terça-feira, 19 de novembro de 2019

Gizmodo Brasil

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Novos dados confirmam que o desmatamento da Amazônia aumentou muito no último ano

Posted: 18 Nov 2019 02:27 PM PST

Durante meses, o mundo assistiu horrorizado às queimadas da floresta amazônica debaixo dos olhos do presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro. Novos dados divulgados na segunda-feira agora dão mais contexto à devastação.

O ataque deste ano à Amazônia brasileira resultou nos piores números de desmatamento em uma década. Além disso, 2019 marca o terceiro maior salto no desmatamento em comparação com o mesmo período do ano anterior. As más notícias mostram que o mundo todo pode acabar sofrendo.

A história da crise na Amazônia começa em maio, quando apareceram os primeiros sinais da estação do fogo, que ainda estava por vir. Naquele mês, 738 quilômetros quadrados de floresta tropical foram devastados, sejam por derrubadas ou queimadas.

Nos quatro meses seguintes, a Amazônia viu as taxas de desmatamento do sistema Deter — usado para enviar alertas às equipes de fiscalização — aumentarem cada vez mais, à medida que agricultores e quadrilhas criminosas usavam incêndios para limpar a floresta tropical para grandes interesses do agronegócio.

O novo relatório do Observatório do Clima do Brasil mostra que, com base em dados de satélites do sistema Prodes — que tem resolução maior que o Deter e é usado para dar resultados mais precisos de desmatamento –, 9.762 quilômetros quadrados da floresta tropical foram perdidos durante esse período.

Isso equivale aproximadamente a sete vezes a área da cidade do Rio de Janeiro, ou a uma área do tamanho dos estados de Delaware e Rhode Island, nos EUA, combinados. A área desmatada deste ano é 29,5% maior do que a de 2018. Somente 1995 e 1998 viram saltos anuais maiores no desmatamento.

Apesar de as notícias não serem boas, há que se considerar que, mesmo que o aumento do desmatamento deste ano seja ruim, as taxas gerais nos anos 90 eram muito mais altas. Dito isto, não há como amenizar o quão terrível a situação pode ficar na Amazônia, não apenas para a floresta, mas para as pessoas que vivem lá.

Os interesses do agronegócio que impulsionaram o desmatamento querem essencialmente transformar a Amazônia em um grande pasto para vacas e plantações de grãos de soja. E, como já dissemos, o discurso de Bolsonaro incentiva essas práticas.

Em seus primeiros atos como presidente, ele transferiu a tarefa da demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura (decisão revertida pelo STF) e adotou uma abordagem negligente na aplicação das leis ambientais.

Quando confrontado com a realidade de que suas políticas haviam causado tamanha destruição, ele demitiu o chefe do órgão responsável pelos alertas de desmatamento e culpou as ONGs sem qualquer evidência. Mesmo mandando o exército para combater os incêndios após a repercussão negativa, sua política de exploração da Amazônia ainda é bem clara.

Em uma declaração à imprensa, o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, disse que os próximos anos de desmatamento poderiam ser piores se o governo Bolsonaro continuar avançando na legalização da apropriação de terras, desapropriando grupos indígenas de suas áreas e facilitando a obtenção de licenças pelas indústrias extrativas.

A Amazônia não é o tal “pulmão do mundo” — ela sequestra carbono da atmosfera, mas também libera gases com este elemento em seus processo de decomposição. Mesmo assim, o desmatamento representa uma grande perda de biodiversidade no planeta.

Além disso, a destruição da floresta pode mudar diretamente o clima no sul, sudeste e centro-oeste do Brasil — ela é responsável pelo fenômeno conhecido como “rios voadores”, que contribui para as chuvas nessa parte do País, evitando que essas regiões se tornem um deserto. O avanço da destruição da floresta pode, inclusive, dividi-la em duas partes, sendo uma delas “severamente fragmentada”.

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Samsung planeja terceirizar fabricação de smartphones na China para concorrer com Xiaomi e Huawei

Posted: 18 Nov 2019 01:12 PM PST

Em outubro, a Samsung fechou sua última fábrica na China, um mercado importante para a empresa, mas cada vez mais dominado por marcas locais como Xiaomi e Huawei. Para lidar com essa concorrência, a empresa sul-coreana decidiu apostar em terceirização e vai começar a mover parte significativa da produção de modelos Galaxy A para as chamadas ODMs (original design manufacturers), como a Wingtech.

As ODMs são responsáveis por fabricar celulares, criando o seu próprio design e, portanto, são detentoras dos direitos sob o aparelho que será vendido por outra marca. Já as OEMs (original equipment manufacturer) apenas fabricam produtos a partir do modelo fornecido pela empresa contratante. Ou seja, quando a Samsung quiser lançar um novo smartphone, ela pode pedir para uma ODM criar um modelo, inserir sua marca nele e, então, enviar para as OEMs produzirem em grandes quantidades.

Segundo relatos, essa estratégia da Samsung para cortar custos envolve a terceirização de um quinto da sua produção de smartphones para a Wingtech, que também é responsável por fabricar produtos para a Xiaomi e a Huawei. A Reuters diz que fontes familiarizadas com o assunto afirmam que a Samsung planeja enviar 60 milhões de aparelhos feitos por ODMs no próximo ano, o que equivaleria a 20% do inventário de smartphones da empresa.

Com a terceirização, a Wingtech poderia reduzir os custos com componentes em quase 30% para a Samsung. No entanto, corte de custos geralmente significa queda de qualidade também. A sul-coreana disse à Reuters que vai manter uma supervisão rigorosa da qualidade e design dos produtos, mas isso é mais um discurso para tranquilizar consumidores do que uma garantia. Os aparelhos da Wingtech seriam vendidos principalmente no sudeste asiático e na América do Sul.

A maior parte da produção de smartphones da Samsung já ocorre em locais como Vietnã e Índia, sendo que alguns de seus modelos, como o Galaxy A6S, são feitos por ODMs. A própria Apple adota essa estratégia e, conforme aponta o Android Authority, se isso funcionar para a Samsung também, a empresa poderá lançar uma maior quantidade de aparelhos com uma diversidade de preços.

Por outro lado, a Reuters observa que comprometer a qualidade dos smartphones pode ser uma decisão arriscada para a Samsung, principalmente se levarmos em conta o histórico da empresa. Em 2016, os problemas do Galaxy Note 7 que pegavam fogo foram alvo de piadas, enquanto que a euforia com os aparelhos dobráveis acabou morrendo com o lançamento decepcionante do Galaxy Fold, pois foram identificados defeitos na tela.

A Samsung já vem trabalhando com a Wingtech desde 2017 na fabricação de tablets e celulares, sendo que a ODM é responsável por 3% dos smartphones da marca sul-coreana. A expectativa é que esse número atinja 8%, o que equivaleria a 24 milhões de unidades, este ano, segundo o IHS Markit.

Enquanto a Samsung tenta inovar no mercado com smartphones caríssimos, Xiaomi e Huawei vêm ganhando popularidade com suas opções mais baratas e altas especificações. A decisão de ampliar a terceirização parece ser uma necessidade em vez de uma escolha deliberada. Kim Yong-serk, ex-executivo de mobile da Samsung e professor da Universidade Sungkyunkwan da Coréia do Sul, disse à Reuters que "os smartphones se tornaram uma batalha por custos. Agora é um jogo de sobrevivência".

