domingo, 15 de setembro de 2019

Gizmodo Brasil

Gizmodo Brasil


Baratas magnéticas, cocô em formato de cubo e dinheiro sujo: os vencedores do Ig Nobel 2019

Posted: 14 Sep 2019 02:37 PM PDT

Os vencedores do prêmio Ig Nobel de 2019 — um concurso anual que satiriza a ciência ridícula foram anunciados.

Esta já á 29ª edição do concurso, que zomba das pesquisas científicas mais desnecessárias. A competição é organizada pela Annals of Improbable Research, uma revista de humor baseada em ciências.

Como acontece todos os anos, uma estridente cerimônia de premiação foi realizada no Sanders Theatre de Harvard, em Cambridge, Massachusetts (EUA). Aqui estão os "vencedores" do concurso deste ano, conforme anunciado pelos Annals of Improbable Research em um comunicado à imprensa.

Os cientistas franceses Roger Mieusset e Bourras Bengoudifa ganharam o prêmio de anatomia por "medir a assimetria da temperatura do escroto" em carteiros, quando nus ou completamente vestidos. Aparentemente, o testículo esquerdo é mais quente, mas apenas quando os carteiros usam roupas. Muito obrigado, ciência, por essa informação super útil.

Silvano Gallus, da Itália, reuniu evidências de que pizza não é junk food, e que ela pode realmente trazer benefícios à saúde, com a ressalva de que a pizza deve ser feita e consumida na Itália.

Patricia Yang e David Hu, junto com outros colegas, ganharam o prêmio de física por descobrirem como os wombats produzem seu cocô estranho em forma de cubo. Não temos certeza se isso é bom ou ruim, mas este é o segundo Ig Nobel concedido a Yang e Hu; em 2015, os pesquisadores ganharam o prêmio por revelar a chamada "lei de micção", segundo a qual todos os mamíferos precisam de cerca de 21 segundos para esvaziar a bexiga (com um desvio padrão bastante generoso de 13 segundos).

O japonês Shigeru Watanabe, do Japão, ganhou o prêmio de química por descobrir quanta saliva é produzida por uma criança típica de 5 anos por dia. Juntando-se a Watanabe para a cerimônia de premiação estavam seus filhos adultos que, lamentavelmente, participaram do estudo há 35 anos.

Fritz Strack, da Alemanha, aceitando seu prêmio Ig Nobel em psicologia por descobrir que segurar uma caneta na boca os faz sorrir – e depois refutar sua própria pesquisa. Imagem: AP

O prêmio Ig Nobel de 2019 para psicologia foi concedido ao alemão Fritz Strack por sua pesquisa de 1988, mostrando que uma caneta, quando mantida na boca de uma pessoa, força-a a sorrir, o que a torna mais feliz – e pela continuação em 2017 quando ele derrubou sua própria tese. Aparentemente, se o auto-descreditar é valioso agora, mas ei, assim é a ciência.

“Lavadora infantil e aparelho trocador de fraldas”. Imagem: Iman Farahbakhsh

Uma máquina bizarra e aterrorizante que pode trocar a fralda de um bebê  ganhou o prêmio principal do Irã Iman Farahbakhsh na categoria engenharia.

As americanas Karen Pryor e Theresa McKeon ganharam o prêmio de educação médica, mostrando que uma técnica popular, na qual clickers são usados ​​para treinar animais (chamado aprendizado operante), também pode ser usada para treinar cirurgiões ortopédicos.

Surpreendentemente, as baratas magnetizadas mortas se comportam de maneira diferente das baratas magnetizadas vivas, um insight aparentemente inútil que rendeu a Ling-Jun Kong e seus colegas o maior prêmio Ig Nobel em biologia. Aparentemente, baratas mortas são excelentes ímãs.

A equipe composta por pai e filho, Timothy e Andreas Vos, juntamente com o colega Habip Gedik, ganhou o prêmio em economia por testar qual país tem a moeda de papel melhor em coletar e transmitir bactérias perigosas. E, finalmente, o prêmio Ig Nobel da paz foi para Ghada A. bin Saif e colegas por medir a satisfação psicológica de se coçar.

Andreas Voss e seu filho Timothy Voss na cerimônia de premiação Ig Nobel. Imagem: AP

Nossos sinceros parabéns – e simpatia – por todos os vencedores. E uma nota rápida aos Anais da Pesquisa Improvável: Por favor, nunca parem. Esses prêmios são a melhor coisa do mundo.

The post Baratas magnéticas, cocô em formato de cubo e dinheiro sujo: os vencedores do Ig Nobel 2019 appeared first on Gizmodo Brasil.

Seus ossos liberam um hormônio que faz você entrar em pânico, diz estudo

Posted: 14 Sep 2019 11:30 AM PDT

Qualquer um que já tenha dito que estava com "um frio na espinha" poderia estar falando mais literalmente do que pensávamos. Um novo estudo publicado na quinta-feira (12) parece mostrar que, tanto em ratos quanto em humanos, os ossos secretam um hormônio em reação a situações estressantes. Além disso, esse hormônio ósseo parece ser crucial para nosso mecanismo de luta ou fuga, de uma maneira completamente separada de outros químicos de estresse conhecidos como a adrenalina.

Gerard Karsenty, geneticista da Universidade de Columbia, e seus colegas há muito tempo se interessam em estudar como nosso esqueleto nos mantém vivos e saudáveis ​​- não apenas nos suportando fisicamente, mas também pelas interações que ele tem com o resto do corpo. O trabalho de pesquisa se concentrou na osteocalcina, um hormônio produzido por algumas das mesmas células que compõem os ossos. A pesquisa anterior dele e de outros sugeriu que a osteocalcina ajuda a regular diversas funções, como metabolismo, a função muscular durante o exercício físico e fertilidade.

“O que descobrimos é que você não precisa necessariamente das glândulas suprarrenais para produzir essa resposta aguda ao estresse, pelo menos em ratos”.

Nesse sentido, a osteocalcina funciona como outros hormônios produzidos pelas glândulas e órgãos que compõem nosso sistema endócrino. Por isso, Karsenty e sua equipe argumentaram que o esqueleto deveria ser considerado um órgão endócrino. Essa linha de pensamento levou a equipe de Karsenty a teorizar que nossos esqueletos poderiam ter evoluído para nos ajudar a responder melhor ao estresse também, já que essa é outra função essencial do sistema endócrino. E se for esse o caso, a osteocalcina também deve ter um papel importante.

Para testar essa teoria, eles primeiro realizaram experimentos em ratos. Eles expuseram os pobres roedores a várias fontes de estresse agudo, como privá-los ou fazê-los cheirar a urina de raposas, um predador comum. A julgar pelos exames de sangue, a equipe descobriu que camundongos estressados ​​produziam mais osteocalcina poucos minutos após sua provação.

Eles então passaram para os humanos. Mas como a urina da raposa não tem o mesmo efeito sobre nós, Karsenty pediu aos voluntários que falassem em público e depois respondessem perguntas. Como esperado, a pressão sanguínea e a frequência cardíaca das pessoas aumentaram, assim como os níveis de osteocalcina.

As descobertas da equipe foram publicadas na quinta-feira no Cell Metabolism.

Outros experimentos genéticos em ratos sugeriram que a osteocalcina afeta diretamente uma parte do cérebro chamada amígdala, uma região conhecida por nos ajudar a processar emoções como o medo. Mas o mais importante é que esse caminho dos ossos para o cérebro não parece envolver as glândulas suprarrenais – o órgão localizado no topo dos rins, visto há muito tempo como chave da reação de luta ou fuga.

Pode ser, inclusive, que a osteocalcina seja mais importante para nos fazer reagir diante do perigo do que nossas glândulas suprarrenais. Em ratos criados para serem incapazes de responder à osteocalcina, sua reação de luta ou fuga foi drasticamente silenciada, mas o mesmo não ocorreu quando os ratos não possuíam glândulas suprarrenais. Esses ratos ainda eram capazes de se sentir estressados ​​rapidamente.

“O que descobrimos é que você não precisa necessariamente de glândulas suprarrenais para produzir essa resposta aguda ao estresse, pelo menos em ratos”, disse Karsenty. “E isso pode explicar por que mesmo pessoas sem adrenalina ainda podem ter uma resposta intacta”.

