quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Gizmodo Brasil

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MeuDNA é um teste de DNA brasileiro que ajuda a identificar ancestralidade

Posted: 26 Nov 2019 02:29 PM PST

Os testes de DNA para consumidores já existem há um tempo em outros países, sendo que alguns deles já são utilizados inclusive para detectar o risco de câncer em um indivíduo. Agora, a empresa Mendelics está lançando o meuDNA, um kit 100% brasileiro para teste genético.

Com o preço promocional de Black Friday, dá para comprar o kit pelo site por R$ 159 até 29 de novembro — o preço regular é R$ 399. Depois, é só esperar receber sua caixa com um cotonete e um pequeno tubo para realizar a coleta na parte interna da bochecha e enviar a amostra para a Mendelics. Segundo o site, o relatório com os resultados é enviado em aproximadamente 6 semanas, revelando a origem genética da sua família de 5 a 8 gerações atrás.

Por enquanto, o objetivo do teste é mostrar "a origem geográfica dos seus antepassados" e ajudar você a "entender melhor a história da sua própria família", mas a empresa afirma que, no futuro, a ideia é que o kit possa fornecer uma análise genética completa do DNA, detectando a predisposição a doenças como câncer, diabetes e colesterol alto, além de indicar os medicamentos mais adequados de acordo com o mapa genético de cada pessoa. Segundo comunicado da Mendelics, eles também esperam que futuramente o teste possa indicar o potencial risco de um casal ter um filho portador de alguma doença genética.

De acordo com a empresa, essas análises são resultado de um trabalho já feito em seus laboratórios de sequenciamentos de DNA e a utilização de um programa de inteligência artificial, desenvolvido pela Mendelics, chamado Abracadabra.

É bom saber que agora temos uma opção brasileira (e relativamente mais acessível) para realizar os testes de DNA. Mesmo assim, vale lembrar que esses exames não são 100% precisos e representam mais uma oportunidade de ter seus dados expostos — no caso, suas informações genéticas, o que pode ser ainda mais preocupante. O site meuDNA afirma que "todas as suas informações são sigilosas, protegidas pelo meuDNA e não são compartilhadas", mas casos internacionais já mostraram que isso nem sempre é mantido quando envolve alguma força policial, por exemplo.

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Android completa 10 anos no Brasil, e usuários estão de olho em como evitar vício em smartphone

Posted: 26 Nov 2019 02:09 PM PST

Novo logotipo do Android 10

No ano passado, o Google comemorou os 10 anos do sistema Android no mundo. Porém, a plataforma só desembarcou por aqui em 2009, e isso acabou motivando a empresa fazer uma comemoração local para marcar o aniversário de uma década da estreia do sistema. De bate-pronto, a empresa revelou, em evento realizado em São Paulo nesta terça-feira (26),  que o usuário brasileiro está preocupado com o tempo dedicado ao telefone.

O levantamento do Google, feito online com 2480 brasileiros com mais de 18 anos, diz que seis em cada dez donos de Android no Brasil se preocupam com bem-estar digital, e que cinco em dez já fizeram alguma ação para controlar o tempo gasto no telefone.

A conclusão sobre a preocupação com "vício" em smartphone é interessante, pois mostra um movimento que tanto Apple como o Google tem aderido. A partir da versão 9 do Android, conhecida como Pie, a plataforma ganhou uma espécie de painel de controle, chamado bem-estar digital, em que é possível ver o tempo gasto em certos apps e estabelecer limites de tempo em cada um deles.

A função em si é bem interessante, mas ainda de alcance limitado. Apesar de a plataforma Android ser super popular, nem sempre as atualizações chegam para todos os smartphones. Não temos dados oficiais (o Google mantinha um dashboard falando das distribuições Android pelo mundo, mas não é atualizado desde maio), mas estimativas do Statcounter dão conta de que a versão Pie está pressente em 35% dos aparelhos, seguido da versão Oreo 8.1 (14,58%) e Marshmallow (13,32%).

A pesquisa também escancara a popularidade da plataforma: 85% dos entrevistados disseram que o Android foi o sistema operacional do primeiro smartphone. Também pudera, né? Quando chegou por aqui, em 2009, o mercado de celulares inteligentes era muito fragmentado. Tinha Symbian, BlackBerry OS e o iOS, da Apple, para citar só alguns.

Imagine o trabalho dos desenvolvedores: todo app tinha que ter uma versão para cada uma das plataformas. Sem contar que, para ter um sua versão do app em um determinado sistema, as marcas precisavam pagar para as empresas desenvolvedoras. Foi aí que o Android chegou, sem cobrar taxas adicionais e com a ideia de popularizar o uso de celulares inteligentes.

Outro dado interessante da pesquisa diz respeito aos tipos de uso das pessoas. Em ordem, tirando uso de serviços de mensagens, redes sociais e música, foram essas atividades que tiveram o maior número de resposta:

  • 77% realizar serviços bancários;
  • 70% ler notícias;
  • 65% usar apps de mobilidade (Google Maps, Moovit e Waze);
  • 51% para educação;
  • 44% para acessar serviços públicos (como FGTS, carteira de trabalho e de motorista digital).

Definitivamente não foi o Google que inventou a loja de aplicativos. O crédito aqui vai para a Apple, que ajudou a criar todo um ecossistema de desenvolvedores. No entanto, foi o sistema Android que ajudou a popularizar o smartphone no Brasil e, de quebra, facilitar o acesso destes apps para milhões de pessoas.

Maia Mau, head de marketing de AndroidMaia Mau, head de marketing de Android para a América Latina, durante evento do Google em São Paulo

Depois de estar na maioria dos bolsos dos brasileiros, a próxima empreitada do Google é entrar na casa das pessoas com produtos conectados — de lâmpadas "inteligentes" a alto-falantes conectados à internet que atendem comandos de voz.