[Reuters, Android Authority]

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EUA dão mais uma licença de 90 dias para Huawei fazer negócios com empresas americanas

Posted: 18 Nov 2019 11:14 AM PST

Logo da Huawei em um estande

As empresas americanas que têm negócios com a Huawei ganharão mais um tempo antes de  cortar laços com a companhia chinesa. De acordo com o Verge, documentos do Departamento de Comércio dos EUA registrados nesta segunda-feira (18) indicam que haverá mais uma prorrogação de 90 dias para a proibição de relações comerciais entre entidades do país norte-americano com a Huawei começar a valer.

Havia a expectativa de que o prazo fosse novamente adiado, mas por um período bem mais curto, de apenas 15 dias. Com a nova extensão, a decisão deve entrar em vigor no dia 16 de fevereiro de 2020 — se é que isso vai mesmo acontecer.

A decisão de proibir negócios com a Huawei foi tomada por uma ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, em 15 de maio de 2019. O país norte-americano alega que a empresa representa uma ameaça à segurança nacional, pois teria estreitos laços com o governo chinês e suas agências de inteligência, que usariam a tecnologia vendida pela Huawei para espionagem.

Depois da ordem administrativa, foi dado um prazo de 90 dias para as empresas americanas encerrarem seus negócios com a Huawei. Quando esse prazo terminou, secretário de comércio dos EUA, Wilbur Ross, adiou a validade da medida em mais 90 dias. Esse prazo deveria terminar nesta semana, mas foi novamente postergado.

Mesmo assim, a medida teve consequências para empresa. Seu mais recente smartphone, o Huawei Mate 30, não tem acesso a apps e serviços do Google. Mesmo assim, a empresa registrou um crescimento de 24% no mercado de smartphones, apesar de todas as restrições e incertezas.

Como lembra o Verge, essa nova prorrogação vem em um momento em que China e EUA estão em negociação para pôr fim à guerra comercial entre os países, que já dura mais de um ano.

Huawei, China e EUA

A Huawei está proibida de fazer negócios com empresas dos EUA desde maio, quando Trump assinou uma ordem executiva que incluiu a companhia chinesa na chamada Lista de Entidades do Departamento de Indústria e Segurança (BIS, na sigla em inglês).

Esse foi a atitude mais drástica depois de anos de tensões. A Huawei foi acusada de fornecer equipamentos não confiáveis de telecomunicações e, por isso, proibida de fazer negócios com agentes do governo norte-americano.

Além disso, a empresa foi processada pelos EUA por roubo de segredos comerciais, fraudes e obstrução de justiça. Ela processou de volta, alegando que a proibição de negócios era inconstitucional sem o devido processo legal.

Outro ponto marcante da tensão foi em dezembro de 2018, quando a diretora financeira da empresa, Meng Wanzhou, foi presa no Canadá a mando dos EUA, sob acusação de violar sanções econômicas contra o Irã. Ela aguarda um processo de extradição para os EUA. Meng Wanzhou é filha de Ren Zhengfei, fundador da Huawei.

Vale lembrar que China e EUA está em meio a uma guerra comercial desde 2018, com tarifas sobre importações sendo aplicadas. Mesmo com as alegações de segurança, Trump declarou que o futuro da proibição da Huawei está ligado aos acordos comerciais com o país asiático.

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Instagram está investigando app que permitia visualizar o conteúdo de contas privadas

Posted: 18 Nov 2019 10:44 AM PST

Logotipo do Instagram

O Instagram está tentando derrubar um aplicativo stalker capaz de violar as configurações de privacidade da plataforma.

O Ghosty foi lançado por um desenvolvedor na Turquia em abril, mas o aplicativo parece ter atraído a ira do Instagram nos últimos dias. A ferramenta promete a seus usuários acesso a contas do Instagram que foram definidas como privadas e normalmente seriam inacessíveis.

Como relata o Android Police, o Ghosty obtém acesso a todas as contas privadas de quem fizer o download e, posteriormente, fornece esse acesso aos usuários que ingressam em sua rede.

Quando alguém baixa o aplicativo, essa pessoa dá acesso a todas as contas que ela segue e é preciso convidar pelo menos uma pessoa para fazer o download do aplicativo (dando assim ao Ghosty acesso a todas as contas que a segunda pessoa segue). A cada novo download, o Ghosty aumenta a sua base de contas privadas as quais ele pode permitir que os usuários espionem. Portanto, o aplicativo não dá aos usuários acesso a todas as contas privadas – apenas as contas que são seguidas por outros usuários do Ghosty.

O Ghosty foi baixado mais de 500.000 vezes, o que significa que o app provavelmente teve acesso às contas privadas que todos esses usuários seguem. O aplicativo ainda força as pessoas a assistirem a anúncios ou a pagarem mais para ver mais contas ocultas.

Esse tipo de cultivo de crowdsourcing é super sombrio e um pesadelo de privacidade. E o Instagram está tentando acabar com isso. O Android Police informou pela primeira vez no sábado que o Instagram planejava agir contra o aplicativo.

O Instagram confirmou ao Gizmodo que está “investigando” o aplicativo. "Sim, este aplicativo viola nossos termos. Essa funcionalidade nunca esteve disponível por meio de nossa API", disse um porta-voz do Instagram ao Gizmodo, em comunicado. “Enviaremos uma carta de cessação e desistência para o Ghosty, ordenando que eles interrompam imediatamente suas atividades no Instagram, entre outras solicitações”.

O porta-voz citou os termos do Instagram que afirmam: “Você não pode tentar comprar, vender ou transferir qualquer aspecto da sua conta (incluindo seu nome de usuário) ou solicitar, coletar ou usar credenciais de login ou selos de outros usuários”.

A empresa de propriedade do Facebook também está “planejando uma aplicação adicional relacionada a esse desenvolvedor”.

O desenvolvedor do Ghosty, Gurkan Kesgin, não respondeu a uma solicitação de comentários do Gizmodo.

Na segunda-feira (18) de manhã, o aplicativo havia sido removido do Google Play, mas ainda está disponível para download na loja de aplicativos da Apple.

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Spotify ajuda a criar uma playlist para suas viagens longas

Posted: 18 Nov 2019 09:52 AM PST

Estamos nos aproximando do período de férias, o que significa que muita gente já está planejando suas viagens. Para aqueles que adoram pegar uma estrada, o Spotify está lançando o "Soundtrack your Ride", um novo recurso que cria automaticamente uma playlist para viagens longas. 

Primeiramente, para calcular a quantidade de músicas que essa playlist terá, você deve informar o ponto de partida e o destino para que a ferramenta trace a rota usando o Google Maps e identifique o tempo estimado da viagem. 

Em seguida, o usuário precisa responder algumas questões, como que tipo de carro você vai dirigir, com quem vai viajar e qual é a sua "drive vibe". Depois, a plataforma pergunta qual é o seu gênero musical preferido, e pede para você escolher uma canção de uma lista com seis opções: "Bohemian Rhapsody" do Queen, "A Thousand Miles" da Vanessa Carlton, "Ridin' Solo" do Jason Derulo, "Life is a Highway" do Rascal Flatts, "Body Like a Back Road" do Sam Hunt, ou "Sucker" do Jonas Brothers.

