segunda-feira, 5 de julho de 2021

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3 jogos em promoção no Xbox Live Gold: Vampyr, Hood e Mafia III

Posted: 04 Jul 2021 04:36 PM PDT

Vampyr

Todos os fins de semana, o Gizmodo Brasil traz uma curadoria de jogos para você experimentar no seu console Xbox. Alguns deles podem não ser inéditos, nem terem sido lançados recentemente. A ideia aqui é levar até você sugestões de títulos que possam ser do seu interesse — e quem sabe valham a pena dar uma oportunidade.

Lembrando que os jogos podem ter seus preços alterados a qualquer momento. A disponibilidade de cada um também pode ser alterada por parte das desenvolvedoras.

Vampyr — R$ 41,23

Londres, 1918. Você é o Dr. Jonathan Reid, um vampiro recém-transformado. Como médico, você deve encontrar a cura para a epidemia que arrasa a cidade. Como vampiro, você foi amaldiçoado a se alimentar daqueles que jurou curar. Use seus poderes profanos para manipular e mergulhar nas vidas das pessoas ao seu redor e decida quem será a sua próxima vítima. Lute para viver com as suas decisões… suas ações irão curar ou arruinar Londres.

Hood: Outlaws & Legends — R$ 127,96

Lançado há poucos meses, o game multiplayer tem uma proposta interessante: dois times de 4 jogadores competem para executar o assalto perfeito em ambientes medievais patrulhados por guardas letais (e controlados pelo computador). Com as habilidades únicas e místicas de cada personagem, roube tesouros discretamente e sem que te vejam ou domina os combates brutais e caóticos.

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Mafia III: Definitive Edition — R$41,23

Após anos de combate no Vietnã, Lincoln Clay descobre uma verdade: família não é com quem você nasce, é por quem você morre. Quando sua família adotiva, a máfia negra, é traída e exterminada pela máfia italiana, Lincoln forma uma nova família e abre um caminho de vingança de nível militar até o mafioso responsável. A versão definitiva inclui o jogo principal e todos os DLCs.

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3 jogos em promoção no PlayStation: NBA 2k21, Fifa 21 e Mafia: Trilogy

Posted: 04 Jul 2021 03:13 PM PDT

Fifa 21

Todos os fins de semana, o Gizmodo Brasil traz uma curadoria de jogos para você experimentar no seu console PlayStation. Alguns deles podem não ser inéditos, nem terem sido lançados recentemente. A ideia aqui é levar até você sugestões de títulos que possam ser do seu interesse — e quem sabe valham a pena dar uma oportunidade.

Lembrando que os jogos podem ter seus preços alterados a qualquer momento. As ofertas atuais são válidas até dia 07/07

NBA 2K21 — R$ 20

O principal game de basquete do mercado está com nada menos que 92% de desconto. O título, publicado pela 2K Sports, traz melhorias de jogabilidade, modos personalizáveis de jogo e novas funcionalidades. O destaque é o modo myPLAYER, na qual você leva um atleta do ensino médio até os campeonatos da NBA. Outro modo popular é o MyTEAM, no qual você gerencia o seu time.

FIFA 21 – R$ 49,50

Se seu negócio não é basquete, por que não ir de Fifa? O jogo mais popular de futebol está com 83% de desconto no PlayStation. Vale ressaltar que essa é a versão padrão, sem nenhum bônus adicional. Entre os destaques da nova edição do game, estão os modos VOLTA (de futebol de rua), os novos gráficos, jogabilidade e o licenciamento da UEFA e da Libertadores.

Mafia: Trilogy — R$ 137,44

Pegue seu chapéu de feltro, uma boa macarronada e um gatinho no colo. A trilogia de clássicos games de máfia, que ganhou remasterizações em suas edições definitivas, está em uma baita promoção, com 45% de destaque. Claramente inspirada em O Poderoso Chefão, a franquia tem uma história bem divertida, muita violência e liberdade em seus mundos sangrentos e sujos. Ótima pedida para animar o final de semana.

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Incêndios na Colúmbia Britânica causam até chuva de raios com mais de 700 mil relâmpagos

Posted: 04 Jul 2021 02:33 PM PDT

Depois de ser atingido por um calor recorde, os incêndios chegaram fortíssimos na Colúmbia Britânica, no Canadá, que registrou até chuva de raios na última quarta-feira (30). Lytton, uma cidade que ficou famosa por quebrar o recorde de altas temperaturas por três dias consecutivos, queimou completamente.

Os dados mostraram um escalonamento 710.117 raios — 5% de todos já contabilizados no Canadá em um ano. Acredita-se que isso foi causado em parte pelos incêndios que estão afetando o local. "O potencial para as coisas queimarem lá é extremo se ficar seco o suficiente", disse Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia em Los Angeles. "É o que está acontecendo. Estou sendo cuidadoso com minhas palavras. Eu suspeito que vai piorar muito.”

Já Chris Vagasky, meteorologista e gerente de medição de relâmpagos na Vaisala (empresa que comercializa serviços para medição ambiental), disse em um e-mail que os relâmpagos capturados por sensores no solo incluíram “quase 113 mil raios nuvem-solo”. Isso acontece porque o fogo cria nuvens pirocumulonimbus. Elas se formam quando o calor das chamas cria correntes ascendentes poderosas que levantam fumaça e cinzas para o céu. O ar esfria à medida que se eleva a dezenas de milhares de metros acima da superfície, e todas as partículas suspensas nele atuam como imãs para as gotículas de água. As nuvens, que são parte fumaça, que agem como se estivessem em uma tempestade e lançam raios para a Terra.

O exemplo mais recente de uma tempestade de raios ocorreu na Califórnia em agosto passado. Vagasky observou que, naquele momento, "ocorreram cerca de 20 mil raios" em um período de quatro dias — apenas uma fração do que está acontecendo no Canadá. O calor na época também estava longe de ser tão extremo quanto agora. Por sua vez, Swain afirmou que algumas das imagens de satélite mostram que as nuvens atingiram alturas próximas a 18.288 metros acima da superfície da Terra. Elas atravessaram a tropopausa, uma fronteira que delineia a atmosfera, e levaram fumaça para a atmosfera superior. Este é um comportamento de fogo extremamente rarefeito. "Basicamente, parecia uma erupção vulcânica", disse o especialista.

 

Algo semelhante aconteceu com os incêndios florestais australianos de 2019-20, e um estudo divulgado no início deste ano descobriu que eles aqueceram a estratosfera por seis meses. Precisaremos de alguma pesquisa sobre os incêndios atuais para quais serão as consequências, mas o que está claro é que enfrentaremos impactos terríveis nos próximos meses. A Colúmbia Britânica é relativamente menos povoada do que lugares como a Califórnia, mas suas florestas são próprias para incêndios. O terreno íngreme de difícil acesso também significa que o fogo terá quilômetros para percorrer a floresta sem interrupções. Aqueles que vivem na região podem enfrentar condições perigosas semelhantes à Lytton — a cidade foi invadida por chamas em menos de uma hora. "Isso vai afetar um monte de áreas tribais e terras indígenas que não têm o mesmo nível de recursos outras cidades", disse Swain. "Não quero desconsiderar o impacto humano."

Swain também observou que esta poderia ser uma grande explosão de dióxido de carbono na atmosfera. O governo provincial estima que as florestas armazenam até 7 bilhões de toneladas de carbono. Se eles queimarem, porém, o carbono armazenado se transforma em dióxido de carbono na atmosfera. Assim como os incêndios florestais australianos e os incêndios florestais na Sibéria dos últimos anos liberaram pulsos massivos de dióxido de carbono, o mesmo pode acontecer agora. É um ciclo cada vez mais horrível das mudanças climáticas, tornando os incêndios florestais piores e, por sua vez, os incêndios florestais piorando as mudanças climáticas.

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A previsão para os próximos dias não parece boa, com o aquecimento generalizado tomando na região. Estamos 24 horas no que parece ser um evento significativo. E embora possa haver uma grande chuva mesmo sendo esta a estação seca, é improvável, e isso pode significar um verão quente e enfumaçado. "Eu esperaria que a maioria desses incêndios durasse até a neve cair", disse Swain. "Essa não é uma previsão ousada."

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Nova expedição inspecionará os destroços do Titanic

Posted: 04 Jul 2021 02:10 PM PDT

O Titanic, que chegou ao fundo do oceano em abril de 1912, está em estado de decadência. Esta semana, uma empresa de exploração pode lançar uma expedição para examinar o estado atual do naufrágio.

A OceanGate Expeditions já havia causado sensação no ano passado por anunciar que os clientes pagantes poderiam visitar os destroços desembolsando mais de US$ 100 mil. Haverá três pessoas em cada viagem a bordo do navio OceanGate, um submersível de fibra de carbono e titânio chamado Titan.

Existem muitos dilemas legais e éticos em torno dos naufrágios, que podem conter artefatos valiosos, mas também são túmulos. A 3810 metros abaixo da superfície, o Titanic não é diferente de muitos desses navios, apesar da fama, que o tornou assunto para conversas sobre conservação: alguns acreditam que os objetos devem ser recuperados, embora tal operação seja complexa e cara. Porém, a equipe OceanGate está planejando narrar a deterioração do naufrágio.

"O oceano está o levando, e precisamos documentar antes que tudo desapareça ou se torne irreconhecível", disse Stockton Rush, presidente do OceanGate, à AP. Além dos habitantes do fundo do mar  que se alimentam do aço e de outros materiais que constituíam a embarcação, fortes e inconstantes correntes oceânicas há muito impedem que o navio seja de outra forma abrigado na lama do fundo do oceano Atlântico. Por 109 anos, os destroços resistiram a esses perigos, mas o tempo está cobrando seu preço. "Em algum momento era de se esperar que a grade da proa, que é muito icônica, desabasse", disse Rush.

Algumas partes icônicas do navio há muito se foram, como a grande escadaria. Mas outros, como o mastro de 30 metros, ruiu desde a descoberta do naufrágio. O convés de popa caiu e até mesmo a visão assustadora da banheira do capitão EJ Smith se perdeu, quando um colapso de estibordo em 2019 destruiu os aposentos dos oficiais.

A banheira do Capitão Smith.

Os instrumentos do Titan incluem câmeras de alta definição e equipamento de sonar multifeixe, disse Rush, o que permitirá à empresa entender melhor o campo de destroços do navio, a ecologia e a progressão de sua degradação. Os membros pagantes da tripulação do Titan também operarão o equipamento de sonar e realizarão outras tarefas de pesquisa. Biólogos e arqueólogos marinhos estão envolvidos na expedição OceanGate e provavelmente contribuirão para os objetivos científicos da missão.

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O Titanic há muito nos fascina com uma história de tragédia humana, arrogância e os limites de nossas tecnologias em face da natureza. Mais de 5 mil artefatos foram retirados dos destroços e alguns vendidos de forma controversa. Em 2016, o maior proprietário dos artefatos do Titanic faliu, e vários grupos licitaram pela propriedade dos objetos, incluindo um envolvendo James Cameron. Um grupo de investimentos, incluindo a firma de private equity Apollo, acabou roubando os artefatos por US $ 19,5 milhões. As esperanças de recuperar mais destroços sofreram um golpe forte no ano passado, quando uma empresa de salvamento que queria recuperar a máquina de telégrafo do navio foi rejeitada por advogados do governo dos Estados Unidos, que disse que a obra violaria uma lei federal e um pacto com a Grã-Bretanha, de onde o navio partiu.

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Quando pessoas normais poderão visitar a Lua?

Posted: 04 Jul 2021 12:25 PM PDT

Imagem: Newsweek

Quando falamos sobre pontos turísticos, a Lua não tem muito a oferecer: sem praias, museus e oxigênio. Por outro lado, ela tem a virtude de ser “A Lua”. Isso é mais que motivo para justificar um passeio por lá, mas basta olhar no seu aplicativo de viagens favorito e notar que isso pode ser bem complicado.

Supostamente, a NASA decidiu diminuir o fluxo de envio de pessoas para lá há alguns anos, voltando somente em tempos recentes a fazê-lo. E mesmo que viagens à Lua fossem possíveis, só seriam bancadas por bilionários. Logo, temos a inevitável questão: quando nós, pessoas normais, poderemos visitar a Lua? Perguntamos a especialistas e te contamos a seguir.

Wendy N. Whitman Cobb

Professora Associada, Estudos de Estratégia e Segurança, Escola de Estudos Avançados do Ar e do Espaço da Força Aérea dos EUA

A primeira coisa a entender sobre as previsões para eventos futuros no espaço é que elas nunca estão certas e geralmente são otimistas demais. Perguntas como essa estavam sendo feitas na década de 1950, com alguns alegando que as visitas lunares regulares estavam ‘logo ali na esquina’ e certamente estariam acontecendo no final do século (20). Infelizmente, e para fazer referência a dizeres famosos, o espaço é difícil. E caro.

Em primeiro lugar, temos boas notícias: viagens à Lua podem ser feitas. A tecnologia, a capacidade de ir à Lua, foi comprovada pelo programa Apollo. Não requer nenhuma inovação radical. Só exige dinheiro e compromisso. Embora grandes Estados desenvolvidos tenham dinheiro, eles não têm compromisso desde a década de 1960. Por outro lado, a indústria privada geralmente carece de dinheiro. No entanto, os desenvolvimentos atuais na indústria espacial comercial estão começando a mudar essa lógica.

Um dos fatores de custo mais significativos é o lançamento. Custa muito dinheiro lançar qualquer espaçonave que você quer levar para a Lua. Felizmente, o custo de lançamento está diminuindo devido ao desenvolvimento de veículos lançadores reutilizáveis. Como é frequentemente apontado, voar em um avião também seria caro se você tivesse que jogar fora o avião toda vez que usasse. Compreendendo isso, empresas como a SpaceX têm trabalhado rumo à criação de veículos de lançamento reutilizáveis ​​que podem ser recarregados em um curto período de tempo. O ônibus espacial era apenas parcialmente reutilizável e exigia uma quantidade significativa de tempo entre os voos para ficar pronto para o próximo. O Falcon 9 da SpaceX, por outro lado, está mostrando que um iniciador pode ser quase totalmente reutilizável, reformado muito rapidamente, às vezes em apenas 40 dias. Isso reduz drasticamente os custos de entrada em órbita, colocando coisas como viagens à Lua mais firmemente em um âmbito mais possível para empresas privadas.

Então, vamos para as más notícias: mesmo com os custos de lançamento caindo, [uma viagem à Lua] ainda é muito caro e muito perigoso. No curto prazo, as únicas pessoas que irão à Lua serão astronautas apoiados pelo Estado ou turistas ricos que têm os ‘milhões de dólares’ para bancar isso. Teoricamente, esses tipos de viagens não só demonstrariam a segurança e confiabilidade do transporte para a superfície lunar, mas também dariam às empresas e países uma razão para desenvolver mais bases lunares de forma plena. Provavelmente só depois que essas bases fossem desenvolvidas e as viagens regulares entre a Terra e a Lua estivessem ocorrendo é que as pessoas comuns seriam capazes de financiar um passeio sem precisar fazer uma segunda hipoteca.

Então, quando será isso? Se continuarmos no nosso ritmo atual de progresso, pode ser o final do século 21, no mínimo. No entanto, este é um grande ‘se’. Embora haja pressão para que os países empreendam programas lunares, não há garantia de que eles serão mantidos. Isso é exatamente o que aconteceu após o programa Apollo. Assim que os EUA chegaram lá, o apoio, que já vinha caindo, caiu ainda mais vertiginosamente. Isso pode acontecer de novo. Ou os países e empresas podem deixar de encontrar uma razão para ficar na Lua, especialmente se eles pudessem trocar isso para uma ida à Marte. Por outro lado, se recursos valiosos são encontrados na Lua (por exemplo, He3 [hélio-3]) ou outras justificativas convincentes são encontradas para sustentar a exploração lunar, essa linha do tempo pode se alterar. Muito desse progresso depende da opinião pública e/ou da demanda comercial, ambas sendo forças historicamente exigentes.

Conclusão: embora eu aproveite a primeira oportunidade para fazer isso, acho que nunca irei para a Lua. Pode ser possível para minhas sobrinhas e sobrinhos, mas provavelmente será na geração seguinte … se tudo correr bem.

[Todas as opiniões expressadas pela autora são dela própria e não representam o Departamento de Defesa, nem seus afiliados.]

“Mesmo com os custos de lançamento caindo, ainda é muito caro e muito perigoso. No curto prazo, as únicas pessoas que irão à Lua serão astronautas apoiados pelo Estado ou turistas ricos que têm os ‘milhões de dólares’ para bancar isso”

 

Scott Magelssen

Professor de Drama e Estudos da Performance na Universidade de Washington e autor de Performing Flight: From the Barnstormers to Space Tourism

Eu não coloco a mão no fogo. É verdade, temos a ciência e a tecnologia básicas para levar e trazer pessoas comuns à Lua desde o final dos anos 1960. As missões lunares do programa Apollo foram uma tremenda conquista científica e tecnológica, mas o entusiasmo público e a vontade do contribuinte não foram suficientes para sustentar esse programa. Ele foi aposentado antes mesmo de concluir tudo o que havia sido planejado para suas primeiras fases muito antes dos nos sonhos futuristas de bases lunares e tráfego regular de ida e volta.

Agora que grande parte da indústria espacial foi em grande parte assumida por empresas privadas, e como vimos um punhado de indivíduos ricos pagarem suas próprias viagens para visitar a Estação Espacial Internacional, a promessa de turismo espacial para pessoas normais parece mais uma vez dentro de nosso alcance. Os objetivos ambiciosos da Virgin Galactic de trazer clientes pagantes para uma órbita próxima à Terra, ou da SpaceX enviar cidadãos particulares para uma viagem aérea lunar, no entanto, foram adiados por anos, e a adesão do público foi amortecida por contratempos e tragédias como a da Virgin SpaceShipTwo da Galactic em 2014.

E, de muitas formas, parecemos mais distantes desta visão de turismo lunar que tínhamos há mais de uma década. Como o voo espacial privado está agora ostensivamente nas mãos de um número muito pequeno de celebridades bilionárias como Elon Musk, Jeff Bezos e Richard Branson, o empreendimento depende somente do sucesso contínuo. Faríamos bem em estar atentos, então, à vulnerabilidade deles, e não apenas financeiramente: vimos que o destino de uma figura pública carismática pode se transformar com a exposição de um escândalo ou mesmo um tuíte mal interpretado. E a indústria espacial está sob escrutínio por impactos ambientais potencialmente desastrosos na Terra, como a quantidade de emissões de carbono negro que seriam despejadas na atmosfera pelo tipo de atividade de lançamentos necessários para viagens espaciais regulares.

Mas o mais preocupante são as descobertas recentes de que a exposição prolongada à radiação e longos períodos de gravidade reduzida, que são elementos persistentes dos voos espaciais, causam muito mais danos ao corpo humano do que pensávamos. Como mostram os estudos do astronauta Scott Kelly após um ano no espaço, nossos corpos começam a se desintegrar assim que deixamos a proteção da atmosfera do nosso planeta e de sua atração gravitacional. Comprometimento cognitivo, deterioração muscular e óssea e atrofia do coração são apenas alguns dos impactos mentais e fisiológicos negativos causados ​​pelo tempo passado no espaço. Eu imagino que, para muitos, esses perigos valem a pena o risco, mas e quanto às tripulações de voo e outras equipes espaciais que sofreram uma exposição mais prolongada? E quem sabe que tipo de obstáculos isso representará para o Departamento de Transporte e para a Administração Federal de Aviação ou qualquer outra organização que venha a aprovar e regulamentar as viagens espaciais no futuro. A ideia de pessoas comuns caminhando na superfície da Lua um dia continua a ser deslumbrante, mas espero que este último ponto seja um dos maiores obstáculos que teremos que superar para que isso aconteça, e eu não acho que vamos descobrir isso tão cedo.

“De muitas formas, parecemos mais distantes desta visão de turismo lunar que tínhamos há mais de uma década. Como o voo espacial privado está agora ostensivamente nas mãos de um número muito pequeno de celebridades bilionárias como Elon Musk, Jeff Bezos e Richard Branson, o empreendimento depende somente do sucesso contínuo.”

 

Jim Bell

Professor de Exploração da Terra e do Espaço da Universidade do Arizona e autor do The Ultimate Interplanetary Travel Guide, fortemente envolvido nas missões de exploração de sistema solar da NASA

Em meu livro ‘The Ultimate Interplanetary Travel Guide’, imagino um futuro em torno de 200 anos, quando viagens interplanetárias e turismo para pessoas comuns sejam tão comuns em nosso sistema solar quanto o turismo dentro do nosso próprio planeta. Até então, afirmo, os avanços em propulsão e outras tecnologias terão reduzido drasticamente o tempo de viagem de hoje e a construção de infraestrutura e serviços em destinos fora do planeta apoiarão o turismo espacial como um modelo de negócios viável.

OK, mas e aqueles que não estarão vivos daqui 200 anos? Se os planos atuais da NASA e de outras agências espaciais derem certo, os astronautas treinados retornarão para explorar a Lua para visitas curtas em algum momento da próxima década. É razoável supor que se as tendências atuais nos avanços nos sistemas espaciais comerciais e governamentais continuarem, as tecnologias para lançadores, orbitadores, landers e rovers modernos interplanetários com capacidade humana estarão ativos na Lua nas décadas de 2020 e 2030, bem como em Marte nas décadas de 2030 e 2040. Embora nenhuma base lunar específica ou planos de assentamento estejam sendo desenvolvidos (além de estudos de alto nível), o acesso de baixo custo e maior confiabilidade espacial poderia muito bem alimentar uma explosão significativa na economia do espaço profundo – incluindo as primeiras oportunidades de turismo especial para pessoas comuns – na segunda metade do século 21.

Então, alimente-se bem, faça exercícios e almeje a longevidade. Talvez nos ‘anos dourados’ aquele fim de semana na Lua seja realmente possível.

“Embora nenhuma base lunar específica ou planos de assentamento estejam sendo desenvolvidos (além de estudos de alto nível), o acesso de baixo custo e maior confiabilidade espacial poderia muito bem alimentar uma explosão significativa na economia do espaço profundo – incluindo as primeiras oportunidades de turismo especial para pessoas comuns – na segunda metade do século 21.”

 

Alex Roland

Professor emérito da Universidade de Duke, estuda história militar e história da tecnologia

Podemos dizer com certeza de que não será nos próximos 50 anos. Além deste horizonte, há muitas incógnitas. Dentro dele, nenhuma tecnologia previsível será capaz de superar os obstáculos da física, política, economia e fisiologia humana que agora impedem o voo espacial humano rotineiro. Duas realidades distintas sugerem os desafios que os entusiastas do turismo lunar enfrentam.

Em primeiro lugar, a tecnologia do voo espacial atualmente favorece as máquinas, não as pessoas. Qualquer coisa útil que queiramos fazer no espaço (incluindo a exploração) custa dez vezes mais se enviarmos pessoas para fazer isso. Isso foi verdade durante a corrida espacial para a Lua na década de 1960 e é ainda mais real nos dias atuais. Graças à microeletrônica e às revoluções de IA dos últimos 50 anos, espaçonaves automatizadas e controladas remotamente podem fazer qualquer coisa no espaço que os humanos podem fazer. Elas podem fazer melhor, com menos risco e custo mais baixo. Colocar pessoas a bordo de uma espaçonave imediatamente converte qualquer missão em uma questão suporte e salvamento de vida para trazer as pessoas de volta. A bordo da envelhecida estação espacial, os astronautas atuam principalmente como sujeitos humanos de estudo científico, medindo o impacto nocivo da gravidade zero, do isolamento e da radiação.

O segundo obstáculo para haver uma colônia na Lua é o investimento. Que coletivo humano (nação, corporação ou comunidade) pagará dezenas ou centenas de bilhões de dólares para manter pessoas na Lua? E que retorno deste investimento eles podem esperar? Nada na Lua compensaria o custo de enviar pessoas para buscá-las. Usar a Lua como ponto de parada para Marte aumenta a aposta sem responder à questão do retorno sobre o investimento. Colonizar corpos extraterrestres com a tecnologia atual imita o colonialismo na Terra, sem a tentação de enriquecer. Apenas meia dúzia de humanos vivem nas regiões polares da Terra. Nenhum vive no fundo de nossos oceanos. Ambos os reinos são muito mais fáceis e baratos de alcançar, mais simples e seguros de habitar e mais úteis para explorar. Multimilionários ou bilionários podem pagar pelo prestígio de serem os primeiros turistas na Lua, mas nenhuma "pessoa normal" em qualquer futuro previsível terá a riqueza disponível para pagar uma fração dessa tarifa.

Em vez de perguntar quando as pessoas normais poderão ir à Lua, pode ser mais revelador perguntar se alguém irá à Lua nos próximos cinquenta anos. Quem? Por quê?

“Apenas meia dúzia de humanos vivem nas regiões polares da Terra. Nenhum vive no fundo de nossos oceanos. Ambos os reinos são muito mais fáceis e baratos de alcançar, mais simples e seguros de habitar e mais úteis para explorar.”

 

Scott Hubbard

Professor Adjunto de Aeronáutica e Astronáutica da Universidade de Stanford, que atuou como o primeiro diretor do programa de Marte da NASA

O cronograma declarado é o desembarque ‘a primeira mulher e o próximo homem’ em 2024. Com base em minha própria experiência e uma auditoria recente do GAO (Escritório de Contabilidade do Governo), as chances de isso acontecer dentro do cronograma são baixas. Depois que a NASA e os parceiros da Artemis pousarem, provavelmente levará alguns anos até que um cliente pagante possa fazer o mesmo. Poderei afirmar que o ritmo dos voos humanos puramente comerciais parece estar se acelerando. A SpaceX e a Axiom estão planejando um deles em breve.

“O cronograma declarado é o desembarque ‘a primeira mulher e o próximo homem’ em 2024. Com base em minha própria experiência e uma auditoria recente do GAO (Escritório de Contabilidade do Governo), as chances de isso acontecer dentro do cronograma são baixas.”

 

Mark J. Sundahl

Professor de Direito e Diretor do Global Space Center da Universidade Estadual de Cleveland

A evolução histórica do astronauta sugere que isso acontecerá cedo ou tarde. Espero que os primeiros turistas ponham os pés na Lua nos próximos dez anos, dados os planos ambiciosos da NASA no âmbito do programa Artemis, juntamente com a feroz energia empreendedora que está impulsionando a revolução das viagens espaciais.

No início da Era Espacial, apenas os pilotos de teste militares com as ‘coisas certas’ podiam ser astronautas. Cientistas e outros ‘especialistas em carga útil’ foram eventualmente acrescentados ao corpo de astronautas à medida que as funções da tripulação iam além da mera pilotagem. Em 1986, a professora Christa McAuliffe foi adicionada à tripulação do ônibus espacial para levar o sonho da viagem espacial ao cidadão comum. Em 2001, a URSS começou a transportar turistas para a ISS, quando Dennis Tito passou oito dias em órbita.

As pessoas comuns logo voarão (em breve) para o espaço suborbital com a Virgin Galactic e a Blue Origin por ‘meros’ US$ 250 mil. O bilionário japonês Yusaku Maezawa, junto com oito de seus amigos, está programado para circunvagar a Lua na nave da SpaceX em 2023 e os primeiros astronautas (com algum grau de otimismo) deverão pousar na superfície da Lua no ano seguinte no mesmo veículo. Assim que a Starship se provar segura após múltiplas missões tripuladas e desengatadas à Lua sob o comando de Artemis, os turistas estarão logo em seguida. Talvez já em 2027. O quão ‘comuns’ esses turistas serão dependerá do preço do bilhete, mas isso vai diminuir com o tempo. Em 2031, espero que as filas estejam se formando para fazer uma viagem à Lua – a nave foi projetada para atender essa demanda com capacidade para transportar 100 pessoas em um único voo. Dito isso, muitos acreditavam que os primeiros turistas suborbitais voariam logo depois que o Ansari X-Prize foi ganho em 2004 pela empresa que projetou o progenitor da nave espacial III da Virgin Galactic. Continuamos à espera do primeiro voo de passageiros pagantes hoje, em 2021.

“As pessoas comuns logo voarão (em breve) para o espaço suborbital com a Virgin Galactic e a Blue Origin por ‘meros’ US$ 250 mil”

 

Peter Ward

Professor de Biologia e Professor Adjunto de Astronomia na Universidade de Washington

Acho que nunca chegaremos lá. Pelo menos eu não vou.

A taxa de natalidade está caindo em todos os lugares. Combinado com medicamentos realmente bons, isso significa que haverá uma população envelhecida. Isso significa que partes cada vez maiores do produto nacional bruto terão de ser destinadas a lidar com velhos como eu. A cada década daqui para frente, estaremos reduzindo a quantidade de dinheiro dispensável produzida pelos humanos na Terra. Coisas como investir na habilidade de projetar foguetes comuns para a Lua serão cada vez mais insustentáveis – todo o programa espacial será consumido por isso, a menos que possamos encontrar alguma maneira de lucrar com o espaço. E o único lugar para fazer isso é no cinturão de asteroides – não há nada na Lua que dê dinheiro.

Além disso: o que seria uma ‘pessoa normal’? Existem pessoas realmente ricas – pessoas em São Francisco, digamos, ganhando US$ 300 mil ou US$ 400 mil por ano – que nunca poderiam pagar uma dessas versões de voo espacial intergaláctico, que vai custar cerca de US$ 200 mil apenas por dez minutos no espaço inferior. Se pudéssemos de alguma forma fazer com que o preço de uma viagem à lua chegasse a US$ 5 milhões… quero dizer, quantas pessoas podem pagar isso?

Nunca diga nunca, mas não vejo isso acontecendo nesse século.

“Coisas como investir na habilidade de projetar foguetes comuns para a Lua serão cada vez mais insustentáveis – todo o programa espacial será consumido por isso, a menos que possamos encontrar alguma maneira de lucrar com o espaço.”

 

Robert Goehlich

Especialista em turismo espacial e professor assistente adjunto da Embry-Riddle Aeronautical University Worldwide

Minha resposta curta é: entre 10 e 100 anos.

No Livro Didático de Turismo Espacial dividi as atividades de turismo espacial atuais e futuras em dez estágios de complexidade, começando com o estágio 1 – ‘atrações naturais e outros’ – e terminando com o estágio 10: ‘além dos voos’. Eu defini voos lunares como estágio 8: ‘Comparado a um simples voo suborbital ou orbital, a complexidade do cenário de voo lunar aumenta significativamente… No contexto do turismo espacial, viagens lunares são improváveis a curto prazo, a menos que os turistas orbitem a Lua e não pousem lá. Em 1968, os astronautas da Apollo 8 orbitaram a Lua e viram a mesma visão da espaçonave que os turistas podem ver… Depois que o turismo espacial em massa para a órbita da Terra se tornar uma ocorrência diária, os turistas ricos desejarão viajar e até pousar na Lua.’

Tendo isso em mente, supondo que haja um foguete seguro para a lua, eu poderia imaginar um cenário otimista em que esporádicas ‘pessoas normais’, por exemplo, ganham uma passagem para um voo lunar em curto prazo. Um cenário pessimista pode ser que, mesmo a longo prazo, nenhuma ‘pessoa normal’ será capaz de visitar a Lua devido a questões de segurança, ambientais e financeiras ainda não resolvidas. Um cenário realista está no meio do caminho e a história já nos ensinou isso.

“Um cenário pessimista pode ser que, mesmo a longo prazo, nenhuma ‘pessoa normal’ será capaz de visitar a Lua devido a questões de segurança, ambientais e financeiras ainda não resolvidas”

 

Garrett Reisman

Engenheiro americano e ex-astronauta da NASA

Pode ser mais cedo do que você pensa. Tanto a NASA quanto outros programas espaciais nacionais estão planejando enviar humanos para a Lua em nome de seus respectivos governos em um futuro próximo, mas os cidadãos particulares estão voltando seus olhos para a Lua também. Na verdade, um cidadão comum, Yusaku Maezawa, já chegou a um acordo com a SpaceX para uma viagem circunlunar. Outras oportunidades virão já que, no novo paradigma comercial, a NASA está contratando serviços de transporte com empresas privadas como a SpaceX – mas a empresa privada possui e opera os veículos, o que permite que eles usem seus recursos para clientes não pertencentes à NASA. Agora, acontece que esses clientes não são ‘pessoas normais’ – eles são pessoas extremamente ricas. Mas, com o tempo, os custos diminuirão e a acessibilidade aumentará. Então, quando os não-bilionários poderão comprar uma passagem e visitar a Lua? Ninguém sabe ao certo, mas levou cerca de 60 anos para que as viagens aéreas se tornassem acessíveis com a desregulamentação em 1978, e espero que possamos fazer melhor no espaço e atingir preços acessíveis nos próximos 50 anos.

“Agora, acontece que esses clientes não são ‘pessoas normais’ – eles são pessoas extremamente ricas”

 

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Julie Brisset

Cientista associada do Instituto Espacial da Flórida

Depende um pouco do que você entende por pessoas normais: apenas não-astronautas, ou seja, turistas espaciais muito ricos, por exemplo, ou pessoas realmente normais como você e eu.

Os turistas espaciais, que devem ser muito ricos, provavelmente poderiam visitar a Lua muito antes que as pessoas comuns o façam, assim como fizeram na Estação Espacial. Empresas privadas como a Blue Origin provavelmente oferecerão viagens para lá da mesma forma que oferecem voos suborbitais agora.

Em qualquer caso, acho que a sequência será: primeiro os astronautas, depois os técnicos/trabalhadores que construirão a infraestrutura, depois alguns pioneiros que estarão dispostos a se estabelecer lá, então talvez mais pessoas da população.

A chave é o aumento regular do uso econômico do espaço cis-lunar. Se houver um incentivo financeiro para atividades de acomodação na Lua, as visitas regulares das pessoas podem ser apenas um efeito colateral. Assim como as cidades cresceram ao longo dos trilhos quando os trens passaram a ser usados para transporte.

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Caso da “vacina vencida” mostra os limites da obsessão da Folha pelo escândalo

Posted: 04 Jul 2021 10:53 AM PDT

Na semana passada a Folha cometeu duas falhas graves de critério jornalístico. No primeiro caso, foi vítima de um "cavalo de Tróia" do governo, uma tentativa de emplacar uma narrativa diversionista na CPI por meio de uma denúncia de corrupção que depois facilmente se mostraria falsa. No segundo, o problema, embora reflita uma mesma falha de edição, tem consequências mais graves: na sexta-feira, o jornal publicou em sua edição online matéria com base em dados públicos afirmando categoricamente que "pessoas receberam doses vencidas de vacinas". Durante o dia todo, prefeituras negaram o problema, dizendo que o erro estava na informação. Ainda assim, o jornal dobrou a aposta, e no sábado colocou a matéria, com o mesmo tom, na capa da edição impressa.

Esta coluna não é um ombudsman universal, sempre é bom lembrar. O objetivo aqui não é julgar ou criticar o jornalismo — poderia ser, não haveria problema nenhum, mas não é –, mas sim entender como este jornalismo se coloca em um contexto de novas mídias, velhas mídias em declínio e novos hábitos de consumo de informações.

Do ponto de vista jornalístico, parece haver dois problemas graves de edição no maior jornal do país, mas isso é problema para o grande José Henrique Mariante. No primeiro caso, parece, o governo é de tal forma incompetente que o Cavalo de Tróia deu errado e chamuscou o governo mais do que beneficiou. No segundo, porém, as consequências são claras, graves e duradouras, e assim serão ainda que a matéria esteja correta — no momento em que escrevo, tendo a acreditar que não está.

A história me fez lembrar de uma matéria que eu escrevi na Folha em 2003. Eu trabalhava em Esportes e cobria o Palmeiras na Série B do Brasileirão. Naquele ano, o campeonato tinha três fases: uma classificatória, que servia para definir os oito classificados para as fases finais, e depois mais duas fases em mata-mata em grupos. Na fase final da fase final, porque era um Brasileirão então isso existia, o Palmeiras enfrentaria três adversários em uma "mini-liga", e quem fizesse mais pontos seria o campeão.

Eu era um total foca, não tinha nem seis meses de jornal, e tive uma ideia: comparar o desempenho dos times que tinham sobrado para esta fase final nos jogos entre eles. E o resultado era surpreendente: o Palmeiras contra aqueles times tinha ido mal, e ficaria em 3º nesta mini-liga contando os resultados da fase de classificação. O que isso queria dizer? Quase nada, obviamente, a não ser uma grande coincidência — e a prova disso é que o alviverde paulista foi o campeão do torneio depois da mini-liga. Mas havia uma informação ali que valia levar para o torcedor. O editor de Esportes à época, o também grande Melchíades Filho, deu a matéria pequena, e sem destaque — que é como ela devia ser dada.

A Folha tinha uma informação relevante: dados indicavam que pessoas podem ter tomado vacinas vencidas. Só que a obsessão pela "bomba" é sempre maior quando não há cuidado. Em vez de investigar mais profundamente ou de simplesmente informar o que sabia, que os dados indicavam algo, a Folha decidiu que os dados estavam corretos e publicou uma matéria que instalou o pânico em um terreno em que pânico neste momento é só o que não pode haver.

O fio do jornalista Rodrigo Menegat no Twitter resume as suspeições na matéria. Menegat mostra, a partir dos dados de Maringá, que é muito mais provável que os dados estejam errados do que que as vacinas estivessem vencidas. A análise dele foi feita justamente nos dados de Maringá, cidade natal dele e do líder do governo Ricardo Barros, envolvido no escândalo do número 1 acima. Era tentador demais para a Folha, certo?

Como disse Menegat, em outro tweet: "Eu acho que o banco de dados nacional de vacinação ser uma bagunça é digno de notícia, sim. Mas não foi isso que noticiaram hoje: noticiaram que milhares de brasileiros haviam recebido vacinas vencidas. Não temos elementos suficientes para afirmar isso."

Outro aspecto importante do "escândalo" ignorado pelo jornal: as datas de validade da vacina em questão vêm sendo estendidas mundo afora, e com base em ciência, não em interesse político. Se sabia disso, o jornal não fez questão de deixar claro para o seu leitor.


Talvez você já tenha reparado que eu não dei nome de nenhum jornalista envolvido nas matérias e isso é deliberado. O repórter não tem culpa pelos erros do editor, nem tem culpa pela ênfase que o jornal coloca nos assuntos em suas redes. Aqui, o que queremos analisar não é o eventual erro do repórter, que, como observou a colega Nayara Felizardo, repórter do Intercept, têm que trabalhar cada vez mais, com condições cada vez piores. 

Erro de repórter é normal, o que não é normal é não ter um editor vendo isso, e acima dele um editor-chefe para perceber que a denúncia tem potencial sanitário bombástico, pode pôr em risco todos os esforços de convencimento das pessoas a se vacinarem e a não escolherem vacina. Aliás é bom observar que este mesmo Gizmodo Brasil onde você me lê também deu a nota, com o mesmo enfoque original, e depois teve que atualizá-la mais de uma vez para refletir as dúvidas sobre a informação. Eu não sou o editor-chefe mas sou o tal do “acima dele". A diferença, obviamente, é de alcance — o que não apaga o nosso erro.

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Se os dados estiverem corretos, as pessoas têm o direito de saber que podem ter tomado uma vacina vencida. O grau de seriedade da denúncia, porém, demanda cuidados maiores do que os que o jornal teve.

Por fim, vale lembrar que a maior parte dos brasileiros não lê as matérias da Folha, e vai se pautar pelo título ou pelo Tweet. Os veículos jornalísticos precisam entender que a "chamada" é cada vez mais importante e precisa ser feita com muito mais critério quando estamos falando de saúde pública. 


Nesta semana não temos dicas.


Caio Maia é publisher da F451, responsável pelo Gizmodo Brasil, e escreve semanalmente sobre mídia. Suas opiniões, no entanto, não necessariamente refletem as do Gizmodo Brasil.

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Como personagens secundários de ‘Viúva-Negra’ engrandecem a história da protagonista

Posted: 04 Jul 2021 06:40 AM PDT

Em uma análise superficial, a Viúva-Negra de Cate Shortland pode ser uma peça inconsequente no quebra-cabeças da Marvel. Por estar entre os acontecimentos de Guerra Civil e Vingadores: Guerra Infinita é fácil entender o motivo de o estúdio voltar no tempo ao invés de seguir adiante. Há uma delicadeza no filme, de fato, mas o filme explora um passado tão recente, sob a ótica de enriquecer tanto o que sabíamos sobre a personagem, que isso funciona muito bem para a construção do mundo. Por sorte, isso dá certo, mas é inevitável haver alguns deslizes.

Nos filmes anteriores do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), vimos uma “pincelada” do que leva uma jovem como Natasha (Scarlett Johansson) a se tornar a assassina fria, sob nome de Viúva-Negra. Imagens do passado, incluindo sua família, foram espalhadas em diversos momentos de outros filmes, mas a verdade é que ela foi a Vingadora sobre a qual menos conhecemos.

Isso termina com Viúva-Negra, dirigido por Cate Shortland, com roteiro de Eric Pearson. O filme explora de onde Natasha veio e como ela tornou-se a personagem da Marvel que fãs tanto vieram a gostar. Além disso, o longa também acrescenta camadas que os acontecimentos das sequências (em especial, spoilers!, a morte de Natasha em Vingadores: Ultimato) ser ainda mais impactante para o espectador.

Mesmo assim, por já sabermos o que acontecerá com a protagonista antes mesmo do filme começar, há ainda mais interesse em saber o que acontece ao seu redor, o que é motivo para se chatear – visto o quanto demorou para este filme ser feito.

Viúva-Negra nos apresenta a pessoas importantes na vida de Natasha, em especial suas figuras paternas Alexi (David Harbor, de Stranger Things) e Melina (Rachel Weisz, de A Múmia) e sua irmã Yelena (Florence Pugh, de Midsommar). Nós vemos a equipe em flashbacks ao momento presente do filme, então avançamos para quando Natasha estava fugindo depois que ela (e outros) decidiu ignorar os acordos de Sokovia. Eventualmente, ela e Yelena se reencontram e formam uma aliança instável para terminar um trabalho que Natasha pensava ter concluído há muito tempo. Já que a personagem titular nunca mencionou sua irmã antes, podemos imaginar como a outra se sentiu ao ser colocada em segundo plano pela equipe dos Vingadores.

Essa tensão palpável entre Yelena e Natasha é a força que carrega todo o filme. Isso é usado para alimentar algumas cenas de ação e, o mais surpreendente, resulta quase sempre em muito humor. Yelena brinca com Natasha constantemente, compondo algumas das melhores partes do filme. Ela é o oposto total da Natasha que conhecemos (fria, calculista, precisa) e parece muito mais engraçada, boba e autoconsciente. Isso não significa que ela não seja mortal. Longe disso: as duas se “enfrentam” de maneiras divertidas. Também ajuda o fato de Pugh estar completamente comprometida com sua performance, exalando muita energia. Ela rouba o filme.

O enredo logo obriga as irmãs a se reunirem com Alexi e Melina e as coisas que aprendemos em seus primeiros anos juntas pesam sobre todos. Depois de algumas cenas de ação (resume-se em poucas palavras: uma avalanche de helicópteros, em fuga da prisão), Viúva-Negra diminui consideravelmente o ritmo, não apenas para preencher os espaços em branco na narrativa do filme, mas no MCU como um todo. A melhor parte disso é que as revelações nunca são muito complicadas, nem invasivas.

Nunca há um grande momento de surpresa. São apenas informações espalhadas que informam o espectador sobre o contexto. Todo o crédito por trás disso vai para Shortland, cuja óbvia adoração pelos personagens permite que essas coisas vivam sob uma intimidade a qual não estamos acostumados no MCU, graças às escolhas de elenco e a química entre eles.

No entanto, o que logo se torna um peso é o motivo de vermos Natasha em tantos outros filmes. Sabemos que ela sobreviveu a este momento para seguir com os demais filmes dos Vingadores, então sua história não é muito interessante. Claro, é legal aprender mais sobre ela, mas muito disso parece muito “familiar”. Felizmente Melina e, em especial, Alexi e Yelena, são totalmente novos para o público. Sempre que qualquer um deles está em uma cena, temos os melhores momentos de Viúva-Negra.

Pugh certamente reina suprema sobre todos os outros. Harbor fica perto, em segundo lugar. Se você viu os trailers, sabe que Alexei não é apenas um cara normal: ele era o Guardião Vermelho, um super-herói russo. Seu conflito pessoal, tendo sido um herói antes de pessoas como Capitão América, Homem de Ferro e Thor serem legais, chega a ser hilário. Harbour faz de tudo com a performance, que às vezes pode parecer excessiva, mas na maioria das vezes é simplesmente cativante.

Os fãs de Rachel Weisz não ficarão tão felizes com Melina, pois ela tem o menor papel dos três e há menos a se trabalhar em termos de emoção e caráter. Mas ela ainda é boa no papel e uma diversão de se assistir, especialmente em frente a Harbor.

É importante lembrar, porém, que o filme não se chama “Yelena” ou “O Guardião Vermelho”. Chama-se Viúva-Negra. E embora o crescimento de Natasha seja importante, é limitado. Você quase tem a sensação de que, se esta fosse a primeira vez que Johansson desempenhasse o papel, talvez ela tivesse tomado outras decisões. Em vez disso, ela está presa a essa pessoa/personagem depois de mais de uma década neste universo. Não há muito espaço para criar, nem mudar a fórmula. Isso atrasa um pouco o filme, porque mesmo quando Natasha faz as pazes ou descobre uma informação crucial, ela ainda é a mesma Natasha.

Se você está se perguntando o antagonista de Viúva-Negra, tenho a resposta: Taskmaster, ou O Treinador (interpretado por um ator que não vou revelar, por ser um spoiler). O vilão é quase uma presença de Exterminador ao longo do filme, com o objetivo singular de adquirir algo que Natasha e Yelena têm em suas mãos. Embora uma certa revelação acrescente algo ao personagem (e as cenas de ação que os apresentam sejam impressionantes), o Taskmaster nunca é tão importante quanto pode-se esperar. Felizmente, há muito mais na trama secundária com o vilão no filme, o que equilibra um pouco.

Então, o que temos é um filme onde o herói principal e o vilão principal são basicamente as partes mais chatas da história. Admito que não parece grande coisa. Mas se você pensar que a Viúva Negra e o Taskmaster chegam a apoiar o esqueleto da história, as outras coisas em Viúva-Negra se encaixam muito bem.

São apresentados novos personagens, impulsionados por performances estelares. A ação está no mesmo nível do que você esperaria de um filme da Marvel e há surpresas, revelações e obstáculos suficientes para deixá-lo animado para ver onde as coisas vão desaguar. Além disso, se você assistir aos filmes em sequência, há poucas dúvidas de que as ações de Natasha – especialmente em Ultimato – serão exponencialmente mais poderosas depois de ver o que ela experimenta neste longa.

Quando a história volta para a Viúva-Negra, é provável que a maioria das pessoas esqueça quanto tempo levou para a única mulher Vingadora conseguir seu próprio filme – e que ele só veio após a morte dela. Isso também pode ser visto como uma extensão supérflua de Ultimato e uma base elaborada para projetos futuros da Disney, mas considerando que ainda faz parte de um MCU abrangente, essas coisas acabam sendo boas. Viúva-Negra serve a múltiplos propósitos e impacta histórias indo e voltando; poucos filmes da Marvel fazem isso ou acrescentam tanta cor à história como este.

Você ainda vai desejar que Natasha tivesse evoluído um pouco mais ou que ela surgisse novamente como uma vilã imponente e formidável, mas, mesmo assim, a direção e as performances do filme entregam-na uma base sólida. Há valor de entretenimento que torna a personagem uma entrada justa não apenas no MCU, mas no universo dos filmes em geral.

Viúva-Negra estreia nos cinemas brasileiros no dia 8 de julho e estará, por tempo limitado, na Disney+ via Premiere Access (R$69,90).

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Por que algumas pessoas simplesmente ‘não engordam’?

Posted: 04 Jul 2021 06:31 AM PDT

balança

Quem nunca escutou um 'não engorda de ruim'? Apesar disto ser apenas mais uma expressão popular, os cientistas estão cada vez mais perto de descobrir o porquê daquela pessoa não engordar.

Já conhecemos algumas predisposições genéticas que causam mutações e que aumentam as chances de algumas pessoas desenvolverem obesidade. Mas novo estudo questiona o contrário: por que algumas pessoas simplesmente não engordam?

Na pesquisa publicada na Science, os cientistas sequenciaram o conjunto de genes de mais de 640 mil pessoas dos Estados Unidos, Reino Unido e México. Eles levaram em consideração apenas a parte chamada exoma, propriedade do genoma que lê as proteínas.

A partir disso, avaliaram quais mutações estavam associadas aos níveis do Índice de Massa Corporal (IMC) mais alto ou baixos nos pacientes. Ruth Loos, geneticista humana da Universidade de Copenhagen não envolvida no estudo, disse à Science que isso é "uma quantidade enorme de trabalho". Ela compara a tarefa a uma foto com milhares de pixels, que revela pequenos detalhes de uma cena, e destaca que a quantidade de pacientes envolvidos no estudo forneceu uma "resolução muito alta para obter as variantes mais raras".

Como resultado, eles entenderam que, dos 16 genes ligados ao IMC, cinco codificam proteínas de superfície celular conhecidas como receptores acoplados à proteína G, que desempenham um papel fundamental no funcionamento do metabolismo. Além disso, os pesquisadores entenderam que os cinco genes mutáveis, estavam expressos em uma região do cérebro que regula a fome e o metabolismo, chamada de hipotálamo.

Luca Lotta, epidemiologista genético do Centro de Genética Regeneron, que liderou o estudo, disse que o trabalho mostra que também é possível generalizar essa abordagem para outras características e doenças, como diabetes tipo 2 e outros distúrbios metabólicos.

Sadaf Farooqi, uma pesquisadora de obesidade da Universidade de Cambridge que não esteve envolvida no estudo, disse à publicação que encontrar variantes raras que oferecem proteção contra uma doença é muito difícil porque os estudos de sequenciamento são geralmente pequenos, observa Farooqi. No entanto, essas variantes podem levar a novos alvos de drogas, acrescenta ela.

No estudo de Lotta, algumas variantes genéticas, como a GPR75, mostraram maior impacto sobre o IMC. A pesquisa revelou que quem tem a mutação, tende a ter metade das chances de ser obeso em comparação a quem tinha o gene funcional. Em média, essas pessoas tinham 5,3 quilos a menos do que o restante. A diferença intrigou os cientistas, que buscaram entender como a mutação afeta o ganho de peso.

Para isso, os pesquisadores projetaram ratos para ter uma cópia funcional do gene. Ao serem alimentados com comidas cheias de gordura, os camundongos 44% menos peso comparados aos roedores que não receberam o genes. Além disso, os ratos modificados conseguiram controlar melhor o açúcar no sangue.

O fato de a falta do GPR75 ter um efeito protetor tão claro e forte nos ratos sugere que ele está envolvido em vias metabólicas relacionadas à obesidade, disse Giles Yeo, geneticista de Cambridge que não esteve envolvido no estudo.

Apesar dos bons resultados, as variantes do GPR75 que desativam o gene são raras, e somente uma em cada três mil pessoas parece carregá-las. Mesmo assim, estudar a mutação GPR75 como um potencial para fabricação de drogas, que desligam o gene responsável pelo metabolismo ajudaria no tratamento da obesidade, acreditam os cientistas.

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A obesidade é fator de risco para diferentes doenças como câncer, diabetes e outras patologias. Recentemente vimos isso com a Covid-19. Mesmo as pessoas obesas que se recuperaram do vírus podem desenvolver doenças a longo prazo.
"Isso nos diz muito sobre a nova biologia que pode influenciar todos no mundo", finalizou Yeo.

*A obesidade mata 2.8 milhões de pessoas todo ano, segundo a Organização das Nações Unidas

[Science]

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