Assim como em 2009, estamos apenas nos primeiros dias dessa categoria. Só resta saber se as pessoas vão aderir — acho difícil alguém que não seja entusiasta pagar R$ 350 em um alto-falante Nest Mini — e se acreditarão que esta nova categoria de produtos vai, de fato, tornar a vida mais fácil.

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Relatório da ONU diz que esta é nossa última chance de agir contra a mudança climática

Posted: 26 Nov 2019 12:31 PM PST

Fumaça poluição

Líderes mundiais desperdiçaram um tempo precioso ao não buscar ações climáticas — tanto que nossa única esperança agora é reduzir as emissões de gases de efeito estufa a uma taxa sem precedentes.

Um relatório sombrio publicado pelo UNEP (Programa Ambiental da Nações Unidas) nesta terça-feira (26) alerta que as temperaturas globais estão próximo de subir 3,9 graus Celsius até o final do século.

Como mostrou o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas no ano passado, mesmo alcançando 1,5 graus Celsius poderia causar uma perda de quase todos os recifes de coral e da maior parte do gelo marinho do Ártico. O novo relatório alerta que, com os quase 4 graus Celsius de aquecimento, estamos no caminho certo para sermos "destruídos".

"Nossa falha coletiva em agir cedo e com firmeza com relação às mudanças climáticas significa que agora devemos oferecer cortes profundos nas emissões — mais de 7% ao ano —se a dividirmos uniformemente na próxima década", disse Inger Andersen, diretor executivo do PNUMA, em um comunicado.

O relatório anual da diferença de emissões mostra que as emissões globais aumentaram 1,5% anualmente na última década. Segundo um outro relatório da Organização Meteorológica Mundial, da ONU, os níveis de gases causadores do efeito estufa na atmosfera atingiram a maior alta em 2018 e não estão apresentando sinais de redução.

Para manter as temperaturas crescendo abaixo dos 1,5 graus Celsius e aderir ao Acordo de Paris, os países terão de reduzir à metade os níveis de 2018 até 2030. Isso significa cortar os gases de efeito estufa em 7,6% todos os anos na próxima década. O relatório pede que todos os países reduzam drasticamente suas emissões, reforçando que nem todos devem suportar um fardo igual. Membros do G20 — os países mais desenvolvidos do mundo — contribuem com 78% de todas as emissões, então "por razões de justiça e equidade", eles precisam liderar este movimento.

Como um emissor histórico, os Estados Unidos deveriam suportar uma carta particularmente pesada para reduzir a poluição por carbono. Mas estamos indo na direção errada: as emissões de carbono pelo país cresceram 2,7% no último ano. O relatório afirma que mesmo as promessas do Acordo Climático de Paris não manterão a Terra perto dos 1,5 graus de aquecimento, e Trump está até retirando o país do tratado.

Como a onda de relatórios inovadores e recentes de cientistas internacionais, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas pede mudanças radicais na economia global. Nós temos a tecnologia para implementar essas mudanças. O que nós não temos muito é tempo para adotar medidas mal pensadas.

"É evidente que mudanças incrementais não serão o suficiente e existe uma necessidade para uma ação rápida e transformacional", escreveram os autores. "Por necessidade, isto provocará mudanças profundas em como energia, comida e outros serviços dependentes de materiais são demandados e fornecidos por governos, negócios e mercados".

O estudo vem dias após conversas sobre o clima estarem próximas de serem retomadas. Na COP25 em Madri, líderes civis terão como tarefa submeter ações climáticas mais ousadas para cumprir o Acordo de Paris. E este novo relatório mostra que as apostas não poderiam ser maiores.

"Em todo mundo, a resistência a combustíveis fósseis está aumentando, as greves climáticas mostraram ao mundo que estamos preparados para agir. No futuro, as pessoas manterão um ritmo constante de ações, greves e protestos que vão se tornar cada vez mais sonoros ao longo de 2020", disse May Boeve, diretora da 350.org, em um comunicado. "Os governos que participarem da COP25 em Madri devem saber que os olhos das futuras gerações estão direcionados a eles".

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MEC disponibiliza aplicativo para emitir carteirinha de estudante digital

Posted: 26 Nov 2019 10:25 AM PST

ID Estudantil carteirinha estudantil

Na última segunda-feira (25), o Ministério da Educação (MEC) passou a disponibilizar a ID Estudantil, uma carteirinha digital gratuita que permite aos estudantes pagarem meia-entrada em shows, teatros, cinemas e outros eventos. 

O documento é uma alternativa às carteiras emitidas pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), com a vantagem de ser gratuita (ao contrário das associações que cobram pelo documento) e de você não precisar se preocupar em sempre carregar sua carteirinha física por aí para conseguir seu desconto de estudante. 

Para emitir esse documento digital, é preciso ter seus dados cadastrados no Sistema Educacional Brasileiro (SEB). Caso ainda não tenha, é preciso solicitar que a instituição de ensino envie as seguintes informações ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): CPF, data de nascimento, curso, matrícula, ano e semestre de ingresso do aluno. Você pode conferir se a sua instituição repassou os dados ao sistema aqui

Uma vez cadastrado, é só baixar o aplicativo para iOS (ainda não disponível) ou Android, acessar o sistema com sua senha e o número do CPF ou CNH, tirar uma foto e realizar a validação biométrica facial. Também será necessário tirar uma foto do seu documento (RG ou CNH) para que as fotos sejam comparadas de modo a evitar fraudes. 

Para os menores de 18 anos, o responsável legal deverá baixar o aplicativo e permitir que o jovem tenha acesso à ID Estudantil. Feito isso, o estudante poderá fazer o download em seu dispositivo. 

Segundo comunicado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), parceiro na iniciativa do MEC, a identificação nos eventos será feito por leitura de QR Code no aplicativo. Os organizadores de eventos e estabelecimentos utilizarão o app ID Validador para checar a legitimidade das carteirinhas. 

Captura de tela: Serpro

Ainda de acordo com o comunicado, o ano de 2020 será de transição e, a partir de 1º de janeiro de 2021, as instituições que quiserem emitir a ID Estudantil deverão consultar os dados cadastrados no SEB. Os estudantes que não tiverem acesso à internet ou smartphones, também poderão solicitar o documento físico em agências da Caixa Econômica Federal. 