Soundtrack your ride - Spotify

Essa lista com apenas seis opções é a primeira limitação do novo recurso, principalmente porque não há nenhuma música em outro idioma além do inglês. Além disso, parece que ele foi pensado para as pessoas que gostam de se planejar antes, pois todos os passos mencionados anteriormente ocorrem no navegador. Segundo o The Verge, apesar de você ainda conseguir acessar o Soundtrack your Ride pelo navegador do celular, a experiência não é muito boa, sendo que algumas questões aparecem cortadas. Ou seja, se você decidir criar a playlist quando já estiver na estrada, vai ter algumas dificuldades. 

Outro ponto é que o mapa só consegue identificar trajetos restritos ao Estados Unidos, mas o usuário ainda pode informar manualmente o tempo de duração da viagem.

No geral, a ideia é interessante, considerando que o recurso também analisa seu histórico de atividades e, provavelmente, deve recomendar músicas que combinam com seu gosto musical, economizando o tempo que você gastaria criando uma playlist ou tentando decidir durante a viagem o que seus amigos querem ouvir durante seis horas de estrada. Ainda assim, alguns ajustes seriam muito bem-vindos.

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EUA consideram estender em duas semanas a licença da Huawei para cumprir contratos no país [atualizado]

Posted: 18 Nov 2019 08:11 AM PST

Prédio com logotipo da Huawei

Atualização: Documentos registrados pelo Departamento de Comércio dos EUA mostram que a Huawei deve receber uma prorrogação de mais 90 dias para continuar fazendo negócios com empresas americanas, período bem superior ao especulado anteriormente. Você pode ler abaixo o texto publicado originalmente.

A Huawei deve conseguir mais duas semanas para continuar trabalhando com determinadas empresas dos EUA. Fontes ligadas ao assunto disseram à Reuters que, na segunda-feira (18), o Pentágono emitirá uma publicação estendendo a licença geral temporária da companhia, embora esta seja menor que os 90 dias obtidos em agosto. Esta nova licença permitirá que a Huawei cumpra contratos antes de haver o banimento de exportação dos EUA.

Uma extensão maior aparentemente está no horizonte, mas, por enquanto, permanece no purgatório, segundo a reportagem da Reuters. No fundo, tudo isso é bom para a Huawei, pois parece que a companhia não sofreu tanto durante o período. Embora especuladores previamente tivessem predito que o banimento poderia afetar muito o crescimento da empresa, no mês passado a Huawei reportou um crescimento de receita de 24,4% nos últimos três trimestres do ano fiscal. Esta notícia parecia corroborar as alegações da companhia de que as sanções não afetariam seus negócios.

Tudo isso, sem dúvida, frustrou completamente as autoridades federais. Em maio, o Departamento de Comércio dos EUA adicionou a Huawei e 68 de suas afiliadas à chamada "lista de entidades" em meio a preocupações de segurança nacional em relação à percepção de estreita relação da empresa com Pequim e o exército da Libertação Popular.

Do lado da Huawei, a empresa nega essas alegações. Dada a crescente guerra comercial entre a China e os EUA, a companhia se defendeu das alegações do governo — e outras acusações relativas a supostos roubos e fraudes comerciais — dizendo que tudo isso é uma campanha de difamação destinada a prejudicar o principal fornecedor mundial de equipamentos de telecomunicações.

A lista de restrições do governo proíbe todas as vendas de tecnologia entre as empresas americanas e a Huawei, embora tenha sido feita uma exceção nos contratos existentes para reduzir possíveis interrupções para seus clientes, uma parte significativa dos quais opera em comunidades rurais americanas dependentes de suas redes 3G e 4G.

Independentemente dessa nova extensão, algumas dessas mesmas comunidades poderão em breve se despedir totalmente dessas redes. De acordo com um recente relatório do Wall Street Journal, a FCC (Federal Communications Commission) votará esta semana uma proposta para designar a Huawei e a ZTE (outra gigante chinesa) como ameaças à segurança nacional, interrompendo qualquer esforço dessas empresas para expandir sua infraestrutura existente. Outra medida que a FCC está atualmente considerando forçaria as empresas americanas a substituir qualquer equipamento da Huawei e ZTE já instalado.

A Huawei não respondeu imediatamente ao pedido de comentário do Gizmodo, e um porta-voz disse à Reuters que a empresa não comenta essa especulação.

[Reuters]

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Netflix irá alterar documentário sobre nazistas após pedido da Polônia

Posted: 18 Nov 2019 07:17 AM PST

John Demjanjuk, acusado de ser um guarda do campo de concentração nazista

A Netflix planeja revisar um documentário lançado recentemente depois que o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki pediu ao CEO da Netflix, Reed Hastings, para editar os mapas mostrados na série.

The Devil Next Door é um documentário sobre o julgamento de John Demjanjuk, um mecânico ucraniano-americano acusado de ser um guarda do campo de concentração nazista e conhecido como “Ivan, o Terrível”. A série apresenta mapas que foram mostrados em Israel e na cobertura americana do julgamento de Demjanjuk no final da década de 1980.

Neste domingo (17), Morawiecki publicou em sua conta do Facebook uma carta que enviou à Hasting acusando a companhia de “reescrever a história” com mapas que retratam os campos de concentração nazistas em território polonês durante a ocupação da região pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Morawiecki argumentou que, uma vez que os mapas não incluem explicações explícitas de que os campos eram controlados pela Alemanha, as imagens enganam “os espectadores a pensar que a Polônia era responsável pela criação e manutenção destes campos”.

Na Polônia, há um forte ressentimento público por sugerir que o país teve algum envolvimento no Holocausto. No ano passado, o Partido Lei e Justiça aprovou uma lei controversa que proibia quaisquer alegações de que a Polônia foi cúmplice em crimes de guerra cometidos por nazistas.

A invasão da Polônia pela Alemanha nazista, em setembro de 1939, marcou o início da Segunda Guerra Mundial. A União Soviética invadiu a região 16 dias depois. Durante a ocupação de 1939-45, cerca de 6 milhões de poloneses foram mortos, incluindo 3 milhões de judeus – 90% da população judaica do país.

Mapa do primeiro episódio do documentário da Netflix The Devil Next DoorMapa do primeiro episódio do documentário da Netflix “The Devil Next Door”. O primeiro-ministro da Polônia diz que o mapa, junto com outros quatro, não deixa claro que a Polônia estava sob ocupação nazista. Captura de Tela: Netflix

Na quinta-feira, a Netflix anunciou que planejava alterar as cenas de The Devil Next Door. Em um comunicado publicado na conta do Twitter da Netflix na Polônia, a empresa disse que apoiava os cineastas, mas que iria adicionar uma descrição a alguns mapas. “Isso vai tornar mais claro que o extermínio e campos de concentração na Polônia foram operados pelo regime nazista alemão”, diz a nota.

A Netflix não respondeu a um pedido de comentários do Gizmodo. O New York Times afirma que a Netflix não acredita que os mapas estejam incorretos. A Netflix fará as alterações em poucos dias, de acordo com a Variety.

Morawiecki respondeu às notícias em uma publicação no Facebook agradecendo à Netflix. “Os erros nem sempre são feitos por má vontade, por isso vale a pena falar construtivamente sobre a correção”, escreveu o primeiro-ministro.

Essa não é a primeira vez que a Netflix atende pedidos de governos. No mês passado, Hastings defendeu a decisão do serviço de streaming de retirar um episódio da série Patriot Act With Hasan Minhaj, que criticava Arábia Saudita e seus investimentos no Vale do Silício.

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Google Stadia ganha dez novos jogos para sua estreia

Posted: 18 Nov 2019 07:04 AM PST

Controle Google Stadia

O Google Stadia, serviço de streaming de videogame, está para ser lançado 19 de novembro, nos Estados Unidos. Inicialmente, a companhia prometeu que 12 games estariam disponíveis – um número relativamente baixo. De última hora, foram anunciados mais dez títulos, incluindo NBA 2K20, Final Fantasy XV e Rage 2 (confira a lista mais abaixo).

É importante notar que esses jogos não estão inclusos no valor da assinatura do Stadia – o que se paga é apenas o acesso à plataforma. Os games são comprados separadamente, como nos consoles tradicionais.

A plataforma de streaming de games do Google terá que enfrentar uma série de problemas, começando pelos requisitos. É preciso ter banda larga de 10 Mbps para jogar em 720p e 35 Mbps para aproveitar a melhor qualidade disponível, em 4K.

Mesmo para os Estados Unidos, são requisitos altos. Lá, apenas 1 em 5 pessoas tem 25 Mbps. Estima-se que 162,8 milhões de americanos não têm nem acesso à internet melhor que 25 Mbps.

No Brasil, a situação é semelhante. A média de velocidade de internet fixa no país é de 23 Mbps, segundo um levantamento da Ookla. Mesmo assim, o acesso à internet nesta modalidade de banda larga é concentrada em regiões metropolitanas.

Além disso, o Stadia será lançado com várias limitações. A função de se conectar com amigos não estará disponível no lançamento, nem o sistema de troféus, compartilhamento familiar e o Buddy Pass (que permitiria dar três meses grátis do Stadia para algum amigo).

Jogos anunciados anteriormente:

  • Assassin’s Creed Odyssey
  • Destiny 2: The Collection (free with Stadia Pro subscription)
  • Gylt
  • Just Dance 2020
  • Kine
  • Mortal Kombat 11
  • Rise of the Tomb Raider
  • Red Dead Redemption 2
  • Samurai Shodown (free with Stadia Pro subscription)
  • Shadow of the Tomb Raider
  • Thumper
  • Tomb Raider 2013

Jogos adicionados agora:

  • Attack on Titan: Final Battle 2
  • Farming Simulator 2019
  • Final Fantasy XV
  • Football Manager 2020
  • Grid 2019
  • Metro Exodus
  • NBA 2K20
  • Rage 2
  • Trials Rising
  • Wolfenstein: Youngblood

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Twitter detalha proibição de anúncios publicitários de cunho político

Posted: 18 Nov 2019 05:45 AM PST

Logo do Twitter (um ícone de passarinho azul) na fachada de um prédio, possivelmente a sede da empresa.

Na última sexta-feira (15), o Twitter revelou os detalhes finais de seus planos para restringir anúncios políticos na plataforma, afirmando que iria proibir a promoção paga de conteúdo político feito por candidatos e partidos políticos – esclarecendo que permitiria que outros grupos tocasse em assuntos políticos desde que sejam “baseados em causas”.

O Twitter não aceitará mais anúncios que promovam qualquer tipo de legislação, medida eleitoral, referendo ou regulamento. “Anúncios que contenham referências a conteúdo político, incluindo apelos a votos, solicitações de apoio financeiro e apoio a favor ou contra qualquer um dos tipos de conteúdo político listados acima, são proibidos sob esta política”, disse a empresa.

Tradução: Hoje, estamos compartilhando todos os detalhes da nova política de anúncios políticos do Twitter. Aconselho a ler todos os detalhes, mas queria compartilhar algumas das ideias que foram incorporadas na sua criação. Esta nova política entra em vigor no dia 22/11.

“A publicidade digital é incrivelmente eficaz. Devemos enfrentar o risco que ela traz quando se trata de impulsionar resultados políticos”, disse Vijaya Gadde, líder global do Twitter para legislação, políticas, confiança e segurança, em um tuíte.

A mudança de política acontece após semanas de debate controverso sobre o uso de plataformas de mídia social por políticos e, em particular, anúncios políticos que contêm desinformação.

No mês passado, o Facebook alterou seus termos de serviço, tornando mais fácil para os políticos promover mentiras em anúncios pagos. O Facebook defendeu a decisão dizendo que só está interessado em promover a liberdade de expressão, mas também dizendo que não tem nada a ver com as centenas de milhões de dólares que ganha com anúncios políticos ao redor do mundo. (Ao mesmo tempo, a empresa proibiu certos usos do que ela chama de emojis de frutas “sexualmente sugestivos”.)

A campanha de Trump, que gastou mais de US$ 22 milhões no Facebook no ano passado, utilizou o Facebook com frequência para espalhar informações falsas aos eleitores. Os anúncios de Trump afirmam, por exemplo, que os democratas querem uma “revogação da Segunda Emenda”, mesmo que nenhum legislador ou candidato tenha proposto isso.

O Facebook facilita a disseminação de informações falsas sobre o rival político de Trump, Joe Biden. Em um anúncio pago pela campanha de Trump, o Facebook ajudou a divulgar a alegação de que Biden havia prometido à Ucrânia um bilhão de dólares para demitir o procurador “que investiga a empresa de seu filho”.

O Politifact e o Factcheck.org checaram a alegação, dizendo que embora o filho de Biden, Hunter, fizesse parte da diretoria de uma empresa ucraniana, não há evidências de que o ex-vice-presidente tenha intervido em seu nome.

A proibição de anúncios políticos no Twitter tem sido amplamente aplaudida. Porém, algumas organizações de direitos civis perguntaram por que, se o Twitter pode proibir anúncios políticos, não proibirá os neonazistas e supremacistas brancos que usam a plataforma para espalhar conteúdo de ódio e ameaças?

“Os anúncios pagos são apenas um elemento da toxicidade nociva do Twitter: racismo, supremacia branca, discurso de ódio e conteúdo que incita à violência são comuns na plataforma”, disse Jessica J. González, cofundadora da coalizão Change the Terms. “Políticos, figuras públicas e líderes políticos regularmente usam o Twitter como arma e não precisam pagar por anúncios para fazer isso. Um tuíte de ódio pode tornar-se viral e incitar a violência real que ameaça vidas”.

González acrescentou que mais de 100 mil pessoas assinaram uma petição online pedindo ao Twitter que banisse supremacistas brancos. Enquanto eles forem bem-vindos a usar o Twitter “como um megafone para seu ódio tóxico”, ela disse, “a plataforma continuará a falhar em sua responsabilidade de proteger seus usuários, especialmente as minorias étnicas”.

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Programa de exercícios de astronautas pode ajudar a reduzir efeitos da quimioterapia

Posted: 18 Nov 2019 04:23 AM PST

Steve Swanson, astronauta da NASA, equipado com um arnês de elástico, faz exercícios na esteira T2, a bordo da Estação Espacial Internacional (Imagem: NASA)

Em um novo estudo publicado recentemente, pesquisadores estão sugerindo um novo argumento: pacientes com câncer submetidos a quimioterapia e astronautas no espaço sofrem problemas de saúde semelhantes — incluindo perda óssea e muscular — e, como tal, poderiam se beneficiar de regimes de treinamento semelhantes.

Jessica Scott, uma cientista sênior do NASA Johnson Space Center que tem estudado como viagens espaciais afetam o corpo humano, disse que a gênese do artigo ocorreu durante uma conferência acadêmica. Ela conheceu um colega que estudou o câncer e, quando começaram a conversar, perceberam a semelhança entre as experiências dos astronautas da NASA no espaço e os pacientes com câncer em quimioterapia.

"Tanto astronautas como pacientes com câncer estão expostos ao que chamamos de 'múltiplos hits'", disse Scott por e-mail.

Ambos os grupos, observou ela, podem ter fatores de risco de base que influenciam o quão bem eles respondem ao espaço ou ao tratamento do câncer, como pressão alta. E tanto o ambiente hostil dos espaço quanto a quimioterapia podem afetar direta e indiretamente o corpo da cabeça aos pés. Os astronautas não conseguem se levantar no espaço devido à microgravidade, por exemplo, enquanto o regime de tratamento de um paciente pode torná-lo fatigado e sedentário.

"Quando você reúne esses vários hits, quase todos os sistemas do corpo são impactados. Por exemplo, os astronautas experimentam algo chamado "nevoeiro espacial", que é semelhante ao que os pacientes com câncer chamam de 'cérebro da quimioterapia', e tanto os astronautas como os pacientes com câncer podem ter diminuições nos ossos, músculos e tamanho do coração".

No estudo, publicado no periódico Cell na última quinta-feira, a equipe de Scott também mostrou evidências ressaltando que os dois grupos passam pelo mesmo problema de respiração e bombeamento de sangue por todo o corpo, também conhecido como diminuição da aptidão cardiorrespiratória.

Por décadas, a NASA estudou meticulosamente como os rigores do espaço podem prejudicar o corpo (mesmo em nível genético). Como resultado, cientistas como Scott desenvolveram um programa de contramedidas para evitar esses efeitos — mais proeminentemente, um regime de exercícios para seus astronautas antes, durante e depois de uma missão. Mas, embora as terapias contra o câncer tenham se tornado mais eficazes e menos tóxicas ao longo do tempo, o exercício muitas vezes não faz parte do plano de tratamento recomendado. E muitos pacientes podem nem saber que o exercício seria útil para eles.

Scott e seus coautores não estão defendendo que todo paciente com câncer deva correr como um atleta de triatlo. Atualmente, recomenda-se que os enfermos que necessitem de tratamento a longo prazo, como o câncer, se exercitem de três a cinco dias por semana, de 20 minutos a uma hora, realizando atividades que aumentam a frequência cardíaca entre 55% e 75% do máximo normal.

Mas qualquer plano de exercícios para pacientes com câncer, como os astronautas da NASA, precisa ser personalizado, "assim como os pacientes recebem diferentes tipos, doses e horários de quimioterapia", disse Scott.

Não é só o "amor da NASA" pelo exercício que a equipe de Scott espera levar para o tratamento de câncer. Eles também acham que mais pesquisas precisam ser feitas para caracterizar os efeitos colaterais que a quimioterapia pode causar durante o curso de tratamento de uma pessoa, não apenas em um momento, como no final da terapia. Quanto mais informações tivermos sobre essas "toxicidades relacionadas à terapia", disse Scott, maior será a possibilidade de impedi-las de causar danos irreversíveis aos pacientes.

Poucos hábitos e práticas mudam na medicina sem muitas evidências. Para esse fim, Scott e os coautores já estão testando o que pregaram em seus ensaios clínicos em andamento com pacientes com câncer.

"Por exemplo, estamos usando determinadas avaliações idênticas às usadas em astronautas, como a avaliação da aptidão cardiorrespiratória. Também começamos a entregar esteiras nas casas dos pacientes e a conduzir sessões de exercícios supervisionados de nosso 'controle de missão' no Memorial Sloan Kettering Cancer em Manhattan por meio de videoconferência, assim como os astronautas a centenas de quilômetros acima da Terra recebem prescrições de exercícios", disse Scott.

Esta abordagem, acrescentou ela, também precisará ser comparada ao padrão atual de atendimento.

Se você quiser ter uma noção de como os astronautas se exercitam no espaço, este vídeo de 2016, em inglês, fala um pouco como é o processo:

E aqui como é correr no espaço:

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É possível ter uma overdose de maconha?

Posted: 18 Nov 2019 03:15 AM PST

Homem em formato de baseado sendo queimado

Nesse exato momento, escondido na quadra poliesportiva do ensino médio ou trancado em um quarto esfumaçado, um adolescente muito louco tem certeza de que vai morrer.

Eventualmente, o adolescente se acalmará e provavelmente agradecerá ao amigo por se recusar a chamar uma ambulância quando ele pediu.

Ficar insanamente malucão pela primeira vez – ou ficar mais doidão do que você já esteve antes, através de óleos, comestíveis ou qualquer outra coisa – pode ser uma experiência assustadora. Você se tranquiliza pensando: ninguém nunca teve uma overdose por fumar maconha. Mas espere. Você sabia disso? Não houve exceções? E é possível que você seja um deles

Freneticamente, você pega o smartphone e vai pro Google: "É possível ter uma overdose de maconha?’ – e é trazido aqui para o Giz Pergunta desta semana, no qual vários especialistas em psiquiatria, abuso de substâncias, política e toxicologia dão sua opinião sobre essa pergunta.

O veredicto, se você estiver louco demais para ler tudo: quase certamente vai ficar tudo bem.

Ryan Gregory Vandrey

Professor Associado de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Johns Hopkins Medicine, cuja pesquisa se concentra na farmacologia comportamental humana da Cannabis, entre outras coisas

A resposta curta é sim, você pode ter uma overdose de maconha. A questão é essa. Uma overdose não significa necessariamente morte. Na minha perspectiva, uma overdose significa várias coisas diferentes. Em um caso, significa que você toma uma dose maior do que pode tolerar ou do que pretendia e, como resultado, sofre efeitos adversos indesejados. Como existe uma variedade tão grande no conteúdo químico dos produtos de cannabis, por existirem tantas formulações e vias de administração diferentes você pode ter taxas diferenciais de absorção da substância, e porque a rotulagem do produto pode estar incorreta, não é incomum nem mesmo para usuários experientes de cannabis receberem uma dose muito grande e experimentarem náusea/vômito, paranóia, ansiedade, tontura, comprometimento cognitivo ou outros eventos adversos após o uso de cannabis que não seriam típicos ou esperados.

Outro exemplo de overdose são os efeitos adversos resultantes da contaminação do produto. No mundo dos opióides, quando alguém compra o que acha que é heroína, mas recebe fentanil e para de respirar depois de usar esse produto, chamamos isso de overdose. No mundo da cannabis, existem exemplos de pessoas que compram o que acham que é maconha ou um produto de cânhamo/CBD, e está contaminado com canabinóides sintéticos de alta potência, solventes residuais do processo de extração ou outros contaminantes que causam diretamente graves conseqüências à saúde. Eu chamo isso de overdose de cannabis.

O outro cenário é quando indivíduos com uma condição de saúde preexistente ou com uma composição genética incomum respondem atipicamente à cannabis e sofrem graves consequências adversas.

Existem casos em que indivíduos jovens e saudáveis, com poucos outros fatores de risco, experimentam eventos cardiovasculares sérios, como infarto do miocárdio, logo após o uso de cannabis, ou experimentam um episódio psicótico agudo após uma dose aguda de cannabis.

Essas reações não são comuns ou típicas à maconha, mas há um número crescente de relatos de casos em que parece que a maconha é a causa provável desses eventos em um subconjunto da população e, em alguns casos, o resultado é a morte do indivíduo. Eu sei que existe uma sabedoria popular muito bem aceita que "você não pode ter overdose de maconha", o que significa que o uso de maconha não pode matá-lo da mesma maneira que o uso de cocaína, heroína ou álcool.

Na minha perspectiva, é muito improvável que o uso de maconha contribua diretamente para a morte, mas é possível. Eu também acredito que a maioria dos usuários de maconha já experimentou uma overdose, o que significa que eles tiveram uma experiência em que estavam “muito loucos” e o efeito da droga foi inesperado e desagradável. Dentro desse domínio, existe uma ampla gama de gravidade desse tipo de experiência e, na maioria dos casos, é de curta duração e não é clinicamente importante. Em um subconjunto de indivíduos, no entanto, o resultado de uma overdose de maconha pode ter consequências negativas substanciais e não há como prever com antecedência de forma confiável para quem ou quando essas experiências vão ocorrer. Existem diferenças claras na probabilidade e gravidade de sofrer uma overdose do uso de cannabis em comparação com muitas outras drogas (o fator de risco favorece a cannabis na maioria dos casos), mas é tolice acreditar que o uso de cannabis é benigno e não pode resultar em uma overdose.

"A resposta curta é sim, você pode ter uma overdose de maconha. A questão é essa. Uma overdose não significa necessariamente a morte".

Chelsea Shover

Epidemiologista e pesquisadora de pós-doutorado em psiquiatria e ciências do comportamento da Universidade de Stanford

A maconha não tem essencialmente nenhum risco de overdose fatal, mas é possível uma overdose não fatal. A ingestão de maconha pode levar a graves consequências para a saúde de crianças e bebês.

Para adolescentes e adultos, uma overdose pode parecer uma versão mais grave (e desagradável) da intoxicação usual/desejada da maconha. Os sintomas podem incluir confusão, paranóia, ansiedade, pânico, batimento cardíaco acelerado, delírios, alucinações, aumento da pressão arterial e náusea ou vômito. Isso pode levar as pessoas à sala de emergência, causar ferimentos não intencionais ou simplesmente causar uma péssima noite.

"Os sintomas podem incluir confusão, paranóia, ansiedade, pânico, ritmo cardíaco acelerado, delírios, alucinações, aumento da pressão arterial, e náuseas ou vômitos".

Wayne Hall

Professor  Centro para o Abuso de Substâncias na Juventude, da Universidade de Queensland, Austrália

A visão convencional (que expressei publicamente) é que a maconha não causa uma overdose fatal. Essa afirmação ainda é verdadeira se o mecanismo que causa a morte é depressão respiratória e provavelmente ainda é verdadeira se a forma de cannabis for de cannabis de ervas com menor teor de THC.

Atualmente, é preciso ser mais cauteloso ao afirmar que a maconha não pode produzir overdose pelas seguintes razões principais(1) relatos de mortes por doenças cardiovasculares em usuários pesados ​​de maconha… o que aumenta a possibilidade de que altas doses de THC possam causar mortes (provavelmente em pessoas com risco aumentado de doenças cardiovasculares); (2) o aumento da cannabis super potente com concentração de THC maior que 70% que, se fumado em cachimbos ou cigarros, pode ampliar esses riscos cardiovasculares; e (3) relatos de casos de mortes em pessoas que usam potentes canabinóides sintéticos, ou seja, drogas sintéticas que atuam nos mesmos receptores canabinóides do THC.

O meu palpite é que esses tipos de morte são raros, mas seria imprudente continuar afirmando (como costumam fazer os canabinófilos) que é impossível ter overdose de cannabis.

Há outro sentido em que as pessoas podem e chegam a sofrer uma overdose de cannabis, ou seja, quando recebem doses de THC maiores do que pretendiam resultando em uma procura por ajuda, geralmente em um pronto-socorro médico. Esse tipo de overdose não é fatal. Elas envolvem usuários que receberam grandes doses de THC que produzem experiências angustiantes (por exemplo, ansiedade intensa ou angústia, sintomas psicóticos ou vômito compulsivo).

A frequência desse tipo de overdose em prontos-socorros aumentou desde a legalização da maconha no Colorado, nos EUA. Eles me parecem mais comuns quando as pessoas usam comestíveis de maconha porque é mais difícil dosar o THC quando a maconha é usada por essa via.

“Meu palpite é que esses tipos de morte são raros, mas seria imprudente continuar afirmando que é impossível ter uma overdose de maconha.

Steve Rolles

Analista de políticas sênior da Transform Drug Policy Foundation

Em termos de overdose fatal ou potencialmente fatal – não é possível, simplesmente porque a dose fatal de THC é mais do que uma pessoa consegue realmente consumir. Você pode ficar extremamente doente, acabar no hospital e passar muito mal, mas, a menos que você tenha algum outra condição, como um problema cardíaco ou faça algo estúpido como dirigir, a morte é excepcionalmente improvável.

As estimativas mais baixas, baseadas nos terríveis testes LD50 feitos em animais, sugerem que consumir e absorver mais de 50 gramas de THC puro atingiria uma taxa de letalidade de 50% para um homem adulto – mas outras estimativas são muito mais altas. Você não pode, de maneira viável, fumar essa quantidade – embora algumas pessoas possam dar o melhor de si e seria difícil consumi-lo com comestíveis convencionais; você provavelmente atingiria um nível fatal de consumo de açúcar ou sal antes de chegar no nível letal de THC. Se você estivesse realmente determinado, poderia injetar THC farmacêutico suficiente para matar uma pessoa, mas esse é um cenário improvável para qualquer pessoa, muito menos para a maioria dos usuários sociais.

Se a overdose é mais amplamente caracterizada como consumir mais do que o pretendido ou experimentar efeitos desagradáveis, negativos ou adversos, mesmo que temporários, então sim, é absolutamente possível e bastante comum. Controlar a dosagem é obviamente a chave.

Esse tipo de overdose de eventos adversos é mais provável se você é um usuário iniciante ou menos regular e se usa cannabis mais forte, especialmente concentrados, pois eles fornecem uma dose mais alta por inalação, tornando a dosagem mais difícil de controlar. Os produtos comestíveis são mais frequentemente associados a esses eventos adversos, especialmente para usuários iniciantes, pois o início lento significa que a regulação precisa da dosagem é difícil e imprevisível. Produtos mal controlados ou mal rotulados podem obviamente aumentar os riscos.

Para evitar todos os riscos, não use nada. Para reduzir riscos, saiba o que está consumindo e use moderadamente em um ambiente seguro. Com o consumo de comestíveis, use uma pequena quantidade primeiro e a deixe agir por pelo menos duas horas antes de considerar tomar mais.

"Você pode ficar extremamente doente, acabar no hospital e passar um tempo terrível, mas, a menos que você tenha alguma outra vulnerabilidade à saúde, como um problema cardíaco ou faça algo estúpido como dirigir, a morte é excepcionalmente improvável".

Jonathan P Caulkins

Professor de Pesquisa e política de operações da Universidade Carnegie Mellon e co-editor do livro Marijuana Legalization: What Everyone Needs to Know [Legalização da Maconha: O que todos precisam saber]

Se alguém pode ter uma overdose de maconha depende da definição da palavra overdose. Se overdose significa consequências adversas agudas à saúde por consumir demais, então certamente. Não há dúvida de que a maconha pode fazer isso.

Se alguém quer dizer mais estritamente a morte pelo mesmo mecanismo fisiológico envolvido na overdose de opióides (respiração reprimida etc.), então não, não é assim que os canabinóides funcionam.

Se alguém significa morte por qualquer mecanismo, a resposta é difícil, mas parece ser possível, porém apenas em circunstâncias muito raras. Existem estudos de caso de mortes relacionadas à cannabis por meio de pelo menos três mecanismos: (1) taquicardia, (2) desmaio após fumar e bater a cabeça e (3) episódios psicóticos que induzem suicídio. Mas mesmo aqueles que pensam que essas mortes podem ser causalmente atribuídas à grande dose de cannabis reconhecem que são eventos muito raros.

"Se overdose significa consequências adversas agudas à saúde por consumir demais, então certamente".

Paul Armentano

Professor de Ciências, Universidade de Oaksterdam e diretor adjunto da Organização Nacional para a Reforma das Leis da Maconha (NORML)

Ao contrário de opioides e álcool, canabinóides não são depressores do sistema nervoso central e são incapazes de causar overdose letal – independentemente da quantidade ou potência.

O Instituto Nacional do Câncer declara: “Como os receptores canabinóides, diferentemente dos receptores opióides, não estão localizados nas áreas do tronco cerebral que controlam a respiração, não ocorrem overdoses letais de cannabis e canabinóides”.

Uma publicação de 2017 da DEA (Drug Enforcement Administration) afirma: "Nenhuma morte de foi relatada por overdose de maconha". Por essas razões, o juiz de direito administrativo da DEA determinou certa vez:" A maconha, em sua forma natural, é uma das substâncias terapeuticamente ativas mais seguras conhecidas pelo homem".

" Ao contrário dos opioides e álcool, os canabinóides são não depressores do sistema nervoso central e são incapazes de causar overdose letal – independentemente da quantidade ou potência."

Keith Humphreys

Professor de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da Universidade de Stanford e ex-conselheiro sênior de políticas do Escritório Nacional de Políticas de Controle de Drogas da Casa Branca sob a administração Obama

Overdoses não fatais (mais apropriadamente "intoxicações por drogas") acontecem o tempo todo com cannabis e seus produtos – geralmente se apresenta no pronto-socorro como um ataque de pânico ou, às vezes, como um episódio psicótico em que a pessoa perdeu temporariamente o contato com a realidade. Mas nunca vi evidências convincentes de uma overdose fatal de maconha. Talvez seja remotamente possível, mas é remotamente possível ser morto por um meteorito caindo do espaço também e eu não sugeriria que alguém passasse tempo algum se preocupando com isso.

"Overdoses não fatais (mais apropriadamente"intoxicações por drogas") acontecem o tempo todo com produtos de maconha – geralmente se apresentam no pronto-socorro como um ataque de pânico ou, às vezes, como um episódio psicótico em que a pessoa perdeu temporariamente o contato com a realidade".

Dazhe Cao

Professor Assistente de Medicina de Emergência e Diretor do Programa de Toxicologia Médica no UT Southwestern Medical Center e Diretor Médico do Serviço de Toxicologia do Parkland Health and Hospital System

Para responder à pergunta sobre se você pode ou não ter uma overdose de maconha, é preciso esclarecer a terminologia.

A maconha descreve o material vegetal seco da Cannabis sativa. O uso recreativo da maconha e de outros produtos derivados da cannabis resulta das propriedades psicoativas do Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC).

Na última década, as concentrações de THC na maconha e em outros produtos de maconha aumentaram dramaticamente.Chandra et al descobriram que a concentração de THC da maconha nos EUA aumentou de uma média de 6% em 2008 para 9,4% em 2017. Simultaneamente, a concentração de THC de sinsemilla (um método especializado em cultivo de Cannabis sp.)

Aumentou de uma média de 11,5% para 17,8%, e o óleo de haxixe (concentrados de THC) aumentou de uma média de 6,7% para 55,7%. Além disso, o desvio padrão em torno da média de 55,7% em óleo de haxixe foi de 24,7%. Vimos concentrados de quase 100% de THC. Um dos ditados da toxicologia médica é "a dose produz o veneno". Com relação ao tipo de produto de cannabis usado, não se deve comparar o risco de overdose de 9% de maconha com o de 100% de óleo de THC.

O segundo ponto de esclarecimento gira em torno da palavra "overdose". Efeitos adversos ou não intencionais do uso agudo de cannabis são comuns.

Dos 253 casos de exposição aguda à cannabis relatados ao Oregon Poison Center de dezembro de 2015 a abril de 2017, apenas 16 (6,3%) casos permanecem explicitamente assintomáticos ou 93,7% dos casos foram "overdose" de cannabis. Embora a porcentagem de casos não possa ser generalizada para o público, a maioria dos quais obtém os efeitos eufóricos pretendidos do THC, podemos ver que as pessoas podem ter efeitos não intencionais do uso de cannabis. No entanto, quando se usa a palavra "overdose" para significar fatalidade, a morte resultante da exposição aguda isolada à cannabis é rara.

Casos de mortes relacionadas à cannabis foram relatados na literatura médica — um caso pediátrico de possível miocardite associada à cannabis, uma morte traumática e inúmeras mortes cardiovasculares. Normalmente, a morte associada ao uso de cannabis envolve outros fatores preexistentes, como trauma ou doença cardiovascular escondida. Em crianças, a depressão respiratória. Em comparação com a depressão respiratória dos opióides como heroína, o risco de exposição à cannabis é muito menor.

Em resumo, é possível ter uma overdose de produtos de maconha, mas o risco de morte pelo uso isolado de maconha é baixo, especialmente devido à maconha com "menor" concentração de THC.

"Na última década, as concentrações de THC na maconha e em outros produtos de cannabis aumentaram dramaticamente."

April D. Thames

Professora Associada de Psicologia e Diretora do Laboratório de Neurociência Social em Psicologia da Saúde do USC Dornsife

A idéia de overdose fatal não foi apoiada em contextos clínicos, assim como na literatura científica. Há casos em que as pessoas usam maconha em excesso, que sabemos que podem resultar em paranóia, confusão e batimentos cardíacos acelerados. Se alguém tivesse uma condição física preexistente, como problemas cardiovasculares, e ingerisse uma alta dose de maconha, é concebível que eles pudessem experimentar uma overdose fatal – mas isso é no contexto de uma doença física preexistente. Mas o risco de overdose fatal na forma como pensamos sobre isso com outras drogas – não há evidências suficientes para apoiar isso.

Dito isto, com a legalização e a popularidade dos produtos comestíveis, tem havido cada vez mais casos de pessoas que comparecem ao pronto-socorro com esses sintomas, nos quais podem relatar que sentem que estão morrendo, mas não estão realmente sofrendo uma overdose fatal

Estudo os efeitos cognitivos da maconha em pessoas que são usuários pesados ​​por muitos e muitos anos. São pessoas que começaram muito jovens – sua idade de início era pré-adolescente ou na adolescência e usaram muito ao longo da vida. Com esses usuários específicos, vemos algumas deficiências em certas áreas cognitivas. Mas para alguém que decide experimentar a maconha pela primeira vez, ou mesmo um usuário recreativo, que usa de vez em quando, normalmente qualquer efeito cognitivo irá voltar assim que a droga estiver fora de seu sistema.

Definitivamente, é preciso haver mais pesquisas nessa área, porque agora temos muitas concentrações e variedades diferentes, o que torna muito difícil saber quais são os efeitos a longo prazo, principalmente no THC, o ingrediente psicoativo que tende a ser associado a mais consequências adversas (enquanto o canabidiol, ou CBD, tem um efeito mais sedativo e, na verdade, em alguns estudos demonstrou trazer benefícios ao sistema imunológico).

"Se alguém tivesse uma condição física pré-existente, como problemas cardiovasculares, e ingerisse uma alta dose de maconha, é possível que eles sofram uma overdose fatal – mas isso é no contexto de uma doença física pré-existente"

Karen Corsi

Professora Associada em Psiquiatria da Universidade do Colorado

A questão de saber se se pode exagerar na dose de maconha surgiu em muitos fóruns acadêmicos e leigos recentemente devido a mudanças nas políticas de maconha em muitos estados dos Estados Unidos  e, assim, um aumento da participação correspondente e consumo de maconha.

Que eu saiba, não houve casos em que uma pessoa tenha realmente morrido pelo consumo excessivo de maconha sozinha.

A definição típica de overdose leva a pensar na morte por overdose de opiáceos ou outras situações extremas de emergência em que uma pessoa precisa de medidas médicas para sobreviver ao evento. Isso simplesmente não acontece com a maconha. Embora seja possível alguém consumir muita maconha e sofrer efeitos nocivos à saúde, como paranóia, alucinações e, em alguns casos, sintomas psicóticos, entre outros, não há ameaça de morte apenas pelo consumo de maconha. O tratamento para o consumo excessivo de maconha é simplesmente esperar até que os efeitos diminuam, o que pode levar algumas horas. E embora essa situação de consumir muita maconha possa ser muito desconfortável emocionalmente e até fisicamente, não há um risco físico correspondente de morte.

"O tratamento para o consumo excessivo de maconha é simplesmente esperar até que os efeitos diminuam, o que pode levar algumas horas".

Matthew Fadus

Residente em Psiquiatria Geral da Universidade de Medicina da Carolina do Sul

As mudanças legais em andamento e a aceitação e tolerância mais amplas do uso de cannabis levaram para mais e mais perguntas relacionadas ao uso de maconha e este é certamente uma delas.

O uso de cannabis se tornou tão comum e tolerado e, portanto, esperamos uma taxa muito maior de suspeitas de overdoses, o que felizmente não foi o caso. A cannabis não é algo que pensamos ter um mecanismo que pode levar diretamente à morte como resultado de uma dose muito alta. Mas também é importante definir o termo "overdose". Na psiquiatria, muitas vezes pensamos em “overdose” como uma tentativa intencional de acabar com a própria vida, enquanto outros podem enxergar como um resultado indesejado ou uso excessivo ou perigoso.

Dito isso, certamente há efeitos problemáticos do uso excessivo de cannabis ou do uso de variedades mais fortes de cannabis. Os mais preocupantes que vemos na psiquiatria incluem episódios psicóticos que podem ser bastante angustiantes, incluindo paranóia e alucinações auditivas e visuais. Existem outros efeitos adversos mais comuns do uso de cannabis, que podem incluir náusea, vômito, dor de cabeça, problemas de memória etc., no entanto, de maneira alguma são necessariamente perigosos em termos de potencial de overdose.

As substâncias mais comuns relacionadas à overdose (se a definirmos com a intenção de prejudicar a si mesmo) seriam os opióides (oxicodona, também conhecida como Oxycontin e heroína), porque levam a sedação excessiva e suprimem as partes do cérebro responsáveis pela respiração. Os opioides podem ser particularmente perigosos em termos de overdose quando combinados com outros medicamentos sedativos que podem reduzir nosso impulso respiratório, como medicamentos benzodiazepínicos (por exemplo, alprazolam e clonazepam). Outras substâncias, como drogas estimulantes (por exemplo, cocaína), podem causar a morte, interrompendo a atividade elétrica do coração ou limitando o fluxo sanguíneo e a função do coração. O uso de cocaína causa uma liberação maciça dos produtos químicos de “luta ou fuga” do corpo, que podem causar arritmias significativas no coração.

Felizmente, os efeitos da cannabis não levam à supressão respiratória, como os opióides, nem são relacionados aos efeitos cardiotóxicos da cocaína. No entanto, muitas pessoas podem tentar e, infelizmente, ser bem-sucedidas em sua overdose intencional com mais de uma substância (isto é, o suicídio usando cannabis e opióides), o que pode confundir o problema. É geralmente aceito que, embora o uso de maconha possa se tornar problemático e levar a efeitos adversos em altas doses e frequências, não há preocupação com a morte por overdose diretamente relacionada ao uso de maconha.

"Certamente há efeitos problemáticos do uso excessivo de cannabis ou de variedades mais fortes de cannabis. Os mais preocupantes que vemos na psiquiatria incluem episódios psicóticos que podem ser bastante angustiantes, incluindo paranóia e alucinações auditivas e visuais"

Sharon Levy

Diretora do Programa de Uso e Dependência Adolescente de Substâncias do Hospital Infantil de Boston

Sim, você pode ter overdose de maconha. Relatos de sedação excessiva e depressão respiratória secundária à ingestão de maconha foram relatados em crianças pequenas que consumiram quantidades muito grandes de THC em relação ao tamanho do corpo. É menos provável que isso ocorra em adultos. Houve casos de crianças internadas em unidades de terapia intensiva, mas que eu saiba, nenhuma morte foi relatada.

Uma overdose não letal de maconha, resultando em um estado mental agudamente alterado é bastante comum e está mais intimamente associada ao consumo de comestíveis. Houve mortes acidentais relacionadas a esse fenômeno, embora a maconha em si não seja a causa imediata da morte. Uma publicação recente nos Annals of Internal Medicine analisou as taxas de casos de usuários de maconha comestível e pode ser interessante em responder sua pergunta. Na minha prática clínica, ouço sobre "saídas verdes" – essencialmente consumir maconha suficiente para resultar em neurotoxicidade aguda, causando perda de memória – regularmente. Esse fenômeno está "fora do radar" porque os usuários geralmente não se apresentam ao departamento de emergência e, portanto, não há bons dados sobre o quão comum é. Embora esses eventos sejam muito menos letais que a overdose de opióides, eles não são nada benignos.

"A overdose não letal de maconha, resultando em um estado mental agudamente alterado, é bastante comum e está mais intimamente associada ao consumo de comestíveis".

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