quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Gizmodo Brasil

Gizmodo Brasil


Seus lanches favoritos podem estar causando o desmatamento na Indonésia

Posted: 01 Oct 2019 02:41 PM PDT

Você ama Oreos? E miojo?

Todos esses lanches tornaram-se alvos na última campanha da Rainforest Action Network (RAN) contra o cultivo de palma para extração de óleo. A organização publicou uma investigação neste domingo criticando as principais empresas do ramo por seu papel na crise de desmatamento da Indonésia, alimentada pelo aumento da demanda por óleo de palma.

A Nestlé, a PepsiCo, a General Mills e a Hershey's estão entre as empresas que a organização sem fins lucrativos alega que provavelmente adquirem seu óleo de palma de terras desmatadas na Rawa Singkil Wildlife Reserve, que abriga espécies criticamente ameaçadas, como o tigre de Sumatra, o elefante de Sumatra e o rinoceronte de Sumatra.

Esta reserva não apenas abriga criaturas raras, mas também um antigo ecossistema de pântanos que tem grande capacidade de absorver dióxido de carbono da atmosfera.

Infelizmente, esses depósitos de solo ricos em carbono estão rapidamente se tornando fontes de carbono, em vez de absorvedores de carbono, devido ao desmatamento. Isso inclui a região de Singkil-Bengkung, em Sumatra, na Indonésia, o foco da mais recente investigação da Rainforest Action Network. Isso é preocupante diante do agravamento da crise climática — e extremamente relevante, já que os incêndios florestais em curso na Indonésia estão tornando o céu vermelho.

A organização conduziu investigações de campo no início deste ano, incluindo entrevistas com a equipe de algumas das fábricas de óleo de palma em questão. A Rainforest Action Network descobriu que uma empresa em particular, a CV. Buana Indah, estava comprando óleo de palma cultivado ilegalmente em um local desmatado em 2013.

A ONG, então, seguiu caminhões que transportavam o óleo de palma para uma usina próxima que a PT. Global Sawit Semesta opera, e que fornece óleo de palma à Golden Agri Resources e à Musim Mas, grandes fornecedores de óleo de palma. A RAN também recorreu aos registros de transações para identificar os participantes dessa complicada rede de compradores e vendedores.

Cadeias de suprimentos podem ser complicadas. É isso que torna tão difícil para as empresas evitar conflitos de óleo de palma. A Nestlé, por exemplo, prometeu em 2010 encerrar o desmatamento em sua cadeia de suprimentos até o próximo ano. Muitas outras empresas também estão tentando concretizar esses compromissos, disse Kemen Austin, analista sênior de políticas da RTI International, ao Gizmodo.

“Elas realmente estão se esforçando para cumprir com sua palavra”, disse ela.

Mas fazer isso é difícil. Os fornecedores podem mudar a cada estação ou a cada ano. E embora as empresas geralmente possam analisar muito bem as usinas, elas nem sempre conseguem chegar ao fundo de onde elas estão comprando seu óleo de palma.

Como mostra essa investigação, fazer isso pode exigir que perguntas sejam feitas no local ou seguir secretamente alguns caminhões obscuros. Seria de se esperar que essas empresas multinacionais tivessem os recursos necessários para realizar esse tipo de trabalho, especialmente se uma organização sem fins lucrativos foi capaz.

A Rainforest Action Network não deixa de mencionar isso em seu relatório:

"O fato de ser necessária uma investigação conduzida por uma ONG para expor que essas grandes marcas globais ainda estão ativamente adquirindo óleo de palma de fontes ilegais, anos após cada uma delas ter emitido políticas públicas comprometendo-se explicitamente a interromper o contrato com fornecedores que destroem florestas tropicais e pântanos ricos em carbono, sinaliza um grande fracasso dos esforços de implementação realizados até o momento por essas empresas. A confiança do consumidor é compreensivelmente prejudicada quando fica claro que essas empresas internacionais de bilhões de dólares continuam a não realizar os investimentos e as intervenções necessárias para reformar suas cadeias de suprimento de óleo de palma para impedir que esse tipo de violação de suas próprias promessas ocorra."

Consumidores têm o poder de efetuar mudanças nessa área. A conscientização é o motivo pelo qual o óleo de palma já ganhou tanta atenção, disse Austin. Ela sugeriu que os amantes de lanchinhos precisam continuar dando o alarme se quiserem desfrutar de suas guloseimas sem culpa por estar destruindo o habitat essencial dos orangotangos. Em última análise, no entanto, as empresas precisam se esforçar mais. O futuro do planeta depende disso.

The post Seus lanches favoritos podem estar causando o desmatamento na Indonésia appeared first on Gizmodo Brasil.

Anvisa diz que vai monitorar casos de saúde envolvendo cigarros eletrônicos no Brasil

Posted: 01 Oct 2019 02:07 PM PDT

Cigarro eletrônico. Crédito: Unsplash

Após os incidentes envolvendo cigarros eletrônicos — em alguns casos, até mesmo fatais — nos Estados Unidos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um comunicado informando que vai acompanhar o problema no Brasil.

A agência solicitou a hospitais e profissionais de saúde de 252 instituições que compõem a Rede Sentinela que informassem sobre quaisquer problemas relacionados ao uso de cigarros eletrônicos. O Conselho Federal de Medicina (CFM) também recebeu as mesmas orientações para que os médicos estejam atentos a possíveis suspeitas.

Segundo o site da Anvisa, os dispositivos a serem monitorados incluem "os cigarros eletrônicos, os vaporizadores e os cigarros de tabaco aquecido, dentre outros dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs)”. O objetivo é antecipar e prevenir uma crise de saúde antes que atinja uma escala preocupante como ocorreu nos EUA.

As notificações podem ser feitas pelo próprio portal da Anvisa por meio deste link.

Por que cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil

A Anvisa afirma que apesar de esses dispositivos terem surgido como "uma promessa de auxílio para quem deseja parar de fumar", não existem estudos que comprovem que é seguro utilizá-los. Desde 2009, os produtos são proibidos no Brasil, conforme estabelece a resolução RDC 46/2009:

Art. 1º Fica proibida a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarros eletrônicos, e-cigaretes, e-ciggy, ecigar, entre outros, especialmente os que aleguem substituição de cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo e similares no hábito de fumar ou objetivem alternativa ao tratamento do tabagismo.