Na teoria de Karsenty, adrenalina e outros hormônios não são inúteis para nosso mecanismo de luta ou fuga. Por um lado, algumas de nossas células nervosas produzem adrenalina e um hormônio relacionado chamado noradrenalina também. A equipe do estudo pensa que a produção de osteocalcina desencadeia a liberação desses hormônios no cérebro, que regulam outros aspectos de nossa resposta aguda ao estresse. Nossas glândulas suprarrenais provavelmente ainda estão desempenhando seu próprio papel, mesmo que não seja a responsável por nos mandar correr quando vemos um tigre ou uma aranha.

Ainda há muito trabalho a ser feito antes que possamos reescrever os registros sobre estresse e adrenalina. Isso envolverá novas experiências com outros animais de teste e com pessoas. Mas, ainda assim, esta é a pesquisa mais recente que mostra que o corpo é mais complicado e interconectado do que imaginávamos.

"Não estudamos o corpo há tanto tempo como as pessoas imaginam. Temos estudado grupos de células isoladas umas das outras", disse Karsenty. “Mas o que a genética de ratos agora permite é que olhemos para a função dos órgãos e como os hormônios e as moléculas mediam sua função em todo um organismo complexo”.

The post Seus ossos liberam um hormônio que faz você entrar em pânico, diz estudo appeared first on Gizmodo Brasil.

Voo precisou desviar a rota e pousar depois de piloto derrubar café sobre o painel do avião

Posted: 14 Sep 2019 08:30 AM PDT

Um avião voando sobre Oceano Atlântico teve que redirecionar sua rota depois que um piloto derramou seu café na cabine e danificou o painel de controle de áudio.

O Airbus A330-243, operado pela Condor, levava 326 passageiros de Frankfurt, na Alemanha, para Cancún, no México, quando a tripulação de cabine deu ao piloto um café sem tampa, segundo um relatório do Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB, na sigla em inglês).

A Airbus recomenda que os pilotos usem os porta-copos fornecidos para bebidas, mas a investigação da AAIB descobriu que o piloto do Condor, que tinha 13.135 horas de experiência de voo, colocou sua xícara de café em uma mesa de bandeja. A xícara não ficou no lugar e o café derramou no colo do piloto e nos painéis de controle de áudio.

Uma imagem do relatório AAIB mostra os dois painéis de controle de áudio (ACP) danificados pelo café derramado. Captura de tela: Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos

O vazamento “resultou em mau funcionamento imediato”. E cerca de 40 minutos após o vazamento, uma unidade de controle de áudio “ficou muito quente e falhou, e havia um cheiro de queimadura elétrica no cockpit”, segundo o relatório.

Cerca de 20 minutos depois, a unidade de controle de áudio no lado do copiloto “ficou quente o suficiente para começar a derreter um de seus botões e falhou” e “uma pequena quantidade de fumaça foi observada vindo da” unidade de controle que havia falhado anteriormente.

Nesse ponto, o piloto tomou a decisão de desviar o voo para a Irlanda. A tripulação usou oxigênio suplementar durante o resto do voo, e os pilotos tiveram dificuldade em enviar ou receber transmissões devido aos danos nos painéis de controle de áudio.

Captura de tela: Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos

“O voo DE2116 de Frankfurt para Cancún em 6 de fevereiro de 2019 foi desviado para o aeroporto de Shannon como medida de precaução devido a uma pequena quantidade de fumaça no cockpit após um derramamento de líquido”, disse um porta-voz da Condor ao Gizmodo, em comunicado. "Depois que a aeronave foi totalmente inspecionada e reparada por nossa equipe de engenheiros, o voo continuou via Manchester devido às horas legais de operação da tripulação. Como a segurança é sempre nossa principal prioridade, investigamos exaustivamente esse incidente e revisamos os procedimentos de líquidos no cockpit."

O porta-voz completou: “Nossas equipes foram lembradas de um manuseio cuidadoso e do uso de recipientes apropriados para água ou café.”

The post Voo precisou desviar a rota e pousar depois de piloto derrubar café sobre o painel do avião appeared first on Gizmodo Brasil.

Cientistas ensinaram ratos a brincar de esconde-esconde e eles são realmente bons nisso

Posted: 14 Sep 2019 05:28 AM PDT

Novas pesquisas sugerem que os ratos são capazes de aprender a brincar de esconde-esconde com os seres humanos – e parece que eles realmente gostaram da brincadeira. Ratos, como demonstra essa nova pesquisa, só querem se divertir.

Uma nova pesquisa fascinante publicada na quinta-feira (12) na Science descreve como neurocientistas de Berlim ensinaram ratos a brincar de esconde-esconde, a clássica brincadeira infantil. Incrivelmente, os animais foram capazes de participar, tanto se escondendo como procurando, e pareciam gostar da atividade, exibindo saltos alegres, empregando estratégias e prolongando ativamente o jogo.

A pesquisa científica envolvendo ratos é tradicionalmente baseada em rigoroso controle e condicionamento. No caso desse estudo, os cientistas, incluindo Michael Brecht e Annika Reinhold, da Universidade Humboldt, tiveram a oportunidade de relaxar as regras um pouco, optando por explorar as maneiras pelas quais os ratos podem participar de forma natural e espontânea de comportamentos lúdicos. Ensinar ratos a brincar de esconde-esconde pode parecer uma coisa estranha para os cientistas, mas o exercício oferece novas ideias sobre as capacidades cognitivas de roedores e possivelmente outros mamíferos considerados “simples”.

“Os animais pareciam estar se divertindo”

Saber que ratos gostam de brincar com humanos é um resultado surpreendente. Esse tipo de comportamento lúdico não traz benefícios tangíveis para o roedor fora do jogo em si. Nesse caso, eles foram motivados a brincar simplesmente pela diversão. Como os pesquisadores apontaram em seu estudo, “os animais pareciam estar se divertindo”.

Konstantin Hartmann, coautor do novo estudo e doutorando no laboratório de Brecht, sabia ao analisar o estudo que os ratos “desenvolveram fortemente capacidades cognitivas”, disse ele ao Gizmodo por e-mail. Mas observar o quão rápido eles aprenderam a brincar de esconde-esconde e o quão bom eles ficaram nisso “foi uma grande surpresa, até para nós”. Uma surpresa ainda maior, disse Harmann, foi ver os ratos usarem “estratégias inteligentes” ao brincar e como eles prolongaram ativamente a brincadeira “de uma maneira que nos mostra que eles gostaram do jogo em si e não apenas da interação social no final de cada rodada”.

Seis ratos diferentes foram utilizados para o experimento. O treinamento começou em uma idade muito jovem, quando os ratos tinham apenas 3 semanas de vida – um período em que os ratos são naturalmente brincalhões. Os experimentos de esconde-esconde foram realizados enquanto os ratos tinham entre 5 e 23 semanas de idade. O ambiente de treinamento era uma sala bem iluminada e os pesquisadores usaram uma série de caixas de papelão como possíveis esconderijos, além de pequenas caixas, opacas ou transparentes, para os ratos. Quando a sua missão era encontrar os humanos, os ratos foram colocados em uma caixa fechada, que o pesquisador abriu com um dispositivo de controle remoto, dando início ao jogo.

Não é preciso dizer que ensinar ratos a brincar de esconde-esconde não foi uma tarefa fácil. Conforme apontou Hartmann, não é possível conversar com os animais para explicar os procedimentos do jogo. Em vez disso, os pesquisadores tomaram medidas incrementais para ensiná-los a brincar. O passo inicial era fazer com que os ratos se acostumassem ​​com os cientistas e, para isso, eles brincavam com esses pequenos animais e passavam muito tempo com eles, semelhante à maneira como uma pessoa interage com um animal de estimação.

“Uma vez familiarizados, eles começaram a buscar ativamente a interação conosco”, disse Hartmann. "Usamos isso para ensinar a eles o papel de buscador no jogo. Primeiro, nos escondemos à vista de todos, e quando os animais vieram até nós, os recompensamos com uma interação divertida. Você pode fazer cócegas em um rato, persegui-lo de brincadeira com a mão e ele também vai perseguir a sua mão", disse ele.

Em seguida, os pesquisadores começaram a se esconder atrás de uma caixa de papelão, e sempre que um rato os encontrava, eles voltavam a interagir de forma divertida com o animal antes de retorná-lo à posição inicial.

Ensinar o rato a brincar como escondedor, no entanto, foi mais desafiador.

“Começamos a colocar o animal em uma caixa e sentamos ao lado dele”, disse Hartmann. "Assim que o animal pulava para fora, novamente brincávamos com ele. Depois, só brincamos após ele se afastar de nós e da caixa. Continuamente, só brincamos com o animal quando ele estava perto de um esconderijo apropriado. O último passo foi que o animal tinha que se esconder adequadamente antes de brincarmos com ele". Foi um processo demorado, mas acabou funcionando.

É importante ressaltar que os ratos foram recompensados ​​apenas com interação humana divertida – não com comida. Eventualmente, no entanto, quando os ratos entraram no jogo, as interações pareciam menos importantes para eles do que o próprio jogo.

Além de prolongar o jogo, os ratos tornaram-se cada vez mais estratégicos em seus comportamentos, seja nos papéis de buscador ou de escondedor. Por exemplo, eles analisavam sistematicamente o espaço em busca de pistas visuais, miravam em esconderijos anteriores, preferiam se esconder nas caixas escuras (em vez de transparentes) e se certificavam de ficar muito quietos ao mudar de esconderijo, de acordo com o estudo.

“Todos os ratos que treinamos aprenderam o jogo e tiveram um desempenho muito bom”, disse Hartmann. "Um rato foi ensinado apenas a procurar e não foi treinado para se esconder. Isso foi apenas porque ele foi o primeiro animal que usamos neste estudo".

Então, por que os ratos participaram dessa brincadeira? No estudo, os pesquisadores levantaram duas possibilidades: a hipótese de treinados para brincar, na qual os ratos eram classicamente condicionados a jogar devido às recompensas, ou a hipótese de jogar por jogar, na qual os ratos brincavam simplesmente pelo aspecto de diversão. Dessas possibilidades, os pesquisadores preferiram a hipótese de jogar por jogar, oferecendo quatro razões específicas, conforme descrito no novo estudo:

Primeiro, os animais pareciam estar se divertindo. Os comportamentos que significam ansiedade pelos observadores incluem: locomoção rápida e direcionada; busca frenética; provocação do experimentador; e execução do freudensprung ("pulos de alegria"). Os ratos eram altamente vocais e se mostravam ansiosos para participar do jogo, mas pareciam cansados ​​no final de uma sessão de 20 testes. Assim, os aspectos motivacionais diferem de…condicionamento de recompensa alimentar, onde há pouca evidência de vocalizações e onde os ratos fazem incansavelmente centenas de tentativas. Segundo, o comportamento dos ratos parecia proposital. Eles preferiam se esconder em caixas opacas do que em transparentes, como se estivessem se escondendo para valer em vez de se esconderem para serem encontrados. Terceiro, os ratos escondidos tendiam a ficar calados ao serem encontrados, ao contrário do entusiasmo por serem encontrados como predito pela hipótese de treinados para jogar. Quarto, quando encontrados, os ratos costumavam fugir e se esconder novamente. Novamente, ao contrário da hipótese de treinados para jogar, os ratos prolongaram o jogo voltando a se esconder. Ao conseguirem se esconder, eles inerentemente atrasaram a recompensa.

Analisadas em conjunto, os autores afirmam que suas observações “provisoriamente, mas não conclusivamente” favorecem a hipótese de jogar por jogar. Mas como ainda não podemos ler a mente dos ratos e entender completamente suas verdadeiras intenções e motivações, “é necessário mais pesquisa para entender o comportamento lúdico dos ratos”.

Além das observações registradas pelas câmeras, cinco dos ratos tiveram implantes sem fio colocados em seu córtex pré-frontal medial (a parte do cérebro responsável pelo planejamento e tomada de decisão, entre outros comportamentos complexos), permitindo que os pesquisadores observassem quais partes do cérebro estavam ativas durante o jogo. Após os experimentos, os pesquisadores viram que diferentes partes do córtex pré-frontal estavam envolvidas durante o modo de busca em comparação com quando os roedores estavam no modo de escondedor, destacando os sinais neurais distintos e complexos associadas ao brincar de esconde-esconde. Dispositivos de gravação também foram usados ​​para capturar vocalizações feitas pelos ratos, alguns dos quais ocorrem fora do alcance da audição humana.

Em termos de avanço científico, Hartmann disse que o jogo permitiu que sua equipe estudasse um comportamento lúdico irrestrito em ratos. Consequentemente, isso nos diz mais sobre o cérebro de roedores e como ele assume papéis e processa regras em um “contexto mais naturalista e relevante do que a maioria dos outros estudos realizados no passado”, disse ele, acrescentando que a nova pesquisa “estende o repertório de comportamento conhecido em roedores e é a primeira prova de um jogo entre humanos e roedores".

Mas os ratos estavam realmente brincando de esconde-esconde de forma ativa? Fizemos essa pergunta a Jennifer Vonk, psicóloga cognitiva e especialista em cognição animal na Universidade de Oakland.

“Eu questionaria se os ratos estão realmente jogando ou apenas se envolvendo em comportamentos típicos nos quais procuram abrigo”, disse Vonk em um e-mail ao Gizmodo. “Mas os autores mostram que a preferência por caixas opacas é mais forte quando eles desempenham o papel de escondedor, o que significa que eles não preferem apenas áreas cobertas em geral”.

Para determinar de maneira mais conclusiva se o comportamento dos ratos era uma forma de brincar, Vonk disse que "seria legal ver se os ratos respondem da mesma forma se um objeto inanimado, como uma boneca, é o parceiro, comparado a um experimentador vivo. Se os mesmos comportamentos forem evidenciados, isso contradiz a ideia de que eles estão se engajando com outro agente ao vivo”, disse ela, acrescentando: "Eu também adoraria ver se os ratos brincariam uns com os outros da mesma maneira, depois que aprendessem ambos os papéis”.

Essas preocupações à parte, Vonk disse que gostou de ver os pesquisadores experimentarem diferentes tipos de testes e que os ratos continuaram a procurar em locais anteriormente ocupados pelos humanos.

“Eu gostei que os pesquisadores gravaram suas vocalizações para que pudessem mostrar que eles vocalizavam menos quando se escondiam em comparação a quando procuravam”, disse Vonk. “O fato de os pesquisadores poderem medir a atividade cerebral durante o jogo é algo fantástico e pode nos ajudar a entender a função de diferentes áreas do cérebro nas interações sociais”.

Peggy Mason, professora de neurobiologia da Universidade de Chicago, disse que essa é uma “pesquisa absolutamente boa”. O novo estudo “reforça mais uma vez como os ratos são semelhantes a nós”, disse ela ao Gizmodo durante uma entrevista por telefone, e que “nós não precisamos invocar nenhuma capacidade humana especial para um jogo bastante sofisticado". Ela não estava muito impressionada com o fato de os ratos poderem jogar, mas ficou impressionada com o fato de que "eles realmente jogarem", o que significa que eles pareciam gostar da atividade. “Presumivelmente, é por isso que crianças humanas fazem isso”, disse ela.

Mason também elogiou os pesquisadores por embarcarem em um experimento que, no início, obviamente não iria funcionar, e por fazerem algo puramente baseado em animais se divertindo.

“Os cientistas podem ficar apreensivos e fazer uma grande separação entre humanos e não humanos”, disse ela. “Os pesquisadores não devem ter medo de fazer uma conexão entre o humano e o não-humano – eles precisam superar isso”, disse ela. Claramente, essa abordagem pode ser problemática se for feita sem crítica, ela disse, mas esse tipo de pesquisa mostra a “continuidade da vida”.

“É isso que a evolução nos diz – que não deve haver um abismo entre nós e o resto dos animais”, concluiu Mason.

The post Cientistas ensinaram ratos a brincar de esconde-esconde e eles são realmente bons nisso appeared first on Gizmodo Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário