenciados no começo do ano a liberdade condicional, realização de serviço comunitário e a passar fins de semana consecutivos na prisão, variando de nove a 18 semanas. De acordo com o Washington Post, os adolescentes só foram obrigados a cumprir parte de suas respectivas sentenças.

Todos os alunos supostamente picharam algum tipo de conteúdo de ódio, seja homofóbico, racista ou anti-semita. As pichações também tiveram como alvo o diretor de Glenelg, David Burton, que é negro, por meio de ofensa racial.

"Foram 50 atos separados de ódio, então teve pichações anti-semitas e racistas tendo o diretor Burton como alvo. Referências homofóbicas também foram feitas", disse o procurador Rich Gibson durante uma coletiva de imprensa em abril, segundo informa o Howard County Times. "Isto é um ato de violência que rasga a estrutura de nossa comunidade".

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Nebulosa do Caranguejo produz luz com energia mais alta já observada

Posted: 12 Jul 2019 04:18 AM PDT

Um telescópio no Tibete, composto por detectores de plástico e tanques de água subterrâneos, observou a luz de energia mais alta já vista até o momento – e veio de uma das fontes de luz mais famosas do céu.

Pela primeira vez, uma equipe de cientistas de 28 instituições da China, do Tibete e do Japão relatou ter medido fótons, partículas de radiação eletromagnética, com mais de 100 tera-elétron-volts (TeV) de energia, algo próximo à energia cinética de uma abelha em voo (o que é uma quantidade incrível, considerando que estamos falando de partículas de luz individuais!). A fonte, a Nebulosa do Caranguejo, é uma estrela de nêutrons em movimento giratório que continua a impressionar os astrofísicos com suas incríveis propriedades físicas. Descobertas como essa podem potencialmente abrir uma janela para os tipos de processos físicos de difícil acesso em laboratórios localizados na Terra.

O experimento que descobriu a luz usa uma ferramenta familiar de astronomia de alta energia: um conjunto de detectores de alta altitude. Ele consiste em duas partes e está localizado em Yangbajain, no Tibete, a mais de 4 km acima do nível do mar. No solo está a matriz do Tibet AS, com 597 detectores de plástico cobrindo uma área de 65.700 metros quadrados. Enterrado sob esses detectores está a matriz do Tibete MD, com 64 tanques cada, contendo cerca de 21.000 galões de água em estado líquido. As partículas viajam à velocidade da luz (ou quase à velocidade da luz) até atingirem os detectores, cujo material de detecção tem uma velocidade máxima mais lenta para a luz do que o vácuo ou o ar. Isso cria um pequeno flash semelhante a uma onda de choque, mas para a luz, que é detectável com o equipamento sensível à luz.

Após mais de três anos de observação, a equipe coletou dados suficientes e entendeu o potencial de ruído no detector bem o suficiente para determinar que eles estavam vendo muita luz de alta energia proveniente da Nebulosa do Caranguejo. Eles observaram 24 eventos que se pareciam com fótons e tinham energias superiores a 100 TeV, incluindo dois eventos potenciais com cerca de 450 TeV de energia, de acordo com o artigo aprovado para publicação na Physical Review Letters.

Como eles sabem de onde a luz veio? Os caminhos de partículas como elétrons, prótons e nêutrons dobram-se nos campos magnéticos da galáxia, por isso é difícil ter certeza de sua origem. Mas os fótons não mudam de direção nesses campos, então você pode apenas observar a direção de onde eles chegaram ao detector e rastreá-los até a fonte.

Estas não são as partículas de energia mais alta já descobertas – alguns outros detectores mediram prótons interestelares e núcleos atômicos com níveis de energia impressionantes. Mas esse seria um recorde de fótons.

A Nebulosa do Caranguejo é o remanescente de uma supernova registrada por astrônomos chineses no ano 1054, e é hoje uma nuvem de gás e poeira com uma estrela de nêutrons girando regularmente no centro, o Pulsar do Caranguejo, a cerca de 6.500 anos-luz de distância. Este objeto é amplamente estudado graças ao interesse em pulsares giratórios e seu comportamento e ao fato de ser um remanescente de supernova cuja fonte conhecemos. Agora, os pesquisadores confirmaram que também é uma fonte da luz de maior energia observada aqui na Terra. Eles explicam que esse processo é provavelmente originário da dispersão inversa de Compton, ou elétrons viajando quase à velocidade da luz perto do pulsar, interagindo e transferindo energia para os fótons, que então observamos na Terra.

Esta pesquisa continua a ajudar os cientistas a entender os processos que ocorrem em nosso universo. Talvez os pesquisadores um dia observem a primeira luz peta-elétron-volt.

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