Se por um lado a nova identificação promete "reduzir a burocracia" e "evitar fraudes", o Nexo aponta que o novo sistema também fornecerá ao MEC acesso a informações como matrícula, frequência do aluno, histórico escolar e "outras informações a serem estabelecidas em ato do Ministro da Educação". Ou seja, todos que emitirem a carteirinha digital estarão, automaticamente, consentindo com o fornecimento de seus dados ao governo.

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Google demite quatro funcionários e aprofunda crise interna com seus trabalhadores

Posted: 26 Nov 2019 10:15 AM PST

Um memorando interno enviado na tarde de segunda-feira (25) afirma que quatro funcionários do Google foram demitidos por “violações claras e repetidas de nossas políticas de segurança de dados”.

Embora uma porta-voz da empresa tenha se recusado a comentar especificamente sobre assuntos pessoais, ela confirmou a autenticidade do memorando, que foi obtido pela Bloomberg.

As demissões parecem fazer parte de um esforço mais amplo para conter a dissidência interna dentro da gigante da tecnologia. No início deste mês, o CEO Sundar Pichai cancelou abruptamente as reuniões semanais “TGIF” (“Thank God It’s Friday”, ou “graças a Deus é sexta”, em tradução livre) da empresa. A decisão foi tomada por causa do que ele caracterizou como “um esforço coordenado para compartilhar nossas conversas fora da empresa”.

Além disso, veio à tona que o Google contratou a famosa firma de desmembramento de sindicatos IRI logo após ter sido demitido um funcionário e colocado outros dois em licença administrativa.

Esses dois funcionários — Rebecca Rivers e Laurence Berland — foram a peça central de um protesto de 200 pessoas no campus do Google na semana passada. Rivers sugeriu que a empresa tinha apagado ou corrompido seu celular pessoal. Nesta segunda, ela tuitou que havia sido demitida. Tentamos contato com ela e Berland para eles comentarem as questões, mas nenhum dos dois foi encontrado.

Ambos estão fortemente envolvidos no ativismo interno da empresa, o que sugere que as ações do Google podem ser retaliatórias. Eles negaram qualquer papel no vazamento de informações para a imprensa.

Mais estranho ainda, o memorando mistura questões de confidencialidade com questões de acesso a dados. “Vimos um aumento recente de informações sendo compartilhadas fora da empresa, incluindo os nomes e detalhes de nossos funcionários”, abre o email. Ele continua descrevendo “um indivíduo [que] se inscreveu nas agendas de um vasto número de funcionários fora de seu grupo de trabalho”. Não está claro se esse acesso aos calendários é contrário a qualquer política específica da empresa.

O memorando está reproduzido abaixo na íntegra:

Vimos um aumento recente nas informações compartilhadas fora da empresa, incluindo os nomes e detalhes de nossos funcionários. Nossas equipes estão empenhadas em investigar esses problemas, e hoje demitimos quatro funcionários por violações claras e repetidas de nossas políticas de segurança de dados.

Houve alguma desinformação circulando sobre esta investigação, interna e externamente. Queremos deixar claro que nenhum desses indivíduos foi demitido por simplesmente olhar documentos ou agendas durante o curso normal de seu trabalho.

Pelo contrário, nossa investigação minuciosa constatou que os indivíduos estavam envolvidos em pesquisas sistemáticas por materiais e trabalho de outros funcionários. Isso inclui procurar, acessar e distribuir informações comerciais fora do escopo de seus trabalhos — repetindo essa conduta mesmo depois de reuniões e lembretes sobre nossas políticas de segurança de dados. Essas informações, juntamente com detalhes de e-mails internos e descrições imprecisas sobre o trabalho dos Googlers, foram posteriormente compartilhadas externamente.

Em um dos casos, entre outras informações que eles acessaram e copiaram, um indivíduo se inscreveu nas agendas de uma ampla gama de funcionários fora do grupo de trabalho. O indivíduo configurou notificações para receber e-mails detalhando o trabalho e a localização desses funcionários, incluindo assuntos pessoais como conversas privadas, consultas médicas e atividades familiares — tudo sem o conhecimento ou consentimento desses funcionários. Quando os Googlers afetados descobriram isso, muitos relataram que se sentiam assustados ou inseguros e pediram para trabalhar em outro local. Capturas de tela de alguns de suas agendas, incluindo nomes e detalhes, foram posteriormente compartilhados com gente de fora da empresa.

Sempre levamos a segurança das informações muito a sério e não toleramos esforços para intimidar os Googlers ou prejudicar seu trabalho, nem ações que levem ao vazamento de informações sensíveis, sejam elas comerciais ou de clientes. Não é assim que a cultura aberta do Google funciona ou deveria funcionar. Esperamos que todos os membros de nossa comunidade cumpram nossas políticas de segurança de dados.

Felizmente, esses tipos de atividades são raras. Obrigado a todos que fazem a coisa certa todos os dias — realizando um trabalho incrível, enquanto inspiram e mantêm a confiança de nossos usuários, parceiros e entre si.

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Acelerador de partículas mais antigo do CERN completa 60 anos e ainda está funcionando

Posted: 26 Nov 2019 08:13 AM PST

Síncroton de prótons

O acelerador de partículas mais antigo do CERN (sigla em inglês da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), lar do acelerador de partículas mais poderoso do mundo, está comemorando seu 60º aniversário. E ainda está funcionando.

O Proton Synchrotron (PS) acelerou seus primeiros prótons em 24 de novembro de 1959. Era o acelerador de maior energia do mundo quando começou a funcionar. Embora tenha perdido esse título, hoje ele fornece prótons ou íons pesados ​​a vários experimentos de física de partículas, incluindo o Large Hadron Collider (que atualmente detém o título de acelerador de maior e mais alta energia).

O CERN foi criado em 1954 para o estudo pacífico da física de partículas e nuclear, e o PS estava entre seus primeiros projetos planejados (seu primeiro acelerador, o Synchrocyclotron, foi concluído em 1957 e desmontado em 1990). Os cientistas foram inspirados por uma visita ao Laboratório Nacional Brookhaven para construir um síncrotron baseado no princípio do gradiente alternado, a fim de construir um acelerador de energia mais alta. 

Um síncrotron pega partículas injetadas e as dobra ao longo de um caminho circular usando campos magnéticos lentamente aumentados e sincronizados com a energia das partículas. O princípio do gradiente alternado era um meio de focalizar o feixe de partículas usando ímãs quadrupolos alternativos – imagine quatro ímãs com pólos alternados alinhados em forma de sinal de mais.

Como em qualquer acelerador, foi um desafio colocar a coisa em funcionamento. Em um momento, os cientistas conseguiram fazer os prótons girar uma vez, mas foi isso. Eles não conseguiram fazê-los continuar por semanas, até que , finalmente, todos os pequenos ajustes combinados fizeram com que funcionasse não apenas bem, mas com a energia projetada.  Você pode ler um relato completo de 1969, escrito pelo físico canadense Hildred Blewett, aqui. Mas foi um momento emocionante, uma vez que realmente ligou e funcionou.

"Me disseram que gritei, o primeiro som, mas tudo que me lembro é de rir e chorar e todos ali gritando de uma só vez, apertando as mãos uns dos outros, dando tapinhas nas costas uns dos outros enquanto eu abraçava todos eles. E o feixe continuou, pulso após pulso", escreveu Blewett, que trabalhou com outros físicos para chegar a esse ponto.

O PS aceita prótons de uma fonte de prótons (basicamente uma garrafa de gás hidrogênio) acelerada primeiro por outro acelerador linear. Os ímãs alternados enviariam os prótons em torno de sua circunferência de 628 metros para 25 giga elétron-volts. É a quantidade de energia necessária para elevar um grão de areia a um décimo de polegada, mas também é 25 vezes a massa restante do próton, o suficiente para começar a explorar o domínio da física de energia mais alta, anteriormente inacessível aos experimentos. Nos primeiros cinco anos após a construção do PS, ele (e outros aceleradores semelhantes da época) revelou uma infinidade de novas partículas a serem estudadas.

Os cientistas anexaram novos aceleradores e coletores maiores ao PS com o passar do tempo, aumentando a energia desses coletores em busca de mais partículas subatômicas. Eles foram impulsionados em parte por uma teoria chamada Modelo Padrão da física de partículas. Logo, o PS estava fornecendo prótons para o super síncrotron de prótons 400 GeV, que por sua vez acelerava e fornecia prótons para o Large Electron-Positron Collider e agora o Large Hadron Collider, o maior experimento de física já construído.

A importância do PS significa que ele continua a ser atualizado e a receber manutenção. No momento, ele está temporariamente desligado para reparos. Quarenta e oito de seus 100 ímãs estão sendo renovados. Os cientistas estão limpando o acelerador e substituindo bombas e 3 quilômetros de tubos no sistema de refrigeração do instrumento. Não é um presente de aniversário ruim.

Feliz aniversário de 60 anos do Proton Synchrotron.  A física de partículas não seria a mesma sem você!

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Netflix vai comprar um cinema de Nova York, o que era ilegal até semana passada

Posted: 26 Nov 2019 07:15 AM PST

A Netflix salvou um cinema bem conhecido na cidade de Nova York de um fechamento iminente, e isso é aparentemente uma coisa boa. Mas algo muito mais devastador está por trás.

A empresa que transformou o streaming em mainstream diz que resgatará o Paris Theatre de Nova York. Isso acontece logo após um anúncio do Departamento de Justiça de que rescindirá o chamado decreto de consentimento da Paramount (que apresentou a moção oficial para encerrá-lo na última sexta-feira). Ele proíbe as empresas que fazem os filmes de possuir os cinemas que os exibem. Em outras palavras, a Netflix está fazendo exatamente o que acabou por tornar o início de Hollywood um flagelo para os espectadores e estimulou a intervenção do governo.

O Paris Theatre era o último cinema de tela única na cidade de Nova York quando foi fechado no início deste ano. O teatro está localizado na West 58th Street, em Manhattan, perto da Fifth Avenue e da praça no meio de Midtown. Foi inaugurado em 1948, com Marlene Dietrich cortando a fita . Ao longo das décadas, ficou conhecido por exibir filmes de arte e de língua estrangeira em seus idiomas originais.

À medida que o streaming se popularizou e os filmes estrangeiros e de arte se tornaram mais acessíveis por meio desses serviços digitais (como a Netflix), a popularidade do Paris Theater diminuiu. Em agosto deste ano, ele era notável mais por sua longevidade em um local caro do que pelos filmes em exibição.

A Netflix pode ser uma das razões pelas quais o Paris Theater morreu e os cinemas lutam para encontrar novas maneiras de atrair o público. O preço baratinho da empresa para filmes e programas de TV quase ilimitados e transmitidos diretamente para dentro de casa ajudou a tornar o cinema uma maneira mais cara de assistir a filmes. Os cinemas arrecadaram pouco mais de US$ 12 bilhões em 2018 nos EUA em ingressos, de acordo com a Reuters — uma pequena recuperação depois de 2017 ter sido o pior ano em vendas de ingressos em 25 anos.

Os cinemas estão sofrendo — mesmo que relutem em admitir em voz alta — e a facilidade do streaming é pelo menos um fator que contribui. E é um fator que só continuará sendo exacerbado enquanto a Disney, a Warner e até a Apple saturam o mercado com conteúdo novo, original e direto para streaming.

Já existe uma briga muito pública entre a Netflix e os cinemas — com outros streamers, como a Disney e a Warner, acompanhando de perto. No cerne da questão está o intervalo em que os filmes são exibidos nas salas de cinema antes de passar para os serviços de streaming.

A Netflix queria uma janela minúscula — apenas algumas semanas. Os donos de cinemas aparentemente recusaram qualquer período menor que 90 dias. Para os donos de cinemas, eles precisavam que os filmes permaneçam em cartaz por mais tempo para que as pessoas tivessem mais chances de vê-los lá em vez de apenas esperar pela Netflix. Enquanto isso, a Netflix só precisa exibi-los por tempo suficiente para satisfazer os contratos e os requisitos estabelecidos pelos programas de premiação.

Agora ela tem menos com o que se preocupar! Com o Paris Theatre alugado, e os rumores de sua tentativa de comprar o Egyptian Theatre em Los Angeles, a Netflix pode exibir o tempo que quiser, enquanto desagrada as cadeias de cinema que possivelmente estão morrendo de medo durante toda essa última década. Isso teria causado estranheza há algumas semanas, mas fica ainda pior levando em consideração que o Department of Justice está encerrando o decreto de consentimento da Paramount, que foi criado inicialmente para impedir que os estúdios possuíssem toda a linha de produção do filme, desde a criação até o lançamento.

Com "novos negócios de streaming e novos modelos de negócio, nossa esperança é que o encerramento do decreto da Paramount abra caminho para a inovação favorável ao consumidor", disse o chefe da divisão antitruste Makan Delrahim em uma reunião da American Bar Association na semana passada. Definitivamente, isso abriu o caminho para algo novo, mas não tenho certeza se é algo bom.

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Polícia dos EUA já está utilizando o cão robótico Spot no mundo real

Posted: 26 Nov 2019 05:46 AM PST

A Polícia Estadual de Massachusetts (MSP) vem testando discretamente maneiras de usar o robô de quatro patas da Boston Dynamics, conhecido como Spot, de acordo com novos documentos obtidos pela União Americana das Liberdades Civis de Massachusetts. E embora o Spot ainda não esteja equipado com uma arma, os documentos fornecem uma visão aterrorizante do futuro do RoboCop.

O robô Spot, que foi disponibilizado oficialmente para locação por empresas no mês passado, está em uso pelo MSP desde pelo menos abril de 2019 e se envolveu em pelo menos dois “incidentes” policiais, embora não esteja claro o que esses incidentes podem ter sido. Também não está claro se os robôs estavam sendo operados por um controlador humano ou quanta ação autônoma são permitidas aos robôs. O MSP não respondeu aos e-mails do Gizmodo na segunda-feira de manhã (25).

Os documentos recém-obtidos, relatados pela primeira vez por Ally Jarmanning no WBUR em Boston, incluem e-mails e contratos que lançam alguma luz sobre como os departamentos de polícia do futuro podem usar robôs para abordar suspeitos sem colocar a polícia humana em risco. Em um documento escrito pelo tenente Robert G. Schumaker, os robôs são descritos como um “componente inestimável das operações táticas” que são vitais para apoiar a “Estratégia de Segurança Interna” do estado.

Estranhamente, parece que o relacionamento entre o Boston Dynamics e a Polícia Estadual de Massachusetts começou por uma conexão pessoal, e não por uma ligação de vendas. Em um e-mail de 1º de setembro de 2018, um membro da divisão K-9 da polícia estadual explica ao tenente Schumaker que: "Meu amigo é o atual oficial de segurança do Boston Dynamics e ele sugeriu à equipe de P&D que eles mostrassem o Spot para agentes da lei para obter feedback para o desenvolvimento e marketing para a comunidade de agentes da lei”.

O Spot possui uma bateria recarregável e substituível que dura 90 minutos e recursos de vídeo em 360 ​​graus, além de vários outros sensores. O robô tem uma velocidade máxima de quase 5 km/h e uma carga útil máxima de cerca de 14 kg. O robô, que parece um cachorro, pode até abrir portas com um braço especial que se estende de sua "cabeça".

O acordo entre Boston Dynamics e MSP também inclui muitas provisões curiosas, como uma afirmação de que o departamento de polícia está proibido de postar fotos públicas do robô. De fato, o acordo diz que a Polícia do Estado de Massachusetts nem sequer tinha permissão para tirar fotos de Spot. Mas isso não impediu o Boston Dynamics de mostrar seu próprio vídeo do Spot sendo usado pelo MPD em uma conferência do início deste ano.

O memorando de entendimento abrangeu o período de 7 de agosto de 2019 a 5 de novembro de 2019, embora o CEO da Boston Dynamics Marc Raibert tenha falado em uma conferência em abril de 2019 sobre como os robôs já estavam sendo usados ​​pelo MSP. Raibert até mostrou alguns vídeos de Spot abrindo portas a mando da polícia durante uma demonstração.

“Há muitas coisas que ainda não sabemos sobre como e onde esses sistemas de robótica estão implantados atualmente em Massachusetts”, disse Kade Crockford, diretor de programa de Tecnologia para Liberdade da ACLU de Massachusetts, ao Gizmodo por e-mail. "Com muita frequência, a implantação dessas tecnologias acontece mais rapidamente do que nossos sistemas sociais, políticos ou jurídicos reagem. Precisamos urgentemente de mais transparência das agências governamentais, que devem ser transparentes com o público sobre seus planos de testar e implantar novas tecnologias. Também precisamos de regulamentações estaduais para proteger as liberdades civis, os direitos civis e a justiça racial na era da inteligência artificial".

“Massachusetts deve fazer mais para garantir que as salvaguardas acompanhem a inovação tecnológica”, continuou Crockford. “E a ACLU tem o prazer de fazer parceria com autoridades locais e estaduais para encontrar e implementar soluções para garantir que nossa lei acompanhe o ritmo da tecnologia”.

Como observa o WBUR , o primeiro assassinato intencional cometido por um robô policial foi em 2016, quando a Polícia de Dallas matou um suposto atirador de elite com um robô de descarte de bombas que estava repleto de explosivos. Os pedidos de liberdade de informação do Gizmodo para vídeo e áudio dessa morte foram negados na época, e as forças policiais em todo o país são incrivelmente sigilosas sobre como eles usam robôs.

O CEO da Boston Dynamics, de 69 anos, não gosta que o público ache seus robôs assustadores e provavelmente é uma aposta segura que Spot, o robô de quatro patas, seja lançado para os departamentos de polícia antes de Atlas, a versão bípede, de propósito. Robôs parecidos com humanos são muito mais aterrorizantes que robôs parecidos com cães, especialmente se o objetivo deles é rastrear suspeitos.

“Eu olhei para uma lista de manchetes, e há uma alta porcentagem delas que o chamam de aterrorizante”, disse Raibert ao Boston.com durante uma entrevista no mês passado.

“É verdade que alguns aspectos de nossos robôs se parecem com pessoas e há pessoas que fazem coisas ruins”, disse Raibert. "Mas parecer com uma pessoa significa que você tem braços, pernas e pode andar. Isso não significa que você tenha emoções, personalidade e ego – basicamente, todas as coisas que motivam ações maliciosas nos seres humanos".

Obviamente, estamos à beira de algo novo aqui, à medida que robôs, autônomos ou não, começam a seguir policiais e bater nas portas. O próximo passo certamente será colocar armas nessas coisas.

A questão que permanece é se o público simplesmente aceitará os robocops como nossa realidade agora. Infelizmente, parece que talvez não tenhamos escolha – especialmente quando a única maneira de sabermos sobre essa nova parceria entre polícia e robô é através de solicitações de registros da ACLU. E, mesmo assim, ainda sabemos pouco sobre como essas coisas serão usadas.

O Boston Dynamics enviou uma declaração ao Gizmodo:

…a polícia do estado de Massachusetts é o nosso único relacionamento de segurança pública até o momento. Nos próximos 5 a 10 anos, esperamos ver socorristas utilizarem o Spot para observar situações perigosas, inspecionar embalagens suspeitas e detectar gases perigosos em situações de emergência. Enviar um robô ágil como o Spot para essas situações pode remover humanos de ambientes potencialmente ameaçadores e proporcionar aos atendentes de emergências uma melhor percepção situacional de uma crise. Esses são os mesmos recursos que os clientes de petróleo e gás, concessionária de energia elétrica, descomissionamento nuclear [sic] e mineração usarão para realizar inspeções críticas de segurança sem expor as pessoas a riscos.

Gostaríamos de enfatizar novamente que nosso contrato de licença por escrito com os clientes Spot não permite o uso do Spot para qualquer finalidade que possa prejudicar ou intimidar as pessoas.

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Facebook trabalha em opção para amigos ‘favoritos’ para Stories no Messenger

Posted: 26 Nov 2019 04:41 AM PST

O Facebook está criando um protótipo para imitar o recurso “Melhores Amigos” do Instagram, que permite que usuários compartilhem algum conteúdo com um grupo seleto de pessoas em vez de mostrar para todos que a seguem na plataforma.

O teste feito no Messenger batizou a funcionalidade como “Favoritos” e tem um mecanismo muito similar: você escolhe um grupo de pessoas e o Stories publicado na plataforma fica restrito para que só elas vejam.

O código foi encontrado pela pesquisadora Jane Manchun Wong na versão do Messenger para Android e publicado pelo TechCrunch.

Tradução: Facebook/Messenger está testando uma lista de “Favoritos” para o seu Stories. É como se fosse a opção “Melhores Amigos” do Instagram.

Como demonstrado por algumas capturas de telas feitas por Wong e confirmadas por um porta-voz do Messenger, a opção basicamente permitiria que usuários escolhessem entre compartilhar Stories no Messenger com seus “Favoritos” em vez de deixar disponível para todos os amigos.

A funcionalidade pode demorar para chegar, no entanto. Um porta-voz do time do Messenger disse ao Gizmodo que não há planos imediatos de lançamento, adicionando que a aba de Favoritos “não é uma funcionalidade que estamos testamos e não temos planos de lançá-la nesse momento”.

A opção “Melhores Amigos” foi lançada no Instagram em novembro do ano passado como uma forma de aumentar o compartilhamento de “momentos mais pessoais”, de acordo com a própria companhia.

Se isso soa um pouco confuso, é porque o Facebook e sua “família de aplicativos” usam muito da mesma terminologia para descrever ferramentas em suas várias plataformas e a empresa é famosa por copiar recursos populares de seus concorrentes. E, aos poucos, estão tornando todos os seus apps praticamente iguais.

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O rastreador de sono do meu smartwatch realmente serve para alguma coisa?

Posted: 26 Nov 2019 02:57 AM PST

Braço com um smartwatch em uma cama

Durante a maior parte da minha vida adulta, eu realmente não pensava sobre o sono: era apenas uma atividade que meu corpo exigia, por cerca de seis a oito horas por noite, para eu não parecer um lixo no dia seguinte. Raramente parei para considerar a qualidade do meu descanso ou se meus padrões de sono eram “normais”. Isso é, até eu ganhar de presente uma pulseira Fitbit Charge 3.

Agora, quase todas as manhãs, abro o aplicativo Fitbit do meu telefone e olho para o relatório de sono, que me diz quanto tempo dormi e quanto tempo passei nos vários estágios do sono. Normalmente, o ritual de me debruçar sobre essas métricas desperta uma mistura de curiosidade (duas horas de sono REM é normal?), alarme (espera, eu acordei uma dúzia de vezes?), e o sentimento que tenho quando leio meu horóscopo: parece certo se eu não pensar muito a respeito.

Eu não tinha certeza se o meu ceticismo sobre medidores de sono em smartwatches e pulseiras de atividade física era justificado, então fiz algumas pesquisas. Acontece que o sono é complicado e eu estava certo de duvidar que o dispositivo no meu pulso esteja sempre me fornecendo dados precisos. E mesmo que seja, nem mesmo os pesquisadores do sono poderiam me dizer o que fazer com todas as informações.

Dormindo ou acordado?

Embora ainda exista muita coisa que ainda não entendemos sobre o sono, sabemos que ele é incrivelmente importante: dormir pouco tempo regularmente está associado a uma série de problemas de saúde, incluindo diabetes, doenças cardíacas e depressão. Pesquisas com animais sugerem que ficar privado do sono por tempo suficiente pode literalmente matar você.

Os pesquisadores do sono geralmente concordam que a maioria dos adultos precisa de sete a nove horas de sono por noite para permanecer saudável. Os estudos também mostram que precisamos de sono de alta qualidade, o que significa adormecer relativamente rápido, dormir profundamente durante a noite e passar a maior parte do tempo em que estamos na cama dormindo.

"Se você está se mexendo muito é improvável que esteja dormindo".

As primeiras versões do Fitbit (assim como dois dos modelos atuais, o Fitbit Inspire e o Fitbit Ace 2) se concentravam em fornecer um tipo de informação básica sobre o sono usando um acelerômetro tri-axial para medir o movimento do seu pulso, para cima e para baixo e de um lado para o outro, enquanto você descansa. Como disse o cientista do sono da Fitbit, Conor Heneghan, “se você estiver se mexendo muito é improvável que esteja dormindo”.

É uma lógica simples – e, de fato, o mesmo método geral é usado com frequência em pesquisas clínicas, onde os pacientes usam algo chamado sensor de actimetria para rastrear o movimento do pulso enquanto eles dormem. Os cientistas então usam algoritmos para traduzir esse movimento em padrões básicos de sono/vigília. Um artigo de 2011 constatou que em pessoas saudáveis, os dispositivos de actigrafia [método não invasivo para monitorar ciclos do sono] clínica foram capazes de identificar corretamente o sono real como sono entre 87 e 99% do tempo.

Não consegui encontrar uma estimativa semelhante para a precisão dos relógios inteligentes baseados em acelerômetro, mas estudos mostram que esses dispositivos geralmente se comparam favoravelmente aos de seus equivalentes clínicos, de acordo com um artigo publicado no início deste ano. “No geral, eles não são muito diferentes da actigrafia padrão”, disse Massimiliano de Zambotti, cientista do Programa de Pesquisa em Sono Humano da SRI International e principal autor da revisão deste artigo.

"Uma grande falha de todos os dispositivos [baseados em movimento]: eles estão assumindo que só há movimento desse pulso se ele vier da pessoa que o usa"

Onde todos os rastreadores de sono baseados em movimento deixam por desejar é em sua capacidade de detectar quando alguém está acordado: De acordo com Zambotti, a maioria dos dispositivos acertará apenas metade do tempo. Isso acontece porque esses dispositivos pressupõem que uma pessoa deitada perfeitamente imóvel está dormindo, e quem já teve uma noite de insônia saberá que isso não é necessariamente verdade. Devido a essa limitação, o rastreamento do sono baseado no acelerômetro tende a superestimar o tempo total de sono de uma pessoa, de acordo com um artigo de 2016.

Rebecca Spencer, neurocientista da Universidade de Massachusetts Amherst, que estudou a confiabilidade dos rastreadores do sono baseados em movimento, observou que eles também podem levar a acharmos que uma pessoa adormecida está acordada se, por exemplo, um cachorro nervoso ou parceiro inquieto estiverem deitados com ela.

“Uma grande falha de todos os dispositivos [baseados em movimento]: eles estão assumindo que só há movimento desse pulso se ele vier da pessoa que o usa”, disse Spencer.

Ainda assim, Spencer acha que, para adultos saudáveis, as tendências gerais de quanto você está dormindo podem ser capturadas com precisão com um acelerômetro. O mesmo aconteceu com Andrew Kubala, um candidato a PhD na Universidade de Pittsburgh, que recentemente liderou um estudo comparando seis relógios inteligentes comerciais com um actígrafo.

“Para o consumidor em geral, se estiver interessado em seu padrão de sono, não vejo problema em comprar um monitor [comercial]”, ele disse. “E eles terão uma boa estimativa do sono”.

Mas o sono total é apenas a ponta do iceberg quando se trata de entender nosso sono. É por isso que os modelos mais recentes do Fitbit e de outros relógios inteligentes usam mais dados, incluindo a frequência cardíaca, para fornecer informações sobre todo o ciclo do sono.

O ciclo do sono

O sono é muito mais que um lapso noturno na consciência. Enquanto dormimos, o cérebro e o corpo estão fazendo muitas coisas, percorrendo quatro estágios diferentes do sono, como uma pessoa subindo e descendo entre os andares de uma casa.

Três desses estágios são tipos de sono sem movimento rápido dos olhos (não REM), que os cientistas do sono apelidaram sem imaginação de NREM 1-3 (ou apenas N1-N3). Nestes estágios do sono, sua frequência cardíaca, respiração e ondas cerebrais ficam progressivamente mais lentas à medida que você cai em um sono cada vez mais profundo.

Os estágios N1 e N2 são o que Fitbit chama de “sono leve” e, juntos, são responsáveis ​​pela maior parte do sono em uma noite típica. O estágio N3, também conhecido como sono de "ondas lentas” entre os pesquisadores ou “sono profundo” em seu aplicativo Fitbit, é responsável por uma fração menor do seu sono total, mas os cientistas consideram importante para você se sentir revigorado no dia seguinte.

Depois, há o sono REM. Durante esse estágio, os olhos de uma pessoa se movem rapidamente de um lado para o outro, a freqüência cardíaca e a pressão arterial aumentam, os músculos dos braços e pernas ficam temporariamente paralisados ​​e a atividade cerebral se torna mais semelhante à observada durante o período acordado. Este é o estágio do sono no qual provavelmente sonhamos. Pesquisas sugerem que REM e sono profundo juntos desempenham um papel importante na consolidação e estabilização da memória.

O que está claro em todos esses estudos é que os dados de estágios do sono do Fitbit são, na melhor das hipóteses, uma aproximação nebulosa.

O padrão para o mapeamento desses estágios do sono é uma técnica conhecida como polissonografia, onde ondas cerebrais, atividade muscular e movimento dos olhos são registrados durante a noite em um laboratório, colocando eletrodos por todo o corpo de uma pessoa. Dois ou mais profissionais examinam os dados resultantes, marcando manualmente os diferentes estágios do sono e aceitam os dados como válidos quando excedem um certo limite de concordância (geralmente cerca de 90%).

Um Fitbit obviamente não consegue sentir suas ondas cerebrais. Em vez disso, ele usa algoritmos que combinam dados sobre movimento e freqüência cardíaca, além de informações demográficas como idade e sexo (que você insere no aplicativo quando configura seu Fitbit) para aproximar as oscilações noturnas entre os vários estágios.

De acordo com um estudo financiado pela Fitbit publicado em 2017, os algoritmos do rastreador estão de acordo com a polissonografia cerca de 70% do tempo para sono leve e REM e 60% do tempo para sono profundo.

Captura de tela do monitoramento de sono do FitbitCaptura de tela de um hipnograma noturno do meu aplicativo Fitbit. Captura de tela: Maddie Stone

Um estudo independente de validação do Fitbit Charge 2, liderado por Zambotti da SRI, obteve resultados bastante semelhantes: o smartwatch concordava com a polissonografia 80% do tempo em sono leve e 75% no sono REM, mas os dois viram apenas 50% de concordância no sono profundo. Entre os poucos estudos publicados, o júri discute se os algoritmos da Fitbit superestimam ou subestimam o sono profundo ou se não existe esse viés (como o estudo da empresa defende).

O que está claro em toda essa pesquisa é que os dados de estágios do sono do Fitbit são, na melhor das hipóteses, uma aproximação nebulosa. Para Zilu Liang, pesquisadora da Universidade de Ciência Avançada de Quioto, que estuda dispositivos vestíveis a nível de consumidores e métricas de saúde digital, isso não é surpresa.

“Temos que medir muitos sinais biológicos para entender os estágios do sono”, disse ela. “O Fitbit tem apenas duas fontes de informação”, movimento e frequência cardíaca. “Não acho que essas duas fontes sejam suficientes para inferir com precisão os estágios do sono”.

Mas, para as pessoas comuns, a precisão desses dados não deve realmente importar. Isso ocorre porque não há um ideal cientificamente estabelecido para a arquitetura do sono, ou seja, a quantidade e a organização dos vários estágios do sono. Uma meta-análise de 2017, que analisou quase 300 estudos para fazer recomendações sobre a qualidade do sono, chegou a apenas duas "descobertas de consenso" quando se trata do ciclo do sono: para adultos, o sono REM em excesso (mais de 40% do total) ) é provavelmente ruim, e dormir muito pouco (menos de 5% do total) também é provavelmente ruim.

“Realmente não temos uma maneira precisa de medir a necessidade de sono, e muito menos medir quanto de um estágio específico é necessário”, disse Spencer.

Michael Grandner, diretor do Programa de Pesquisa em Saúde e Sono da Universidade do Arizona e especialista em sono no conselho de consultores da Fitbit, descreveu os dados dos estágios do sono como “uma estimativa” e disse que serve para dar às pessoas “uma janela para o que está acontecendo lá dentro".

"Se eles acham que não estão dormindo bem, lhes dá uma indicação objetiva de que não estão loucos ", disse ele. No entanto, ele enfatizou que os dados não devem ser utilizadas para o autodiagnóstico e que, se você está realmente preocupado com o que você está vendo, o melhor a se fazer é "ir falar com um especialista do sono."

Gráfico de níveis de sono da FitbitOs dados dos estágios do sono são nebulosos, mas se você for analisá-los, provavelmente é melhor olhar para suas médias do que se preocupar com a variação noite a noite. Captura de tela: Maddie Stone

Enquanto a ciência do sono continua se desenvolvendo, o que um smartwatch médio de consumidor pode fazer com todas essas informações? Se você é um adulto saudável e não sofre de um distúrbio do sono, provavelmente pode confiar no seu Fitbit para fazer um bom trabalho rastreando seu sono total na maioria das vezes. Se o dispositivo estiver muito errado, você saberá: por exemplo, uma vez eu fiquei acordado quase a noite toda, e meu Fitbit, enganado pela minha aparente falta de vida, me disse que eu dormi durante sete horas.

Quando se trata de dados mais detalhados de estágios do sono, concentre-se nas tendências gerais disponíveis no seu aplicativo: os padrões são consistentes ao longo do tempo? Como seus dados se comparam com outros da sua idade/sexo?

Lembre-se de que esses dados são uma aproximação, criada por um algoritmo proprietário que pode mudar a qualquer momento. Isso é especialmente verdadeiro para a recente  “pontuação do sono", um ranqueamento de 0 a 100 que a Fitbit atribui ao seu sono noturno e que a empresa diz ser baseado nos dados de freqüência cardíaca e tempo dos estágios do sono. Questionado sobre a importância desse número, Grandner simplesmente disse que “o tempo dirá”. E lembre-se de que nem os principais pesquisadores do sono do mundo podem dizer o que é ideal ou normal – portanto, se você estiver se sentindo bem, provavelmente deve estar!

Se, por outro lado, você se sentir um lixo e o seu smartwatch começar a registrar uma alteração nos seus padrões de sono, o melhor a se fazer é conversar com seu médico sobre isso. Afinal, os rastreadores comerciais do sono não são dispositivos médicos.

Nem mesmo os principais pesquisadores do sono do mundo podem dizer o que é ideal ou normal.

Idealmente, em um mundo obcecado por produtividade, os rastreadores podem ajudar todos nós a prestar melhor atenção ao sono e a pensar em como melhorá-lo. Mas se monitorar suas métricas está estressando você mais do que está ajudando, tente desativar o smartwatch por algumas noites. Talvez você durma melhor sabendo que não será avaliado pela manhã.

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