No entanto, vale notar que, apesar de a comercialização ser proibida, o uso desses aparelhos é permitido.

Talvez você ainda esteja se perguntando por que a Anvisa não proíbe os cigarros comuns também. A agência explica que "por ter seu uso secular e ser autorizado pela legislação nacional, a Anvisa não pode simplesmente banir o produto". Dessa forma, os esforços são tomados de maneira a minimizar o surgimento de novos fumantes, e a promoção de cigarros eletrônicos vai contra todos esses esforços.

Outro argumento apresentado pela agência é o mesmo que vem pautando as discussões nos EUA – e que levou o próprio presidente Donald Trump a se pronunciar sobre o assunto. Esses produtos podem acabar atraindo usuários jovens, e as alegações de trazer menos risco à saúde contribuem para induzir não fumantes a aderirem ao cigarro eletrônico.

"Da mesma forma, as evidências de que o uso do produto reduz os riscos para os fumantes ainda não estão claras e não há certeza dos benefícios e riscos da substituição do cigarro tradicional pelo uso de vaporizadores", diz a Anvisa.

The post Anvisa diz que vai monitorar casos de saúde envolvendo cigarros eletrônicos no Brasil appeared first on Gizmodo Brasil.

Amazon Prime Video fecha acordo com a Disney e terá mais filmes e séries para concorrer com Netflix

Posted: 01 Oct 2019 12:29 PM PDT

Tela do Amazon Prime Video

A concorrência no setor de streaming de filmes e séries está cada vez mais acirrada, e quem acaba de dar um passo importante nesta briga é a Amazon. A empresa fechou um acordo de licenciamento de um ano com a Disney para disponibilizar uma parte de seu catálogo no Prime Video.

O comunicado de imprensa da Amazon menciona títulos bastante importantes, como Capitã Marvel, Vingadores: Ultimato, O Rei Leão, Toy Story 4, Grey’s Anatomy, The Walking Dead, American Horror Story e How I Met Your Mother. Segundo o texto, esses filmes e séries estarão disponíveis de 1º de outubro (também conhecido como hoje) até setembro de 2020 para o mercado latino-americano.

Capitã MarvelCapitã Marvel. Crédito: Disney

A data não parece ter sido escolhida por acaso. No anúncio do Disney+, o serviço de streaming próprio da Disney, a empresa disse que ele chegaria à América Latina no outono de 2020 — o outono do hemisfério norte começa em setembro.

Ou seja, é provável que o Disney+ chegue por aqui em setembro de 2020 e todos esses títulos saiam do Prime Video logo em seguida. De qualquer forma, um ano é bastante tempo para você ver alguns desses filmes e séries.

O Prime Video faz parte do Amazon Prime. Ele é um pacotão da Amazon que inclui também acesso a músicas no Amazon Music, livros e revistas no Prime Reading, itens de games no Twitch Prime e frete grátis em compras feitas na loja. A assinatura custa R$ 9,90 por mês ou R$ 89 por ano, e os primeiros 30 dias são grátis.

É, também, mais um golpe duro no Netflix, cuja assinatura mais barata está saindo por R$ 29,90 mensais no Brasil. A empresa, que se tornou sinônimo de ver filmes e séries pela internet, está tendo que disputar espaço com a política agressiva de preços do Amazon Prime. Futuramente, eles devem ter também a concorrência de novos competidores, como o próprio Disney+ e o Apple TV+. O serviço de streaming da empresa da maçã chegará em novembro por R$ 9,90 mensais, outro valor bem baixo para os padrões atuais.

Com tantos serviços, vai ficar cada vez mais difícil assinar tudo. Como diz uma piada que eu já vi muita gente fazendo: alguém vai ter que juntar tudo isso, de preferência em um cabo que vá direto para um aparelho na nossa casa.

Assinando serviços pelos links desta página, o Gizmodo Brasil recebe uma comissão.

The post Amazon Prime Video fecha acordo com a Disney e terá mais filmes e séries para concorrer com Netflix appeared first on Gizmodo Brasil.

Microsoft vai anunciar um monte de novos Surface, de acordo com vazamentos

Posted: 01 Oct 2019 11:17 AM PDT

A Microsoft deve mostrar nesta quarta-feira (2) um monte de novos dispositivos em um evento na cidade de Nova York. Mas, assim como vem acontecendo em muitos outros lançamentos deste segundo semestre, vazamentos recentes podem ter adiantado uma tonelada de informações sobre o que será anunciado.

As informações mais recentes vêm do notável vazador Evan Blass (@evleaks). Ele postou fotos alegando que a Microsoft planeja lançar uma ampla gama de novos dispositivos Surface, incluindo um novo Surface Pro 7, dois novos Surface Laptops 3 e um Surface super fino 2 em 1 com um processador de arquitetura ARM.

Foto: @evleaks

O Surface Pro 7 parece ser o dispositivo com o menor número de alterações, oferecendo o mesmo design e e a mesma construção que o Surface Pro atual. Por outro lado, ele deverá vir com uma seleção de novos processadores Intel da 10ª geração e uma porta USB-C no lugar da antiga Mini Display (finalmente!).

Enquanto isso, para o Surface Laptop 3, parece que a Microsoft vai expandir suas ofertas de notebooks. Ela deve lançar um modelo atualizado de 13 polegadas e um novo Surface Laptop de 15 polegadas. Este último, de acordo com rumores anteriores, pode vir com um processador AMD em vez de um chip Intel, já que a Intel demorou um pouco a lançar sua linha de processadores Ice Lake de 10ª geração.

Foto: @evleaks

Algumas das imagens também sugerem que a Microsoft pode acabar com os teclados revestidos com o material Alcantara que vinham nos Surface Laptops anteriores. Isso pode ser um benefício para a limpeza em troca de um conforto um pouco menor.

Mas o que pode ser a novidade mais surpreendente é um segundo Surface 2 em 1 com um chip ARM, em vez do processador x86 típico encontrado na maioria das máquinas Windows.

Embora seja difícil avaliar o tamanho dessas fotos vazadas, o Surface ARM parece ser ainda mais portátil que o Surface Pro padrão, com molduras mais finas e um corpo um pouco mais magro. Rumores indicam que este dispositivo faz parte da linha Surface Pro e, embora possa não ter o mesmo desempenho de ponta que seus irmãos baseados em x86, o uso de uma CPU ARM (provavelmente um chip Qualcomm Snapdragon 8cx) pode oferecer uma melhoria significante em duração de bateria.

Por fim, embora Blass não tenha fotos para mostrar, ele afirma que a Microsoft também planeja anunciar algum tipo de “Surface de tela dupla”. Quem aí se lembra do projeto Microsoft Courier, que acabou cancelado? Pois é, isso é algo que muitas pessoas já foram esperando há quase uma década.

Se esses vazamentos forem precisos, o evento de amanhã poderá ser um dos maiores lançamentos de produtos da Microsoft na história recente. Felizmente, estaremos no local, então você terá mais informações em breve neste mesmo site.

The post Microsoft vai anunciar um monte de novos Surface, de acordo com vazamentos appeared first on Gizmodo Brasil.

Um iceberg gigantesco se desprende de geleira da Antártida

Posted: 01 Oct 2019 09:45 AM PDT

Antes e depois de iceberg que se soltou da plataforma de gelo Amery

Um enorme iceberg que pesa mais de 350 bilhões de toneladas se soltou da plataforma de gelo Amery na Antártida.

A AFP relata que o evento aconteceu em algum momento entre 24 e 25 de setembro, conforme evidenciado pelas imagens de satélite dos EUA e da Europa. Apelidado de D28, ele mede 1.636 quilômetros quadrados em área total, segundo o Scripps Institution of Oceanography, Isso é aproximadamente o tamanho de Rhode Island ou 22 vezes o tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York. O iceberg mede cerca de 210 metros de espessura e pesa cerca de 350 bilhões de toneladas.

O icerberg surgiu da plataforma de gelo Amery, na Antártida, a terceira maior plataforma flutuante de gelo no continente congelado. Essa plataforma de gelo em particular não produz um iceberg assim desde os anos 1960, quando gerou um iceberg gigantesco medindo 9.000 quilômetros quadrados, de acordo com a BBC.

O D28 está vagando lentamente para o oeste, pois é empurrado pelas correntes e ventos do oceano. Pode levar anos para o iceberg se separar completamente e se dissolver no oceano. Consequentemente, o D28 está sendo observado de perto por satélite, pois representa uma ameaça potencial para os navios que passam pela área.

Mapa da Antártida mostrando a localização da plataforma de gelo AmeryMapa da Antártida mostrando a localização da plataforma de gelo Amery. Crédito: NASA/MODI

O derretimento do iceberg não afetará o nível do mar porque as plataformas de gelo já deslocam pela água. A plataforma de gelo Amery serve como um importante canal de drenagem para a porção leste da Antártida. Com o tempo, as geleiras fluem da terra para o mar, formando uma plataforma de gelo flutuante. Eventualmente, o acúmulo de toda essa neve e gelo faz com que grandes pedaços caiam no mar, em um processo geológico completamente normal e recorrente. A plataforma de gelo Amery tem de 60 a 70 anos, de acordo com o Instituto Scripps, e esse último evento — que foi previsto — não está vinculado à mudança climática.

"É realmente importante que o público não fique confuso e pense que isso é resultado da mudança climática", disse à AFP a especialista em glaciologia da Scripps, Amanda Fricker. Ao que ela acrescentou em um tuíte da Scripps: "Este evento faz parte do ciclo normal da plataforma de gelo e, embora haja muito o que se preocupar na Antártida, ainda não há motivo de alarme para essa plataforma de gelo em particular".

Tradução: O novo bloco maciço de gelo que partiu foi designado "D-28". As imagens de satélite continuarão monitorando o novo iceberg, pois pode se tornar um perigo para transporte [marítimo].

Fricker diz que esse evento ressalta a importância de observações de longo prazo na Antártida para entender o ciclo natural das camadas de gelo, para que os cientistas possam desvincular melhor os eventos induzidos pelas mudanças climáticas do ciclo natural.

Dito isto, esse evento de separação em particular pegou os cientistas da Scripps um pouco de surpresa, pois eles esperavam que outra parte da plataforma de gelo Amery — uma região apropriadamente apelidada de "dente solto" — se rompesse. Assim, embora os cientistas soubessem que um evento deste era iminente, eles haviam identificado a seção errada.

Além de acompanhar o progresso do D28, os cientistas também monitorarão a própria plataforma de gelo Amery para ver como a perda de uma seção tão gigantesca pode afetar sua estabilidade.

A Antártida Oriental é o lar de algumas das plataformas de gelo mais estáveis do continente. Embora a pesquisa publicada no início deste ano mostre que está perdendo gelo e tenha feito contribuições mensuráveis para o aumento do nível do mar, o afastamento da região significa que os cientistas ainda estão aprendendo mais sobre ele a cada ano.

Apesar de ser gigante, o D28 não é a maior porção de gelo da Antártida nos últimos anos. Em 2017, a plataforma de gelo Larsen C liberou um iceberg, apelidado de A68, que media 5.800 quilômetros quadrados de área total. O A68 produziu um iceberg menor em 2018, de forma estranhamente geométrica — uma estrutura atraente, conhecida como iceberg tabular.

The post Um iceberg gigantesco se desprende de geleira da Antártida appeared first on Gizmodo Brasil.

Ataque hacker ao jogo “Words With Friends” pode afetar 218 milhões de usuários

Posted: 01 Oct 2019 09:01 AM PDT

Um dos jogos móveis mais populares nos Estados Unidos foi invadido por um hacker.

O Hacker News relatou originalmente que o hacker paquistanês, que usa o pseudônimo Gnosticplayers, disse à agência que, até o dia 2 de setembro, ele era capaz de acessar dados pertencentes a todos os usuários que instalaram o jogo Words With Friends (Palavras com amigos), da Zynga, no iOS e no Android – o que aparentemente equivaleria a 218 milhões de pessoas.

Em 12 de setembro, a empresa controladora do Word With Friends, Zynga, divulgou um comunicado informando aos usuários que seus dados desse jogo e do popular Draw Something haviam sido comprometidos. “Descobrimos recentemente que determinadas informações da conta de usuário podem ter sido acessadas ilegalmente por hackers externos”, diz o comunicado. “Embora a investigação ainda esteja em andamento, acreditamos que nenhuma informação financeira tenha sido acessada”.

Um porta-voz da empresa não forneceu mais informações ao Gizmodo ou disse quantos usuários foram afetados.

De acordo com uma amostra que o Gnosticplayers enviou ao The Hacker News, os dados roubados incluem nomes, endereços de email, IDs de login, senhas criptografadas, números de telefone e IDs do Facebook.

A Zynga disse que “tomou medidas para proteger as contas desses usuários contra logins inválidos” e planeja “notificar os jogadores à medida que a investigação avançar”.

Em fevereiro, o Gnosticplayers disse ao ZDNet que esperava colocar os dados de um bilhão de usuários à venda. Em abril, ele teria roubado cerca de 932 milhões de registros de pessoas de 44 empresas, incluindo Evite, UnderArmour e My Heritage.

Se você joga o Words With Friends, altere sua senha agora. E se esforce para criá-la pelo menos tanto quanto você se esforçaria para encontrar uma palavra que seja quase toda composta por vogais.

The post Ataque hacker ao jogo “Words With Friends” pode afetar 218 milhões de usuários appeared first on Gizmodo Brasil.

WhatsApp planeja recurso de autodestruição de mensagens

Posted: 01 Oct 2019 07:46 AM PDT

Ícones dos aplicativos Facebook, Messenger, WhatsApp e Telegram no iOS

O WhatsApp aparentemente está desenvolvendo um recurso que usuários do Telegram vão amar dizer que já tinham há tempos: autodestruição de mensagens. A função de “mensagens que desaparecem” surgiu numa versão recente do aplicativo para Android e foi descoberta pelo pessoal do WABetaInfo que costuma antecipar os recursos do aplicativo de chats.

As mensagens que se autodestroem são bastante úteis para aqueles momentos em que você quer compartilhar uma informação sensível e não quer que fique armazenada no histórico do seu contato – ainda que seja muito inseguro, tem gente que compartilha senha ou número de cartão de crédito com a família via mensagem, por exemplo (evite isso, inclusive).

De acordo com as informações do WABetaInfo, a implementação da autodestruição de mensagens ainda está muito básica. Neste momento, só é possível escolher duas opções para que o conteúdo seja apagado: cinco segundos ou uma hora. São duas alternativas extremas e pouco usuais, convenhamos.

Capturas de tela mostram opção de que desaparecem no WhatsApp

Além disso, a ferramenta aparentemente só está disponível para chats em grupo e precisa ser definida pelo administrador. Depois de selecionada, a opção vale para todas as mensagens enviadas entre os participantes da conversa.

Ainda não sabemos quando essa opção será disponibilizada para todos os usuários e como ela deve se apresentar de fato. Nesse momento, ainda é uma ferramenta bem rudimentar.

[WABetaInfo]

The post WhatsApp planeja recurso de autodestruição de mensagens appeared first on Gizmodo Brasil.

Cabo falso de iPhone capaz de invadir dispositivos será produzido em série

Posted: 01 Oct 2019 07:11 AM PDT

Detalhe da parte inferior de um iPhone

Um cabo Lightning falso que é capaz de garantir acesso remoto a computadores em que forem plugados está pronto para ser fabricado em série.

Mike Grover, que adota o apelido MG, projetou o “O.MG cable” para se parecer e funcionar exatamente como um cabo Lightning original fabricado pela Apple. A diferença é o hardware modificado, incluindo um ponto de acesso sem fio muito pequeno, que permite que um hacker rode diversos scripts e comandos remotamente para invadir um computador.

MG divulgou e vendeu o cabo durante a conferência de cibersegurança DEF CON, que aconteceu em agosto de 2019. Ele cobrava US$ 200 e disse à Motherboard que cada um deles precisava ser feito cuidadosamente a mão.

Agora, de acordo com o site, MG diz que os cabos podem ser feitos em um ambiente fabril, permitindo que esses acessórios sejam produzidos em série. Na verdade, a empresa de cibersegurança Hak5 já tem uma página pronta para que as pessoas comprem os cabos antecipadamente, afirmando que esse é “resultado de meses de trabalhos que resultaram em um cabo USB malicioso altamente discreto”.


Tradução: Depois de meses de trabalho, estou segurando o primeiro OMGCable manufaturado. Mal posso esperar para tê-los disponíveis no Hak5. Agora é hora de um desmonte totalmente destrutivo para me assegurar que eles cumprem com todas as minhas exigências para um hardware de ataque.

A página do Hak5 divulga diversas funcionalidades para pesquisadores de segurança que testam invasões a ambientes seguros, incluindo a possibilidade de “apagar os rastros forenses” do firmware, fazendo com que ele volte a ser um cabo Lighting convencional:

O O.MG Cable permite que novos payloads sejam criados, salvos e transmitidos remotamente. O cabo é feito com Red Teams [pesquisadores e especialistas que testam as invasões] em mente com funções como payloads de boot adicionais, nenhuma enumeração USB até a execução do payload e a possibilidade de apagar os rastros forenses do firmware, o que faz com que o cabo volte totalmente para seu estado inócuo. E essas são apenas as funcionalidades que foram reveladas até agora.

No website, MG diz que os cabos produzidos em série custarão cerca de US$ 100.

“Eu desmontei completamente o cabo para ter certeza de que não há nenhuma barreira de produção”, disse MG à Motherboard, acrescentando que ele “está sendo super transparente sobre o processo” e que quase “todo mundo que fabrica algo mantém tudo em segredo até o dia do lançamento ou pelo menos até terem uma data de início de vendas definida”.

“O primeiro lote de amostras da produção inspira confiança”, disse Darren Kitchen, da Hak5, à Motherboard. “Estamos equilibrando uma série de fatores para que esses gadgets maliciosos sejam produzidos – e acho que todos vão ficar empolgados com os produtos finalizados. O processo de produção tem sido bastante simples, dada a nossa experiência em fazer ferramentas de pentest [teste de intrusão]”.

Os cabos modificados ainda precisam ser programados e passar por testes de qualidade, segundo MG. A Motherboard procurou a Apple para um posicionamento sobre esses cabos e a companhia enviou o link de sua página de suporte em que “recomenda usar apenas acessórios que a Apple tenha certificado e que venha com a etiqueta MFi”, algo que provavelmente não é útil para quem, sem saber, encontra um cabo dando sopa por aí.

Esse tipo de ameaça à segurança está longe de ser uma novidade. Pendrives com firmware malicioso existem há anos. Projetos anteriores de MG também incluem carregadores modificados de MacBook e um pendrive que explode após subir códigos maliciosos. Inclusive, a NSA já criou dispositivos similares.

O cabo O.MG é mais um lembrete de que não é uma boa ideia plugar qualquer coisa em seu computador ou celular, seja um cabo encontrado na rua ou um presente que alguém te deu numa conferência.

[Motherboard]

The post Cabo falso de iPhone capaz de invadir dispositivos será produzido em série appeared first on Gizmodo Brasil.

A jaqueta do Google está mais inteligente do que nunca, mas ainda tem limitações

Posted: 01 Oct 2019 05:32 AM PDT

Eu tinha tudo planejado. No trajeto de metrô para casa, eu estava brincando com o aplicativo Jacquard, atribuindo ações ao meu Levi’s Trucker Jacket com o Jacquard, um sensor do Google. Um simples toque duplo no punho quando eu me aproximava do meu apartamento, e ao passar pela porta, caminhei ao som de "Touch the Sky" de Kanye West. Fútil e levemente burro, sim, mas eu achei uma maneira divertida de anunciar que eu tinha chegado em casa.

É isso o que teria acontecido. Exceto que quando toquei duas vezes na manga, o Assistente do Google no meu telefone disse que o Spotify não estava instalado no meu Google Nest Hub. Abri o aplicativo Jacquard e o configurei para acender as luzes conectadas Philips Hue. Entrei pela porta para encontrar minha família nem um pouco impressionada. Eu fui a última a chegar em casa, então as luzes já estavam acesas. Falha completa e total.

Esse episódio ilustra as limitações da segunda tentativa da jaqueta inteligente do Google. É uma ideia legal na teoria, mas não é tão fácil de usar na vida real.

Como seu antecessor, é uma jaqueta jeans estilosa com uma manga sensível ao toque que você pode programar para fazer várias coisas. A diferença é que desta vez, o dongle foi substituído por uma etiqueta menor e as habilidades da jaqueta agora incluem comandos do Assistente do Google, controle da câmera e alertas de compartilhamento de viagens. Isso está além dos recursos de notificação, navegação e controle de música do original. Também é um pouco mais barato, custando US$ 200 (US$ 250 se você gosta de forro tipo Sherpa).

O dispositivo notavelmente menor é bem-vindo, assim como o conjunto de recursos expandidos e o preço mais baixo. Só que você ainda não pode fazer um monte de coisas que não seriam mais fáceis com um telefone ou mesmo um smartwatch.

Para começar, você pode atribuir apenas três ações à manga sensível ao toque encontrado no braço esquerdo da jaqueta. Ao escovar o punho em um gesto do tipo “faça chover” você pode iniciar e pausar sua música. Mas você pode decidir que escovar a manga será um comando para informar o que está no seu calendário no dia. Um toque duplo pode falar a próxima direção em seu trajeto para algum lugar. Cobrir a manga vai sempre silenciar tudo. E é isso.

Isso pode ser suficiente para o deslocamento diário, mas também pode não ser o que você deseja para um dia de caminhada em um novo bairro. Nesse caso, você teria que pegar seu celular e reprogramar sua jaqueta. Talvez, em vez de música, escovar signifique marcar um local no Google Maps e assim por diante. Então a jaqueta pode fazer muito mais coisas do que costumava fazer. Mas ela simplesmente não pode fazer tudo de uma vez.

Isso pode não ser um problema se você for paciente o suficiente para pensar na melhor maneira de usar a jaqueta toda vez que sair de casa ou experimentar o que funciona para você ao longo do tempo. Mas, mesmo assim, você inevitavelmente encontrará obstáculos, como quando eu tentei brincar de anunciar minha chegada em casa. A solução de problemas não é difícil por si só, é apenas irritante o suficiente para querer desistir.

O dongle felizmente é menor. Você também pode ver o punho sensível ao toque. Foto: Sam Rutherford/Gizmodo

Além das três ações, você também pode programar o dispositivo para vários alertas. Mas, como as ações, você está limitado a apenas três de cada vez. Portanto, se a tag vibrar e sua luz LED piscar em azul, pode ser uma mensagem de um dos três contatos programáveis. Se piscar em verde, isso pode significar que o seu carro (apenas Uber e Lyft) está próximo e você pode fazer o movimento de escovar para ouvir a marca, modelo, cor e placa do carro. Se ele piscar em rosa, talvez sua jaqueta tenha detectado uma conexão perdida com o telefone – o que significa que você o deixou em casa.

Isso é bom em teoria. Na prática, às vezes eu não percebia as vibrações de alerta. Ou recebia a notificação no meu telefone, no Apple Watch e na jaqueta – nessa ordem. Nem todo mundo tem um smartwatch, mas tenho certeza que nesse momento quase todo mundo tem um smartphone. Se você está esperando pelo seu Lyft, é provável que esteja obsessivamente olhando a que distância o carro está pelo seu telefone. Quanto ao recurso “sempre juntos”, metade do tempo minha jaqueta se desconectava do telefone porque eu estava no metrô ou por nenhuma razão. Em um show, a jaqueta continuava me dizendo que meu telefone não estava por perto. Estava bem na minha mão o tempo todo.

O dongle é menor, mas ainda se destaca. Um colega de trabalho me zoou perguntou se eu havia roubado a jaqueta e esquecido de tirar o sensor. Foto: Sam Rutherford/Gizmodo

O outro problema é que, para alguns desses recursos funcionarem, o aplicativo relevante já deve estar em execução em segundo plano. Portanto, se você deseja controlar o Spotify, verifique se o aplicativo Spotify e Jacquard estão abertos. O mesmo vale para o recurso de selfie. Se você quiser tirar selfies com sua jaqueta (porque é o futuro!), seu aplicativo de câmera precisa estar aberto. É bom na maior parte das vezes – com algumas pequenas falhas -, mas gastar alguns minutos no elevador abrindo e fechando aplicativos parece mais problemático do que às vezes vale a pena.

Usar a jaqueta em todos os lugares por uma semana também se traduziu em pegar constantemente meu telefone para ajustar minhas configurações. Isso meio que vai contra o propósito de uma jaqueta inteligente que deveria reduzir sua dependência do telefone quando você está fora de casa.

Para ser justa, alguns desses recursos são realmente legais. Foi bom ouvir uma pequena atualização sobre o meu dia enquanto eu estava caminhando para a estação de trem, ou discretamente deslizar meu punho para pular para a próxima música. Menos legal foi dizer aos meus amigos: "Esperem, galera, preciso reprogramar minha jaqueta para poder tocar na manga para tirar uma selfie em grupo. Isso não é legal? Pessoal? Pessoal!" Pode ser que meus amigos sejam ludistas julgadores, mas eu recebi muitos olhares de desaprovação enquanto falava sobre a jaqueta para usar confortavelmente o recurso de selfie.

Tirei essa selfie horrível com minha jaqueta. Esse é o futuro. Foto: Victoria Song/Gizmodo

Então, vale a pena desembolsar cerca de US$ 200 por uma jaqueta jeans ligeiramente mais inteligente? Ummm, quero dizer, é uma jaqueta jeans bacana. Eu me senti esquisita ao usá-la por uma semana. Eu também poderia comprar uma jaqueta Levi's Trucker Jacket na Macy por US$ 65. Eu não precisaria me preocupar em carregá-la (embora, para ser justa, já faz uma semana desde que carreguei minha tag Jacquard e ainda tenho mais de 70% de bateria). Eu também não precisaria me lembrar de remover o dispositivo se precisasse lavá-la.

Por US$ 200 – US$ 250, eu poderia facilmente comprar, por exemplo, um Samsung Galaxy Watch Active ou mesmo um Fitbit Versa 2. Basicamente, eu obteria exatamente os mesmos recursos, além de ferramentas adicionais de saúde. A única coisa que posso perder é o controle de selfie, mas, novamente, tenho certeza que existem apps de terceiros para isso. Ou, você sabe, um amigo com um braço mais longo. Talvez um temporizador na minha câmera do smartphone.

Não é que eu pense que essa jaqueta inteligente seja totalmente inútil. Provavelmente ainda a usarei para controlar minha música, atender chamadas e obter orientações enquanto estiver andando por aí, fazendo minhas tarefas. Se e quando eu usar. Aliás, este é o verdadeiro problema das roupas inteligentes em geral — isso se deve ao meu senso de vaidade e moda. Não quero usar jaqueta jeans todos os dias. É um look específico e eu já tenho um armário cheio de outros tipos de blusa que já não são usadas o suficiente. Quando o próximo vórtice polar inevitavelmente chegar, nenhum número de camadas ou controle de música embutido poderá me convencer a escolher isso em vez do meu horrível casaco grandão. Graças às mudanças climáticas, o clima perfeito para a jaqueta na primavera e no outono é de duas semanas ao longo do ano. Isso significa 50 semanas por ano que esta blusa ficará sendo devorada por traças.

Eu, planejando minha entrada fracassada em casa, com inspiração do Kanye na minha cabeça. Foto: Sam Rutherford/Gizmodo

Ainda assim, eu gostei de usá-la em uma festa no último fim de semana em casa. Foi um começo de conversa, mesmo que a maioria dos meus amigos não tivessem curtido tanto a ideia. Um amigo disse: "bem, isso ficou fofo em você". No entanto, eu não sou rica. Novidade, funcionalidade limitada e elogios ocasionais não valem necessariamente US$ 200. Por outro lado, talvez eu estivesse mais feliz se isso me ajudasse a colocar algumas músicas do Kanye West na sala. Mas, ainda confio no meu telefone para isso.

Resumo

  • Menos caro com a opção de US$ 200 e ainda com um dongle menor
  • Recursos expandidos incluem o Google Assistente, notificações de compartilhamento de viagens e controle de câmera
  • É um pouco mais útil que antes, mas ainda é um item firulento

The post A jaqueta do Google está mais inteligente do que nunca, mas ainda tem limitações appeared first on Gizmodo Brasil.

Estudo diz que devemos contaminar deliberadamente Marte com nossos micróbios

Posted: 01 Oct 2019 04:22 AM PDT

Uma equipe de pesquisa está propondo uma grande mudança filosófica em nosso pensamento sobre a propagação de micróbios terrestres no espaço e em Marte em particular. Acreditando que a contaminação interplanetária é “inevitável”, a equipe argumenta que os futuros colonos marcianos deveriam usar microrganismos para remodelar o Planeta Vermelho – uma proposição considerada grosseiramente prematura por alguns especialistas.

Em um artigo publicado no mês passado na FEMS Microbiology Ecology, o microbiologista Jose Lopez, professor da Universidade Nova Southeastern, na Flórida, juntamente com os colegas Raquel Peixoto e Alexandre Rosado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), propôs uma "grande revisão" das atuais filosofias por trás das políticas de exploração espacial e proteção planetária, no que se refere à disseminação de microrganismos no espaço.

Em vez de se preocupar em contaminar corpos celestes estrangeiros – algo que a NASA e outras agências espaciais têm muito cuidado em evitar – Lopez e seus coautores defendem que devemos enviar deliberadamente nossos germes para o espaço sideral e que a disseminação de nossos micróbios deve fazer parte de uma estratégia maior de colonização para domesticar o clima em Marte. Um argumento-chave proposto pelos pesquisadores é que a prevenção da contaminação é uma “quase impossibilidade”, como os autores mencionam no estudo.

“A introdução microbiana não deve ser considerada acidental, mas inevitável”.

Uma mudança de política como essa teria um forte contraste com o pensamento convencional sobre o assunto. Alguns dos especialistas com quem conversamos afirmaram que os referidos protocolos atualmente em vigor para impedir a contaminação de outro planeta provavelmente estão de acordo com o melhor de nosso conhecimento, e não devemos simplesmente desistir com tanta facilidade. Além do mais, os especialistas disseram que muita ciência ainda precisa ser feita em Marte e em outros lugares antes de começarmos a considerar essa possibilidade irrecuperável.

Atualmente, a grande comunidade científica concorda com a necessidade de evitar a contaminação microbiana de corpos planetários como Marte. A NASA, a ESA e outras agências espaciais esterilizam cuidadosa e dispendiosamente seus instrumentos antes de lançá-los em direção a alvos celestes vizinhos.

A filosofia da proteção planetária, ou PP, remonta ao final da década de 1950 e ao estabelecimento do Comitê de Pesquisa Espacial (COSPAR), criado pelo Conselho Internacional de Sindicatos Científicos. A COSPAR, entre outras questões, desenvolve recomendações e protocolos projetados para proteger o espaço de nossos micróbios. De maneira semelhante, o Tratado do Espaço da ONU, que foi assinado por mais de 100 nações, afirma especificamente:

Os países signatários do Tratado deverão realizar estudos sobre o espaço sideral, incluindo a Lua e outros corpos celestes, e conduzir sua exploração de maneira a evitar sua contaminação prejudicial e também mudanças adversas no ambiente da Terra resultantes da introdução de matéria extraterrestre e, se necessário, adotarão medidas adequadas para esse fim. Se um país signatário do Tratado tiver motivos para acreditar que uma atividade ou experimento planejado por ele ou seus nacionais no espaço sideral, incluindo a Lua e outros corpos celestes, causaria uma interferência potencialmente prejudicial às atividades de outros países signatários na exploração e uso pacíficos do espaço sideral, incluindo a Lua e outros corpos celestes, deverá realizar consultas internacionais apropriadas antes de prosseguir com qualquer atividade ou experimento.

A lógica principal por trás desse pensamento é que nossos germes têm o potencial de contaminar locais cientificamente importantes no sistema solar, prejudicando nossa capacidade de detectar a vida microbiana nativa em Marte e outros mundos. Encontrar vestígios de DNA ou RNA em Marte, por exemplo, não significaria automaticamente que eles se originaram da Terra, pois essas moléculas poderiam representar um bloco de construção fundamental e onipresente da evolução no Universo. Talvez ainda mais problemático, teme-se que a vida terrestre invasora possa destruir um ecossistema alienígena antes mesmo que tenhamos uma chance de estudá-lo.

Por outro lado, Lopez e seus colegas acreditam que será quase impossível impedir que nossos germes invadam os lugares que estamos explorando, por isso é necessário discutirmos de forma racional sobre como usar melhor os microrganismos em nosso benefício. Especificamente, os autores estão se referindo à perspectiva de terraformação – a prática hipotética de aplicar geoengenharia a um planeta para torná-lo mais parecido com a Terra.

Superfície marciana como vista do espaço. Imagem: ESA/DLR/FU Berlin

Olhando para a história da Terra como um precedente, os autores reconhecem o papel criticamente importante desempenhado pelos microrganismos para promover a habitabilidade em nosso planeta, incluindo a produção de oxigênio, a regulação de gases como dióxido de carbono, metano e nitrogênio e a decomposição de materiais orgânicos e inorgânicos.

“A vida como a conhecemos não pode existir sem microrganismos benéficos”, disse Lopez em um comunicado à imprensa da NSU. "Eles estão aqui em nosso planeta e ajudam a definir associações simbióticas – a convivência de vários organismos para criar um todo maior. Para sobreviver em planetas estéreis (até onde todas as viagens até o momento nos dizem), teremos que levar micróbios benéficos conosco [para Marte]. Isso levará tempo para preparar, discernir e não estamos defendendo uma introdução apressada, mas apenas após uma pesquisa sistemática e rigorosa na Terra".

Essencial ao argumento dos pesquisadores é o reconhecimento de nossa transição de exploradores para colonos. Que a vida possa existir ou tenha existido em outras partes do sistema solar parece não ser o caso, afirmam os autores. A "ausência de qualquer descoberta ou evidência de vida de qualquer uma das mais de 70 missões espaciais e sondas que deixaram a órbita da Terra aponta para uma presença única de vida em nosso sistema solar imediato", escrevem eles.

Lopez e seus colegas afirmam que, se levarmos a sério a colonização de Marte, teremos que considerar o papel desempenhado por nossos micróbios. Mas espalhar germes em torno de Marte não deve ser feito indiscriminadamente e sem uma previsão cuidadosa, dizem eles.

"Em vez disso, visualizamos um programa deliberado e medido de pesquisa em colonização microbiana, percebendo os limites das tecnologias atuais. Assim, defendemos um cronograma conservador de introduções microbianas no espaço, ao mesmo tempo em que notamos que a colonização humana não pode ser separada das introduções microbianas".

Para esse fim, os pesquisadores estão propondo um Plano de Introdução Proativa, ou PIP. Esse plano seria implementado antes de qualquer missão de longo prazo e envolveria a triagem de candidatos microbianos promissores. Micróbios perigosos seriam descartados, enquanto apenas os micróbios "mais produtivos" seriam incluídos para futuras missões, como escrevem os autores:

Se a humanidade está pensando seriamente em colonizar Marte, outro planeta ou uma das luas próximas no futuro, as pessoas precisam identificar, entender e enviar os pioneiros mais competitivos e benéficos. A escolha ou o desenvolvimento das [espécies] ou comunidades microbianas mais duráveis ​​pode ser feita com deliberação, pesquisa sistemática e dados atuais, em vez de enviar bactérias aleatoriamente que pegaram carona nas estações espaciais.

Extremófilos – micróbios capazes de viver nos ambientes mais adversos da Terra – seriam os primeiros micróbios espalhados em Marte, provavelmente enterrados a alguns metros de profundidade para protegê-los das condições de congelamento e radiação na superfície.

As críticas à iniciativa

Mas, como os próprios autores admitem, “o controle total de um inventário completo de [espécies] microbianas e seus genomas enviados ao espaço nunca pode ser alcançado realisticamente”, e a “recuperação de micróbios uma vez enviados pode ser impossível”. Em outras palavras, nós nunca teremos controle total ou conhecimento do processo, nem seremos capazes de pará-lo quando começarmos.

Os autores não ofereceram detalhes específicos sobre quando os primeiros micróbios devem ser inseridos em Marte ou quanto tempo levará para que os microrganismos produzam os efeitos desejados – supondo que funcione. É uma questão em aberto, por exemplo, se micróbios, mesmo extremófilos, podem funcionar na superfície marciana, onde a pressão do ar excepcionalmente baixa paira em torno de um insignificante 0,7 kPa, o que não está muito longe das condições encontradas no espaço sideral. A baixa gravidade em Marte, juntamente com a intensa radiação solar que atinge a superfície, complicam ainda mais o cenário.

Mesmo se funcionar, as escalas de tempo envolvidas deveriam desencorajar até mesmo os colonizadores de Marte mais otimistas. Na Terra, estes procedimentos requerem centenas de milhares e possivelmente milhões de anos de agitação microbiana (por exemplo, a produção de oxigênio via fotossíntese por cianobactérias).

Bruce Jakosky, um professor de geociências da Universidade do Colorado e um especialista na prospecção para terraformar Marte, disse que os autores estão propondo "muitas mudanças dramáticas" para o protocolo de proteção do mundo planetário, como ele escreveu em um e-mail para o Gizmodo.

"Estas [recomendações] parecem contrárias a décadas da abordagem que adotamos para o PP", disse Jakosky. "Dou boas-vindas à oportunidade de ir além na discussão de como o PP deveria ser implementado e se as mudanças devem ser feitas, mas me preocupo com sugestões que recomendam suas consequências com uma visão imparcial".

O físico Todd Huffman, da Universidade de Oxford, disse que os autores cometeram uma falácia de lógica, alegando que é impossível esterilizar completamente uma espaçonave na Terra, e por isso não devemos tentar. Huffman acredita que certamente devemos tentar e que há uma chance muito boa de ter sucesso com nossos esquemas de proteção planetária, seja graças aos protocolos da Terra, aos efeitos devastadores da explosão no espaço profundo ou às condições adversas já existentes em Marte.

Até onde sabemos, o veículo espacial Curiosity não introduziu micróbios em Marte. Imagem: NASA

"Agora, existem algumas sondas que chegaram à superfície de Marte desde 1976. Todas elas foram sujeitas, até agora, aos protocolos extremos de esterilização da COSPAR", escreveu Huffman ao Gizmodo em um e-mail. "E, até hoje, nenhum deles detectou micróbios marcianos — ou terrestres — ou evidências deles. O que significa que os protocolos COSPAR estão realmente funcionando. Portanto, não apenas o argumento deles não se sustenta por seus próprios méritos, mas também a alegação de que é impossível manter os contaminantes longe de um planeta como Marte até agora se mostrou infundado", disse ele. Ao que ele acrescentou: "A minha opinião é que, se não estiver quebrado, não conserte. Os protocolos COSPAR parecem manter os insetos da Terra longe de Marte enquanto estudamos o planeta para quaisquer seres vivos nativos. Não devemos mexer com eles, a menos que desejamos restringi-los ainda mais".

Huffman não discorda de que eventualmente nós podemos querer introduzir micróbios em Marte da forma que os autores descrevem, mas seria um grande erro científico relaxar os protocolos COSPAR em qualquer mundo que ainda não determinamos como morto", exigindo que mantenhamos "nossos insetos longe de Marte, Europa, Enceladus e talvez até de Titã", disse ele. "Pelo menos por enquanto".

Steve Clifford, cientista sênior do Instituto de Ciência Planetária, disse que tem "sérias preocupações" sobre o novo artigo. Por fim, ele acredita que as consequências potenciais de cometer um erro ao facilitar os padrões de proteção planetária "superam em muito os ganhos de curto prazo". Podemos eventualmente contaminar Marte, disse ele, mas até então "devemos seguir o equivalente de proteção planetária do Juramento de Hipócrates: ‘acima de tudo, não faça mal'”.

"Acredito que a potencial contaminação de uma biosfera alienígena represente uma séria preocupação ética — porque esse é um legado que carregamos conosco para sempre", disse Clifford ao Gizmodo por e-mail. Como Huffman, ele está preocupado que os germes terrestres possam complicar nossa capacidade de fazer ciência em Marte e disse que não ha razão para acreditar que os atuais esquemas de proteção planetária não estejam funcionando.

"Se a vida evoluiu em Marte ou nos oceanos subterrâneos das luas geladas dos planetas exteriores, ela provavelmente sobreviveu nesses corpos por bilhões de anos", disse Clifford. "A detecção da vida em qualquer um desses corpos teria um significado profundo em nossa compreensão da prevalência da vida em todo o universo".

Quanto às alegações de que a implementação de protocolos de proteção planetária são muito caras, Clifford disse que os custos adicionais associados, que normalmente representam 20% do custo da missão, valem a pena.

"Ao explorarmos os ambientes potencialmente habitáveis em nosso sistema solar, precisamos responder — o mais definitivamente possível — se alguma vida nativa está presente, antes de enviarmos humanos para lá", afirmou Clifford. "E, se esses ambientes não tiverem vida, a necessidade de aderir aos padrões atuais de proteção planetária evapora. No entanto, se descobrirmos sinal de vida, acredito que devemos ter uma discussão séria que pesa nosso desejo de colonizar e utilizar os recursos do sistema solar contra a preocupação ética de causar a extinção potencial dos primeiros exemplos de vida alienígena que encontrarmos".

Ao mesmo tempo, ele não acredita que exista um tipo de destino manifesto para colonizar o sistema solar antes de termos uma chance de realizar uma busca completa por vida alienígena, "independentemente se essa busca levar 50 anos ou vários séculos", disse. Até então, "existem muitos lugares sem vida no Sistema Solar — como a Lua e os asteroides — que os humanos podem explorar, colonizar e extrair recursos", disse Clifford.

Lopez e seus colegas obviamente tocaram em uma ferida. Nenhum dos especialistas com quem conversamos teve grandes objeções em termos do uso de micróbios como parte do processo de colonização e terraformação em alguma conjuntura futura. Em vez disso, eles ficaram irritados com a alegação de que estamos prestes a fazer a transição do estágio de exploração para o estágio de colonização e que devemos começar a mobilizar nossos recursos — e nossos ativos microbianos — de acordo.

À medida que nos aproximamos de uma era na qual somos capazes de enviar seres humanos ao Planeta Vermelho, esse debate sem dúvida continuará aquecido.

The post Estudo diz que devemos contaminar deliberadamente Marte com nossos micróbios appeared first on Gizmodo Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário