sábado, 15 de fevereiro de 2020

Gizmodo Brasil

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Cientistas da NASA encontraram milhões de pontos de concentração de metano no Ártico

Posted: 14 Feb 2020 02:05 PM PST

Cientistas recorreram aos céus para estudar as emissões de metano no Ártico. Em uma série de mais de 400 viagens de avião em 2017, pesquisadores do Experimento de Vulnerabilidade Ártico-Boreal (ABoVE, na sigla em inglês) da NASA descobriram 2 milhões de pontos de concentração de metano na região.

As descobertas apontam para um dos aspectos mais perturbadores da mudança climática no Ártico, à medida que o solo congelado descongela, liberando gases de efeito estufa na atmosfera.

A equipe documentou as descobertas em um artigo publicado na revista Geophysical Research Letters nesta semana. Eles equiparam aviões com tecnologia infravermelha capazes de detectar pontos de concentração de metano — para definir o que era um pontos de concentração, foi estabelecido uma área de 3 mil ppm (partes por milhão) de metano no ar.

No total, os cientistas cobriram mais de 32 mil km² e fizeram cerca de 1 bilhão de observações.

Essa tecnologia foi usada para encontrar vazamentos de metano em infraestruturas construídas pelo homem, como fábricas de gás, mas essa é a primeira vez que esse tipo de tecnologia é usada no Ártico, onde os cientistas sempre têm dificuldade para reunir dados observacionais, afinal trata-se de um local frio e remoto.

Os cientistas da NASA descobriram que a maioria destes pontos de concentração ficam mais próximos de corpos d’água. Isso se deve ao fato de a água corrente poder correr em solos congelados. Porém, os pesquisadores descobriram uma curiosidade: a maioria dos pontos de concentração estão a 44 metros dos cursos d’água, uma característica que ainda estão tentando entender.

Eles conseguiram confirmar isso durante uma excursão em campo, com descida na Terra, realizada em 2017 em dois lagos.

Isso é motivo de grande preocupação. O Ártico está aquecendo a um ritmo acelerado, e está fazendo com que camadas de permafrost derretam. Tudo isso entra na conta da mudança climática, mas este ciclo de feedback de permafrost derretido torna as coisas dramáticas porque é aí que o metano do Ártico se esconde.

E o metano é um poderoso gás com efeito de estufa: tem um potencial de aquecimento global que é cerca de 30 vezes maior do que o do dióxido de carbono em 100 anos.

À medida que mais gás é liberado na atmosfera, o aquecimento também aumenta. Isso poderia criar uma mudança climática desenfreada, embora não seja possível afirmar o quão perto estamos de um ponto de virada — o que demanda uma pesquisa ativa e intensa.

Mas há sinais de mudança além do que os cientistas da NASA encontraram. O Boletim do Ártico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA do ano passado descobriu que a região está emitindo dióxido de carbono, outro subproduto do degelo do permafrost.

Além de ameaçar o clima, o descongelamento do solo também está causando enormes problemas para a infra-estrutura no Ártico. Até um terço de todos os edifícios da região pode ficar com problemas até o meio deste século.

Os dados recolhidos nos voos de 2017 devem ajudar a informar melhor os modelos que os cientistas climáticos usam para prever o impacto que esses pontos de concentração podem ter na crise climática.

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Filmes gravados na vertical vieram para ficar e podem estar chegando aos cinemas

Posted: 14 Feb 2020 01:36 PM PST

As câmeras dos smartphones se tornaram tão boas que nos transformaram em diretores amadores. Mas como redes sociais como Snapchat e Instagram incentivam vídeos verticais, não filmamos imagens horizontais, que fazem sentido, por exemplo, para um filme. Não há problema nenhum quando um vídeo do Stories do Instagram tem apenas 15 segundos. Mas você realmente quer assistir a um filme inteiro gravado na vertical? Estamos prestes a descobrir.

O diretor e produtor russo Timur Bekmambetov, mais conhecido por filmes como Searching ("Buscando…"), Night Watch ("Guardiões da Noite") e Hardcore Henry ("Hardcore: Missão Extrema"), está produzindo o primeiro “filme blockbuster vertical”, chamado V2. Escape From Hell, de acordo com o Deadline.

O filme de ação sobre a Segunda Guerra Mundial é baseado em eventos reais envolvendo um piloto soviético que sequestra um avião para fugir de um campo de concentração alemão. Com um orçamento de US$ 10 milhões, não parece um sucesso de bilheteria, mas Bekmambetov já produziu alguns hits. O filme "Buscando…", estrelado por John Cho, arrecadou US$ 75 milhões e tem uma respeitável classificação de 92% em "fresh rating" no Rotten Tomatoes – essa classificação significa que a média das opiniões é mais positiva que negativa.

Bekmambetov gosta de brincar com o formato. O filme Hardcore: Missão Extrema foi filmado de uma perspectiva em primeira pessoa do início ao fim. Unfriended e sua sequência foram filmados como screencasts (gravações de tela) do MacBook. Esses filmes não foram necessariamente bons, mas foram experiências interessantes em um mar de reboots de franquias e filmes da Marvel.

"Visualmente, o filme é construído em torno de uma pessoa – é uma história sobre um homem em pé e endireitando os ombros, apesar das circunstâncias. E sobre um avião de resgate voando alto no céu", disse Bekmambetov ao Deadline.

Nem sei o que isso significa, mas estou intrigado e mal posso esperar para ouvir o que Martin Scorsese pensa sobre isso.

O formato vertical pode ser uma ideia difícil de vender para, digamos, cadeias de cinema, que são bastante comprometidas com imagens horizontais. Isso limitará as oportunidades de distribuição do filme, embora possa ir diretamente para a Netflix, ou talvez aumentar a popularidade com algumas exibições em festivais de cinema vertical.

Mas as pessoas realmente querem assistir a séries ou filmes completos como esse? Até o Quibi, serviço de streaming que será lançado em breve e oferecerá conteúdo original na vertical, manterá os vídeos curtos (tipo 10 minutos) e oferecerá aos espectadores a opção de fazer a transição da vertical para a horizontal, e vice-versa, sempre que desejarem.

O vídeo na vertical pode ser o que preferimos assistir nas redes sociais, mas quando se trata de longa-metragens, não acredito que seja. V2. Escape From Hell será lançado no próximo ano.

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Cinco filmes estrangeiros indicados ao Oscar

Posted: 14 Feb 2020 12:38 PM PST

oscar

Produzir películas de qualidade não é um privilégio exclusivo de Hollywood. Muitíssimo pelo contrário e engana-se quem pensa dessa forma. O mundo é um lugar vasto e cheio de histórias para serem contadas – e algumas delas saem, para o grande público, de lugares inimagináveis. Carregadas de estilos e narrativas diferenciadas, as produções estrangeiras saem do óbvio e da cartilha hollywoodiana, trazendo contextos sociais e significados específicos das fronteiras que são lançadas. É um prato cheio para quem quer expandir sua concepção de cinema através de outras culturas e suas linguagens.

Pensando nisso, em parceria com o Telecine, separamos algumas indicações de filmes estrangeiros indicados ao Oscar. Confira!

Guerra Fria

Durante a Guerra Fria, entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 1950, Wiktor, um músico amante da liberdade, e Zula, uma jovem cantora, vivem um amor contraditório. A história do casal avança pelos anos, em diferentes cidades. Origens distintas, pensamentos distintos e muita propensão à discussão marcam a dupla, mas ainda assim, eles não conseguem evitar a paixão. 

Essas diferenças entre o casal pontuam todas as contradições que serão exploradas no filme: Wiktor representa o caos de um mundo ultrapassado, enquanto Zula é a renovação que chega depois da guerra. É diante desse contexto e embrulhado em repressão política e direcionamento do regime comunista para uma "arte padrão" que o amor, os encontros e os desencontros dos dois acontecem.

Assista no streaming do Telecine.

Tudo sobre minha mãe

No dia de seu aniversário, Esteban ganha de presente da mãe, Manuela, um ingresso para a nova montagem da peça “Um bonde chamado desejo”, estrelada por Huma Rojo. Após o espetáculo, ao tentar pegar um autógrafo de Huma, Esteban é atropelado e morre. Manuela resolve então ir até o pai do menino, que vive em Barcelona, para dar a notícia. No caminho, ela encontra o travesti Agrado, a freira Rosa e a própria Huma Rojo.

O longa destaca o cuidado, a maternidade, o tempo e volatilidade da vida, uma gestação de amor complexo e instigante, que rendeu a Almodóvar o prêmio de Melhor Diretor em Cannes, o Globo de Ouro de Filme Estrangeiro, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e mais dezenas de outros prêmios em festivais ao redor do mundo.

Assista no streaming do Telecine.

The Square – A Arte da Discórdia

Um gerente de museu está usando de todas as armas possíveis para promover o sucesso de uma nova instalação. Entre as tentativas para isso, ele decide contratar uma empresa de relações públicas para fazer barulho em torno do assunto na mídia em geral. Mas, inesperadamente, isso acaba gerando diversas consequências infelizes e um grande embaraço.

A exposição é O Quadrado, uma instalação que convida os transeuntes ao altruísmo, lembrando-os de seu papel como seres humanos responsáveis. Mas às vezes é difícil viver de acordo com seus próprios ideais: a resposta tola de Christian pelo roubo de seu celular o leva a situações vergonhosas. The Square trabalha com o inusitado, com a batalha interna e externa sobre o comportamento ético da elite moderna e seu interior mais animalesco. E o principal capricho do roteiro está na sua habilidade em manter este humor em alta.

Assista no streaming do Telecine.

8 ½

Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi ainda não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna e passa a misturar o passado com o presente e ficção com realidade.

O diretor Federico Fellini criou aquilo que muitos outros cineastas, pintores, músicos fazem em momentos de desespero profissional: uma obra simbólica para mostrar ao público a angústia daquele que a criou. O bloqueio da criatividade, sem dúvidas, é o foco central da história, mas o diretor vai além.ivaga sobre este universo. As limitações da arte gerando as mazelas pessoais, confundindo-se a trama cinematográfica com o filme da própria vida. 

Assista no streaming do Telecine.

Gritos e sussurros

Em uma casa no campo, uma mulher está em fase terminal de câncer e recebe cuidados de suas duas irmãs e de uma empregada da família, que precocemente perdeu sua filha e por isso extravasa seu amor de mãe a dando o maior carinho possível. Dentro deste contexto, lembranças, frustrações e imaginações em um misto de amor e ódio surgem no interior de cada pessoa.

A extrema dor, o desprezo daqueles que deveriam velar por si e o toque espiritual da obra são coisas exploradas de maneira competente, assim como o tempo e seu impacto nas pessoas e as massacrantes relações interpessoais entre as irmãs, tendo o toque como um tabu quase impossível de suportar.

Assista no streaming do Telecine.

Este conteúdo é apresentado pelo Telecine, única plataforma dedicada exclusivamente a filmes. E vale lembrar que agora o Telecine é bem mais do que canais na sua televisão. Ele é também streaming para você assistir ao filme que quiser, pelo dispositivo que quiser e onde quiser.  Ao todo, o catálogo é formado por mais de 2.000 títulos, dos clássicos aos lançamentos saídos do cinema. Conheça os planos disponíveis e assine já!

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Signal, app de mensagens seguro, quer alcançar um bilhão de usuários com funções populares

Posted: 14 Feb 2020 12:09 PM PST

Logo do app Signal

O Signal é um aplicativo de mensagens bastante conhecido pela comunidade de cibersegurança — assim como jornalistas, ativistas e outros que tentam evitar a vigilância de governos. O protocolo de criptografia de ponta-a-ponta das mensagens criado pelo Signal, inclusive, foi utilizado pelo WhatsApp. Agora, os executivos do app querem alcançar mais usuários.

Em uma entrevista à revista Wired, Moxie Marlinspike, o fundador da Open Whisper System, organização por trás do desenvolvimento do Signal, revelou que quer atingir uma audiência mais ampla. O plano, inclusive, é continuar desenvolvendo um aplicativo intuitivo até mesmo para os usuários mais leigos.

O propósito conta com a ajuda de um investimento de US$ 50 milhões do cofundador do WhatsApp Brian Acton. Desde que o ex-executivo do aplicativo concorrente injetou a grana, o Signal ganhou suporte para iPad, compartilhamento efêmero de imagens e vídeos que desaparecem depois de serem visualizados uma vez, figurinhas personalizáveis e reações via emoji.

Todas essas novidades foram lançadas nos últimos três meses e só foram possíveis com a grana de Acton, que também se tornou diretor executivo da Signal Foundation. Antes, uma equipe de três funcionários se desdobravam para manter tudo em ordem e, agora, são 20 empregados.

A ideia, com as novas funções, é atrair um público geral enquanto mantém a essência do chat seguro e criptografado com a geração mínima de metadados. Para incluir algumas das novidades foi preciso bastante pesquisa em criptografia.

A entrevista da Wired explica que para incluir as figurinhas, o time de desenvolvedores precisaram projetar um sistema em que cada pacote de stickers possuísse uma chave única. Essa chave é criptografada e compartilhada entre os usuários quando alguém quer instalar novas figurinhas — desta forma, o servidor do Signal não consegue ver as figurinhas descriptografadas, nem identificar qual usuário as criou ou as enviou.

A funcionalidade de chats em grupo também exigiu inovações em criptografia que impedem que os servidores do Signal saibam quais são os membros de uma determinada conversa — isso é feito por meio de credenciais anônimas, que foram desenvolvidas em parceria com a Microsoft Research.

Os desenvolvedores querem aprimorar a segurança do aplicativo ao criar uma opção de lista de contatos que não esteja ligado à agenda do seu celular. Isso permitiria, inclusive, poder usar o Signal sem oferecer seu número de celular.

Como todo aplicativo, o Signal não é à prova de falhas e já teve algumas bastante graves, como uma que permitia que alguém atendesse ligações por você. A diferença está no propósito do app: os métodos de criptografia e a segurança são a prioridade.

Brian Acton quer que o Signal atinja um bilhão de usuários — ele conseguiu com WhatsApp e acredita conhecer o caminho para repetir a façanha. Ele saiu do WhatsApp porque sentiu que seus princípios foram confrontados pelo modelo de negócios do Facebook, que comprou o app em 2014 por US$ 22 bilhões.

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Coronavírus faz Samsung e Motorola reduzirem produção no Brasil por falta de peças da China

Posted: 14 Feb 2020 11:37 AM PST

Moto G8 Play

Recentemente, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), entidade que representa fabricantes de eletroeletrônicos no Brasil, alertava que o coronavírus poderia prejudicar a produção local de eletroeletrônicos, pois o País importa muitos componentes da China. Nesta sexta-feira (14), começamos a saber dos primeiros sinais disso.

No caso, a Flextronics, que fabrica aparelhos da Motorola em Jaguariúna (SP), e a fábrica da Samsung em Campinas (SP) estão dando uma freada na produção por causa dos problemas logísticos relacionados ao coronavírus.

Sobre a Flextronics, contatamos José Francisco Salvino, presidente do sindicato de Jaguariúna e região, que nos disse que "vários componentes vêm diretamente da China e, por conta da doença, os itens não estão chegando ao Brasil para que os aparelhos sejam produzidos". Como consequência, disse, "a fabricante decidiu dar dez dias de férias coletivas para os trabalhadores".

Já a fábrica da marca sul-coreana resolveu adotar uma estratégia diferente. Conforme informa o Convergência Digital, o sindicato local negociou a redução dos dias de trabalho em apenas três nesta semana, portanto de quarta (12) até esta sexta-feira (14). Estes dias devem ser posteriormente compensados.

Questionamos as marcas sobre a situação nas fábricas, e elas pediram para procurarmos a Abinee. Por sua vez, a entidade disse que “não responde por situações específicas de empresas”.

Num primeiro momento, não há notícia sobre problemas com estoque de smartphones. No entanto, esta questão levanta a bola para a dependência da indústria local do que é fabricado na China.

Em um levantamento da Abinee, a entidade informou que 42% das importações de componentes de eletroeletrônicos de 2019 viram da China. A segunda maior fatia, 38%, vem de outros países asiáticos fora a China. Então, de forma bem resumida, 80% dos componentes usados em eletroeletrônicos fabricados no Brasil em 2019 foram importados da região em que o coronavírus mais se espalhou.

Ainda na semana passada, a própria Abinee, em um levantamento entre 50 associados, disse que 25 empresas tinham dito que seriam afetadas pela falta de insumos vindos da China, e que a paralisação de produção poderia ser cogitada pelas fabricantes nacionais.

Não deu outra: em menos de uma semana já começamos a ouvir os primeiros relatos sobre problemas de produção na indústria nacional.

Sobre as fabricantes que disseram que ainda não tinham sentido o efeito, a Abinee diz que as respondentes afirmaram que se a situação não normalizasse em 20 dias, seria difícil manter o ritmo atual de produção nos próximos meses.

Por ora, não temos casos de coronavírus no Brasil. No entanto, a doença não mostra sinais de que está diminuindo o nível de contágios. Nesta sexta-feira (14), já temos notícia de quase 1.500 mortos pela doença no mundo todo, e dezenas de milhares de infectados.

[Convergência Digital]

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Instagram está testando feed com ordem cronológica

Posted: 14 Feb 2020 10:52 AM PST

Se você sofre de FOMO (sigla em inglês para "Fear of Missing Out", ou o medo de não estar atualizado de tudo o que anda acontecendo), o Instagram pode ser uma grande dor de cabeça para você. Afinal, os algoritmos imprevisíveis da plataforma mostram conteúdos de forma aleatória, fazendo com que você perca algumas publicações ou acabe curtindo uma foto que foi postada há dois dias.

A boa notícia para os ansiosos é que a engenheira Jane Manchun Wong descobriu que o Instagram está testando um novo recurso que permite que os usuários visualizem as publicações em ordem cronológica.

Apesar de ainda não sabermos muitos detalhes sobre essa possível novidade, o tuíte de Wong mostra que a funcionalidade aparece como "Posts mais Recentes". Ainda segundo ela, o recurso será disponibilizado como uma seção separada na plataforma em vez de uma espécie de filtro que permite que os usuários alterem a forma de visualização do feed.

Conforme apontado pelo The Next Web, o que o Instagram oferece hoje é uma mensagem informando que você já visualizou todo o conteúdo das últimas 48 horas em sua timeline, mas as publicações não aparecem em ordem cronológica e não há como saber se isso inclui realmente todo o conteúdo publicado ou apenas o que o algoritmo da plataforma apresentou pra você.

Se você já está no Instagram há um tempo, provavelmente se revoltou (ou celebrou) quando a rede social decidiu mudar a visualização em ordem cronológica pelos algoritmos aleatórios em 2016.

Na época, a empresa justificou a mudança afirmando que, em média, as pessoas viam apenas 30% do feed e a ideia era garantir que esses 30% fosse conteúdo publicado por perfis que realmente te interessam. Porém, parece que agora a plataforma quer reverter essa decisão e oferecer uma chance para os usuários decidirem por si próprios como preferem consumir os conteúdos.

[The Next Web]

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EUA acusam Huawei de fraude e roubo corporativo

Posted: 14 Feb 2020 08:23 AM PST

Pessoa mexendo em celular com o logo da Huawei ao fundo

Atualização – 14 de fevereiro às 17h00: Alteramos o título desta matéria por questões de precisão e clareza e incluímos mais detalhes da nota oficial da Huawei (abaixo).

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou nesta quinta-feira (13) a instauração um processo substitutivo contra a gigante de tecnologia chinesa Huawei, denunciando a empresa e diversas de suas afiliadas sob uma lei tradicional do país que é usada para derrubar organizações criminosas em expansão que operam sob sigilo. A companhia chinesa, por sua vez, nega as acusações e enviou um comunicado rebatendo a acusação.

A Huawei é a maior fornecedora de equipamentos de telecomunicações do mundo e um dos seus maiores fabricantes de celulares.

As novas acusações se somam a outras duas preocupações legais para a empresa: um processo no Distrito Oeste de Washington que alega que a equipe da Huawei conspirou para roubar informações sobre um robô de testes de celulares da T-Mobile apelidado de “Tappy” e outra no Distrito Leste de Nova York que acusa a diretora financeira Meng Wanzhou de supostas fraudes bancárias e financeiras como parte de um esquema da Huawei para escapar das sanções dos EUA contra o Irã.

O indiciamento substitutivo adiciona três acusações ao caso do Distrito Leste de Nova York, incluindo conspiração para roubar segredos comerciais, conspiração para cometer fraude bancária e conspiração de extorsão sob a Lei de Organizações Influenciadas e Corruptas pelo Crime Organizado (RICO, na sigla em inglês).

Além disso, o processo inclui agora quatro subsidiárias mencionadas nos casos anteriores: Huawei Device, Huawei USA, Futurwei Technologies e Skycom. Os procuradores dos EUA afirmam que a Huawei e essas empresas alcançaram seu status de liderança ao trabalharem como uma empresa criminosa semelhante a uma máfia corporativa.

Uma acusação sob a RICO significa que a Huawei e as outras empresas podem enfrentar enormes consequências caso vier a ser confirmado que agiram coletivamente como um empreendimento criminoso desse tipo.

“A acusação aumenta drasticamente, alegando que a própria Huawei é uma empresa criminosa (e não uma empresa normal que por acaso infringiu a lei)”, disse Julian Ku, professor de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade de Hofstra, ao Gizmodo. “[…] a RICO é diferente porque significa que todas as coisas que Huawei supostamente fez fazem parte de um plano maior para lucrar com atividades ilegais”.

“É muito difícil provar algo sob a acusação dessa lei porque você tem que provar vários crimes subjacentes e mostrar que todos esses crimes eram parte de um empreendimento maior cujo objetivo é lucrar com eles”, acrescentou. “Não me lembro de isso ter sido usado contra uma grande corporação como essa, especialmente uma corporação não-americana.”

Durante nossa própria apuração, não conseguimos encontrar a RICO sendo utilizada pelo governo federal dos EUA contra uma empresa tão grande.

“A Huawei Enterprise estava envolvida e suas atividades afetavam o comércio interestadual e estrangeiro”, escreveram os procuradores na acusação. “O principal objetivo da Huawei Enterprise era fazer crescer a marca global ‘Huawei’ em uma das mais poderosas empresas de equipamentos de telecomunicações e eletrônicos de consumo do mundo, entrando, desenvolvendo e dominando os mercados de tecnologia e serviços de telecomunicações e eletrônicos de consumo em cada um dos países em que a Huawei Enterprise operava.”

Os procuradores escreveram que a Huawei e suas afiliadas roubaram pelo menos seis empresas dos EUA. Entre as acusações estão um suposto roubo de um código-fonte de uma empresa não revelada (provavelmente a Cisco, como o TechCrunch aponta) que teria então sido usado pela Huawei para desenvolver um produto próprio por um preço menor.

Em um outro caso, o indiciamento alega que um engenheiro da Huawei foi pego entrando, no meio da noite, em um estande de um competidor numa feira de tecnologia em Chicago e “removendo a capa de um dispositivo de rede e tirando fotografias do circuito inteiro.” Esse engenheiro teria um crachá escrito “Weihua”, uma antístrofe de Huawei.

Uma outra empresa não revelada teria enviado uma proposta com informações “Proprietária e Confidencial” na tentativa de criar uma parceria e a Huawei prontamente teria distribuído informações técnicas confidenciais para os seus engenheiros.

O processo também cobre as alegações feitas no caso do Distrito Oeste de Washington, incluindo o suposto roubo do “Tappy” e um programa de bônus supervisionado por gerentes da Huawei que daria gratificações aos funcionários que roubassem dados confidenciais de concorrentes.

A acusação inclui novos detalhes do suposto esforço de trabalhadores da Huawei para mentir para os investigadores federais e obstruir a justiça, dizendo que a companhia mantinha um manual “Ultra Secreto” com instruções para seus espiões corporativos para “ocultar o emprego na HUAWEI durante encontros com autoridades policiais estrangeiras”.

Por fim, o indiciamento diz que funcionários da Huawei mentiram para o FBI e para o Congresso dos EUA numa tentativa de esconder acordos ilegais com o Irã e Coreia do Norte, onde estariam fazendo negócios por meio de “filiais locais” como a Skycom.

Os procuradores exigem a confiscação civil de bens e lucros relacionados com as acusações de extorsão e conspiração de roubo comercial, bem como quaisquer lucros do suposto esquema de fraudes bancárias e financeiras para se esquivarem às sanções.

A Huawei anunciou mais de US$ 122 bilhões em receitas de vendas em 2019. Os impactos podem ser fortíssimos, ainda que a maior parte das receitas venham da China, onde a empresa é sediada — e o governo chinês dificilmente tomaria medidas contra a companhia.

Oficiais de inteligência dos EUA também afirmaram recentemente (sob anonimato e sem fornecer informações específicas) que têm provas concretas de que Huawei tem construído backdoors (brechas) de vigilância em equipamentos de telecomunicações que tem vendido no exterior com fins de espionagem em nome dos serviços militares e de segurança chineses.

As notícias desse indiciamento e da suposta “bala de prata” que provaria espionagem atinge a Alemanha, um dos aliados que os EUA têm insistindo para impedir que a Huawei faça parte dos planos de infraestrutura 5G.

A empresa também enfrenta inúmeras sanções do Departamento de Comércio dos EUA e do governo federal que prejudicaram muito a sua capacidade de fazer negócios.

A Huawei nega veementente que é uma ameaça à segurança dos países e disse que as acusações de roubo comercial são falsas ou o trabalho de funcionários desonestos.

Os EUA e a China continuam a travar uma guerra comercial que tem tido grandes efeitos no comércio global, o que levantou suspeitas de que a escalada americana contra Huawei pode ser uma estratégia de Trump para tornar os chineses “reféns políticos” para um acordo mais favorável aos americanos.

A Huawei respondeu ao processo alegando que se trata de protecionismo dos EUA com o objetivo de dificultar a competição. A companhia afirma que as acusações “não possuem méritos”. Abaixo, o comunicado na íntegra:

O novo indiciamento é parte de uma tentativa do Departamento de Justiça de irrevogavelmente danificar a reputação e os negócios da Huawei por razões relacionadas a competição, em vez do cumprimento da lei. Essas novas acusações não possuem méritos e são amplamente baseadas em disputas cíveis recicladas dos últimos 20 anos que já foram resolvidas, litigadas e, em alguns casos, rejeitadas pelos juízes e júris federais. O governo não vai fazer prevalecer as suas acusações, as quais vamos provar que são simultaneamente infundadas e injustas.

[…]

Disputas sobre propriedade intelectual são comuns em negócios internacionais. Segundo registros públicos, de 2009 a 2019, a Apple esteve envolvida em 596 ações de propriedade intelectual e a Samsung em 519. A Huawei esteve envolvida em 209.

[…]

Nenhuma empresa pode se tornar líder global roubando outras. Até o final de 2018, a Huawei registrou 87.805 patentes, incluindo 11.152 patentes nos Estados Unidos. Desde 2015, a Huawei recebeu mais de U$ 1,4 bilhão em receita de licenciamento. A companhia pagou mais de U$ 6 bilhões em royalties pelo uso legítimo das patentes de outras empresas, sendo que quase 80% desse valor foi pago a empresas americanas.

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Pálido ponto azul: NASA lança versão remixada da icônica foto da Terra vista do espaço

Posted: 14 Feb 2020 07:40 AM PST

Uma humilde foto da Terra, tirada pela sonda Voyager 1 a uma distância de 3,7 bilhões de quilômetros, foi reprocessada pela NASA para comemorar o 30º aniversário da imagem.

Em 14 de fevereiro de 1990, a sonda Voyager da NASA virou sua câmera em direção à Terra, resultando em uma das fotos mais impressionantes já tiradas.

Ao contrário de outras fotos da Terra, nas quais nuvens e continentes são visíveis, esta foto retratou nosso planeta como uma pequena partícula de luz parecida com uma estrela, ou um “pálido ponto azul”, como o astrônomo Carl Sagan mais tarde descreveria. A Voyager 1 nos forneceu uma visão da Terra à qual não estávamos acostumados.

"Aquilo é aqui. Aquele é o nosso lar. Somos nós”.

"Olhe novamente para esse ponto. Aquilo é aqui", escreveu Sagan em seu livro de 1994, Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro Humano no Espaço. "Isso é o nosso lar. Somos nós”.

Para comemorar o trigésimo aniversário dessa imagem icônica, os cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA decidiram dar uma nova olhada nesta foto antiga. Usando novas ferramentas e técnicas de processamento de imagens, e com o objetivo de “respeitar a intenção daqueles que planejaram a imagem”, nas palavras de um comunicado de imprensa da NASA, a foto parece mais limpa, mais nítida e mais brilhante do que nunca (uma versão completa da imagem reprocessada pode ser encontrada aqui).

Uma imagem ampliada da Terra como aparece na foto reprocessada. Imagem: NASA/JPL-Caltech/Gizmodo

A fase de exploração primária da missão Voyager 1 chegou ao fim quando esta foto da Terra foi tirada. Lançada em 1977, a sonda realizou sobrevoos de Júpiter e Saturno, adquirindo fotos em close-up sem precedentes dos gigantes do gás.

No início de fevereiro de 1990, a Voyager estava a 6 bilhões de quilômetros da Terra, ou 40,11 UA, na qual 1 UA é a distância média da Terra ao Sol. A sonda estava além de Netuno e situada cerca de 32 graus acima do plano eclíptico do Sistema Solar. A Voyager 1 estava tão longe no momento em que a foto foi tirada que a luz da Terra levou 5 horas e 36 minutos para alcançá-la. Sabemos que estamos olhando para o passado quando vemos o cosmos, mas raramente consideramos nossa própria tecnologia olhando para nós através do tempo.

A Voyager 1 conseguiu visualizar nosso planeta através de três filtros de cores: violeta, azul e verde. Combinados, esses filtros espectrais permitiam uma visualização de cores falsas. A imagem resultante mostrava a Terra como uma mancha azul clara – com menos de um pixel de largura – flutuando no espaço e interseccionada por um raio dramático de luz solar dispersa, um artefato da câmera da Voyager.

“O planeta ocupa menos de um pixel na imagem e, portanto, não é tão fácil distingui-lo”, segundo a NASA.

A versão original do Pálido Ponto Azul. Imagem: NASA/JPL

A versão recém-processada do Pálido Ponto Azul não é tão escura quanto a original, e seus vários artefatos, principalmente os causados ​​pela extrema ampliação e brilho do Sol, foram minimizados.

"O brilho de cada canal de cor foi equilibrado em relação aos outros, o que provavelmente é o motivo pelo qual a cena parece mais brilhante, mas menos granulada que a original", explicou a NASA em um comunicado de imprensa. “Além disso, a cor foi equilibrada para que o raio de sol principal (que se sobrepõe à Terra) parecesse branco, como a luz branca do sol”.

Os 60 quadros que compõem o Retrato de Família do Sistema Solar. Imagem: NASA/JPL

Foi também durante esse período de 1990 que a Voyager capturou visões semelhantes de Netuno, Urano, Saturno, Júpiter, Terra e Vênus (imagens de Marte, Mercúrio, Plutão não eram possíveis) e do Sol. Coletivamente, essas fotos são conhecidas como Retrato de Família do Sistema Solar, uma ideia concebida por Sagan, que morreu em 1996. Curiosamente, essas fotos não foram planejadas com antecedência, e Sagan teve que defender repetidamente sua importância.

O Pálido Ponto Azul acabou sendo um tipo de conquista final para a missão Voyager 1. A equipe da Voyager desligou permanentemente a câmera da sonda 34 minutos depois de tirar as 60 fotos que agora compõem o mosaico do Retrato de Família para economizar energia.

Essa e outras ações de economia de energia permitiram que a Voyager 1 e sua sonda irmã, Voyager 2, continuassem funcionando durante esta fase prolongada da missão. As sondas, que passaram pela heliosfera do Sistema Solar, ainda têm muitos anos de vida pela frente.

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China relata que seis trabalhadores da saúde morreram e 1.716 estão doentes por coronavírus

Posted: 14 Feb 2020 06:15 AM PST

As autoridades de saúde da China anunciaram na sexta-feira (14) que o novo coronavírus adoeceu pelo menos 1.716 profissionais de saúde e matou seis. Aproximadamente 87% dos profissionais de saúde infectados com COVID-19 estavam na província de Hubei, o epicentro do surto, de acordo com o jornal chinês China Daily.

O vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, Zeng Yixin, fez o anúncio em uma coletiva de imprensa hoje, enfatizando que todos os profissionais de saúde seriam compensados ​​através de um seguro de acidentes de trabalho.

"Atualmente, os deveres dos médicos e enfermeiros são de fato extremamente pesados. Suas circunstâncias de trabalho e descanso são limitadas, as pressões psicológicas são grandes e o risco de infecção é alto", disse Zeng, de acordo com uma tradução em inglês da Reuters.

Zeng enfatizou a necessidade de deixar os profissionais de saúde descansarem, algo que tem sido um problema, com base em fotos que circulam nas redes sociais de médicos e enfermeiros desabando em suas roupas de proteção, caindo no sono sempre que podem.

“Os governos locais devem oferecer aos médicos planos razoáveis ​​para garantir que eles tenham tempo suficiente para descansar”, disse Zeng, de acordo com o China Daily.

As seis mortes e 1.716 doenças dos profissionais de saúde ocorreram na terça-feira, deixando a possibilidade de que mais pessoas pudessem ficar doentes ou morrer esta semana.

Zeng também explicou que as pessoas que foram testadas positivas para o vírus, mas não apresentam sintomas, conhecidas como portadoras assintomáticas, não estão sendo contadas nas estatísticas oficiais de saúde do país. Zeng disse que, enquanto portadoras assintomáticas ficam em quarentena por 14 dias, juntamente com todos os demais, não há necessidade de contá-las entre as pessoas que contraíram a doença, de acordo com o Financial Times.

Um comissário de bordo gesticula para a equipe médica em solidariedade enquanto o trem parte para Wuhan em Nanchang, província central de Jiangxi, na China, em 13 de fevereiro de 2020. Foto: Getty Images

Pelo menos 65.183 pessoas foram confirmadas como tendo casos do novo vírus, segundo o Sydney Morning Herald. E pelo menos 1.486 morreram em todo o mundo.

A China registrou 5.090 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas, segundo a CGTN, além de 121 novas mortes – sem incluir a terceira morte por COVID-19 registrada fora da China na quinta-feira. O Japão relata que uma mulher de 80 anos, que estava no hospital desde 1º de fevereiro, morreu de pneumonia relacionada ao coronavírus. A mulher não tinha histórico de viagens para a China e não teve contato com ninguém no cruzeiro Diamond Princess atualmente em quarentena em Yokohama.

O Japão começou a liberar do navio Diamond Princess alguns passageiros idosos que não deram positivo para o vírus na sexta-feira, depois que muitos na comunidade global de saúde pública questionaram a decisão de forçar milhares de pessoas a permanecer no navio. Aproximadamente 80% dos passageiros do Diamond Princess têm mais de 60 anos.

Cerca de 218 pessoas deram positivo para o vírus no navio e apenas algumas centenas dos mais de 3.700 a bordo foram submetidas ao teste. Além dos idosos, alguns passageiros sem janelas nos quartos podem sair, pois todos devem permanecer em seus quartos 24 horas por dia.

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Objeto misterioso pode ajudar a explicar como nosso Sistema Solar se formou

Posted: 14 Feb 2020 05:23 AM PST

Nada que você encontra é realmente “primitivo”. Quase todos os átomos do nosso planeta foram processados ​​de alguma maneira, seja por seres humanos, pelo Sol, pelo núcleo da Terra ou por outras influências. Mas no Ano Novo de 2019, a missão New Horizons passou por um dos objetos mais primitivos do Sistema Solar: Arrokoth, um objeto muito além de Plutão que permaneceu praticamente intacto desde que se formou bilhões de anos atrás.

Na última quinta-feira (13), os cientistas lançaram três artigos (1, 2, 3), detalhando as propriedades de Arrokoth, sua geologia e como ele se formou. Eles não apenas lançam luz sobre a verdadeira natureza dos objetos gelados do cinturão de Kuiper no Sistema Solar distante, mas também fornecem fortes evidências de uma teoria sobre como os planetas se formam de maneira mais geral.

“Fizemos um grande avanço no entendimento do processo de funcionamento da formação planetária”, disse ao Gizmodo Alan Stern, investigador principal da missão New Horizons.

O astrônomo Marc Buie descobriu Arrokoth, anteriormente chamado MU69, usando o Telescópio Espacial Hubble em 2014. A rocha é um clássico Objeto do Cinturão de Kuiper – ou seja, um objeto no distante Cinturão de Kuiper, com uma órbita circular e relativamente modificada, fora da influência da gravidade de Netuno. A equipe da New Horizons focou no objeto como acompanhamento de sua missão em Plutão. Ao passar pelo objeto, a sonda espacial examinou-o com um conjunto de dispositivos de imagem, detectores de plasma e poeira e receptor de rádio.

A imagem original de Arrokoth do Hubble mostrou apenas uma mancha. Depois de muita especulação sobre como o objeto seria de perto, o sobrevôo revelou um haltere achatado de 36 quilômetros de extensão, sem satélites, anéis ou poeira nas proximidades, com manchas e buracos de brilho variável. Ontem, os pesquisadores contribuíram com esses resultados iniciais mergulhando profundamente na natureza do objeto, usando outros dados enviados de volta à Terra pela New Horizons.

A superfície vermelha uniforme de Arrokoth mostra metanol em gelo e materiais orgânicos, mas não foi detectada água, de acordo com um dos três trabalhos publicados na Science. Crateras e depressões com material de cor mais leve marcam sua superfície relativamente lisa (que tem algumas fissuras e colinas) e parecem remontar à era mais antiga do Sistema Solar, pelo menos 4 bilhões de anos atrás. Ao contrário de outros cometas e asteroides que mostram erosão pelo calor do Sol e impactos de alta energia, a superfície de Arrokoth parece ser o resultado de interações de baixa energia entre objetos em movimento lento.

Os dados permitiram que os físicos escrevessem uma história mais completa sobre como Arrokoth se formou. Uma nuvem de muitas partículas pequenas e sólidas teriam entrado em colapso e se transformado em um par de rochas que co-orbitam, com base no alinhamento dos lobos. Essas rochas teriam perdido lentamente impulso, talvez por atrito com outras partículas na nuvem de gás, e se fundido na forma final de dois lóbulos. Não há evidências de que os lóbulos tenham se comprimido a partir de um impacto de alta velocidade quando se uniram.

Encontrar um objeto mostrando evidências tão claras de sua formação podem ter consequências profundas para nossa compreensão da formação planetária em geral. De acordo com um dos documentos, isso "revela os processos de acréscimo que operavam no início do Sistema Solar". Em outras palavras, esse processo também poderia ser como os planetas se formaram.

Stern disse ao Gizmodo que se o conhecimento adquirido com Arrokoth se aplicasse a outros objetos no Sistema Solar, seria suficiente descartar outras teorias da formação planetária, como a acumulação hierárquica pela qual os planetas se formam a partir da colisão de peças aleatórias cada vez maiores (versus o que as evidências mostram no caso de Arrokoth: uma nuvem em colapso).

Este é um conjunto empolgante de pesquisas que está dando aos cientistas uma visão profunda do Sistema Solar primordial, disse Kat Volk, cientista associada do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, que não estava envolvido com esses trabalhos. Ela disse ao Gizmodo que também está animada com a forma como os astrônomos foram capazes de construir um modelo preliminar de que tipos de objetos estavam produzindo as crateras em Arrokoth.

Mas Arrokoth é apenas um objeto e a questão principal é saber se ele seria a regra ou a exceção à regra. Basicamente, ainda não sabemos o quão típico é um objeto de Arrokoth.

A única maneira de responder a essa pergunta é visitar outro Objeto do Cinturão de Kuiper, e a equipe da New Horizons está atualmente procurando o próximo alvo de sua nave espacial.

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Cientista brasileiro mede temperatura recorde de 20 graus Celsius na Antártica

Posted: 14 Feb 2020 04:51 AM PST

Pinguim tomando um drinque e de óculos de Sol

Imagine isso: 20 graus Celsius. Você está com uma jaqueta jeans fina. Você está tomando um gin tônica. Você está em um piquenique e comendo todo tipo de comida. Ah, e o vento está no seu cabelo. Seria um dia ótimo, se não fosse na Antártica.

É sério, a Antártica está bem agradável. No domingo, a Ilha Seymour — uma cadeia de ilhas na península antártica — registrou uma temperatura de 20,75 graus Celsius, pela primeira vez. Isso é quase um grau superior ao recorde anterior de 19,8 graus Celsius.

"Estamos vendo a tendência do aquecimento em muitos dos locais que estamos monitorando, mas nunca vimos nada parecido", disse Carlos Schaefer, cientista brasileiro que trabalha no Terrantar estudando a Antártica, ao Guardian, que reportou em primeira mão esta história. O Terrantar é um projeto do governo brasileiro que monitora o impacto da mudança climática no permafrost (o solo do Ártico) e biologia em 23 locais da Antártica.

Os cientistas brasileiros que aferiram a temperatura precisarão ainda ter a confirmação da Organização Mundial de Meteorologia para oficializar o recorde, mas infelizmente, 20 graus Celsius parecem consistentes com as tendências de aquecimento da Ilha Seymour. A península da ilha fica em uma das áreas de aquecimento mais rápido do mundo. Embora em média a Terra tenha esquentado cerca de 1 grau Celsius desde os tempos pré-industriais, a península antártica se aqueceu 12 graus nos últimos 50 anos. Graças à indústria de combustível fóssil.

O novo recorde foi estabelecido apenas dois dias depois que uma temperatura de 18,3 graus Celsius foi registrada no continente antártico, quebrando o recorde anterior estabelecido em 2015.

Essas temperaturas crescentes estão contribuindo para a rápida perda de gelo na Antártica, que é o maior estoque de gelo do mundo. As águas quentes representam a maior ameaça para as prateleiras de gelo que flutuam para o mar. Mas com o aumento da temperatura do ar, o derretimento da superfície também está se tornando uma preocupação maior.

Todo esse gelo derretido é uma má notícia para animais (como pinguins!) e ecossistemas que dependem do gelo marinho para sobreviver. Também é uma má notícia para nós, seres humanos, porque quando o gelo terrestre derrete, aumenta o nível do mar.

A Antártica Ocidental — a região mais ameaçada do continente gelado — tem gelo suficiente para elevar o nível do mar em 10 pés (3 metros). Isso seria devastador para muitas cidades costeiras. Se todo o gelo da Antártica derretesse, nossos oceanos subiriam cerca de 200 pés (quase 61 metros). Embora não seja iminente, provavelmente devemos parar de emitir gases de efeito estufa apenas para garantir que não descubramos como isso seria.

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Como policiais conseguiram acusar um incendiário utilizando um app do filho dele

Posted: 14 Feb 2020 04:16 AM PST

Autoridades vincularam um homem a um incêndio que destruiu “mais de US$ 1 milhão” em propriedades de uma fábrica nos EUA ao convencer o filho dele a dar acesso a um aplicativo que permitiu visualizar os movimentos do suspeito.

A polícia já tinha identificado Glenn "Chip" Hill, um homem que mora em Barre, a maior cidade no Condado de Washington, Vermont, nos EUA, como um suspeito depois de imagens das câmeras de segurança mostrarem seu carro próximo da fábrica Hard Rock Granite, sua ex-empresa, quando ela pegou fogo.

De acordo com a Forbes, a polícia descobriu que tanto seu celular quanto um aparelho que pertencia ao seu filho tinha instalados o aplicativo Life360, um serviço de rastreamento que permite que pais sigam seus filhos em tempo real e vice-versa. Em outras palavras, os dois celulares serviram como dispositivo de vigilância. O único problema é que eles usavam uma versão gratuita, que oferece os dados apenas dos últimos dois dias.

A Forbes escreve que a polícia obteve um mandado de busca e contataram a esposa e o filho de Hill, pedindo a eles que fizessem o upgrade para a versão paga, que custa US$ 8, e rastrearam os dados dos últimos 30 dias, que incluía o dia do incêndio. Do mandado:

Em poucos segundos, o histórico de localização de 30 dias de Glenn Hill e [de seu filho] começou a se revelar. O detetive sargento Ambroz olhou o aplicativo […] e observou que no dia do incêndio, 11 de janeiro de 2020, o aplicativo Life360 mostrou Hill localizado em Hardrock Granite, em Barre, no momento do incêndio, das 14h22 às 15h31 horas.

A polícia não parou por aí. Documentos obtidos pela Forbes mostraram que eles entregaram um mandado à Life360 exigindo que entregassem o histórico de conversas dentro do app, em como “todas as informações de coordenadas de precisão de localização, atividade de movimento, monitoramento e rastreamento do comportamento do motorista e horários específicos em que o telefone celular estava em movimento e parado”.

Essas informações foram suficientes para seguir os movimentos específicos de Hill no local do crime. A Life360, como outra empresa chamada Dr. Chrono, que forneceu acesso a históricos médicos à polícia, não emite relatórios de transparência e não está claro com que frequência eles fornecem informações às autoridades.

Uma coisa clara desse caso é que os celulares produzem dados não apenas a partir do sistema, mas de aplicativos, sites logados e para as redes que estão conectados também. Empresas regularmente criam formas de impedir que esse tipo de informação seja coletada, e a polícia utiliza regularmente dados de localização para identificar os suspeitos ou produzir provas sobre eles.

E para as pessoas que não pensam em cometer crimes, é um lembrete de que dados de localização podem ser utilizados para te rastrear de formas bastante invasivas, até mesmo por quem supostamente te ama.

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As histórias de terror do Amazon Mechanical Turk

Posted: 14 Feb 2020 03:26 AM PST

Trabalhadores do Mechanical Turk (também abreviado como mTurk), a plataforma de micro-tarefas sob demanda da Amazon, dizem ter se deparado com corpos mutilados, vídeos de cirurgias mal feitas, e o que parecia ser pornografia infantil. Eles relataram ainda que algumas solicitações de trabalho envolvia transcrever números de cartão de Segurança Social (equivalente ao CPF) e outros dados pessoais de terceiros.

Às vezes seus chefes temporários, “solicitantes” na linguagem da Amazon, supostamente pediam que os “funcionários” enviassem de forma anônima fotos de suas roupas íntimas, tirassem fotos de seus pés, ou até mesmo de seus genitais. Muitos dizem que foram pagos para recontar casos traumáticos em suas vidas – diagnóstico de câncer, depressão grave ou a morte de um ente – geralmente por menos de US$ 1.

Essas são algumas das 1.100 respostas que duas pesquisas que o Gizmodo fez recentemente aos usuários do Amazon Mechanical Turk pedindo para que contassem suas experiências usando a plataforma. Ao contrário das dificuldades que trabalhadores dos estoques da Amazon passam, que foram bem documentadas, as experiências dos trabalhadores do mTurk são muito menos visíveis.

Contar as histórias dessa força de trabalho discreta e praticamente anônima pode ser difícil, e é por isso que o Gizmodo recorreu à própria plataforma.

“Alguém me pagou uns 50 centavos de dólar para recordar a memória mais dolorosa da minha vida, fiquei mal o dia todo.”

A primeira pesquisa, realizada no mTurk em dezembro, perguntou aos trabalhadores (também conhecidos como turkers) especificamente por suas piores e mais estranhas experiências na plataforma. A segunda pesquisa, que fizemos no início de janeiro, perguntou de forma mais geral sobre a experiência deles trabalhando no Mechanical Turk, positiva e/ou negativa. No total, o Gizmodo gastou um pouco mais de US$ 500 nas duas pesquisas.

Incluímos opções de contato em nossas pesquisas para que qualquer turker nos procurasse fora da plataforma, mas nenhum o fez. E os termos de serviço do Mechanical Turk nos proíbe, compreensivelmente, de pedir informações pessoais dessas pessoas. Desse modo, não conseguimos dar seguimento na apuração de cada resposta.

No entanto, os amplos pontos em comum entre as histórias e a amplitude das experiências pintam um quadro raro, ainda que incompleto, da vida dentro deste ecossistema de trabalho online de salários baixos e condições precárias.

No geral, o Mechanical Turk é um marketplace para “micro-tarefas” tediosas que os computadores têm dificuldade em completar, como classificar imagens ou treinar inteligências artificiais usadas para moderar conteúdo na internet. Como a plataforma oferece acesso a um grande número de trabalhadores a baixo custo, o mTurk é frequentemente atraente para acadêmicos e organizações de pesquisa sem fins lucrativos que operam com um orçamento baixo ou grandes empresas de tecnologia que recorrem à plataforma para treinar suas ferramentas de moderação.

A premissa é simples: um solicitante coloca uma tarefa, conhecida como HIT (Human Intelligence Task), no mTurk e estabelece um preço de no mínimo US$ 0,01 por micro-tarefa. Os trabalhadores podem escolher completar as tarefas que acham que valem o seu tempo e trabalho. Tanto os trabalhadores como os solicitantes são tecnicamente clientes da Amazon, que cobra uma fatia para cada tarefa.

As respostas às pesquisas do Gizmodo pintam um quadro sobre a realidade de viver com esse tipo de trabalho. Por um lado, turkers descrevem uma plataforma na qual os trabalhadores parecem não ter nenhuma maneira de reclamar sobre pagamentos, erros técnicos ou abusos gerais nas mãos dos patrões temporários. Segundo eles, a Amazon frequentemente ignora seus contatos.

No entanto, um grande número de trabalhadores diz serem gratos pelo trabalho e flexibilidade que a plataforma lhes proporciona em uma economia precária.

De acordo com o serviço de análise Similar Web, o site do Mechanical Turk teve quase 540 mil visitantes únicos em dezembro, o que nos dá uma noção de quantas pessoas potencialmente procuram trabalho na plataforma. E, como você pode imaginar, essas pessoas se voltam para o Mechanical Turk por uma variedade de razões, como nossas pesquisas revelaram.

Embora a maioria dos entrevistados não tenha explicado o motivo pelo qual começaram a usar a plataforma, 10% mencionaram que usam o mTurk para complementar sua renda de outro emprego em tempo integral ou parcial. Outros 5% mencionaram que começaram a usar o Mechanical Turk depois de terem sido demitidos de outro emprego. E 4% disseram que têm uma condição médica que os impede de ter um emprego em tempo integral.

“Adoro trabalhar no mturk…”, escreveu uma pessoa, “…sou deficiente, por isso o mturk me devolveu a auto-confiança, e não dependo mais da minha filha para cada coisinha agora, consegui comprar os presentes de Natal dos meus netos.”

Outro trabalhador disse: “Não consegui manter um emprego tradicional devido à minha saúde, mas devido a circunstâncias atenuantes, não me qualifico para cotas de deficiência. Por isso, quando descobri o Mechanical Turk, foi uma dádiva de Deus. O Mechanical Turk permite que eu possa trabalhar dentro das minhas limitações, o que está realmente ajudando a conseguir minha confiança de volta. Eu sei que não estou ganhando um salário que se possa viver fazendo isso, mas tudo bem. É muito melhor do que nada.”

Para aqueles que buscam algum dinheiro extra, a plataforma parece ser um sucesso. “Minha experiência em geral tem sido bastante positiva”, disse outro participante da pesquisa. “Trabalho em tempo integral como professor, por isso faço pesquisas por dinheiro extra, mas isso nem me garante muita grana, nem me faz perder nada. Tenho conhecimentos técnicos e não estou desesperado, por isso não faço trabalho em lote por centavos”.

Outro participante, que descreveu sua experiência mTurk como “principalmente positiva”, disse que vê o trabalho como um “bico” que “paga pela minha comida, gasolina e dinheiro para pequenas coisas toda semana, o que me permite poupar mais dinheiro do meu trabalho regular em tempo integral”.

Em uma pesquisa, 38% dos entrevistados disseram gastar bastante da plataforma. “Eu amo o Amazon Mechanical Turk. Trabalho com o mTurk há cerca de 5 anos”, escreveu um participante. “Minha experiência positiva é trabalhar em casa de pijama e completar o HITs sempre que eu quiser. Sou capaz de fazer uma renda mais decente agora do que quando eu comecei”.

Muitos dos turkers que disseram usar a plataforma como uma forma de trabalho em tempo integral, porém, expressaram uma sensação de desesperança e desmoralização, e o pagamento insuficiente foi uma queixa comum entre os entrevistados da nossa pesquisa.

“Sou deficiente e tenho dificuldade em encontrar ou manter outro trabalho, por isso, na maior parte das vezes, é tudo o que tenho para sobreviver, e não é suficiente”, disse um deles.

Eles acrescentaram que, durante o período de festas de final de ano, se sentiram “sortudos por receber US$ 5 por dia” e tiveram que “recorrer aos amigos para pagar o aluguel”.

Alguns disseram que a plataforma “explora” dizendo que “plataformas como essa, existem para manipular pessoas que não têm outra alternativa… É deprimente, e faz com que seja difícil sentir que vale a pena levantar de manhã”.

“[…] Não dependo mais da minha filha para cada coisinha agora, consegui comprar os presentes de Natal dos meus netos.”

Pior do que ser mal pago é não receber pagamento algum. Centenas de entrevistados relataram pelo menos um caso de não terem sido pagos pelo seu trabalho.

Com base nas respostas às nossas pesquisas, isso geralmente ocorre de três maneiras: rejeições injustas, negligência, ou questões técnicas.

As rejeições injustas, que 14% dos entrevistados relataram, ocorrem quando o solicitante rejeita o trabalho de um trabalhador, sem justificativas. Quando um HIT é concluído por um turker, o solicitante pode aprovar ou rejeitar o que o trabalhador apresentou; como diz de forma sucinta a Documentação do Amazon Mechanical Turk, “quando você aprova um trabalho, o trabalhador é pago; quando você rejeita um trabalho, o trabalhador não é pago”.

Como um solicitante pode “aprovar resultados individualmente ou de uma só vez”, como explica a Amazon, turkers dizem que é possível que os solicitantes rejeitem um trabalho depois de a maior parte dele ter sido completado e, assim, não pagam nada aos trabalhadores. Além disso, os solicitantes continuam tendo acesso aos dados parcialmente completados.

A Amazon, por sua vez, recebe sua taxa no momento em que um trabalho entra em funcionamento na plataforma.

Vários entrevistados mencionaram ter completado centenas de HITs para um solicitante, investindo horas de seu tempo, apenas para que o solicitante rejeitasse em massa todo o trabalho.

“Os trabalhadores não têm direito de apelar de rejeições, e os solicitantes podem rejeitar o que quiserem”, alegou um dos usuários. “Isto afetou negativamente a minha taxa de aprovação, e conseguir trabalhos nesta plataforma depende de uma taxa elevada”.

Um trabalhador teve 200 dos seus HITs rejeitados sem nenhuma razão e “isso me deixou sem uma taxa de aprovação suficiente. […] É imperdoável tratar os trabalhadores assim.”

Às vezes, trabalhadores não são pagos por negligência do solicitando. Como muitos pesquisadores acadêmicos preferem realizar pesquisas usando plataformas como Qualtrics ou Survey Monkey, a Amazon oferece HITs com links para sites externos. No entanto, para que os respondentes sejam pagos, a plataforma precisa combinar as respostas das pesquisas em sites externos com os IDs dos trabalhadores do mTurk, para que eles obtenham os créditos pela conclusão do trabalho.

Isso normalmente é feito com um código de conclusão da pesquisa, que o trabalhador insere na plataforma da Amazon assim que terminar a pesquisa.

O problema é que 20% dos entrevistados relataram incidentes em que, após passar horas em respondendo pesquisas, não foram pagos devido ao fato de não terem recebido nenhum código no final. Como um entrevistado nos disse: “Quanto mais longa a pesquisa, pior. Eles também recebem todas as informações que queriam sem pagar e eu perco meu tempo e tenho meu trabalho roubado de mim. A Amazon não deveria deixar que isso acontecesse.”

Muitos turkers alegam que tanto as rejeições em massa como esse tipo de negligência dos requisitantes são esquemas que permitem àqueles que publicam os HITs capitalizar os dados gratuitos sem sequer pagar ao trabalhador a remuneração que muitas vezes já é pequena.

A Amazon poderia evitar esses problemas ao proibir que o trabalho rejeitado seja utilizado pelo solicitante. Mas até agora, pelo menos, a companhia deixou a brecha em aberto.

“São as vidas das pessoas em jogo e é uma pena que uma empresa tão lucrativa nos trate assim”, disse um turker em resposta a uma das nossas pesquisas.

A Amazon não respondeu aos múltiplos pedidos de comentários do Gizmodo.

Os turkers podem “denunciar um HIT” quando acreditam que um solicitante violou as regras. Mas os trabalhadores alegam que a Amazon geralmente é lenta e não está disposta a responder quando reclamam que estão sendo enganados em relação ao pagamento.

“O que eu mais odeio nesta plataforma, de longe, é que a Amazon está completamente inacessível sobre o mau comportamento dos solicitante”, disse um entrevistado. “Não há prestação de contas na própria plataforma, a Amazon fica feliz em pegar [sua] fatia do bolo e não sujar as mãos quando os solicitantes enganam os trabalhadores honestos aqui”.

Outro turker disse não conseguir ajuda com a Amazon “eles não se importam e o solicitante está sempre certo. Esta é a minha única fonte de renda e eu [fico] horrorizado todos os dias. Eu não estou ganhando o suficiente para viver”.

Mesmo quando a plataforma funciona como deveria, os trabalhadores frequentemente ficam sujeitos a uma variedade de horrores, provavelmente devido ao fato de serem frequentemente encarregados de treinar inteligência artificial que é usada para moderar conteúdos ofensivos.

Em nossa segunda pesquisa, 11% dos entrevistados relataram que sua pior experiência na plataforma envolvia ter visto uma imagem ou vídeo extremamente explícito. Dois entrevistados afirmaram ter visto imagens de decapitações, 10 entrevistados relataram ter assistido representações de abuso de animais, 22 disseram ter visto imagens de acidentes de carro grotescos e 9 afirmaram ter visto pornografia infantil.

“A pior coisa que já vi no Mechanical Turk foi um trabalho para avaliar vídeos de cirurgia médica por um salário inferior ao mínimo”, afirmou um entrevistado.

“Eu tive que olhar para os rostos das pessoas que atiraram na cabeça tentando cometer suicídio, e que sobreviveram. Estavam irreconhecíveis como humanos. […] Eu nunca vou esquecer esses rostos. Foi horrível e me deixou mal”, disse outro turker. “Também tive HITs com imagens de algo parecia ser pornografia infantil, espero que as pessoas envolvidas sejam maiores de idade. Não faço a menor ideia.”

A Política de Uso do Mechanical Turk, naturalmente, proíbe estritamente a transmissão de pornografia infantil ou qualquer coisa que represente atos sexuais não consensuais. O conteúdo adulto é permitido desde que o título inclua: “(AVISO: Este HIT pode conter conteúdo adulto. O critério do trabalhador é aconselhado.” No entanto, um entrevistado disse: “Não houve aviso de que eu teria de olhar para imagens sensíveis, e o trabalho pagava US$ 0,25.”

Apesar de os solicitantes confiarem nos trabalhadores da mTurk para treinar ferramentas de moderação de conteúdo, a Amazon parece estar tendo dificuldade em moderar sua própria plataforma.

Dezenas de entrevistados relataram casos de HITs que pareciam ser golpes, violações de privacidade e outras violações da Política de Uso do Mechanical Turk.

Embora a política declare claramente que um usuário “não pode usar, ou incentivar outros a usar, o mTurk para qualquer atividade ilegal, prejudicial, fraudulenta, infratora ou censurável”, os entrevistados detalharam vários exemplos de atividade que, em conjunto, violaria cada um dos 18 princípios citados pela Amazon em sua própria Política de Uso.

Por exemplo, enquanto a política proíbe os solicitantes de “coletar informações pessoalmente identificáveis”, “tentar derivar qualquer informação pessoalmente identificável sobre trabalhadores”, ou “colocar HITs que contenham informações pessoais de terceiros”, dezenas de pessoas relataram ter sido solicitadas a enviar suas próprias informações pessoais ou transcrever dados íntimos de outras pessoas.

De acordo com um entrevistado, “eu vi um HIT que mostrava as informações de identificação pessoal de clientes de uma concessionária de carros”, incluindo “número do Seguro Social [equivalente ao CPF] , endereço residencial, e números de cartão de crédito”.

A Amazon possibilita que turkers entrem em contato a empresa para denunciar supostas violações de suas regras, e não ficou claro, a partir das respostas às nossas pesquisas, se os trabalhadores fizeram isso em cada um dos casos que eles detalharam para o Gizmodo.

“A Amazon não deveria deixar que isso acontecesse.”

Embora as definições de “prejudicial” e “censurável” sejam subjetivas, dezenas de entrevistados escreveram sobre experiências bizarras em que foram solicitados informações pessoais para fins questionáveis. Quatro turkers disseram ao Gizmodo que viram um HIT em que era preciso fazer desenhos de seus genitais por razões desconhecidas, e mais de uma dúzia deles afirmaram ter sido solicitados a tirar fotografias de seus pés com um propósito não revelado.

Entrevistados contaram que estavam trabalhando para um solicitante que queria “muitas imagens de pés em diferentes posições com meias e sem meias”. Como o solicitante supostamente nunca pagou, nunca respondeu aos questionamentos dos trabalhadores, mas mesmo assim recebeu as imagens antes de rejeitar o trabalho, eles concluíram que o HIT era provavelmente um golpe. “Mas eu sempre me pergunto o que aconteceu a todas aquelas imagens de pés que ele teve acesso.”

Categorizar vídeos ou imagens explícitas pode ser traumático, mas muitos entrevistados disseram que completar pesquisas acadêmicas pode ser ainda pior. De acordo com uma pesquisa do Pew Research Center de 2016, mais de 800 estudos – desde pesquisa médica até de ciência social – foram publicados usando dados obtidos via mTurk, somente em 2015.

De fato, o tráfego web que sai do Mechanical Turk para sites externos de pesquisas como o Qualtrics indica que, nos últimos seis meses, a plataforma teve tarefas de dezenas de universidades, incluindo a New York University, Columbia, Cornell, Stanford e Yale.

Por mais inofensiva uma pesquisa acadêmica possa parecer, 12% dos entrevistados alegaram que suas piores ou mais estranhas experiências no Mechanical Turk estava relacionada ao que eles descreveram como solicitações desconfortáveis de dados pessoais em que o trabalhador relatou se sentir emocionalmente traumatizado por uma pesquisa acadêmica.

Um turker alegou que depois de ter que preencher uma pesquisa relacionada com suicídio, ele teve “sentimentos intensamente negativos”, apesar de ter passado 10 anos desde a última vez que se sentiu deprimido, enquanto outro trabalhar disse “foi às lágrimas” relembrando o diagnóstico de câncer de um ente querido.

“Alguém me pagou uns US$ 0,50 para recordar a memória mais dolorosa da minha vida”, recordou outro entrevistado, “Fiquei mal o dia inteiro.”

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